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Coluna Brasília/DF, publicada em 26 de fevereiro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito
Muita gente na base aliada acompanhou com uma certa preocupação a longa fritura da ministra da Saúde, Nísia Trindade, até ela deixar o cargo. A avaliação de muitos no Parlamento e fora dele é a de que Nísia sai para que Lula não deixe à deriva um expoente do PT de São Paulo que se desgastou no cargo de coordenador político do governo. Pelo menos nove em cada 10 deputados aliados ao PT dizem, em conversas reservadas, que não podia ser considerado normal um ministro de Relações Institucionais, no caso, Alexandre Padilha, não ser recebido nem conversar com o presidente da Câmara durante quase dois anos. A saída de Padilha já estava acertada com o Centrão, a fim de melhorar a interlocução com os partidos mais ao centro.
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E onde está o perigo/ O PT continua resistindo a abrir o Planalto aos aliados. Por isso, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), subiu na bolsa de apostas. Só tem um probleminha: colocar um representante do PT de São Paulo na Saúde e outro na coordenação política pode levar os aliados do governo a se considerarem desprezados para a cozinha palaciana.
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Paralelamente às preferências do PT, o Planalto avalia o nome de Isnaldo Bulhões (MDB-AL), em um gesto de aproximação com o Centrão. Ocorre que a ala mais radical do partido não quer nem ouvir falar desse movimento.
Amigos, amigos…
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), estava todo sorridente e bem próximo ao presidente Lula na sessão de cinema do Alvorada na última segunda-feira. Porém, na hora de colocar o plenário para votar, sessão cancelada na terça-feira. As apostas de muitos são as de que a Casa só funcionará a pleno vapor quando a questão das emendas de comissão estiver resolvida.
… negócios à parte
A reunião de amanhã entre os presidentes das duas casas legislativas — Alcolumbre e o presidente da Câmara, Hugo Motta, — é vista como um “vai ou racha”. Se rachar, pior para o governo.
Por falar em amizade…
Entre os deputados não há dúvidas: se for para agradar o presidente da Câmara, Hugo Motta, o ministro de Relações Institucionais será o atual líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL).
Ainda sobre Sarney
Do alto de quem acompanhou de perto os primeiros anos do governo José Sarney como porta-voz e secretário de Imprensa e Divulgação da Presidência da República, o jornalista Fernando Cesar Mesquita considera que o ex-presidente continua um “cavalheiro”, ao não falar das traições que sofreu. “Foram muitas e ele sempre reluta em esmiuçá-las”, diz Fernando César.
CURTIDAS
Virou vítima/ A saída de Nísia Trindade, uma cientista respeitada e séria, depois de meses de “fritura”, levou quase todo o PT à tribuna da Câmara em defesa da ministra.
Votou, mas não agradou/ O deputado Marco Feliciano (PL-SP) não gostou nada de haver eleições para a Frente Parlamentar Evangélica. “(A eleição) mostra um enfraquecimento da frente, nunca tivemos isso. Era para haver um acordo. Nem todos são evangélicos, mas vão votar”, declarou à coluna.
Antes de cobrar, pesquise / O deputado Charles Fernandes (PSD-BA) cobrou do ministro dos Transportes, Renan Filho, a autorização das construções de casas na Bahia pelo projeto Minha Casa, Minha Vida. Entretanto, a pasta responsável pela autorização é a de Cidades, de Jader Filho.
Telefonia morreu/ Internautas têm reclamado de ligações e SMS de golpes recebidos diariamente. Alguns contaram mais de 15 ao longo do dia. Um deles até perguntou se o Supremo Tribunal Federal (STF) não conseguia dar conta. Nas redes, consta, “o STF consegue fechar rede social e não consegue derrubar isso? SMS falsos, ligações telemarketings sem permissão”.
Inelegível e indiciado, Bolsonaro pressiona o PL para ser candidato a presidente em 2026
Coluna Brasília/DF, publicada em 24 de novembro de 2024, por Denise Rothenburg
O ex-presidente Jair Bolsonaro comentou com integrantes do PL que vai até o fim numa candidatura presidencial. Ainda que esteja inelegível e indiciado na tentativa de golpe de Estado, continuará percorrendo o país em eventos partidários, independentemente dos inquéritos a que responde. Se for preso, pretende fazer tal e qual Lula, em 2018: lançar um nome que possa representá-lo nessa empreitada. A ideia é manter ocupada a cadeira de pré-candidato do PL e seu eleitorado unido. Assim, se for o caso, na última hora, poderá sacar o nome de Eduardo Bolsonaro para concorrer ao Planalto. O filho 03, pré-candidato ao Senado por São Paulo, é o que tem menos arestas para essa disputa e faz política no maior colégio eleitoral do país. É também o que tem mais ligações com o futuro governo de Donald Trump, nos Estados Unidos.
