O Tugo mescla cozinhas africana e lusitana em dois ambientes: perto da Ponte JK e na Asa Sul, ao lado de um posto de gasolina
Durante a flexibilização da quarentena em São Paulo, foi o então prefeito Bruno Covas quem baixou decreto, em abril do ano passado, ampliando a permissão para bares e restaurantes colocarem mesas e cadeiras em vagas de estacionamento que funcionassem como “extensões temporária das calçadas”. Atendia, assim, a um pleito do sindicato dos donos de estabelecimentos Sinthoresp, mas nem todos ficaram felizes.
O badalado chef Erick Jacquin, jurado do Masterchef, por exemplo, reclamou que a medida devia ser para todo o mundo e não só em áreas privilegiadas. Ele foi notificado por ter colocado duas mesas em frente ao seu Président, não menos renomado restô francês nos Jardins. Já n`A Casa do Porco, o único restaurante brasileiro que entrou no ranking dos melhores do mundo de 2019, a ideia vingou e nos dias mais frescos, os garçons distribuem mantas aos clientes que preferirem ficar nas mesas do lado externo.
As opções de uma mesa na rua caem como luva no setor de alimentação fora do lar em Brasília, especialmente em tempos de pandemia que exigem ambientes abertos. Ainda mais nesta época do ano quando a estiagem impera até o mês de setembro. Até lá, salvo uma leve chuvinha ou outra, nada estragará um negócio a céu aberto. Quem decidiu tirar proveito dessas circunstâncias foi o angolano Antonio Machado Barrigana, de 54 anos, um português que nasceu d`além mar, como se diz na terrinha. Aqui, ele lançou a grife O Tugo para denominar o restaurante coberto por lona, que mantém desde fevereiro na Associação dos Servidores do Supremo Tribunal Federal – Astrife, a menos de 500 metros da Ponte JK.
Com a chegada da seca, O Tugo replicou outro point, junto ao posto de gasolina da 202 Sul, que funciona sábados, domingos e feriados, das 11h às 17h. Inaugurada há duas semanas a unidade móvel não precisa de mais nada que um conjunto de mesas e cadeiras montadas sobre o gramado embaixo das árvores que garantem a sombra. Num canto, funciona a cozinha que consta de uma churrasqueira móvel a carvão com três bocas: uma para o polvo, outra para o bacalhau e a terceira para finalizar as batatas ao murro.
Menu completo
Há quem considere o bolinho de bacalhau o melhor da cidade. De fato, o sabor é incrível e a receita é secreta. Ele vem numa porção de 10 unidades por R$ 70. Comece a degustação pelo bolinho antes de chegar ao polvo, que depois de cozinhar 45 minutos na água com sal e louro, é grelhado na brasa com ervas finas por apenas oito minutos para não enrijecer a carne do molusco.
As duas iguarias, porém, podem vir juntas no prato que o chef batizou de menu completo, composto de bacalhau assado, polvo e bolinhos de bacalhau. Acompanha brócolis, batatas ao murro com ervas finas, azeitonas e tomate cereja por R$ 140. Serve fartamente duas pessoas. Quem fica direto no fim de semana comandando a grelha e as panelas é o sócio Marcel Baroni, engenheiro civil, apaixonado por gastronomia.
Antonio se divide entre as duas operações. Um pouco na 202 Sul, um pouco no lago, onde pilotou no Dia dos Namorados um jantar romântico com cardápio lusitano, a luz de velas e playlist. Sobre a noitada, ele confessou: “Gostei muito da experiência do contato mais direto com os clientes”, confessou o restaurateur casado com a brasiliense Núbia. Eles são pais dos trigêmeos Mariana, Bernardo e Lucas, de 12 anos, nascidos em Brasília.
Neste sábado (19/6), o brasiliense irá encontrar uma nova sugestão: “Camarão à Moçambique, que apesar do nome, é um dos mais saborosos pratos da culinária lusitana”, informa o chef, que tempera o prato (R$ 58) com páprica picante e alho. De sobremesa, é claro que só podia ser o pastel de natas, feito por outro português, o confeiteiro João Manuel, e vendido por R$ 8, a unidade ou meia dúzia R$ 40. Reservas pelo telefone: 98403-1122.