O diabo veste saias
A presidente da Caixa Econômica, Miriam Belchior, virou a nova pedra no sapato da coordenação política, leia-se do vice-presidente da República, Michel Temer. Dia desses, numa conversa no Palácio do Jaburu, comentou-se que as vice-presidências da CEF negociadas com os partidos simplesmente emperraram porque Miriam não deseja liberar os cargos para quem ela não conhece. Foi o suficiente para que um interlocutor do vice comentasse: “Então, ela (Miriam) que vá negociar com o Congresso”. Temer nada comentou. Ficou na linha do “quem cala consente”.
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Embora as declarações hoje sejam que Michel Temer não deixará a coordenação política do governo, a tendência é que ele vá pouco a pouco se afastando das nomeações. Afinal, pior do que o constrangimento de negociar cargos é acertar e não ser atendido.
E Renan estica a corda…
Enquanto Dilma Rousseff faz as contas, o presidente do Senado, Renan Calheiros, chama a presidente da Comissão Mista de Orçamento, Rose de Freitas, disposto a colocar em votação vários projetos que ampliam o crédito às empresas. Para completar, reúne-se com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e informa que o projeto que reduz a desoneração da folha será votado apenas em agosto e se for. Renan quer fechar o semestre com o apelido de “protetor dos empregos”. E fará o que puder nesse sentido.
Tem motivo
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, decidiu deixar a votação da maioridade penal para agosto porque não tinha meios de garantir todos os votos agora, nesta temporada em que muitos deputados se preparam para tirar uns dias de férias. Simples assim.
Ruas só em agosto
Os partidos vão esperar os movimentos convocados para 16 de agosto, um domingo, para só depois fazer investidas mais pesadas contra a presidente Dilma Rousseff. Até lá, avaliam aqueles que entendem das coisas, é mais espuma do que fatos capazes de afastar Dilma do poder.
Um pouco de história
Os políticos têm passado os últimos tempos estudando os caminhos trilhados no passado em governos que sofreram grandes abalos. Nos últimos dias, têm se fixado em Getúlio Vargas. Lembram que a UDN tentou, em junho de 1954, o impeachment. Não conseguiu, mas, ainda assim, a crise não estancou. Quem estudou essa época garante que Dilma ainda não chegou ao junho de 54, tampouco ao ápice da crise.
Levy, o discreto/ Depois das vaias e xingamentos que ministros e ex-ministros têm recebido por aí, alguns estão tomando cuidado. O ministro da Fazenda, Joaquim Levy (foto), por exemplo, fez questão de entrar logo no avião da TAM que o trouxe de São Paulo no último domingo. Embarcou antes de todas as prioridades, sentou-se na poltrona 1A e virou uma estátua. Em Brasília, saiu logo, sem sequer dar aquela olhadinha para trás.
Levy, o econômico/ Bem, fato é que uma passagem aérea, a depender do destino e da data da compra, sai bem mais barata do que um jatinho da FAB de São Paulo para Brasília apenas para trazê-lo.
Delivery/ Alguns outros ministros têm evitado sair para jantar em pontos de badalação. Preferem locais discretos, como o próprio lar ou a casa de amigos.
Recesso a perigo/ As apostas dos políticos ontem eram as de que a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) não será votada antes de sexta-feira. Assim, o Congresso, pela primeira vez em muito tempo, terá um recesso branco sem ser num ano eleitoral, quando a casa vazia nesta época é de praxe.
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