Gratidão & lealdade
Com o ex-presidente insistindo em ser candidato, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), volta-se ao projeto da reeleição. Enquanto Bolsonaro não abrir mão dessa candidatura, nem ele e nem outros potenciais concorrentes citados como opções do bolsonarismo arriscam carreira-solo. Está nesse rol a senadora Tereza Cristina (PP-MT). Da mesma forma que Lula tentou sufocar nomes da esquerda em 2022 e juntou todos sob o seu comando, Bolsonaro se manterá candidato para tentar fazer o mesmo com os candidatos que podem surgir no seu campo e tirar um filho do coldre. Esses são os planos A e B e já estão em curso.
Gato escaldado…
Muitos esquerdistas reclamaram da atitude do procurador-geral da República, Paulo Gonet, de deixar a apresentação da denúncia contra Bolsonaro para o ano que vem. Em conversas reservadas, quem o conhece garante que a ideia é evitar o que houve com a Operação Lava-Jato. Muitos acusados e condenados em outras instâncias se livraram por falhas processuais. Não dá para repetir isso.
Diferenças
Os advogados dos réus da Operação Contragolpe têm mais problemas do que os da Lava-Jato. Isso porque, lá atrás, os processos começaram na primeira instância e seguiram até o Supremo Tribunal Federal (STF). Agora, está tudo na Corte. Ou seja, menos chances de recursos.
A guerra será o Senado
Embora o eleitor esteja mais preocupado com o Natal, os políticos estão com a atenção voltada ao período eleitoral de 2026. Tudo o que for feito daqui para frente, estará diretamente relacionado à preparação de terreno, em especial, na disputa para duas vagas ao Senado. Os bolsonaristas já mapearam os potenciais candidatos para tentar garantir maioria e, assim, cavar um impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Em alguns estados, Bolsonaro pretende exigir indicação para as duas vagas.
O cálculo deles
Os bolsonaristas não estão sozinhos nessa conta. Em encontros políticos, ministros do STF também discutem esse tema. Lula e governadores aliados, idem. Na política, existe a certeza de que, se o bolsonarismo eleger 27 senadores (um por estado e o DF), terá condições de juntar votos contra o Supremo. Por isso, a ideia de Lula é que seu partido apoie nomes de outras legendas que estejam fortes, de forma a evitar uma avalanche de senadores que podem flertar com processos de impeachment. O problema é que o PT ainda não se convenceu. E pretende concorrer em todos os estados.
Por falar em Lula…
Não é apenas a insistência de Bolsonaro em ser candidato que tira o governador de São Paulo da eleição presidencial. Se Lula estiver forte em 2026, Tarcísio de Freitas se preservará para a temporada seguinte, calculam seus aliados, sem Lula e sem Bolsonaro.
Juros na roda
Nos bastidores da festa de 60 anos do Sinduscon, um dos assuntos mais comentados foi a necessidade de baixar os juros. Mas, a avaliação geral é a de que não dá para baixar sem segurança técnica. O setor da construção civil prefere um pouso suave quando for seguro, do que baixar demais e, depois, ter que subir além do que seria necessário.
Bia e Nikolas
O bolsonarismo considera seriamente lançar a deputada federal Bia Kicis (PL-DF) ao Senado, em vez de apoiar o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). Isso porque o governador, até aqui, não entrou na defesa do ex-presidente. E Bia está rouca de tanto dizer que Jair Bolsonaro é vítima de Alexandre de Moraes. Em Minas Gerais, Nikolas Ferreira é considerado o nome mais forte.
2025 de embates
O PT deflagrou uma campanha virtual pelo arquivamento do projeto de anistia aos envolvidos no 8 de janeiro. Ainda não recorreu a manifestações de rua. Vai, primeiro, medir o apoio na população conectada. Como o leitor da coluna já sabe, parte do governo não quer saber de convocar manifestações para não atiçar seus opositores e garantir tranquilidade para o processo judicial.
