Venezuela, uma pedra no sapato de Lula

Por Denise Rothenburg — O presidente Lula começou o seu governo abraçando o venezuelano Nicolas Maduro. Mas, agora, diante das suspeitas que pairam sobre a eleição no país vizinho e das atitudes anteriores de Maduro, como a tentativa de anexar um pedaço da Guiana, será difícil, do ponto de vista estratégico, o presidente brasileiro manter esse amor todo pelo líder venezuelano. Como defensor da democracia e de olho na própria popularidade por aqui, Lula já foi aconselhado a não demonstrar tanta proximidade, ainda que a esquerda petista pressione o presidente
por um apoio mais ostensivo a Maduro neste momento.

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O jogo de Zema

Ao levantar a hipótese de liberação de Jair Bolsonaro para concorrer nas eleições de 2026, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), quer mesmo é o apoio do ex-presidente para um projeto presidencial. Aliados do governador mineiro afirmam que, sem o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, na disputa ao Planalto, Zema tem tudo para ser o primeiro da lista.

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Cálculos futuros

Bolsonaro, avisam alguns de seus aliados, terá duas opções, caso Tarcísio siga no projeto da reeleição: Ronaldo Caiado (UB), de Goiás, ou Zema. Caiado, na visão de muitos bolsonaristas, é um quadro político mais experiente do que o mineiro. Porém, apostam que trabalharia para isolar Bolsonaro na extrema-direita. Por esse motivo, Caiado é, hoje, aquele que Bolsonaro não tem lá muita vontade de apoiar no futuro. Quem Bolsonaro deseja mesmo é o próprio Bolsonaro.

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Teste de DNA

O pronunciamento em que o presidente Lula afirmou não abrir mão da responsabilidade fiscal passou um detalhe indigesto para a parcela da oposição que votou a favor da reforma tributária. Nas entrelinhas, o presidente tratou o projeto como fruto de seu governo. E os congressistas consideram que a paternidade é do Parlamento.

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Usou o plural, mas…

Lula usou a terceira pessoa do plural ao se referir à aprovação da reforma na Câmara. Porém, a avaliação é a de que, se essa proposta surtir efeitos positivos para a população — e a tendência é a de, no mínimo, dar mais transparência aos impostos —, Lula será o principal beneficiário do ponto de vista eleitoral.

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O perigo no Senado

Há quem diga que, se essa perspectiva de benefício a Lula se espalhar entre os senadores, vai ser difícil aprovar logo a proposta por lá.

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Curtidas

Bolsonaro e os socialistas/ Vai ter curto-circuito na cabeça dos bolsonaristas de Campo Grande, esta semana. Hoje, o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (foto), e seu candidato a prefeito da cidade, Beto Pereira, ambos do PSDB, devem se encontrar com Jair Bolsonaro para gravação do vídeo de apoio à eleição. No sábado, o Partido Socialista Brasileiro (PSB) fechou apoio a Pereira, em convenção.

Aliado em comum/ Amanhã, o mesmo Riedel estará com Lula e a ministra do Planejamento, Simone Tebet, para tratar de recursos ao combate a incêndios florestais no Pantanal. O que não faltam são elogios de Riedel ao presidente Lula.

Primeiro turno, separados/ O PT de Lula homologou a candidatura da deputada Camila Jara à prefeitura da capital sul-mato-grossense. Porém, dada a boa relação de Lula com o governador, dificilmente, o presidente da República jogará toda a sua força eleitoral por lá.

talitadesouza

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