A nota que o Ministério da Defesa soltou há pouco foi vista por muitos como mais um recado em prol do voto impresso do que propriamente um desmentido a respeito da reportagem publicada em O Estado de S.Paulo. É que, ao mesmo tempo em que desmente a notícia de que o ministro Braga Netto teria enviado um interlocutor para dizer a Arthur Lira que, se não houver voto impresso, não haverá eleições, a nota entra na seara politica, algo que não cabe aos ministros militares. “Acredito que todo o cidadão deseja a maior transparência e legitimidade no processo de escolha de seus representantes no Executivo, no Legislativo em todas as instâncias”, diz o texto e segue mencionando que a discussão sobre o voto eletrônico auditável é legítima, defendida pelo governo federal, e está sendo analisada pelo Parlamento brasileiro, a quem compete decidir sobre o tema”.
Em se tratando das Forças Armadas, esse trecho da nota permite a interpretação de que as Forças Armadas estão fechadas com o voto impresso e com as falas do presidente da República a respeito, manifestando, assim, uma opinião politica. E, se fosse para agir no limite da Constituição, não caberia aos militares entrarem em discussões políticas. No Congresso, muita gente pensa que Bolsonaro está levantando a tese do voto impresso como forma de tumultuar a fim de gerar um clima de desconfiança e dar um golpe e não como forma de garantir eleições limpas e livres. Ele já disse diversas vezes que, se não houver voto impresso, não teremos eleições. Resta saber se o militares apoiam essa parte do discurso presidencial ou não. E isso nesta nota divulgada há pouco não ficou claro.
Vale lembrar: Quem já fez os cálculos sabe que dificilmente daria tempo de implantar impressoras em todas as urnas. Essas impressoras têm que ser especiais e tudo testado para ser à prova de fraudes. O voto em cédula sempre foi objeto de fraudes no Brasil. E sempre haverá um candidato insatisfeito pedindo recontagem e, de repente, preparado para tentar fraudar um resultado via essas cédulas impressas. OU seja, pode gerar, sim, mais confusão e instabilidade do que segurança de fato. Tal e qual a nota divulgada há pouco pelo Ministério da Defesa.
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