O Novo cresce
Com as eleições deste ano, o partido Novo teve um aumento de 1600% em número de mandatários. Para auxiliar esses prefeitos e vereadores eleitos, o Diretório Nacional fará um “Encontro de lideranças Novo 2024”, para treinamento em gestão e legislação. “Alcançamos um outro patamar. Até hoje, o Novo era um partido de alguns poucos mandatários, agora são quase 300. Esse encontro é essencial para que todos possam se conhecer, trocar experiências e cultivar a nossa cultura institucional”, comenta o presidente da legenda, Eduardo Ribeiro.
Blog da Denise, publicado em 29 de agosto de 2024, por Denise Rothenburg
Mal o governo anunciava o nome de Gabriel Galípolo para a presidência da Banco Central, e o Centrão já imaginava o que fazer com a sua sabatina, ainda sem data para ocorrer. A contar pelas informações de bastidor, não será uma conversa de comadres. Ele terá de convencer o Centrão de que não comprometerá a sua carreira para atender o governo. Ontem, muitos citavam o receio de que ele repita Alexandre Tombini, o jovem indicado pelo governo Dilma Rousseff lá atrás, quando o BC não tinha independência. Agora, a cobrança de não dizer amém ao Executivo será bem maior.
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Veja bem/ Obviamente, a esta altura do campeonato, não existe uma “vontade” de rejeitar o nome de Galípolo, um técnico que, até aqui, não deu sinais de que será dependente das ordens do governo. Porém, num cenário de descontentamento por causa das emendas, tem muita gente interessada em dar um susto no Planalto.
De “carona”, não sai do lugar
A tentativa do governo de aproveitar a transparência das emendas para tentar obrigar os congressistas a aplicarem parte dos recursos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) travou o acordo pelas emendas. A ideia nas reuniões dos deputados é cuidar apenas do projeto relacionado à transparência.
Os replicantes
O crescimento de Pablo Marçal nas pesquisas de intenção de voto, a ponto de embolar a disputa em empate técnico triplo, mostrou aos aliados do bolsonarismo que o ex-presidente Jair Bolsonaro é “replicável” e não detém o controle dos seus eleitores. O receio dos bolsonaristas é que isso se repita lá em 2026, quando governos estaduais e a Presidência da República estarão em jogo.
E os originais
O conselho daqueles que entraram na política graças a Bolsonaro é que ele mergulhe de cabeça na campanha de Ricardo Nunes, para recuperar o seu eleitorado. O receio é de que Marçal, num segundo turno, se torne o nome da vez, tirando o ex-presidente de cena.
Preocupação geral
No PT, o fato de Marçal praticamente replicar o que Bolsonaro fez no início da campanha de 2018 também preocupa. É que qualquer nome que venha das redes sociais e tenha carisma suficiente para embalar o eleitor consegue chegar, sem necessariamente estar ligado, seja a Bolsonaro, seja a Lula, hoje os maiores líderes de seus campos políticos. São os replicantes chegando. E, acreditam muitos, para ficar.
À esquerda/ Se Pablo Marçal surpreende na direita como um novo player a ser observado, quem desponta no rumo oposto é o prefeito do Recife, João Campos (foto), do PSB. Chega para ocupar em breve um lugar no seleto grupo daqueles com chances reais de voos mais altos. Sua gestão daqui para a frente será acompanhada com lupa por todos os partidos e especialistas em marketing político.
Queimaram a largada/ A maioria dos deputados que veio a Brasília saiu da cidade logo na quarta-feira, sem qualquer notícia de sessão do Congresso, convocada no final da tarde. Nem toda a bancada gaúcha estará no plenário para votar o projeto que vai auxiliar na liberação de recursos para pessoas físicas e jurídicas no estado, a pauta única desta manhã, até o fechamento desta coluna.
Por falar em “largada”…/ Governadores pré-candidatos ao Planalto têm feito reuniões sistemáticas para estudar os cenários políticos e econômicos. Até aqui, consideram que as queimadas na Amazônia, que continuam a ponto de defumar o Brasil, é um tema, assim como as atitudes em relação à Venezuela.
Lira abre o tabuleiro e diálogo do Planalto fica mais difícil
Por Denise Rothenburg — Os congressistas identificaram preferências a prefeitos mais alinhados ao governo federal, na hora de promover os repasses aos munícipios. Daí, o discurso do presidente da Câmara, Arthur Lira, citando os 512 deputados e colocando o Parlamento como o elo entre o poder público e os municípios, uma vez que são os deputados que gastam sola de sapato visitando cada rincão do país.
