A posse de Osmar Serraglio no Ministério da Justiça abrirá uma vaga para o assessor especial da Presidência da República, Rodrigo Rocha Loures, assumir o mandato de deputado federal. Loures será os olhos e os ouvidos do presidente Michel Temer na bancada do PMDB, um grupamento que permanece insatisfeito, mesmo com o Ministério da Justiça.
…E um imbróglio a resolver
O problema não é Serraglio. O que mais irritou o partido de Temer foi saber, por intermédio de Rodrigo Maia, que Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) assumirá a liderança do governo. Tudo que os peemedebistas não queriam era ficar sem espaço neste seleto grupo das decisões e estratégias governamentais, leia-se o triunvirato de líderes governistas no parlamento e a Secretaria de Governo, cargo hoje nas mãos do PSDB. Para completar, ainda vê o PP mandando na liderança na Câmara, na Saúde e na Caixa Econômica Federal. Os peemedebistas têm dito que é poder demais.
Segura a coisa I
O carnaval chega com uma batalha entre o presidente do Senado, Eunício Oliveira, e o líder do PMDB na Casa, Renan Calheiros. Qualquer um que pergunte para Eunício como está a distribuição das comissões técnicas da Casa, ele responde que é assunto dos líderes. Quem recorre a Renan ouve que a presidência de cada comissão deve ser discutida entre os partidos e o presidente do Senado. Sinal de que Renan e Eunício não pretendem se indispor com o PSDB e os senadores do PMDB que reivindicam espaço de poder.
Segura a coisa II
Está chegando ao ponto de o governo querer intervir para ver se consegue ajudar na busca de um acordo entre os partidos. A ordem é aproveitar a semana carnavalesca para que, em 6 de março, o ano comece de fato sem essas briguinhas partidárias. Missão quase impossível.
Batalha dos trios
Os petistas não pretendem ouvir calados o discurso do governo na linha do “salvamos o Brasil que o PT quebrou”. A ideia do partido é colocar Lula nos bairros de periferia de todas as cidades para, na linguagem simples que o ex-presidente é craque, tentar virar o jogo e dizer que foram os peemedebistas que quebraram o Brasil para tirar Dilma do poder. Resta saber em quem o povo vai acreditar. Em tempo: o perigo é de uma maioria achar que os dois têm razão.
Ninguém tasca!
O PMDB da Câmara cerrou fileiras em torno da presidência da Comissão de Constituição e Justiça. Vai para Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), aquele deputado que chegou a ser cumprimentado como ministro sem nunca ter sido convidado.
Foco de luz
Os senadores do PMDB enroscados na Lava-Jato viram a Operação Blackout, deflagrada ontem, como mais um sinal de que o objetivo da força-tarefa neste início de ano é fechar a investigação em torno deles. Entre os petistas, entretanto, ninguém entende por que tanta demora em pegar o operador Jorge Luz, citado há anos como uma das pontas do esquema.
CURTIDAS
Amortecedores ligados/ Os governistas fizeram questão de tratar todos os senões à indicação do ministro Alexandre de Moraes para o Supremo Tribunal Federal logo no início da sessão de ontem em plenário e da sabatina na terça-feira. Assim, quando a oposição conseguiu falar, tudo já havia sido abordado pelo relator Eduardo Braga (foto) e, bem ou mal, comentado pelo ministro.
Cada um com seu cada qual/ As mesas dos restaurantes de Brasília já foram mais suprapartidárias. Nos últimos tempos, o que tem se visto é PP com PP; PT com PT; PMDB com PMDB; e por aí vai.
A exceção/ Uma das poucas mesas que continua suprapartidária é a que abriga os deputados Miro Teixeira (Rede-RJ) e Heráclito Fortes (PSB-PI), forjados nos tempos em que o diálogo e o respeito a quem pensa diferente prevaleciam e não se via a política apenas como alma de negócios.
Pausa/ Com o carnaval na avenida, a coluna sai de cena por uma semana. Voltamos em 7 de março, quando os tambores da política e da Lava-Jato prometem soar forte novamente. Bom carnaval a todos!
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