Autor: Denise Rothenburg
Enquanto personalidades das mais diversas áreas lançavam a carta em defesa do estado democrático de direito em São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro relatava a aliados a conversa que teve com o futuro presidente do Tribuna Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes. Bolsonaro disse aos políticos que ele e Moraes conversaram por mais de uma hora, quando Moraes foi ao Planalto entregar o convite para a sua posse. No encontro, Bolsonaro se colocou om um defensor das liberdades democráticas, de imprensa e do estado de direito. “Foi muito melhor do que eu esperava”, comentou um aliado de Bolsonaro. O presidente ainda presenteou Moraes com uma camisa do Corinthians e confirmou que irá à posse do ministro na semana que vem, no TSE.
A esperança dos aliados de Bolsonaro é que o presidente se mantenha no modo de distensionamento daqui para frente, de forma a amortecer o clima de “diretas já” que os petistas tentam empreender no período eleitoral. Muitos têm dito a Bolsonaro que a parte da direita mais radical ele já tem e que é hora de caminhar mais para o centro, em busca daqueles eleitores que lhe deram a vitória em 2018, mas que agora se afastaram. Lula, cujo partido perdeu os eleitores que lhe garantiram a vitória no passado, já entendeu essa necessidade e conquista dos votos de centro, tanto é que tem colocado o ex-governador Geraldo Alckmin em destaque nas agendas com o empresariado e segmentos mais conservadores. Agora, com os gestos de convivência harmoniosa entre os Poderes, e a presença na posse de Alexandre de Moraes na semana que vem, os políticos ligados ao presidente esperam empatar esse jogo. O próximo teste, depois da posse de Moraes, será o Sete de Setembro.
O reajuste salarial de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e servidores dos Judiciário vai virar uma dor de cabeça para os demais Poderes. Executivo e Legislativo não têm hoje orçamento para promover grandes reajustes salariais. No caso dos deputados, as apostas são as de que, depois das eleições, as excelências voltarão a Brasília prontas para votar o próprio reajuste salarial, a vigorar na próxima Legislatura, conforme a legislação em vigor.
Com tantas pressões por reajustes e tanto efeito cascata e, ainda, o pagamento dos auxílios, o governo, seja quem for o presidente eleito, será pressionado a ampliar os limites de recursos dos demais Poderes na hora de votar o Orçamento do ano que vem. Vale lembrar que as associações de classe do Judiciário haviam pedido um percentual maior para correção dos salários, mas o STF não aceitou por causa dos limites orçamentários. A solicitação dos magistrados indica que, para o próximo ano, a mobilização por aumento de limites orçamentários será forte.
Que sirva de exemplo
Depois de dois dias, o Exército decidiu defender o coronel Ricardo Sant’Anna, aquele expulso da comissão especial de transparência eleitoral. Embora os generais discordem da ideia de um coronel da ativa se expor nas redes sociais, a maioria deles concluiu que não seria possível aceitar que o TSE soltasse uma nota tão dura sem sequer telefonar aos militares para tratar do caso. A nota do Exército é para deixar registrado que não gostou da forma como um dos seus foi tratado e sem qualquer comunicação aos generais.
Geraldo, o curinga
Os petistas consideravam que o ex-governador Geraldo Alckmin seria crucial para auxiliar na conquista de eleitores no interior de São Paulo. Porém, desde que ele entrou no PSB e se juntou às fileiras de Lula, mais tarefas lhe são entregues. Até aqui, os aliados de Geraldo já listaram a igreja, o empresariado, o agro e por aí vai.
Nem Geraldo resolve
A contar pelo discurso do presidente da Confederação Nacional de Agricultura, João Martins, no Encontro do Agro, vai ser difícil. Ele disse, com todas as letras, que “não há espaço para uma equipe corrupta e incompetente”. Nem o “retorno de um candidato processado e preso como ladrão”, mencionou.