O fato de o governo querer uma “linha direta” com as bases dos deputados e senadores, sem passar pelo Parlamento, está incomodando muitos. Por isso, os líderes e Lira vão forçar a porta e obrigar o Poder Executivo a cumprir o cronograma de liberação de emendas. Arthur não mencionou, mas um dos pontos em que os líderes vão apostar é a derrubada do veto que estabelece a liberação das emendas no primeiro semestre.
Em tempo: aliados de Arthur Lira citam que ele não se esquece da frase do presidente Lula em agosto de 2023, durante o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no Rio de Janeiro. Lá, o presidente da República mencionou com todas as letras que Lira era adversário político, mas o Poder Executivo precisava do deputado. Com o período de Lira na Presidência da Casa entrado em contagem regressiva, a visão do governo sobre o presidente da Câmara como adversário vai ficando mais forte; e o diálogo, cada vez mais difícil. Até aqui, porém, quem tem a base na Câmara é Lira e não Lula.
Muita calma nessa hora
As denúncias de que uma “Abin Paralela” do governo de Jair Bolsonaro teria monitorado vários parlamentares levam muitos congressistas a ponderações. No Centrão, há quem diga que é preciso avaliar caso a caso, antes de aprovar qualquer norma que impeça uma operação da Polícia Federal, como aquela que teve como alvo o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ).
Dinheiro & forma
Em troca das emendas, os congressistas até admitem alguma mudança na desoneração da folha. Mas jamais por medida provisória, como fez o governo. Se quiser reonerar, será num projeto de lei amplamente discutido nas duas Casas.
Enquanto isso, no STF…
O Supremo Tribunal Federal pautou para esta quinta-feira, véspera de carnaval, a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) proposta pelo PSB e Podemos que trata do cálculo das sobras eleitorais. É mais um imbróglio, porque se for acolhida por maioria do STF, saem da Câmara aliados de Arthur Lira. No DF, sai Gilvan Máximo (Republicanos), e entra Rodrigo Rollemberg (PSB), secretário de Geraldo Alckmin na pasta de Indústria e Comércio. Rollemberg sempre teve uma boa relação com Lula.
Um felizardo
Os parlamentares ligados a Lira consideram que é interferência indevida do STF, um vez que o Tribunal Superior Eleitoral definiu a distribuição das sobras. Quem torce pela aprovação é Davi Alcolumbre, do União Brasil, que ganhará mais aliados na Câmara dos Deputados.
“Abstraia…/ Os aplausos do ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, durante o discurso de Arthur Lira na abertura dos trabalhos do Congresso, eram motivo de risos no plenário. “Será que ele não está entendendo que o recado é para ele? “, perguntou um parlamentar.
… e finja demência”/ Quem não conseguiu fazer a mesma coisa foi o ministro da Casa Civil, Rui Costa. Sentado ao lado de Lira, ele não escondeu o desconforto. Entre os petistas, Costa é considerado um dos mais transparentes no quesito “o corpo fala”. Por isso, alguns não gostam dele.
Vem por aí/ O PL não abre mão de fazer da deputada Caroline de Toni (foto) presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, considerada bolsonarista radical. O PT não aceita. Ou seja, vem briga aí.
Poder de compra da população é o que mais preocupa o Planalto
Por Denise Rothenburg – As pesquisas internas do governo apontam que o maior problema para a população é o poder de compra, que ainda não apresentou um grande sentimento de melhoria neste primeiro ano de Lula. O primeiro item que pesa para a população é a conta de luz. Em seguida, os combustíveis, que refletem sobre praticamente todos os preços. Não é à toa que o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, navega sobre a prancha, correndo o risco de ser jogado ao mar.
Em tempo: os congressistas que tiveram acesso às pesquisas internas do Palácio do Planalto consideram que não é a “sede de arrecadação” — com o veto integral à desoneração da folha e, de quebra, a cobrança de impostos sobre benefícios concedidos ao ICMS — que levará o governo a melhorar a percepção da população sobre o poder de compra. Só o crescimento econômico é que vai dar um fôlego ao poder de compra dos cidadãos. E, para isso, é preciso dar um respiro a quem gera empregos.
Na contramão da COP28
Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva gasta saliva no Oriente Médio para defender o Brasil como o porto da economia verde e da sustentabilidade, a Câmara discutia um projeto sobre usinas eólicas que, na prática, prorroga as termelétricas a carvão até 2050. Socorro!
