No primeiro domingo com os brasileiros desinteressados na Copa do Mundo da Rússia, quem brilhou foi o PT e o movimento que o partido conseguiu criar em torno da expectativa de soltura do presidente Lula. Só o fato de o Partido dos Trabalhadores colocar seus militantes nas ruas e fazer do ex-presidente o assunto mais comentado no twitter no Brasil já foi considerado um gol na reunião dos petistas nas reuniões há pouco, depois que já se sabia que Lula ficaria preso.
Tudo foi feito de caso pensado. Eles (os petistas) sabiam da ligação de Rogério Favreto com o partido. Também estavam cientes de que haveria uma reação, mas acreditavam que seria possível levar Lula para um palanque ainda hoje, de forma a conseguir imagens preciosas para o horário eleitoral e a convenção, material necessário para reforçar a presença de Lula. Ainda que Lula esteja em alta nas pesquisas, o partido está preocupado com a desidratação dos votos espontâneos. Há o receio de que, com Lula fora da mídia, ele termine perdendo densidade. Por isso, cada movimento desses é precioso para deixar a imagem do ex-presidente viva na cabeça dos eleitores e os militantes mobilizados, ainda que Lula seja condenado em segundo instância e o que impede que ele seja candidato, porque fere a Lei da Ficha Limpa. Nesse sentido, embora não tenha conseguido as imagens da soltura, o PT atingiu o objetivo de levar os militantes às ruas e Lula constante nos noticiários de tevê do dia, da noite e nas redes sociais. Moral da história: O partido cumpriu o seu papel.
Já o Judiciário virou um ringue sem precedentes. O plantonista, Rogério Favreiro, manda soltar; o relator do caso, Gebran Neto, manda deixar preso; o plantonista insiste e manda rever a decisão do relator. E o presidente do Tribunal, Carlos Thompson Flores, tem que intervir para resolver a questão. Foi como uma falta em time de futebol, uma bola na área em que é preciso chamar o árbitro de vídeo para validar o lance, em que os dois jogadores, de times adversários, se dizem cheios de razão. O presidente do TRF-4 disse que não era o caso de o plantonista conceder o HC. Afinal, o caso já foi decidido lá atrás pela Oitava Turma e não há na legislação nada que obrigue uma pessoa a ser solta por ser pré-candidato a um mandato eletivo em outubro.
Só tem um probleminha aí: O Judiciário não é um campo de futebol. As jogadas forçadas expuseram o desembargador Favreto e também o juiz Sérgio Moro, que, logo cedo, intercedeu sem ser provocado. Outro que se expôs dia desses foi o ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli que, recentemente, mandou tirar a tornozeleira de José Dirceu sem ser provocado, algo que supreendeu até mesmo ministros do próprio Supremo. Ontem, chegou ao ponto da presidente do STF, Cármen Lúcia soltar uma nota a respeito da guerra de decisões entre os desembargadores, mencionando a necessidade de observância da hierarquia. Ela também pisou em ovos em sua declaração, porque não pode entrar no mérito. Afinal, a tendência é ser chamada daqui a pouco a se pronunciar sobre esse mesmo pedido. Agora, a política abre a semana em compasso de espera, sobre o que fará o PT, o único partido que passou o primeiro Domingo sem Copa na tevê o dia todo. O partido jogará para que a bola caia nos pés de Dias Toffoli. Se conseguiram, a esperança do PT é ganhar de goleada. Leia mais detalhes na edição do Correio Braziliense.
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