Discretíssima
Não contem com gestos bruscos e espalhafatosos da presidente eleita do STF, ministra Rosa Weber. Mas isso não significa que será um mandato cor-de-rosa. A fala pausada e calma servirá para discursos firmes e enfáticos em defesa da democracia, se for necessário, ao longo do processo eleitoral.
CURTIDAS
Xandão, o relator/Os aliados do presidente Jair Bolsonaro ficaram estarrecidos ao ver que será Alexandre de Moraes o relator do pedido de registro da candidatura à reeleição. “com tantos ministros, tinha que sair logo o Xandão?”, comentou um amigo de Bolsonaro.
O discurso de Lyvia I/ O lançamento do Caixa para Elas, em São Paulo, com a presença do presidente Jair Bolsonaro e da primeira-dama Michelle, foi marcado por um depoimento emocionante e duro sobre a realidade nua e crua do abuso sexual infantil no Brasil. Lyvia Montezano, esposa de Gustavo Montezano, foi ao palco e alertou para o problema, que o país desconhece o tamanho.
O discurso de Lyvia II/ Lyvia foi vítima de abuso aos 5 anos. Ela hoje é uma ativista em defesa das crianças. “Os dados são alarmantes. Hoje, 60% das vítimas de estupro no Brasil são menores de 13 anos. Estima-se que apenas 10% dos casos são notificados”. Lyvia contou que, em viagem ao Amazonas, num abrigo, conheceu uma criança de 12 anos, que brincava com a própria filha de 3 anos. “Foi abusada por tantos que não sabia quem era o pai”, contou.
O discurso de Lyvia III/ Numa das laterais do palco, a presidente da Caixa Econômica Federal, Daniella Marques, e a modelo Ana Hickmann mal contiveram as lágrimas, assim como boa parte da plateia de autoridades. “O relato que fiz aqui não é uma história de superação, nem de entretenimento. É um apelo para que este tema seja tratado com a gravidade com que merece. Grandes líderes, pensem no que podem fazer. Se a gente não começar hoje, vai ser quando? Se não formos nós, quem será?”, perguntou Lyvia.
Empolgado com a notícia de deflação de 0,68% este mês, a equipe do presidente Jair Bolsonaro (PL) prepara duas frentes para o horário de rádio e tevê, que começa daqui a 16 dias. A linha mestra será a da recuperação da economia no pós-pandemia. Paralelamente, haverá uma “retrospectiva do caos” ou “recordar é viver”, o título ainda não está definido. A ideia é relembrar ao eleitorado as mazelas nos tempos do PT, com malas de dinheiro, e, inclusive, integrantes de primeiro escalão na cadeia — por exemplo, Antônio Palocci, primeiro nome a ocupar o Ministério da Fazenda no governo Lula. Mais tarde, ocuparia a Casa Civil no início do governo Dilma Rousseff.
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Em tempo: Lula também prepara um “recordar é viver” de seu governo, em que elencará os números do Minha Casa Minha Vida, do Bolsa Família e do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC. Pela primeira vez, o país terá as duas versões de um mesmo governo desfilando no horário eleitoral.
As empresas que se preparem
As falas dos candidatos a presidente da República indicam que, dessa vez, os empresários terão dificuldades em barrar um imposto sobre lucros e dividendos. O governo defende essa proposta para custear o Auxílio Brasil permanente de R$ 600. A equipe econômica de Lula, idem. E, agora, Ciro Gomes acena com essa medida em seu programa de governo.
O nó da campanha para o PT
Lula criticou o Auxílio Brasil ao se reunir com empresários, mas não houve qualquer gesto contrário ao benefício, quando estava em votação no Congresso, no primeiro semestre. Em conversas reservadas, aliás, alguns petistas dizem que há um receio de que Bolsonaro apresente um fôlego maior nas pesquisas por causa da PEC das Bondades, que a oposição não teve força e nem discurso para ficar contra.
O papel de Alckmin
O ex-governador Geraldo Alckmin, candidato a vice na chapa de Lula, tem sido peça-chave nas conversas e encontros do ex-presidente com o empresariado. Sua fala na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), por exemplo, em defesa da democracia, provocou o primeiro aplauso espontâneo dos pesos-pesados do PIB. É justamente junto a esse segmento, que resistiu a votar no PT em 2018, que Alckmin começará a trabalhar daqui para frente.
