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A política depois do ajuste

Mexeu geral…

Passadas as primeiras 24 horas depois da aprovação do texto-base de uma das medidas do ajuste fiscal, os parlamentares notaram que vem por aí um novo alinhamento político. Parte do DEM afinada ao prefeito de Salvador, ACM Neto, se aproxima do PMDB de Michel Temer, ao passo que um setor do PSB cria laços com o PSDB.

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Da parte de ACM Neto, essa proximidade, via Geddel Vieira Lima — um dos maiores adversários de seu avô, Antonio Carlos Magalhães —, significa uma tentativa de desenho para 2018. Quanto aos socialistas, a bancada do governador de Pernambuco, Paulo Câmara, votou

contra a MP, reforçando elos oposicionistas com os tucanos.

…Como no passado

Outros gestos virão. Afinal, são essas votações econômicas que levam divergentes ao diálogo. A aliança que elegeu Fernando Henrique Cardoso presidente em 1994 começou quando da apresentação do Plano Real ao Congresso. O divisor de águas daquele ano se repete agora. Vale observar.

Próximo embate

Depois de terminada a votação do ajuste fiscal na Câmara, os deputados vão votar as propostas que eliminam o chamado fator previdenciário. E tudo porque, na avaliação de muitos, o líder do PT na Casa, Sibá Machado, errou. O assunto deveria ficar restrito à comissão especial, e a base mobilizada para derrotar a proposta ali. Mas Sibá aceitou discutir o tema no plenário, onde os ecos e a visibilidade são muito maiores. E o ajuste fiscal recém-aprovado estará em risco antes mesmo de concluída sua votação no Congresso.

Michel, o articulador

Além de receber os parabéns da presidente Dilma Rousseff pela aprovação do ajuste, Michel Temer era lembrado no Congresso como um dos grandes gestores da vitória. “Muitos votaram mais por ele do que pelo governo como um todo”, comentou um petebista.

DEM dividido

O deputado Mandetta (DEM-MS) ironizava ontem a votação do ajuste fiscal: “O clima ficou muito ruim. Vai ver que os nossos que votaram a favor estão atrás do Ministério do Trabalho”. Ele e outros apostam que, no Senado, o governo não terá tanta sorte com os votos dos democratas.

PCdoB constrangido

A maioria da bancada do PCdoB só votou a favor do ajuste fiscal depois que o presidente do partido, Renato Rabelo, voou até Brasília e deu uma ordem unida: votar a favor do ajuste é sinal de responsabilidade para com o país.

Ditado às avessas/ Sabe aquela história de que os últimos serão os primeiros? Pois é. Ontem, o ex-senador e ex-ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) José Jorge inverteu a sabedoria popular: “Fui o primeiro relator da PEC e o último prejudicado”, comentou, durante a sanção da emenda constitucional que adia para 75 anos a aposentadoria de ministros de tribunais e desembargadores, vulgo PEC da Bengala. José Jorge completou 70 em novembro do ano passado e, por isso, deixou o TCU.

Só isso?/ Depois de conceder uma rápida entrevista ao portal IG em que acusou o governo de abusar do toma lá dá cá para aprovar o ajuste fiscal, o deputado Danilo Forte (foto), do PMDB-CE, foi abordado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros: “Vi sua entrevista. Você foi muito light!”. É… Pelo visto, Renan continuará hard.

Marcados/ Os deputados petistas que faltaram à sessão de votação do ajuste fiscal caíram em desgraça no Planalto. Entre eles, a deputada Érika Kokay (DF).

Deixe que digam, que pensem, que falem…/ A oposição e alguns aliados podem até reclamar, mas, no Planalto, o que importou foi o fato de a presidente Dilma e do vice Michel terem obtido na Câmara a vitória mais importante de seu segundo mandato até agora. Aos poucos, a presidente vai respirando.

Denise Rothenburg

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