Bolsonaro “fulanizou” para tentar manter o discurso de harmonia entre os Poderes. Deu errado

Sergio Lima/AFP

Ao escolher o ministro Alexandre de Moraes como alvo do pedido de abertura do processo de impeachment, e preservar o ministro Luiz Roberto Barroso, o presidente Jair Bolsonaro quer evitar ser acusado de investir contra o Supremo Tribunal Federal. Bolsonaro foi muito alertado ao longo da semana que seria necessário separar as estações para não caracterizar uma crise entre o Poder Executivo e o Poder Judiciário. Também foi dito ao presidente da República que a instabilidade gerada por atos dos bolsonaristas mais aguerridos, inclusive com ameaças à integridade física dos ministros, atrapalha o país como um todo, inclusive afasta os investidores.

O fato de Barroso ser o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também pesou na decisão de não representar contra o ministro neste momento. Quanto a Alexandre de Moraes, o ministro é visto pelos bolsonaristas como alguém que não tria tanto apoio na sociedade, nem tampouco no meio jurídico.

A estratégia, porém, deu errado. O pedido de impeachment uniu o STF em torno do ministro ao ponto de a Suprema Corte divulgar uma nota de repúdio. No Senado, a tendência é a Comissão de Constituição e Justiça paralisar o andamento da indicação de André Mendonça para ministro do Supremo Tribunal Federal. O pedido de Bolsonaro, aliás, é visto mais como uma satisfação aos radicais que o apoiam do que propriamente uma ação que irá prosperar ou trazer alguma vantagem política ao presidente da República.

Denise Rothenburg

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