E a função posterior
Lula, por sua vez, aproveitou o embalo para avisar à seleta plateia que se ele e Alckmin forem eleitos, o ex-governador será tratado como “presidente” e governarão juntos. Lula saiu da Fiesp com muitos elogios por parte de seus integrantes.
Nem tanto
Muitos dos empresários, porém, consideram que, com a pandemia ditando os comportamentos e relações econômicas por mais de um ano, não dá para colocar a culpa da situação no colo do presidente-candidato Bolsonaro.
CURTIDAS
Hora de explicar/ O senador Eduardo Girão, do Podemos-CE, pediu que o ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski e oito ministros do Superior Tribunal de Justiça expliquem a participação em evento, em maio deste ano, num resort no Algarve, em Portugal. Diz o pedido do parlamentar que as viagens foram custeadas por empresas com “litígios bilionários pendentes de julgamento por magistrados convidados para o evento”.
Veja bem/ “Com efeito, tal desarrazoado episódio sem dúvida configura um expresso conflito de interesses e não pode e nem deve passar sem que maiores explicações sejam fornecidas ao povo brasileiro”, diz Girão no pedido. Os ministros ainda não se manifestaram a respeito.
A revolta deles/ Os senadores ficaram meio frustrados com a convocação feita pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), dizendo que as sessões desta semana cuidariam da pauta feminina. É que parte dos projetos são de autoria de parlamentares do sexo masculino.
Saída de coronel do grupo de fiscalização é prova da falta de diálogo
A substituição do coronel Ricardo Sant’Anna do grupo das Forças Armadas que fiscalizará as eleições é vista no meio político como a prova mais bem acabada da falta de diálogo entre as instituições. Os generais, em conversas reservadas, dizem que a troca já estava decidida e eles aguardavam apenas a escolha do substituto para fazer o anúncio. O ministro Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), porém, foi mais rápido e, por meio de uma nota, comunicou que o coronel estava fora. A turma do Exército ficou surpresa a atitude e considerou a nota, “no mínimo indelicada”. Dizem que Fachin perdeu uma boa chance de dialogar com as Forças Armadas, pedindo que trocassem o coronel. E, assim, saberia que a mudança já estava “em andamento”.
Da parte do TSE, porém, há quem diga que os militares poderiam ter avisado ao TSE que Sant’Anna seria substituído. O coronel agora deve responder a um processo administrativo, porque militares da ativa não podem se manifestar politicamente nas redes sociais. Falta, porém, definir como será a comunicação com o comando do TSE, uma vez que os militares foram chamados a participar e conhecer tudo mais de perto.
Pow e paft!
Quem leu a entrevista do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, no Correio de domingo, não estranhou nem um pouco as referências do presidente Jair Bolsonaro (PL) ao petista Luiz Inácio Lula da Silva, durante o encontro com banqueiros na Febraban. Daqui para frente, será esse o caminho.
Receita antiga
Os ataques a Lula e ao PT serão cada vez mais recorrentes, com a intenção de resgatar o sentimento anti-PT que deu a vitória a Bolsonaro, em 2018. Naquele período, depois da prisão do ex-presidente, os petistas insistiram em lançar candidato considerando que a população não teria coragem de guindar o polêmico deputado ao Planalto.
O tripé do empresariado
Na rodada de conversas com os presidenciáveis, os empresários têm colocado três linhas gerais que desejam ver seguidas no país: segurança jurídica, livre mercado e democracia. Era isso que esperavam ouvir de Bolsonaro no encontro da Febraban.
Nacionalizou
A contar pelas citações a Lula e a Bolsonaro na primeira rodada de debates entre postulantes aos governos estaduais, muitos candidatos país afora vão usar essa estratégia. No DF, por exemplo, Keka Bagno (PSol) a toda resposta citava Lula. Nem Leandro Grass, o candidato apoiado pelo PT, chegou a tanto. O governador Ibaneis Rocha não esqueceu de Bolsonaro.