Campo minado
A instalação da comissão especial da Medida Provisória 1.185, que prevê o pagamento de imposto sobre benefícios de ICMS, mostrou que o governo terá dificuldades em aprovar essa proposta este ano. Ninguém defendeu o texto com unhas, dentes e vontade política.
As apostas deles
Os mais próximos de Lula veem alguns nomes com chances de assumir o Ministério da Justiça. No topo da lista, Ricardo Lewandowski, que está na comitiva da viagem ao Oriente Médio. Ninguém próximo ao presidente joga suas fichas em Ricardo Cappelli, atual secretário-executivo do Ministério da Justiça. O anúncio do novo ministro sai em 10 dias, antes da sabatina de Flávio Dino no Senado — que será inquirido no exercício do mandato como integrante da Casa.
Todos no “retrato”/ Ao posar para a foto que marcou a oficialização da escolha de Dino para o STF e de Paulo Gonet para a Procuradoria Geral da República, Lula fez questão da presença de outros ministros, inclusive o advogado-geral da União, Jorge Messias. A muitos, passou a ideia de que todos na foto chancelaram as indicações.
Veja bem/ Com uma parte dos deputados e senadores em Dubai, a tendência é a sessão de vetos ficar para 7 de dezembro. É o tempo para o governo tentar evitar um rosário de derrotas.
Dulcina homenageada/ O presidente em exercício, Geraldo Alckmin, sancionou o projeto que inscreve o nome da atriz e diretora teatral Dulcina de Moraes (foto) no livro de heróis e heroínas da pátria. Ela dedicou a vida aos palcos e defesa da profissão. Criou a Fundação Brasileira de Teatro, no Rio de Janeiro, e a faculdade de teatro Dulcina, em Brasília. O projeto para a inclusão no livro dos heróis é de autoria da deputada Benedita da Silva (PT-RJ).
Celebridade antenada/ A atriz Dira Paes será a mestre de cerimônia do prêmio de Educação Fiscal, promovido pela Associação Nacional de Fiscais de Tributos Estaduais (Febrafite), hoje, às 19h, no auditório da Escola Nacional de Administração Pública (Enap). A diretora de Redação do Correio Braziliense, Ana Dubeux, entregará o prêmio da categoria Imprensa.
Chance do governo conseguir maioria parlamentar é quase zero
A contar pelas conversas dos líderes, logo depois de aprovada a reestruturação da Esplanada dos Ministérios, o governo pode desistir de construir uma maioria parlamentar ampla para aprovar seus projetos. A vida, daqui para frente — no que os deputados chamam de fase dois do governo Lula 3 —, será difícil para o Planalto. Nada que queira mexer com retrocesso em privatizações, reforma trabalhista, ou temas mais polêmicos, terá sucesso.
Em tempo: há quem diga que não adianta tentar esperar o fim desses primeiros dois anos para eleger um presidente da Câmara aliado ao Planalto. É que se não houve maioria firme para aprovar a reestruturação do governo, não haverá, no futuro, para eleger um deputado de esquerda para comandar a Casa. O jeito é negociar diariamente e atender o que for possível.
O próximo serviço
Como a medida provisória que extinguiu a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) perdeu a validade, os congressistas e o governo vão precisar trabalhar, agora, em como recriar a instituição. Afinal, como disse à coluna o relator Isnaldo Bulhões (MDB-AL), na semana passada, só faltava extinguir o CNPJ, uma vez que a Fundação, na prática, não existia mais.
Retornem os bilhões
A primeira briga será em torno dos R$ 2,9 bilhões de orçamento manejados pela Funasa. Os recursos foram transferidos para o Ministério das Cidades, comandado pelo ministro Jáder Filho, o primogênito do senador Jáder Barbalho (MDB-PA).
Santo de casa
Para ressuscitar a Funasa, o deputado Danilo Forte (União Brasil-CE) recorreu ao líder do PL de Jair Bolsonaro, deputado Altineu Cortes (RJ). O líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), manteve o compromisso de não apresentar nenhum trecho para ser destacado e votado separadamente.
Tensão aumenta
A operação da Polícia Federal em Alagoas, que envolveu um ex-assessor do PP, apimentou a relação entre Câmara e Poder Executivo. Obviamente, uma operação da PF é traçada com antecedência, mas, nos bastidores, aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira, acusavam o PT de tentar vinculá-lo a essa história. Publicamente, em entrevista à Globonews, Lira disse que não tem nada com isso e que “cada um cuide do seu CPF”. Só que, nos bastidores, a irritação é grande.
