A barganha pela anistia

Publicado em Bolsonaro na mira, Câmara dos Deputados, coluna Brasília-DF, Congresso, CPMI do INSS, crise no INSS, Economia, Eleições, Política, Senado, STF

Coluna Brasília-DF publicada na sexta-feira, 5 de setembro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito 

Em busca da aprovação da anistia assim que a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro for confirmada, a oposição cogita usar o projeto de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil como moeda de troca. Deputados da base governista disseram à coluna que os bolsonaristas afirmaram que aprovariam o IR se a anistia avançasse “alguma coisa” na Casa. A bancada ligada ao Palácio do Planalto não aceitará essa troca. Prefere seguir a orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem se posicionado contra qualquer tipo de anistia.

A avaliação dos aliados de Bolsonaro é de que enquanto não houver um texto, qualquer contagem de votos será chute. Afinal, a anistia ampla, geral e irrestrita que o PL deseja não é consenso sequer no conjunto de forças políticas que resiste a apoiar Lula. De mais a mais, deputados não votam teses e, sim, projetos detalhados, com pontos e vírgulas. Por isso, sem texto, sem acordo. Nem mesmo para definir urgência.

Dali eles não saem

A turma que contou com o apoio do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (UNião-AP), para chegar a cargos de destaque no governo Lula não vai sair tão cedo. E os ministros se organizam para ficar mais um tempo por ali. Afinal, daqui a pouco é Natal.

Preocupados com conflitos

A anistia não foi o único cardápio político do jantar entre o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O deputado pediu a Tarcísio reforço na segurança da manifestação que os bolsonaristas farão em 7 de setembro, na Avenida Paulista, uma vez que o PT também convocou um ato para o mesmo dia. A intenção é evitar infiltrados e casos de violência.

Não vão aceitar

A oposição não gostou nada de saber que Alcolumbre está propondo um projeto paralelo de anistia, em conformidade com o Supremo Tribunal Federal (STF). Parlamentares disseram à coluna que não vão acatar a proposta, que não está sendo construída junto daqueles que têm o maior interesse no assunto.

E o Banco Master, hein?

Especialistas do mercado financeiro afirmam que o fato de o Banco Central (BC) rejeitar e compra do Banco Master pelo BRB foi um bom case para o setor. “Funcionou como um importante teste de estresse que, apesar de gerar instabilidade a curto prazo, revela e reforça a maturidade da regulação bancária no país”, afirmou Carlos Henrique, COO da Frente Corretora.

Fica a lição

Contudo, Henrique ressalta dois pontos de atenção para negociações futuras: a fragilidade de modelos de negócio arriscados e a lacuna nos mecanismos de resolução. “O crescimento acelerado do banco foi baseado em um modelo que se mostrou insustentável e gerou um risco sistêmico relevante. O episódio evidenciou que o Brasil ainda precisa aprimorar suas ferramentas para lidar com a possível quebra de bancos de médio porte, sem depender de soluções de mercado improvisadas ou de intervenções” , destacou à coluna.

CURTIDAS

Crédito: TV PT/Reprodução

Emoção e prestígio/ As posses dos novos magistrados do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Marluce Caldas e Carlos Pires Brandão, levou autoridades de ontem e de hoje à solenidade. Entre os destaques do passado, o ex-governador de Alagoas Teotônio Vilela, ex-senador que veio a Brasília apenas para prestigiar Marluce Caldas, que, no governo dele, exerceu o cargo de secretária da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos.

Cidade Tecnológica/ Na cerimônia para firmar um acordo de cooperação entre a prefeitura de Recife e a Câmara dos Deputados, o secretário municipal de transformação digital, ciência e tecnologia da capital pernambucana, Rafael Cunha, afirmou que a cidade usa o WhatsApp para conectar empresas com quem está à procura de emprego. “Temos batido recordes de empregabilidade. Somos quase todo mês Top 3 no Brasil. Cabe tão bem para o Recife, cabe também para outras cidades” , disse.

E na “cidade” Câmara…/ O acordo assinado entre o prefeito João Campos (foto) e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), consiste em usar toda a expertise da prefeitura no mundo digital para criar um portal de serviços da Câmara.

Por falar em João Campos…/ A equipe da pré-campanha ao governo de Pernambuco está trabalhando a todo vapor. A eleição é só no ano que vem, mas a ideia é espalhar otimismo desde já.

Te vira nos 30/ Para evitar tumultos e bate-bocas na CPMI do INSS, o vice-presidente do colegiado, deputado Duarte Jr. (PSB-MA), adotou a seguinte regra: a cada interrupção, o orador prejudicado ganha mais 30 segundos de fala. Foi assim que o deputado Orlando Silva (PCdoB- RJ), por exemplo, ganhou dois minutos na sessão de ontem.

