Na terça-feira, o presidente do Senado, Renan Calheiros, mandou dizer que não aceitaria o afastamento do cargo até que o pleno do Supremo Tribunal Federal decidisse seu destino. Paralelamente, o governo passou a trabalhar para preservá-lo no posto. As duas ações deflagraram a formação da trilha de pólvora que levou ao bombástico vazamento agora à noite da delação preliminar dos executivos da Odebrecht, especialmente, a de Cláudio Melo, responsável pelo setor de Relações Institucionais da empresa. Nos bastidores do Ministério Público, estava dada a senha para mostrar ao país e, no horário nobre, o material que a força-tarefa tem em mãos para, a partir de agora, debulhar junto com o ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki. Os executivos prometem detalhar a distribuição de dinheiro aos políticos, que, segundo o Jornal Nacional, era feita para garantir a atuação deles em projetos de interesse da empresa. No Senado, mencionou o JN, o delator teria citado nesta ordem: Romero Jucá, Renan Calheiros, apelidado de “Justiça”, e Eunício Oliveira. Na Câmara, o núcleo era formado por Eliseu Padilha, Moreira Franco e Michel Temer com atuação “discreta”.
O governo foi pego de surpresa. Temer soltou nota, repudiando de forma “veemente” as acusações. Moreira Franco idem: “É mentira. Reitero que jamais falei de política ou de recursos para o PMDB com o senhor Cláudio Melo Filho”, disse. O mesmo fizeram os demais citados, muitos deles atônitos.
Ao que se verifica, o país a partir de agora entrará num período de desgaste politico profundo, uma vez que não há prazo para que a delação seja destrinchada. O certo, num país interessado em passar tudo a limpo, seria o Judiciário cancelar o seu recesso e trabalhar para dar celeridade às apurações, a fim de colocar tudo às claras na maior brevidade possível. Afinal, o que não falta pela frente é serviço.
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