E o Zanin, hein?/ A aprovação do nome de Cristiano Zanin para ministro do Supremo Tribunal Federal é dada como certa, uma vez que a maioria dos políticos é antilavajatista. O problema será o segundo indicado, mais à frente. Os senadores querem ter algum protagonismo. Isso, porém, não significa que a sabatina será tranquila.
Surpresos/ Advogados eleitorais não esperavam que o ministro Benedito Gonçalves liberasse logo o processo envolvendo Jair Bolsonaro, que pode resultar na inelegibilidade do ex-presidente. O PL, porém, tem um plano B: dizer que Bolsonaro foi injustiçado e fazê-lo rodar o país para eleger prefeitos no ano que vem.
As cores… / Ao ver a deputada Érika Kokay (PT-DF, foto), na Comissão de Constituição e Justiça, com um vestido verde e um colar de ipê amarelo, o deputado José Medeiros (PL-MS) não resistiu e foi logo cobrando: “Vou te dar uma echarpe vermelha!” A deputada, olhou, meio sem entender, mas não deixou passar em branco.
… são de todos/ “A bandeira também é nossa. Nós só precisamos lavá-la bem antes para tirar o cheiro de veneno e o sangue dos povos indígenas que vocês deixaram nela”, rebateu Érika. Medeiros recolheu os flaps.
Coluna Brasília-DF
O governo encerra a semana com comemorações, haja vista a pesquisa do CNI/Ibope deste mês, a primeira de 2020 da série, com a aprovação de 50% da maneira do presidente governar e 40% de ótimo e bom na avaliação do governo. A notícia ficou mais saborosa para os governistas ao ser associada à decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, em favor de Jair Bolsonaro por escrito na investigação sobre a tentativa de interferência na Polícia Federal.
Os governistas se sentiram aliviados com o envio da decisão do ministro ao plenário virtual –– aquele em que os ministros vão colocando seus votos, sem que haja toda a pompa de uma sessão transmitida pela TV Justiça. Assim, crescem as esperanças dos apoiadores de Bolsonaro de reversão da tendência, revelada na semana passada, de que o presidente terminaria obrigado a ficar cara a cara com o ex-ministro Sergio Moro no Palácio do Planalto, que denunciou a suposta tentativa de interferência na PF.
Mais pressão sobre Guedes
A mesma pesquisa CNI/Ibope, que foi vista como um alívio para Bolsonaro, deixa a equipe econômica, liderada por Paulo Guedes, com a missão de entregar logo alguns produtos caros ao presidente. Caiu nos ombros do ministro da Economia os indicadores com taxas de desaprovação acima dos 60%: impostos (28% aprovam e 67% desaprovam); taxa de juros (30% aprovam e 64% desaprovam) e o combate ao desemprego (37% aprovam e 60% desaprovam).
Tropa de Alcolumbre balança
O parecer técnico de consultores do Senado sobre a inconstitucionalidade da reeleição dos presidentes das duas Casas legislativas tirou de cena vários apoiadores do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP). Há um grupo, agora, disposto a ajustar a visão para outros nomes.
Onde mora o perigo
A perspectiva de o STF não decidir, deixando os parlamentares cuidarem desse tema, uma vez que ainda não há uma candidatura oficialmente posta para o comando do Senado, é vista como o pior dos mundos para Alcolumbre. Isso porque ele estará exposto a uma ação direta de inconstitucionalidade, caso se apresente oficialmente para concorrer à reeleição.
MDB se anima
Diante das incertezas, o MDB entra no aquecimento e nas duas Casas. Na Câmara, o líder e presidente do partido, Baleia Rossi (SP), deflagrou conversas com os parlamentares. E, no Senado, o nome que entra em movimento é o do líder da bancada emedebista, Eduardo Braga (AM), que tem trânsito na oposição.
CURTIDAS
O novo normal/ O PT decidiu partir para cima de todos os ministros do governo que atacarem os governos Lula e Dilma no quesito corrupção, e a estreia foi justamente com o chanceler Ernesto Araújo, que classificou o país como “pária” e “exportador de corrupção” nos governos petistas. “Quando fala de corrupção, o senhor precisa explicar a corrupção na família do presidente. Aí, a gente começa a discutir corrupção”, disse o líder no Senado, Rogério Carvalho (SE). Foi um constrangimento em que o ministro ainda se prontificou a dar uma resposta ao líder petista, mas o presidente da Comissão de Relações Exteriores, Nelsinho Trad (PSD-MS), pediu apenas que Araújo concluísse o raciocínio, dentro do tema em debate –– a visita do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, a Roraima.
