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O clima da virada

Neste fim de ano, nos intramuros da política e do próprio PMDB, há quem considere as citações do nome de Michel Temer nas conversas entre o executivo da OAS, Leo Pinheiro, e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, como combustível para substituir o movimento pró-impeachment por outro, mais forte, em prol de novas eleições presidenciais ainda no próximo ano.

A parte dos congressistas aliada a Temer, sentindo que o impeachment está próximo do naufrágio se mantido o cenário atual, pregará um movimento no Congresso para implantação do regime semi-parlamentarista no país. A ordem, aí, é tirar os poderes administrativos de quem estiver no cargo de presidente da República — que, na avaliação deles, por três anos ainda será Dilma Rousseff.

Quatro tempos de um jogo

Nas últimas 48 horas, os peemedebistas que permanecem em alerta, caso do experiente José Sarney, traçaram o que vem pela frente em termos de embates dentro da crise do PMDB, que se confunde com a da política como um todo: 1) liderança do PMDB; 2) Substituição do presidente da Câmara, Eduardo Cunha; 3) Troca do vice-presidente da Casa, Waldir Maranhão, por um nome do PT; e 4) A convenção do PMDB.

Sarney é Renan

As tentativas do vice-presidente Michel Temer de levar o senador José Sarney a ajudá-lo na luta interna do PMDB não funcionaram. Sarney ficará ao lado do presidente do Senado, Renan Calheiros. O ex-presidente da República ainda domina os diretórios do partido no Maranhão e no Amapá, fundamentais para todas as fases do jogo peemedebista.

Aliviado

O senador Roberto Rocha (PSB-MA) termina o ano com um sentimento de alívio, privilégio de poucos nos dias atuais. É que está parado e pode ser até arquivado na Justiça Eleitoral o processo em que ele é acusado de estelionato por ter maquiado doações de campanha. O PMDB, autor da ação, desistiu, porque Gastão Vieira, principal beneficiado de uma eventual condenação do senador, deixou o partido. A Polícia Federal ainda investiga o caso das supostas notas falsas apresentadas como doações de campanha.

Pros despenca

Nas alturas mesmo, no Pros, só o helicóptero adquirido e usado quase que diariamente pelo presidente do partido, Eurípedes Júnior, para ir de Planaltina de Goiás a Brasília. O Pros recebe do fundo partidário R$ 1,4 milhão por mês e não há cursos de formação política nem nada que permita o crescimento da legenda. Vai cair de nove para dois deputados em breve.

CURTIDAS

Os 20%/ O deputado Manoel Júnior (PMDB-PB) entrou dia desses num restaurante em João Pessoa e eis que, de repente, um senhor se levanta. Por um momento, veio aquela sensação de “pronto, lá vem alguém reclamar que estou defendendo Eduardo Cunha”. Na verdade, o sujeito, antipetista convicto, cumprimentou o deputado. Considerava que, em política, é preciso ter posição. É, pois é. As pesquisas indicam 80% favoráveis à saída de cunha, mas ainda tem quem o defenda.

E o barraco ainda rende…/ Na casa do senador Eunício Oliveira, durante a confraternização de Natal, o governador Rodrigo Rollemberg se preparava para dar um palpite no entrevero entre Kátia Abreu (foto) e o senador José Serra quando a primeira-dama, Márcia, lhe tascou um beliscão e sussurrou: “Não fala nada!” Rollemberg se conteve.

Por falar em Kátia Abreu…/ Depois de chamar Serra de “filho único, mimado, feio, que nunca vai ser presidente”, a ministra da Agricultura decidiu se precaver de novos embates. Na confraternização seguinte, promovida pelo senador Renan Calheiros, ela foi acompanhada do marido, Moisés. Nome sugestivo para ajudar a atravessar o mar vermelho e enlameado que se tornou a política.

Quando a guerra é grande…/ Fim de ano é sempre hora de acalmar os ânimos. Por isso, tem muita gente na política apostando que vem por aí um acordão para que as excelências escapem do furacão. Difícil. A Lava-Jato continuará aberta no período de férias. Ainda bem.

Denise Rothenburg

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