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Temer e os perfis em construção

Temer e os perfis em construção

Além do ensaio do discurso de posse que “vazou” na segunda-feira, o vice-presidente Michel Temer trabalha desde já os perfis de ministros para a hipótese de precisar assumir a Presidência da República dentro de um mês — prazo previsto para conclusão da primeira fase de autorização para abertura de processo. Buscará unir qualidade técnica e peso político para a garantia de uma base parlamentar sólida e capaz de aprovar medidas amargas.

A avaliação dos fiéis escudeiros é de que os partidos serão fundamentais, uma vez que, se ele assumir, será na condição de emergência e urgência na votação de medidas econômicas. Diante desse quadro, avaliam, o ministério terá que ser de gente que resolve. “Não vai adiantar nada colocar alguém que montará um plano completo de governo. Em dois anos, será trocar a roda com o carro andando.”

Dilma e Temer

A estratégia da presidente Dilma Rousseff, de “colar” a imagem de Michel Temer à do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, foi vista pelos peemedebistas como um sinal de que o vice-presidente, se assumir, terá que se livrar logo do amigo acusado de ser beneficiário de valores depositados em contas na Suíça.

Temer e os empresários

Em caso de impeachment, abram as comportas — leiam-se: investimentos. É esse o discurso que o vice-presidente tem feito aos maiores empresários do país nas conversas reservadas que manteve nos últimos dias. Busca uma atitude mais firme.

Em revisão

Uma ponte para o futuro, lançada por Michel Temer no ano passado, servirá apenas de pano de fundo para o que ele pretende empreender, se houver o impeachment. Uma das mudanças ocorreria na área de concessões, de forma a animar os empresários.

Dilma e as medidas

Quanto às propostas de um pacto nacional apresentadas por Dilma na entrevista de ontem, as intenções chegam com, pelo menos, um ano de atraso. Se fosse feita logo depois da eleição de outubro, a oposição considera que não teria como deixar de ajudar. Agora que Michel Temer saiu do tubo, não há meios de colocar tudo de volta e fechar com a presidente.

CURTIDAS

Novo eixo de poder/ No corredor da Câmara, uma jornalista pergunta a um deputado que chegava na Casa: “O senhor está vindo de onde?”. O deputado, tarimbado integrante do grupo pró-impeachment, responde: “Da Presidência”. “Ué? Estava com a Dilma?”. E o sujeito completa: “Não, com o Temer”.

Novos tempos/ Em 1992, a comissão de senadores que analisaria o impeachment do então presidente Fernando Collor preliminarmente nem chegou a ser instalada. Foi tudo direto para o plenário, resolvido em 48 horas. Agora, não será assim tão rápido.

Tancredo as avessas I/ Tancredo Neves, depois de eleito presidente da República, era procurado por amigos para saber sobre boatos a respeito de indicações de ministros. Tancredo, sabendo as intenções do sujeito sobre um convite, cortava:”Espalhe que eu convidei, mas você não aceitou”. Agora, esse

Tancredo as avessas II/ A reunião da presidente Dilma Rousseff com o ministro das Cidades, Gilberto Kassab, depois de a bancada definir uma posição majoritária pró-impeachment, ficou assim: Os amigos dele que desejam distância do governo espalharam que ele pediu demissão, mas Dilma Rousseff não aceitou.

Denise Rothenburg

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