Contas paulistas/ A contar pela conversa nos bastidores durante o debate dos candidatos a governador de São Paulo, o PT de Fernando Haddad e o Republicanos de Tarcísio de Freitas vão tentar esquecer o tucano Rodrigo Garcia. É que tanto Haddad quanto Tarcísio sonham com a repetição da polarização nacional, e torcem para não ter de enfrentar o atual governador num segundo turno.
Contas mineiras/ Com 10 partidos na coligação, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), espera encerrar a campanha pela reeleição no primeiro turno. Só tem um probleminha: se Bolsonaro subir em Minas e arrastar o senador Carlos Viana (PL), o segundo turno virá.
Eleições na avenida/ Depois do ex-governador Paulo Octávio, candidato a governador do DF pelo PSD, o CB.Poder recebe hoje o líder tucano no Senado, Izalci Lucas, candidato da Federação PSDB-Cidadania.
Enquanto isso, no STF…/ Os tributaristas Daniel Szelbracikowski e Hugo Funaro autografam, hoje, a partir das 18h, na Biblioteca Ministro Victor Nunes Leal, no Supremo Tribunal Federal, o livro ICMS e Guerra Fiscal: da LC 24/1975 à LC 160/2017, prefaciado pelo ministro Gilmar Mendes. O evento é aberto ao público. Para entrar no prédio do STF, é preciso apresentar cartão de vacinação contra a covid-19 ou teste RT-PCR, além de usar máscara de proteção facial.
Enquanto os políticos se dedicam à campanha eleitoral, uma reunião ministerial no Palácio do Planalto, esta semana, deflagrou a discussão sobre o resgate da proposta de reajuste do Imposto de Renda, já aprovada na Câmara, para garantir os recursos necessários para que o Auxílio Brasil de R$ 600 se torne permanente. O projeto, considerado a fase dois da reforma tributária, corrige as tabelas de IR e prevê a taxação de lucros e dividendos para os 60 mil mais ricos do país.
“Muitos se esqueceram dessa proposta, mas eu não me esqueci”, disse ao Correio o ministro da Economia, Paulo Guedes, que já discute com a área política — leia-se Casa Civil e Secretaria de Governo — a estratégia para tentar votar essa reforma assim que terminar o processo eleitoral.
Sem escapatória
Propostas de taxação de lucros e dividendos não são privilégio do atual governo. O economista Guilherme Mello, que integra a equipe dedicada a elaborar os projetos econômicos do PT, tem defendido esse caminho em palestras pelo país afora.
Apostas palacianas
No coração do governo, espera-se que os números do presidente Jair Bolsonaro (PL) nas pesquisas melhorem a partir da segunda quinzena de agosto, depois que a população receber a parcela do Auxílio Brasil de R$ 600 e os outros benefícios da PEC das Bondades.
Falta garantir o cascalho
A estratégia de José Antonio Reguffe, do União Brasil, de ir às redes sociais para dar um ultimato contra a ameaça de ele não ser candidato a nada, caso a legenda não cumprisse o acordo de dar-lhe passe-livre para uma candidatura ao GDF, deu certo em parte. O partido aceitou a candidatura, mas daí a garantir o financiamento, será outra novela.
6 x 5
É esse o placar que alguns políticos projetam para a votação do Supremo Tribunal Federal (STF) para a retroatividade da Lei de Improbidade. E segundo alguns, será no sentido do que apresentou Alexandre Moraes — ou seja, não retroagir a lei para os casos que já foram julgados.
Ele entende de contas/ O ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, passou esta semana em Brasília, em contatos com parlamentares da direita à esquerda. Nesses encontros, a maioria deles no rooftop do B Hotel, projetou a vitória de Bolsonaro.
A missão de André Janones…/ Ao anunciar o apoio ao ex-presidente Lula, o deputado federal recebeu dos petistas um pedido para que ajude a alavancar a campanha presidencial nas redes sociais.
