DENISE ROTHENBURG — Empresários levantam dois pontos que prometem causar polêmica na discussão dos projetos de regulamentação da Reforma Tributária: o fundo de compensação dos benefícios fiscais do ICMS e os créditos tributários após implantação do novo modelo. As indústrias querem que tudo seja feito de forma célere e simples. Mas desconfiam que o texto, da forma como o governo mandou, ainda não dá essa garantia, especialmente no período de transição. As preocupações serão levadas, esta semana, às frentes parlamentares, que patrocinaram as propostas paralelas àquelas enviadas pelo Poder Executivo. São nelas que o empresariado aposta as fichas na hora de emplacar reivindicações.
Em tempo: quem produz e sustenta o PIB brasileiro não acredita que será possível resolver todas as dúvidas dos projetos antes das eleições. Apesar da vontade do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), o tempo é curto e não há consenso.
Até aqui, o governo aprovou tudo o que era importante na área econômica. Porém, os próximos meses indicam uma pedreira pela frente. E se o Palácio do Planalto fracassar nas articulações, não vai adiantar colocar a culpa no ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Depois das conversas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com Lira e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o chefe do Executivo chamou o jogo para si.
As incertezas sobre as candidaturas para a Presidência da Câmara fizeram Lira buscar mais proximidade com todos os potenciais candidatos. Assim, além de manter ao seu lado o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), reforçou-se com Marcos Pereira (Republicanos-SP), Antonio Brito (PSD-BA) e Isnaldo Bulhões (MDB-AL).
O crescimento do PSD e a manutenção do MDB com grande número de prefeituras, na última janela partidária, coloca Brito e Bulhões com mais força no jogo. Se mantiverem essa força nas prefeituras no pós-eleição, chegam fortes ao grid de largada para a Presidência da Câmara. É que, com as emendas impositivas, os prefeitos têm influência e parceria direta com os parlamentares.
Quando lançou o Novo PAC, no ano passado, o governo anunciou R$ 15,3 bilhões de investimentos em prevenção a desastres naturais para retomada e conclusão de obras paralisadas. Do total de recursos, R$ 10,9 bilhões seriam aplicados de 2023 a 2026 — outros R$ 4,4 bilhões ficaram para depois de 2026. Ali, apenas duas obras no Rio Grande do Sul, uma em Porto Alegre e outra em Rio Grande. Agora, o governo pretende lançar um novo PAC encostas. E nem terminou o primeiro.
Inteligência artificial… /Ao participar do debate sobre o tema no Forum de Integração Brasil Europa, em Madri, a senadora Tereza Cristina (PP-MS) alertou para o perigo à democracia que a tecnologia mal gerida representa: “Um dos desafios mais presentes que enfrentamos é a influência dos algoritmos — e hoje ouvimos falar muito aqui sobre isso e sobre fake news, principalmente nos processos eleitorais”, disse a senadora.
… e as “bolhas”/ Tereza foi incisiva: “Os algoritmos que impulsionam as plataformas das mídias sociais e os mecanismos de busca têm poder de moldar a percepção pública, influenciando o que vemos e consumimos on-line. Quando esses algoritmos são projetados para maximizar o engajamento a todo o custo, corremos o risco de cair em bolhas de filtro, onde somos expostos apenas a informações que confirmam preconceitos e visões de mundo, criando divisões profundas na sociedade”, alertou. Tudo isso, somado às fake news, representa uma grave ameaça à integridade do processo democrático. É preciso que o Congresso se debruce sobre a nova realidade.
A tragédia da política/ É lamentável ver deputados reclamando de A ou de B, nas redes sociais, e não se dedicarem a ideias que possam resolver os problemas provocados pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Triste ver essa turma se atacando com uma frase aqui, outra ali; um vídeo gravado cá, outro lá, enquanto tantos brasileiros precisam de ajuda. Por essas e outras, estão cada vez mais distantes da realidade.
Exemplos/ O centroavante do Grêmio, Diego Costa, pegou o jet ski e arrumou outros três emprestados para o resgate de pessoas ilhadas no Rio Grande do Sul. Rochet, o goleiro do Internacional, serviu refeições aos desabrigados. Enquanto houver atitudes assim, há esperança na humanidade.
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