Sem condições de carimbar o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) no papel de anti-impeachment na briga pela Presidência da Câmara, o Centrão foi buscar no PMDB o nome para, num segundo turno, fazer valer a sua tese, de colocar como pano de fundo da disputa uma batalha entre contrários ao impeachment e favoráveis. E o nome é o do deputado Marcelo Castro que, numa votação secreta, foi indicado no final da manhã candidato do PMDB à sucessão de Eduardo Cunha. Castro votou contra o impeachment de Dilma. Portanto, chega sob encomenda para ganhar esse carimbo e tirar do candidato do DEM, Rodrigo Maia, os votos que lhe garantiriam o bilhete premiado para o segundo turno contra o Centrão, que tem vários candidatos, mas um grupo maior pende a Rogério Rosso (PSD-DF), que presidiu a comissão do impeachment com distinção.
A candidatura de Castro anima o PT e o PCdoB, leva uma parte do PDT e segura os votos do PMDB para levá-lo ao segundo turno. Mas, por ser um nome que votou contra o impeachment, afasta, na batalha final de amanhã, o centrão e grande parte daqueles que foram favoráveis ao afastamento de Dilma. Assim faz valer a tese impeachment/não-impeachment, em vez de grupo de Eduardo Cunha versus partidos que hoje desejam resolver logo o caso de Eduardo Cunha __ tese que Rodrigo Maia tentava emplacar. Por ser um nome que votou contra o impeachment, Maia era visto como o ideal para reunir as oposições de ontem e de hoje contra o grupo de Eduardo Cunha. Agora, está dependendo de obter o apoio do PSDB para tentar fazer frente aos centristas.
Enquanto essa briga cresce no seio da base governista __ com alguns vendo dedos palacianos nessa disputa que fez de Marcelo Castro candidato apenas para chegar ao segundo turno, mas não levar __ outros candidatos vão silenciosamente se organizando. Lá vem, por exemplo, o segundo vice-presidente da Casa, Fernando Giacobo, que fechou o PR em torno do seu nome. Em 2015, quando candidato a segundo vice-presidente da Câmara, Giacobo obteve 322 votos, derrotando o deputado Lúcio Vale, candidato oficial da bancada. Agora, Giacoco sai do PR com 44 votos e está buscando apoios da mesma forma que conquistou da última vez: no varejão que se tornou o Parlamento. Vale lembrar que Giacobo ganhou 12 vezes na loteria. Talvez a Presidência da Câmara seja a 13ª.
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