… e dos artistas/ Artistas aliados a Lula, como Chico Buarque, Daniela Mercury, Anitta, entre outros, também serão chamados a ajudar. A ideia é deixar a coordenação dessa turma a cargo de Janja, a mulher do ex-presidente.
Esforço diluído/ O Congresso bem que tentou fazer um “esforço concentrado” para votações, esta semana, mas, no geral, a turma preferiu distribuir o foco entre compromissos de campanha e sessões virtuais. É que, a menos de 60 dias das eleições, ninguém quer perder tempo.
Governo apostará em reforma do IR para tornar Auxílio de R$ 600 permanente
O governo faz estudos para adotar o Auxílio Brasil permanente a partir de 2023 e, para isso, não descarta utilizar os recursos decorrentes da taxação de lucros e dividendos, aprovada pela Câmara dos Deputados. “Não me esqueci da reforma tributária que aprovamos na Câmara no ano passado e ainda está pendente de análise no Senado”, diz o ministro da Economia, Paulo Guedes, que participou de uma reunião hoje pela manhã no Planalto. Ele se refere ao texto da segunda fase da reforma tributária que deputados aprovaram em setembro do ano passado. A proposta corrige a tabela do Imposto de Renda e define a taxação sobre lucros e dividendos, que, conforme os cálculos do governo, será destinada aos 60 mil mais ricos. É daí que, avalia o governo, será possível obter parte dos recursos para o Auxílio.
A ideia é voltar a trabalhar essa proposta depois da eleição. Até aqui, apesar dos esforços do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, ainda não houve maioria consolidada para votação entre os senadores e o projeto está parado. Guedes, porém, vai insistir.
A taxação de lucros e dividendos é um ponto que será levado adiante independentemente de quem vencer a eleição presidencial. O economista Guilherme Mello, que faz parte do time de consultores do PT, tem defendido a taxação de lucros e dividendos em todas as palestras que tem feito Brasil afora. O PT, no entanto, não detalhará sua proposta econômica ao longo do processo eleitoral.
A redução da diferença entre o ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro e da rejeição do presidente Jair Bolsonaro foram vistas com alívio pelo PL. A avaliação é que, com a redução do preço dos combustíveis, os auxílios que começaram a ser pagos à população e a campanha propriamente dita, a partir de 16 de agosto, o presidente terá condições de tentar melhorar ainda mais os índices. Desde que, lembram os integrantes do PL, passe a se dedicar mais a mostrar o que o governo fez e deixe de lado os ataques quase que diários à urna eletrônica, uma realidade que faz parte da regra do jogo.
Enquanto isso, o ex-presidente Lula arremata apoios para ver se, no detalhe, garante alguns votos a mais para tentar fechar a eleição na primeira rodada. Dos pontos de André Janones (Avante) e de Pablo Marçal (Pros), o PT calcula que Lula conseguirá amealhar, pelo menos, 1% do eleitorado. Não é muita coisa, mas, diante das pesquisas eleitorais que indicam uma diferença pequena para resolver a eleição em primeiro turno, os petistas trabalham para tentar garantir essa distância em favor de Lula. Até aqui, porém, a “pescaria” ainda não obteve esse efeito. A intenção do PT é pressionar adversários a apoiar o petista até às vésperas da eleição.
Deu ruim
O apoio do presidente do Pros, Eurípedes Miranda, a Lula provocou um terremoto na regional do Paraná. Lá, a deputada Aline Sleujes, bolsonarista, é candidata ao Senado. O ex-deputado Alfredo Kaefer, candidato a federal, também promete se rebelar: “Eu sou Bolsonaro e não vou mudar”, disse ele à coluna.
Tevê contará e muito
Os analistas de pesquisa de opinião acreditam que, ao contrário da eleição de 2018, o tempo de tevê de cada candidato a presidente da República terá importância neste ano. E, entre os apoios que amealha com as conversas Brasil afora, Lula trabalha para ter um tempo mais robusto do que Jair Bolsonaro.