Um ministro silencioso

Publicado em coluna Brasília-DF

Coluna Brasília/DF, publicada em 28 de fevereiro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu o perfil de ministro que deseja para a coordenação política do governo, que tende a anunciar nos próximos dias: alguém que não fique o tempo todo dando entrevistas, mas que tenha a liberdade de pegar o telefone, ligar para os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) — e seja atendido. Essa condição, o ministro Alexandre Padilha tinha perdido há tempos. Em relação a Arthur Lira (PP-AL), por exemplo, nunca teve essa capacidade.

O nome que muita gente no governo torce para ver ali, e que atende a esse perfil, é o do líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL), que tem, inclusive, o apoio de outros ministros. Afinal, é de Alagoas e consegue a proeza de transitar com desenvoltura por todo o Centrão, sem ficar o tempo todo sob os holofotes. Apesar da dupla identidade do MDB, que tem um pedaço no governo e outro na oposição, há quem aposte em Isnaldo para atrair ainda mais emedebistas para o entorno de Lula. Porém, ainda tem quem aposte em José Guimarães (PT-CE), a fim de não desequilibrar os ministérios do União, MDB e PSD.

Os “imexíveis”

Nos tempos do governo Collor, lá no início dos anos 1990, o então ministro do Trabalho, Antônio Rogério Magri, se referiu a si próprio como “imexível” para dizer que não estava demissionário. Pois, desta vez, diz-se o mesmo de alguns que Lula não vai trocar: Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda), Renan Filho (Transportes), Jader Filho (Cidades), Waldez Goes (Desenvolvimento Regional) e… Sílvio Costa Filho (Portos e Aeroportos).

Veja bem

Silvinho, como o ministro é carinhosamente chamado pelos colegas, é visto como alguém que tem feito um bom trabalho onde está. E tem “entregas” para mostrar, numa campanha reeleitoral. Há quem pondere que tirá-lo da pasta de Portos e Aeroportos, para que ficasse apenas 11 meses na articulação política, seria tirar ritmo de uma área que está funcionando. Melhor deixar essa tarefa de negociação direta com os congressistas para um deputado que esteja, atualmente, no exercício do mandato.

Frigideira federal

Depois de Nísia Trindade, ex-ministra da Saúde, quem está passando por uma fritura é a ministra da Mulher, Cida Gonçalves. O clima entre os servidores da pasta é o mesmo que se via na Saúde — “vai, não vai”. À coluna, a ministra das Mulheres disse: “O presidente não falou nada comigo e não vou comentar”. A última polêmica de Cida foi a história do áudio vazado, publicado pelo jornal O Estado de S.Paulo, em que ela reclamava que precisava mudar suas agendas para atender o presidente, a primeira-dama Janja e o ministro da Casa Civil, Rui Costa.

Acabou o óleo

O PSD acredita que acabou a fritura do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. A aposta de hoje é que ele escape da reforma ministerial.

CURTIDAS

Outros compromissos/ Ainda que tenha a posse no cargo de ministro da Saúde adiada para 10 de março, segunda-feira pós-carnaval, Alexandre Padilha terá dificuldades de reunir representantes de todos os partidos. O PSD, por exemplo, estará em peso em Pernambuco, para a festa de filiação da governadora Raquel Lyra, que deixa o PSDB.

Por falar em Pernambuco…/ Ao ingressar no PSD, Raquel fica num partido que tem o leque aberto, com ligações tanto à direita quanto à esquerda. E vai tentar usar essa posição, de modo a evitar que Lula apoie uma possível candidatura do prefeito de Recife, João Campos. Só tem um probleminha: Lula não deixará de apoiar o filho de Eduardo Campos, seu ministro nos governos anteriores.

Dois prefeitos, um destino/ Com o badaladíssimo carnaval de Recife cantado Brasil afora, João Campos aproveitará esse período de visibilidade para mostrar serviço, rumo à candidatura ao governo, no ano que vem. No Rio de Janeiro, outro carnaval de destaque no país, o prefeito Eduardo Paes é mais um pré-candidato a governador que promete desfilar trabalho nesses dias de folia.

Já é carnaval/ Ontem pela manhã, na última sessão da Câmara dos Deputados antes do recesso para cair na folia, a maioria dos parlamentares estava no modo avião. Por isso, a sessão atrasou cerca de 30 minutos porque não havia nenhum dos integrantes da Mesa Diretora presente para iniciar os trabalhos.

Colaborou Victor Correia