Ainda sem partido e com a CPI da Covid ainda no aquecimento, o presidente Jair Bolsonaro monta silenciosamente o bloco de legendas que pretende aglutinar para apoiá-lo em 2022. Seus aliados acreditam que ele contará com o Patriotas, o Brasil 35 (novo nome do partido da mulher), o PTB de Roberto Jefferson, o PP de Ciro Nogueira e o PL, de Valdemar Costa Neto.
Dos três últimos, apenas Jefferson é considerado capaz de manter uma aliança “na alegria e na tristeza”, por causa da proximidade que mantém com o presidente. Ciro Nogueira e Valdemar são vistos com uma certa desconfiança. Bolsonaro aposta que terá o apoio dos dois partidos, mas quem é próximo do presidente está “com um olho no gato, outro no peixe”. Afinal, os três partidos largaram o PT no meio do caminho.
O G-7 da CPI da Covid planeja chegar para a reunião desta quinta-feira com a lista fechada de requerimentos a serem aprovados. Isso quer dizer, que, na largada da CPI, o quarteto governista estará fadado a um papel secundário. E nada indica até o momento que vão conseguir quebrar essa aliança no G-7.
O senador Ciro Nogueira, o mais experiente da bancada do governo, fica estrategicamente fora da ação levada ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a presença de Renan Calheiros na CPI. É jogo combinado para que possa servir de ponte mais à frente. Até aqui, porém, as falas do presidente Jair Bolsonaro não têm ajudado.
Da mesma forma que o Supremo Tribunal Federal conseguiu reduzir os ataques às instituições com o inquérito sobre ameaças aos seus ministros, a tendência é que a CPI da Covid leve o governo a tomar uma atitude mais firme no quesito combate à pandemia. Prova disso é o cronograma de vacinas, que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, prometeu apresentar na semana que vem.
O governo quer usar seus líderes dentro do MDB __ Eduardo Gomes (TO) e Fernando Bezerra Coelho (PE) __ para tentar se aproximar do partido. Só em um probleminha: O presidente do partido, Baleia Rossi, é justamente aquele que o governo desprezou para apoiar Arthur Lira à presidência da Câmara. E por duas vezes, o MDB foi rechaçado pelo governo para presidir o Senado. Está tudo interligado.
A hora da verdade/ Com dois líderes do governo, o do Senado, Fernando Bezerra Coelho (PE), e o do Congresso, Eduardo Gomes (TO), o MDB está cada vez mais pressionado a definir um caminho para 2022. “O partido precisa se reunir e começar a conversar sobre seus caminhos futuros”, diz o vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), em entrevista à Rede Vida.
Educação na pauta/ A deputada federal Paula Belmonte (Cidadania-DF) passou esta semana em articulações no Senado para tentar emplacar seu projeto, que torna a educação atividade essencial. Ela se reuniu com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e participou de encontro entre o relator do projeto, senador Marcos do Val (Podemos-ES), e representantes do Movimento Escolas Abertas. A previsão é votar ainda hoje.
Quem manda/ Em audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado com o chanceler Carlos França, os deputados Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Henrique Fontana (Pt-RS) quase protagonizaram um bate-boca, quando Fontana disse que Eduardo era o “chanceler informal”, que atrapalhava a política externa. “O cargo de filho é indemissível. Ninguém vai me impedir de ir nos fins de semana no Alvorada, conversar com o meu pai. Se alguém há de puxar a minha orelha, é ele”, afirmou o filho do presidente. A discussão só não foi pior, porque o presidente da CRE, Aécio Neves, cortou as falas.
Em comparação ao “ex-Ernesto”…/ O ministro de Relações Exteriores, Carlos França, passou no teste de sua primeira audiência na Câmara. Foi calmo, respondeu de forma objetiva a todas as questões, muito diferente do antecessor, Ernesto Araújo, a quem a senadora Kátia Abreu chama de “Ex-Ernesto”. França contou que procurou o embaixador da China para se explicar sobre as falas de Paulo Guedes. Araújo, quando das declarações infelizes do filho do presidente Jair Bolsonaro sobre a China, reclamou foi do embaixador.
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