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Tortura na Esplanada

Relatos de tortura em plena Esplanada dos Ministérios constam em depoimentos colhidos pela Comissão Memória Verdade do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, em 2013. Alexandre Ribondi, jornalista e diretor de teatro, e outros contaram que a garagem do Ministério do Exército era usada como sala de torturas, e ainda havia outro local no Ministério da Marinha. “Eu ouvia o sino”, disse ele à comissão, referindo-se ao sino que até hoje está na frente do Ministério da Marinha. Armando Rollemberg, que, em 1973, era da revista Veja, contou à comissão que ficou preso por mais de sete horas na garagem do Ministério do Exército, onde ouviu gritos de pessoas submetidas a sessões de tortura.

“Os relatos que colhemos apontaram dois centros de tortura na Esplanada, um no Ministério do Exército, outro na Marinha, corroborando o que está sendo colocado agora, nesses documentos revelados pela CIA. Com locais de tortura em plena Esplanada dos Ministérios está cada vez mais claro que a tortura não era um desvio de conduta de um grupo de oficiais e, sim, uma situação institucional”, conta Chico Santana, que participou da comissão.

Em 1973, o presidente era Emílio Garrastazu Médici. Ernesto Geisel assumiu no ano seguinte. O relatório da comissão do sindicato foi entregue ao governo e ao Senado, em 2014. Porém, segundo Chico Santana, nada foi feito.

Ação limitada
As conversas dos governistas correm hoje dividindo a política em dois campos: o que é possível controlar e aquele que está ao deus-dará. No campo do controle, o governo coloca a possibilidade de manter a base aliada como ainda dentro do terreno das coisas factíveis. Mas não por muito tempo.

“Que Deus nos ajude”
Quanto à crise política, leia-se Supremo Tribunal Federal e Ministério Público, não há nada a fazer, a não ser tentar minimizar os danos eleitorais para o MDB. Até a eleição, o jeito será administrar o dia a dia com muita reza forte.

Gato por lebre?
O governo está animado com as promessas de investimentos dos italianos da Enel, que ofereceram R$ 32,00 por ação da Eletropaulo, 8,8% acima do que foi apresentado pela Neoenergia, controlada pela espanhola Iberdrola. O embate entre italianos e espanhóis já chegou às cortes europeias. Nos bastidores, os espanhóis acusam os italianos de não terem regras de compliance eficientes e de atuarem como tubarões por onde passam.

É geral/ O presidente Michel Temer completa dois anos de governo patinando na popularidade e sem entender por que nada de bom gruda na sua imagem. Seus fiéis escudeiros, porém, não colocam a responsabilidade nos ombros do comandante do Planalto. Consideram que o problema é que o cidadão rejeita a política, e o presidente da República, por ser o mais exposto, termina pagando a maior parte da conta.

Vai ser vapt-vupt/ O PT tem como estratégia apresentar Lula no papel de candidato nos primeiros dias do programa eleitoral. Só tem um probleminha: conforme a coluna já noticiou há alguns meses, negado o registro, o acórdão sairá imediatamente. Logo, se brincar, Lula aparecerá apenas no primeiro programa de tevê na posição de candidato. E isso na melhor das hipóteses.

Por falar em PT…/ Até aqui, nada do que o partido planejou para Lula se cumpriu. Primeiro, os petistas apostaram que Lula não seria preso. Foi. Depois, que ficaria pouco tempo na cadeia. Está há mais de um mês. Resta a aposta da candidatura. Cada dia mais remota.

Joaquim II/ Joaquim Barbosa faz escola nessa história de se lançar pré-candidato a presidente, aparecer bem nas pesquisas e… desistir. No Rio de Janeiro, há quem diga que o senador Romário (foto) vai para o mesmo caminho. As contas em frangalhos não animam o baixinho a concorrer ao governo estadual. O que ele queria mesmo era poder ser candidato a mais oito anos de senador. Só se renunciar ao mandato.

Denise Rothenburg

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