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Estratégia de aproximação

Coluna publicada em 21 de setembro de 2024, por Luana Patriolino

Os recentes jantares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ) não são uma surpresa para os aliados. Em uma estratégia para estabelecer um estreito diálogo com o Judiciário, ele tem promovido diversos encontros com os magistrados, postura bem diferente dos primeiros mandatos do petista. À época, ele delegava a função a Márcio Thomaz Bastos, ministro da Justiça entre 2003 e 2007, seu principal conselheiro para essas questões.

Outro lado

O gabinete do ministro Nunes Marques negou a informação, publicada nesta coluna, de que “tenha parado de colocar força” no apoio ao desembargador Carlos Brandão para o STJ. O magistrado disse que a escolha é do presidente da República e que não cabe a ele opinar sobre o tema, mas que, por ter trabalhado com Brandão no TRF-1, considera que o desembargador atua com seriedade e correção em suas funções.

Mansinho até quando?

Quem viu o debate transmitido pelo SBT e o portal Terra, com os candidatos à Prefeitura de São Paulo, ontem, notou Pablo Marçal (PRTB) muito mais dócil do que costuma se mostrar em público. O motivo é que ele está preocupado com a imagem ruim entre os eleitores. Afinal, a pesquisa Datafolha mostrou que o influenciador tem a maior rejeição do eleitorado — com 47%. Esse percentual praticamente inviabiliza a vitória nas urnas.

Logo ele?

Na saída do encontro, o candidato do PRTB negou que esteja mudando a postura em razão da altíssima rejeição, mas se comparou — pasmem! — a Jesus Cristo. Segundo ele, a “rejeição faz parte de um processo” para ser amado. “Como se faz para ser muito amado sem ser muito rejeitado? Olha para Cristo: ele foi rejeitado por todo mundo e, hoje, é uma das figuras mais amadas do mundo. Ou seja: a rejeição faz parte do processo no qual as pessoas começam a te dar atenção”, disse.

Malandro demais…

…se atrapalha, diz o ditado popular. Marçal admitiu que a cena da ambulância, que correu suas redes sociais, pouco depois da cadeirada que levou no debate da TV Cultura, no domingo passado, foi armação. Muita gente notou estranhezas — como socorristas vestidos de preto, um deles com o boné da campanha do candidato (aquele que tem o M) e outro fazendo sinal a uma picape para ultrapassar a ambulância. Episódios assim apenas ajudam para a alta rejeição.

Estranho no ninho

Juízes do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) relatam incômodo com o fato de o desembargador Baltazar Miranda ocupar a presidência da Sociedade Amigos da Marinha de Salvador (Soamar), uma associação privada integrada por empresários e profissionais liberais interessados em negócios portuários e em processos judiciais.

O que diz a lei?

Segundo a Lei Orgânica da Magistratura, juízes e desembargadores são proibidos de “exercer cargo de direção ou técnico de sociedade civil, associação ou fundação, de qualquer natureza ou finalidade, salvo de associação de classe, e sem remuneração”. A Soamar não é associação de classe, mas, sim, uma espécie de clube que coloca em contato pessoas de setores diversos com interesses nas atividades ligadas à operação portuária na capital da Bahia.

Situação incômoda

A situação tem gerado críticas por parte de outros juízes e até por pessoas do meio naval, que se incomodam com o fato de a Marinha ter conhecimento da situação do desembargador. Em abril deste ano, por exemplo, o vice-almirante e comandante do 2º Distrito Naval, Antônio Carlos Cambra, participou e discursou na sessão feita pela Câmara de Vereadores de Salvador em homenagem aos 50 anos da Soamar.

Pouca coisa mudou

A lei de importunação sexual completou seis anos em setembro com um cenário cada vez mais crítico para as mulheres. Nesta semana, a comediante Tatá Mendonça, conhecida como Cega na Comédia, denunciou ter sido vítima do crime durante uma apresentação em São Paulo. No vídeo, publicado nas redes sociais, é possível observar que o homem está ao lado da mulher, que tem deficiência visual e, durante um discurso, começa a passar a mão no corpo dela.

Mas há esperança

A autora do projeto que deu origem à lei, deputada federal Renata Abreu (Podemos-SP, foto), acredita que o impacto desta lei vai muito além da punição atrás das grades. “As mulheres, hoje, têm confiança e coragem de denunciar seus molestadores, sabendo que serão ouvidas e que a Justiça está ao seu lado. E o melhor: a sociedade está reagindo com elas”, disse a parlamentar à coluna.

Jaqueline Fonseca

Subeditora do Correio Braziliense. Especialista em jornalismo investigativo com dez anos de experiência em cobertura de política, economia, judiciário e Cidades.

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