O decreto que amplia o número de pessoas capazes de determinar o sigilo de documentos oficiais foi escolhido a dedo para impor uma derrota que não inviabilizasse qualquer reforma do governo e, ao mesmo tempo, servisse de recado ao presidente Jair Bolsonaro: é preciso estabelecer um relacionamento amistoso com o parlamento desde já e essa relação não pode ser apenas posar para as fotos na hora de entregar os projetos de reformas. Na visão de muitos parlamentares, há três meios de estabelecer a parceria: prestígio nas bases eleitorais, emendas ao Orçamento ou… participação no governo.
Quem acompanha o ritmo do parlamento lembra que, no governo Lula, os problemas foram num crescente e, no primeiro ano do segundo mandato, 2007, o Planalto perdeu a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Há quem diga que, do jeito que o governo de Jair Bolsonaro está enfrentando problemas logo na largada, ele precisa urgentemente definir a relação com os congressistas. Antes que eles decidam impor uma derrota em temas mais relevantes.
O governo viu a derrota no decreto como parte do processo. E garante que o presidente não vai se render ao toma lá dá cá rejeitado nas urnas. A ordem agora é esclarecer a necessidade da reforma previdenciária. E colocar a população para exigir sua aprovação.
Entre os parlamentares, é quase um consenso que a reforma previdenciária terá de atingir a todos, sem distinção.
No meio sindical, a reforma é vista como a chance de fazer ressurgir a capacidade de mobilização das categorias, em especial, o funcionalismo. Até aqui, quem reuniu mais gente foram os movimentos favoráveis ao governo.
Depois da investigação que colocou Paulo Vieira, o Paulo Preto, como suposto operador de parte dos tucanos, a aposta geral no partido é de que o governador de São Paulo, João Doria, liberou o caminho para assumir o comando da legenda.
Depois da operação de ontem, que prendeu o presidente da Confederação, Robson Andrade (soltou depois por decisão da Justiça), as apostas são as de que Paulo Skaf, da Fiesp, abriu caminho para comandar a instituição presidida pelo empresário mineiro.
Se não empurrar, não anda/ A tendência no parlamento é dar uma tramitação mais lenta ao projeto que criminaliza o caixa dois de campanha, um dos textos do pacote entregue pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, ao Congresso. A forma de acelerar a proposta será pressão popular. Foi assim na Lei da Ficha Limpa.
Foco de tensão I/ A comissão de Transparência do Senado já foi identificada como aquela em que o governo terá de ter muito cuidado. Foi lá que a oposição conseguiu esticar o episódio envolvendo o ex-ministro Gustavo Bebianno, depois de uma bate-boca entre a senadora Elisiane Gama (PPS-MA) e o senador Major
Olímpio (PSL-SP).
Foco de tensão II/ Outro ponto que promete dar dor de cabeça ao governo é a Lava-Jato da Educação. O DEM já enviou um recado ao Planalto: não dá para deixar esse assunto contaminar o clima para as reformas.
Por falar em Educação…/ A propósito da nota publicada no domingo, na parte sobre a reunião entre o ministro da Educação, Ricardo Vélez (foto), e representantes das entidades que compõem o Fórum de Ensino Superior, o Ministério da Educação esclarece que não houve constrangimento algum durante o encontro, na quarta-feira passada. Na oportunidade, inclusive, foi estabelecido entre o MEC e o setor privado de educação superior uma parceria para trabalhar em prol do desenvolvimento da educação brasileira. A coluna considera, portanto, que o assunto está esclarecido definitivamente.
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