Por falar em PT…/ O partido esperava uma colocação melhor para Jilmar Tatto, na primeira pesquisa DataFolha, depois de conhecidos todos os candidatos a prefeito de São Paulo. A surpresa da largada de 2%, empatados com o PSTU, enquanto Guilherme Boulos, do PSol, chegou a 9%, foi um baque e deixou a muitos a sensação de que Tatto é o nome errado na hora errada.
…e em eleição…/ Na live da semana, Bolsonaro deixou a impressão de que terminará entrando na campanha eleitoral deste ano. Citou especificamente São Paulo, Santos (SP) e Manaus, mas não elencou nomes. Se entrar, as apostas do presidente nessas cidades são, respectivamente, o deputado Celso Russomano (Republicanos); o desembargador Ivan Sartori (PSD); e o coronel da reserva do Exército Alfredo Alexandre de Menezes Júnior (Patriotas), que tem como nome de guerra Coronel Menezes.
Nem meia, nem tênis. Guedes usava sapatilha criada no Brasil
Muito se especulou sobre o calçado que o ministro da Economia, Paulo Guedes, usava ao participar do pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro na sexta-feira passada. Primeiro, disseram que eram meias. Depois, um “tênis estiloso”. Nem uma coisa, nem outra. O blog descobriu que se trata de uma sapatilha desenvolvida no Brasil por Meg Gonzaga, em Florianópolis, há dez anos. Ela inclusive registrou e patenteou a marca uFrog, que hoje tem o slogan “Você descalço”. Guedes usava um dos modelos da sapatilha de neoprene, com solado antiderrapante.
“Eu velejava, era proeira do meu pai, sentia muito frio nos pés. A vida inteira procurei um calçado que me permitisse manter os pés aquecidos quando velejava. Os tênis molhavam e não havia essa quantidade que tem hoje. Nos anos 80, quando morei nos Estados Unidos, tinha uns sapatinhos chineses mas eram pesados. Tentei os Crocs, mas escorregavam no barco. Até que, um dia, cansei de procurar e resolvi criar um sapato. Sabia que queria a parte de cima de neoprene e um amigo me ajudou com o solado”, conta a empresária, irmã do ex-ministro Admar Gonzaga, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Bastou usar para que a família e os amigos notassem a novidade e começassem a fazer encomendas. O sobrinho ator, Henry Zaga (foto) , usa para a prática de Yoga.
A criação de Meg fez tanto sucesso entre os velejadores, que ela começou a vender para a turma da vela por e-mail. Depois, passou a usar nas aulas de pilates e as amigas logo encomendaram. Ela, então, criou vários modelos, uns mais femininos, outros infantis com desenhos de bichos. A ideia do nome (Frog, sapo em inglês) veio quando ela cuidava de crianças e uma delas brincava com um sapinho. “Daí, o ‘u’ antes do nome veio porque eu queria primeiro usar o IFrog, mas a Apple tem o registro do I para os seus produtos, então acabei usando o “u” antes do nome, e virou uFrog”, afirma.
Foi quase um ano desenhando e quebrando a cabeça para que o sapato saísse do jeito que Meg queria. Hoje a fábrica fornece para várias lojas, vende pela internet e tem ainda quiosques de Ufrog espalhados pelos shoppings Brasil afora. Os preços variam, segundo o blog viu na internet, de R$ 65 a R$ 88. “Realmente, fiquei surpresa ao ver o uFrog nos pés do ministro, no Planalto”, diz Meg. As pessoas geralmente usam como um calçado para andar em casa ou práticas esportivas, como as relatadas por Meg. No Palácio do Planalto, em plena coletiva presidencial, num momento tenso como aquele, foi a primeira vez. O governo pode até estar mal das pernas. Mas, pelo menos, nos pés, Guedes tem conforto e estilo. De quebra, ainda fez propaganda de um produto que, apesar do nome em inglês, é bem brasileiro.
O ministro da Saúde, Henrique Mandetta, foi uma das autoridades que apelou para que o governo não colocasse em suas redes oficiais a campanha ö Brasil não pode parar”. Entretanto, desde a noite de quinta-feira, o vídeo circulou entre empresários e aliados do presidente Jair Bolsonaro para ver se “colava”. O apelo foi feito no sentido de substituir a campanha “fique em casa” pela “Brasil não pode parar”.
