Regulamentação dos trabalhadores por aplicativos deve ser votada até 15 de dezembro

Por Eduarda Esposito — A regulamentação dos trabalhadores por aplicativos deve ser votado no plenário da Câmara dos Deputados até 15 de dezembro. A afirmação foi feita pelo relator do projeto, Augusto Coutinho (Republicanos-PE). Coutinho disse ainda que o relatório será apresentado ainda esta semana na Comissão especial.

Crédito: Eduarda Esposito

A fala foi feita durante a reunião almoço da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE), nesta terça-feira (25/10), com parlamentares e representantes do setor de aplicativos — InDrive, Ifood, Uber, 99 e Ambitech.

Em sua fala de abertura, o presidente da frente, deputado Joaquim Passarinho (PL-SP), falou sobre a viagem da frente junto ao relator da matéria, Augusto Coutinho (Republicanos-PE), para Madri e Lisboa, capitais dos dois países que já regulamentaram o serviço por aplicativo.

A FPE afirma que nestes países há legislações mais duras aos trabalhadores por aplicativos, onde motoristas e entregadores, cada um, tem suas próprias regras. Em Portugal, os motoristas têm as frotas que intermediam o trabalhador e dos aplicativos. Segundo Passarinho, para quem quer trabalhar nesse ramo, é necessário precisa se filiar a uma frota que está ligada aos aplicativos.

A frente afirma que a legislação não contém previsibilidade para os aplicativos porque eles não sabem quem vai ter direito aos benefícios previdenciários ao final de um ano de contrato. De acordo com a frente, os apps estão preocupados com o engessamento do setor e afirmam que os países já perderam 15 mil empregos com a regulamentação.

“Em Madri agora só tem duas empresas, todas as outras saíram do mercado. É uma legislação que foi difícil, estão prevendo uma revisão no ano que vem, mas acho que temos que aprender um pouco e não fazer regramentos mais do que necessários. Não vamos abrir mais dos regramentos sociais”, afirmou Passarinho, presidente da frente.

“Quem tinha pra ouvir, quem quis falar, a gente já ouviu, mais de uma vez. A gente tem alguns problemas, o primeiro é a questão da previdência. Não podemos fazer um modelo só porque tem vários tipos de modelos de negócios. Temos que pensar uma forma de acomodar. Tem a questão dos entregadores, que é diferente porque se for cobrar previdência em cima de um certo faturamento da empresa, essas empresas não faturam em cima do que ganha o entregador e sim dos restaurantes. Este é um desafio que estamos enfrentando e acho que estamos conseguindo vencer” afirmou Coutinho.

Antes de apresentar o texto, o relator irá se reunir ainda com o Tribunal Superior do Trabalho, com os ministros Guilherme Boulos (Secretaria-Geral da Presidência) e Luiz Marinho (Trabalho) e com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). O relator afirma que Motta que aprovar a matéria até o fim do ano.

“Temos que fazer com que o usuário não pague essa conta e dar também às empresas um ambiente de negócio saudável. Hoje é uma terra sem lei, então acho que temos que avançar com essa pauta e votar”, ressaltou Coutinho.

Direitos sociais

Passarinho e Coutinho foram enfâticos sobre a defesa dos direitos sociais dos entregadores e motoristas por aplicativos, tanto que o relator incluirá na proposta um seguro de vida, acidente e invalidez. O deputado Zé Neto (PT-BA), enfatizou a importância da convergência de todos os atores pela proteção dos direitos sociais.

“Estamos fazendo político com p maiusculo, fazemos aqui discussões que não conseguimos fazer em Plenário. Os países asiáticos tem estados fortes e com empresários colados com eles, é o que precisamos fazer mais aqui”, argumentou o deputado.

Estudo de mobilidade

O Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) realizou uma pesquisa com os trabalhadores por aplicativos do Brasil. De acordo com o levantamento, a flexibilidade é o motivo que leva a pessoas trabalharem como motoristas ou entregadores por aplicativo.

A pesquisa também revelou o perfil dos trabalhadores por aplicativos. 98% dos entregadores e 94% dos motoristas são homens e cerca de 40% de ambas as categorias tem entre 30 a 39 anos. Quase 60% dos trabalhadores são pretos e pardos.

O estudo também mostra que em 2024, 30% dos motorista utilizam os aplicativos como complementação da renda, 25% deixou outra ocupação para se dedicar integralmente ao aplicativo e 24% está desempregado e procurando outro emprego enquanto presta serviços aos apps. Já para os entregadores, 54% tem a entrega por app como sua única fonte de renda e 46% tem outras fontes.

Denise Rothenburg

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