O pragmatismo do mercado

Nas conversas de bastidores durante jantar na casa publicitário Nizan Guanaes, parte dos representantes de bancos, do agronegócio, de grandes empresas nas áreas de telecomunicações chegaram ã seguinte conclusão: Querem eleger qualquer um, menos “um representante do PT”. Por isso, muitos que planejavam votar em Geraldo Alckmin, do PSDB, agora começam a migrar para Jair Bolsonaro (PSL), de forma a tentar liquidar a fatura no primeiro turno e “evitar o PT”. Só tem um probleminha: a proposta de Paulo Guedes, de recriação de um tributo parecido com a CPMF, assustou a muitos. E, se brincar, fará refluir essa onda.

Ciente do apoio dos endinheirados de São Paulo e da possibilidade dessa turma sair correndo na próxima semana, caso cresça essa linha de recriação da CPMF,Bolsonaro se apressou em desmentir o volta do imposto do cheque e a tirar fotos com papel e caneta em mãos, e, depois, andando pelos corredores do hospital Albert Einstein, onde continua internado. A ordem é passar a ideia de que quem manda é ele e não Paulo Guedes. Na dúvida, um pedaço do PIB vai esperar um pouquinho antes de seguir em bloco para o capitão.

Agro é guerra I
O jantar na casa de Nizan Guanaes não foi para discutir as eleições e sim o setor agropecuário, o motor da economia nacional, junto com o presidente da Confederação Nacional da Agricultura, João Martins, que se coloca como a voz nacional do agro. No mesmo dia, o presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Nabhan Garcia, se reuniu com empresários em defesa da candidatura de Bolsonaro.

Agro é guerra II
A UDR e a CNA hoje brigam pela primazia de representação do setor e a UDR, ao que tudo indica, levará a melhor. Nabhan é quem dará as cartas na seara do agronegócio, em caso de vitória de Jair Bolsonaro. Ele está para Bolsonaro como aquele sujeito que compra apartamento na planta e acompanha toda a construção. Abraçou o projeto quando ninguém acreditava que pudesse dar certo.

“A grandeza da crise brasileira não está no texto constitucional e sim na fraqueza de seus aplicadores nos três Poderes, Executivo, Legislativo e Judiciário”
Do jurista Ives Gandra Martins, em seminário sobre os 30 anos da Constituição, promovido pela Fecomércio em São Paulo.

Sutis diferenças
As centrais sindicais se dividiram entre Fernando Haddad (PT) e Ciro Gomes (PDT). O petista promete revogar a lei trabalhista. E o pedetista rever a legislação. Os demais apoiam as mudança na legislação. Vai ser mais um tema a gerar polêmica no Congresso no ano que vem.

CURTIDAS

Em busca do anti-PT/ Ciro Gomes, do PDT, passa a jogar em duas frentes: A daqueles que não desejam o PT e daqueles que rejeitam Bolsonaro. Tenta ocupar o lugar que Geraldo Alckmin até aqui não conseguiu alcançar, o daquele que venceria tanto Haddad quanto Bolsonaro. Vai começar a bater pesado na tecla de que Haddad, se eleito, representará Lula administrando o país da cadeia. O primeiro embate entre os dois será hoje no debate da TV Aparecida.

Os “oitentões” I/ O debate da Fecomércio sobre os 30 anos da Constituição reuniu juristas do porte de Ives Gandra martins, Bernardo Cabral e Ney Prado. Todos já passaram dos 80 anos e continuam estudando e refletindo sobre o país.

Os oitentões II/ No debate, ficou patente que, apesar dos avanços, o texto precisa de reformas urgentes, em especial, a política. A maioria defendeu o voto distrital e também mudanças na forma como o Supremo Tribunal Federal (STF) delibera.

Os oitentões III/ Ali, houve um consenso de que o Brasil não tem um STF mas 11 Supremos Tribunais Federais. Foi nessa turma que o novo presidente do Supremo, Dias Toffoli, foi se inspirar há algumas semanas, quando lançou a ideia de valorizar o colegiado e tentar evitar o que chamou de 11 ilhas.


Sds
Denise Rothenburg
(61) 9987-1610

Denise Rothenburg

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