Veja bem
Os petistas calculam que, por ser presidente da República, Bolsonaro sempre terá holofotes. Afinal, Lula já foi presidente e sabe que o cargo, por mais que se diga que não, tem importância na hora do olho no olho com o eleitor.
Estratégia comum
Tanto o União Brasil quanto o PSD jogam da mesma forma: Um pé em cada canoa, ao sabor dos interesses estaduais. O PSD tem aliança com o PT em Minas Gerais. Em São Paulo, com o Republicanos de Tarcísio de Freitas, o candidato de Bolsonaro. E, no Rio, com Ciro Gomes. Já o União, fecha com Bolsonaro no DF, com o PSDB de Rodrigo Garcia em São Paulo e com o candidato de Ciro Gomes no Maranhão, o senador Weverton (PDT).
O que interessa
Tanto o PSD quanto o União Brasil vão apostar firme na eleição de bancadas no Parlamento. Embora o União vá oficializar a senadora Soraia Thronicke como candidata a presidente da República, a prioridade da agremiação é eleger deputados federais. O projeto das duas legendas é ter um protagonismo no Parlamento, seja quem for o presidente da República.
Muita calma nessa hora/ Além dos aliados, a segurança do presidente Jair Bolsonaro também aconselhou o cancelamento do evento na Fiesp em São Paulo. A manifestação prevista para o vão do MASP, na Avenida Paulista, preocupou os responsáveis por esse setor.
Muito além da parada militar/ Os bolsonaristas esperam que o Sete de Setembro no Rio de Janeiro supere a visita do Papa. Para isso, os parlamentares evangélicos ligados ao presidente estão concentrados na organização da Marcha para Jesus.
Por falar em evangélicos…/ Pastores que tentaram marcar agendas com o ex-presidente Lula têm dito a amigos que ainda não foram atendidos.
André na área/ O banqueiro André Esteves, ex-CEO do BTG Pactual, fará a palestra inaugural da Semana de Integração do IDP, na próxima segunda-feira, às 10h30. As inscrições estão abertas em idp.edu.br/eventos.
Sem tempo e informações, Lula pode deixar as propostas para a economia em segundo plano
Com o curto período de campanha e o presidente Jair Bolsonaro voltando mais uma vez ao discurso de ataque a ministros do Supremo Tribunal Federal e às urnas eletrônicas, o PT considera que o ex-presidente Lula pode prescindir de detalhar o projeto econômico que levará adiante caso seja eleito. Primeiro, Lula ainda não sabe o tamanho do buraco nas contas públicas. Em segundo lugar, a divulgação pode levar a narrativas que terminem por tirar votos do ex-presidente.
Assim, caberá aos representantes do mercado decidirem o voto sem essa variável. Até aqui, sabe-se apenas que, seja quem for o próximo presidente, as contas a pagar serão imensas. A expectativa dos economistas é de que 2023 será o ano de aperto nas contas públicas, sem espaço para novos projetos ou aumentos salariais.
Segura o dinheiro
Deputados que vieram a Brasília para o esforço concentrado reclamam que o governo não está sequer empenhando as emendas de relator neste período. No Poder Executivo, técnicos alegam que é preciso segurar recursos para pagamento dos auxílios até o final
deste ano.
Por falar em auxílios…
O PT terá pesquisas para acompanhar de perto o humor do eleitorado com o pagamento do Auxílio Brasil e todos os demais estabelecidos pela PEC das Bondades. Até aqui, a avaliação de alguns é a de que a melhoria de Bolsonaro em algumas pesquisas se deu por causa da redução do preço dos combustíveis.
Para a Justiça ver
Com a obrigatoriedade de gastar parte do fundo com candidaturas femininas, União Brasil, MDB e PSDB garantiram o cumprimento da legislação ao lançarem respectivamente as candidaturas presidenciais de Soraia Tronicke e de Simone Tebet, que terá como vice Mara Gabrilli. Agora, os partidos avaliam que poderão dedicar mais uma parcela do fundo para candidaturas masculinas à Câmara dos Deputados,
por exemplo.
