Coluna Brasília-DF
Embora as denúncias sobre a compra e venda de imóveis do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) nada tenham a ver com o seu atual mandato, um grupo de oposicionistas prepara representação contra o parlamentar no Conselho de Ética. A ordem é criar mais um fato político e deixar o pai, o presidente Jair Bolsonaro, ainda mais irritado do que deixou transparecer em suas declarações de ontem — afirmações que, por sinal, ajudaram a fazer com que a bolsa de valores despencasse no Brasil.
Se esses oposicionistas seguirem esse plano de representar contra Flávio, caberá ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), decidir o que fazer com o pedido, uma vez que o Conselho de Ética da Casa ainda não foi instalado. O receio dos bolsonaristas é de que Alcolumbre repita a dose da CPI da Toga. O demista considerou a CPI prejudicada, mas recorreu ao plenário e determinou que houvesse um parecer da Comissão de Constituição e Justiça. Se agir dessa forma, Flávio terá que se defender no plenário. Há quem diga que chegou a hora de Alcolumbre demonstrar consideração com o governo e arquivar tudo com uma canetada.
O Centrão fez chegar ao Planalto que a forma de garantir a Medida Provisória 870, aquela que reestrutura o governo, é com votação simbólica do texto aprovado na Comissão Especial — aquele que tem o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) no Ministério da Economia e recria o Ministério das Cidades. Se houver pedido de votação nominal por parte do PSL para vincular o Coaf à Justiça, haverá risco de a MP perder a validade.
O partido de Jair Bolsonaro, entretanto, encerra a semana disposto a comprar essa briga. A ideia é desgastar o Centrão perante a população com o discurso de que, quem não quer Coaf nas mãos da Justiça tem medo do que pode vir pela frente.
A turma do deixa disso avalia que é melhor deixar o Coaf na Economia, uma vez que Paulo Guedes já se comprometeu a manter a equipe indicada por Sérgio Moro, do que perder a MP.
Os políticos registraram a forma como o presidente Jair Bolsonaro e o seu vice, Hamilton Mourão, se referiram aos manifestantes. Enquanto Bolsonaro chamou todos de “idiotas úteis”, Mourão disparou: “Se era só de estudantes, por que tinha Lula Livre?”. Não desrespeitou ninguém, apenas citou um fato.
Chama o Ernesto!/ O senador Esperidião Amin (PP-SC) quer que o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, vá à Comissão de Relações Exteriores do Senado explicar que história é essa de se reunir secretamente com autoridades israelenses interessadas em obter aval do Brasil para ações de bloqueio ao Irã. “Aqui, temos uma convivência pacífica com árabes e judeus. O Brasil não deve tomar parte nesse conflito”, diz o senador.
Mais uma frente/ E o número de frentes parlamentares não para de crescer. Essa semana, foi instalada a Frente da Amazônia. Dia 22, vem mais uma: Desenvolvimento sustentável do petróleo e energias renováveis, da lavra do deputado Christino Áureo (PP-RJ). Já existe uma sobre Energia limpa e sustentável.
O que vem lá/ Depois das manifestações dos estudantes, grupos simpáticos ao presidente Jair Bolsonaro preparam ida às ruas em 26 de maio, para pedir o impeachment do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, e o do ministro Gilmar Mendes.
E o Weintraub, hein?/ Toda a celeuma em torno do contingenciamento dos recursos das universidades começou com o ministro da Educação, Abraham Weintraub, quase que batendo no peito para dizer que contingenciaria recursos de três universidades onde havia “balbúrdia”, como se estivesse dando um corretivo. Depois, disse que todas as 63 seriam afetadas. Erro de comunicação. Nos governos passados, notícias como essas eram dadas com semblante de velório.
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