Desde a semana passada, quando saíram as primeiras informações sobre a perspectiva de Michel Temer deixar a articulação política do governo, os petistas no entorno de Dilma se dividiram: um grupo pede que ela segure Michel na função, com o risco de os senadores do PMDB se sentirem liberados para cuidar da própria vida e do afastamento dela; outro, entretanto, pede que ela aproveite o embalo para empreender a reforma ministerial. O problema é que a presidente não pode reduzir os espaços dos aliados, sob pena de perder ainda mais apoio no Congresso. E, para completar, desconfia-se no Planalto que as pressões pró-reforma vêm por encomenda para tentar tirar os postos do PT e deixar o partido mais enfraquecido do que já está. Ou seja: Dilma chegou num ponto que até uma reforma pode terminar emparedando ainda mais o governo em vez de dar uma saída para a crise política.
…E cada vez mais dependente da esquerda
O documento da OAB e de outras instituições divulgado na semana passada só não trouxe um posicionamento firme contra o impeachment porque a maioria dos dirigentes da Confederação Nacional de Agricultura (CNA) bateu o pé e disse que não poderia ir tão longe, uma vez que a bancada do agronegócio e os produtores rurais ainda não se posicionaram claramente sobre o assunto.
O tempo e a crise I
A impressão dos agentes políticos é a de que Dilma Rousseff, se cair, não será este ano. Quanto ao processo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o caso está apenas começando e, se os advogados forem bons, o mandato passa e não julga. No caso de Jackson Lago, no Maranhão, foram dois anos. Para completar, no TSE, há quem assegure que a posição de Gilmar Mendes, que foi ministro da Advocacia-Geral da União de Fernando Henrique Cardoso, não é consensual.
O tempo e a crise II
O mais provável, avaliam aliados do governo em processo de afastamento, continua sendo o caso das pedaladas fiscais e do uso de recursos sem autorização legal. Como tudo ainda tem que passar pelo TCU, pela comissão mista de Orçamento, plenário do Congresso Nacional, para depois chegar a um processo de pedido de abertura de impeachment, há quem esteja certo de que, o desfecho não sai antes este ano. A corrida é resistência e não de velocidade.
O tempo e o PMDB
Os peemedebistas se preparam para sair em bloco do governo nas eleições municipais. Assim, teriam tempo para tentar dar aquela reciclada antes das eleições de 2018. A aposta, diante do quadro atual e perspectivas econômicas, é de que o distanciamento é necessário para ter sucesso eleitoral ou credibilidade para comandar o país na hipótese de afastamento de Dilma.
Refilmagem
Aliados do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), acreditam que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), fará tudo o que estiver a seu alcance para tentar levar o senador com ele para a beira do abismo. Se o deputado cair, ele tentará puxar o alagoano. É algo parecido com a crise entre os senadores Jader Barbalho e Antonio Carlos Magalhães no início do século. Porém, num clima muito mais pesado hoje.
CURTIDAS E a Kátia, hein?/ Com a decisão da CNA, quem ficou numa saia justa foi a ministra da Agricultura, Katia Abreu (foto), leal à presidente e defensora incansável do mandato de Dilma. Ocorre que o setor agropecuário vai começar a cobrar da ministra que tudo tem limite. Katia, entretanto, tem feito almoços e jantares com deputados do agronegócio na tentativa de se fortalecer e também ao governo.
Por falar em Agricultura…/ Entre aqueles que sonham com a reforma ministerial para se fortalecer, está o ministro da Pesca, Helder Barbalho. Se houver uma união do ministério que ele ocupa com a Agricultura, a queda de braço entre ele (leia-se o senador Jader Barbalho) e Katia Abreu será grande.
A volta da FPN/ Está marcado para 31 de agosto a organização de uma frente parlamentar encabeçada pelos deputados Glauber Braga (PSB-RJ), Alessandro Molon (PT-RJ) e Jandira Feghali (PCdoB-RJ). A ordem é a defesa da economia nacional e de políticas públicas e, por tabela, a ordem constitucional e o mandato de Dilma.
Sob nova roupagem/ A ideia é agregar parlamentares de vários partidos, como ocorreu com a Frente Parlamentar Nacionalista (FPN) que, no fim dos anos 1950 e início da década de 1960, levantou as bandeiras “o petróleo é nosso” e auxiliou nas reformas de base do governo Jango. O lançamento oficial será em 5 de setembro, em Belo Horizonte. Capital de um estado onde o governador, Fernando Pimentel, é amigo da presidente.
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