E por falar em Justiça…
As atenções dos políticos estarão voltadas ao Supremo Tribunal Federal e à possibilidade de retroatividade da nova Lei de Improbidade. As apostas no STF são as de que, se a retroatividade for descartada, será por um placar apertado.
Ganha-ganha/ Assim como Soraia Thronicke (UB-MT), Mara Gabrilli (PSDB-SP) também não tem nada a perder ao concorrer à vice-presidência na chapa de Simone Tebet. Soraia e Mara têm mais quatro anos de mandato.
Ele tem a força, mas…/ O presidente da Câmara, Arthur Lira, deixou a oposição revoltada ao manter a votação por sistema remoto nesta semana de esforço concentrado. Esse gesto irritou o PT, que esperava aprovar a prorrogação da Lei de Cotas, que terminou retirada de pauta, e a pedido da própria oposição, diante da falta de quórum presencial.
Enquanto isso, no Itamaraty…/ O governo brasileiro observa atentamente a visita da presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taiwan e a reação da China. Com a guerra da Ucrânia, esse é mais um tema explosivo no cenário internacional.
A força do comércio/ Este é o tema do Correio Talks em parceria com a Confederação Nacional do Comércio (CNC) nesta quinta-feira, 15h30. A abertura estará a cargo do presidente em exercício do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas.
Coluna Brasília-DF, por Carlos Alexandre de Souza
O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, repudiou publicamente atos de racismo e xenofobia no país europeu. Foi uma resposta à injúria racial cometida por uma cidadã portuguesa contra os filhos dos atores brasileiros Bruno Gagliasso e Giovanna Ewbank, em uma praia nos arredores de Lisboa. “Infelizmente, há setores racistas entre nós”, escreveu Rebelo. Mas “não se pode, nem deve, generalizar”, ponderou.
Rebelo de Sousa tem se esforçado em estreitar laços históricos entre Brasil e Portugal, especialmente no bicentenário da Independência da ex-colônia. Mas nem sempre obtém sucesso. Em visita recente ao Brasil, Rebelo encontrou-se com três ex-ocupantes do Planalto e testemunhou, in loco, a homenagem a Portugal na Bienal do Livro em São Paulo. O português sofreu, entretanto, uma desfeita com o atual mandatário brasileiro. Ao saber que o visitante se encontraria com Lula, o presidente Jair Bolsonaro desmarcou um almoço agendado com antecedência.
Apesar dos desencontros, Rebelo de Sousa deve voltar ao Brasil para as festividades do Sete de Setembro — evento que será utilizado por Bolsonaro para tumultuar as eleições. No plano ideal, Brasil e Portugal poderiam aproveitar a ocasião para unir esforços contra mazelas comuns aos dois países, como o racismo. Casos de injúria racial são recorrentes aqui e lá. O episódio ocorrido com duas celebridades brasileiras apenas deu mais visibilidade a essa prática intolerável. Como alertou o ator branco Bruno Gagliasso, com expressivos olhos azuis: “Essa luta é de todo mundo”.
Assédio institucional
A pedido da Frente Parlamentar do Serviço Público (Servir), a Comissão de Assuntos Sociais promove, hoje, às 14h, audiência pública para debater o assédio institucional. Integrantes da Servir denunciam, por exemplo, o caso de servidor do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) processado pelo MEC após publicar artigo e até o assassinato do indigenista Bruno Pereira — morto após se licenciar da Funai.
Data venia
Ao reiterar o arquivamento do inquérito sobre o suposto vazamento cometido pelo presidente Bolsonaro de uma investigação sigilosa da PF a respeito das urnas eletrônicas, a vice-procuradora Lindora Araújo, criticou o ministro do Supremo Alexandre Moraes. “O eminente Ministro Relator, data venia, acabou por violar o sistema processual acusatório”, escreveu, no parecer encaminhado ao Supremo. A ver a resposta do magistrado.