A campanha não colou. Desde o início da manhã, muitos parlamentares procuraram o secretário de governo, ministro Eduardo Ramos, para alertar que o presidente poderia ser responsabilizado caso haja uma explosão dos casos de Covid-19 nos hospitais e a explosão do coronavírus no país. Muitos empresários recuaram, assustados com o que ocorreu em Milão, onde houve uma campanha desse tipo e hoje há mais de 4 mil mortos. Agora no final da tarde, a Secretaria de Comunicação da Presidência a República soltou a seguinte nota:
“Trata-se de vídeo produzido em caráter experimental, portanto, a custo zero e sem avaliação e aprovação da Secom. A peça seria proposta inicial para possível uso nas redes sociais, que teria que passar pelo crivo do governo. Não chegou a ser aprovada e tampouco veiculada em qualquer canal oficial do Governo Federal.
Em ano eleitoral, Congresso vai deixar de molho proposta de extinção de municípios
Coluna Brasília-DF
O ânimo dos congressistas que desembarcam em Brasília nesta segunda-feira para a abertura dos trabalhos do Legislativo — e do Judiciário — indica que o governo não deve esperar muito das excelências nesta sessão.
A lista de propostas viáveis inclui a reforma tributária, a autonomia do Banco Central, a prisão em segunda instância, a regulação do saneamento e a segurança das barragens. Há disposição em aprovar algo da PEC Emergencial, aquela que corta gastos do governo. Até pelo nome, dizem as excelências, não dá para deixar de molho.
E, em se tratando de um ano eleitoral, e cumprida essa agenda, estará de bom tamanho. O governo, porém, deve esquecer a parte do pacto federativo que trata da extinção de municípios em ano eleitoral, incluída no Plano Mais Brasil. Só se for para um futuro muito distante e depois de ouvida a população. Pelo menos, esse é o ânimo.
O recado de Bolsonaro
Na mensagem que enviará ao Congresso, o presidente vai bater bumbo nas realizações do governo na área econômica e agradecer a ajuda das excelências. Também dirá que, para permanecer nesse rumo, é necessário prosseguir na agenda de reformas, crucial para a retomada do emprego. Reforçará, inclusive, a administrativa, que sofre resistências.
Armadilha
Os parlamentares estão desconfiados da série de 15 prioridades que o governo do presidente Jair Bolsonaro entregou ao Congresso no fim do ano passado. Há quem diga que foi feita para desgastar o Legislativo. Algo para, mais à frente, permitir o discurso do tipo: “eu fiz a minha parte, reclame deles!”
Quem chega primeiro…
Considerada uma área em que o PT reinava, a Zona Sul de São Paulo ajudou a eleger Jair Bolsonaro em 2018 e também João Doria. Agora, o governador paulista repete a dose. Há quem diga que está em pleno movimento, não só para reforçar a presença tucana e embalar Bruno Covas, mas também guardar a sua fezinha no futuro um pouco mais distante.
… bebe água limpa
Ao contrário do que fez quando ocupou a Prefeitura e viajava Brasil afora tentando angariar simpatias, o governador passa esta temporada pré-eleitoral focado nos municípios paulistas. Sabe que, se for para ser candidato a presidente, em 2022 ou mais à frente, é dali que terá que tirar a sua força.
Irreverência contida/ O bloco de servidores da Finep “Inova que eu gosto” pretendia sair este ano com o samba “Tira a mão do meu fundo”. Porém a direção recomendou que os foliões buscassem outro tema. A Finep, financiadora de projetos, tem sob seu comando o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), que está entre aqueles que o governo pretende desvincular.
Não colou I/ A avaliação dos políticos de um modo geral, inclusive de alguns palacianos, é a de que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, tenta misturar as estações quando diz que os ataques de Rodrigo Maia representam uma tentativa de desgastar o governo. Por mais que Weintraub seja do governo, as declarações de Maia miram o portador do CPF.
Não colou II/ A foto que o presidente Jair Bolsonaro postou em seu Twitter ao lado do ministro foi um recado ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Para muitos, soou mais ou menos assim: enquanto Maia cobrar a cabeça do ministro da Educação, Weintraub vai… ficando.
Flores do recesso/ É assim que líderes do governo tratam o caso que deixou o ministro Onyx na berlinda por esses dias. Agora, com o retorno das atividades do Legislativo, o vaso dessa planta volta para dentro do Congresso e fica tudo por isso mesmo.