No Supremo
Na semana passada, a vice-procuradora recomendou o arquivamento de vários pedidos de investigação apresentados pela CPI da Covid contra o presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro Eduardo Pazuello e outros citados no relatório final. Em resposta às conclusões de Araújo, sete integrantes da extinta comissão pediram, no Supremo, a abertura de inquérito para averiguar suposta prevaricação cometida por Araújo.
Campo minado
A exemplo do chefe, Augusto Aras, a vice-procuradora não se furta de andar em campo minado.
Combatentes
Conhecida no Brasil como “capitã cloroquina”, a médica e pré-candidata a deputada federal Mayra Pinheiro (PL-CE) receberá do presidente Jair Bolsonaro a Ordem do Mérito Médico, concedida a profissionais que se destacaram pelos serviços à saúde. “Honrei o meu país”, escreveu Mayra Pinheiro nas redes sociais. Em julho, o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), aquele que obteve indulto presidencial, foi agraciado com a Ordem do Mérito do Livro.
Diferenças e riquezas
Os candidatos do Partido Republicano da Ordem Social (Pros), Pablo Marçal, e do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Sofia Manzano, foram os primeiros a registrar as candidaturas à presidência da República junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ambas as chapas são ‘puro sangue’, sem coligações com outros partidos. As diferenças entre Marçal e Manzano não se limitam ao campo ideológico. Aos 35 anos, o empresário e influenciador digital, estreante na corrida eleitoral, declarou um patrimônio de R$ 16,9 milhões ao TSE. Professora, Manzano informou um total de R$ 498 mil.
Indigestão
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) está apreensiva com a votação, hoje, da MP que faculta às empresas pagar vales-refeição e vales-alimentação em dinheiro. A proposta tem como relator o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP). Segundo ele, boa parte dos trabalhadores já adota essa prática: troca os tíquetes por dinheiro, com deságio. A Abrasel, por sua vez, diz que a mudança trará enormes prejuízos a restaurantes.
União resiste a Lula e Bivar muda de ideia a cada seis horas
O presidente do União Brasil e pré-candidato a presidente da República, Luciano Bivar, “muda de ideia a cada seis horas” sobre se mantém a candidatura presidencial ou desiste, confiando no aceno do ex-presidente Lula de que terá apoio para presidir a Câmara dos Deputados no ano que vem. Seus aliados dizem em conversas reservadas que “a conversa entre Bivar e Lula foi pessoal”, sem consulta ao partido. E mais: Que Lula está “vendendo terreno na lua”. Logo à primeira vista, é preciso ter em mente que a Presidência da Câmara é algo que depende da nova configuração de forças no Congresso, que só será conhecida em outubro. Em segundo lugar, os integrantes do União Brasil acreditam que o PT, que projeta a eleição de uma bancada expressiva, jamais apoiará um candidato do União Brasil para comandar o Parlamento.
Nos palanques estaduais, a relação entre os dois partidos também não está fácil. No maior colégio eleitoral do país, por exemplo, o União Brasil vai apoiar o governador-candidato Rodrigo Garcia, um dos principais adversários do candidato do PT, Fernando Haddad. No Rio de Janeiro, uma das estrelas do União é Danielle Cunha, filha do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, que não dialoga com o PT. Metade do União hoje está mais para Bolsonaro do que para o PT, por isso, a avaliação de muitos é a de que um apoio a Lula não passaria na convenção. Para completar, deixar de ter candidato a presidente tiraria a nova legenda da vitrine, necessária para se colocar perante a sociedade. Da parte de Lula, porém, quanto menos candidato ao Planalto melhor para que ele possa cumprir o sonho de, pela primeira vez, o PT obter uma vitória presidencial no primeiro turno. Por isso, a conversa de Lula com Bivar e Janones, o candidato a presidente da República do Avante.
A convenção do União Brasil está marcada para 5 de agosto e, até lá, as especulações devem continuar. Aliados de Bivar acreditam que essa conversa com Lula deu ao deputado e presidente do União Brasil a oportunidade de se tornar mais conhecido por alguns eleitores. A aposta desses aliados é a de que, até a semana que vem, Bivar deverá continuar mudando de ideia a cada seis horas.