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Dilma e as lentas reações

O preço da demora

Quem observa com calma todas as atitudes do governo Dilma Rousseff faz um alerta: a presidente demorou a tirar Guido Mantega da Fazenda, e a consequência disso foi a ampliação da crise econômica. Depois, levou meses para tirar Graça Foster do comando da Petrobras, e a estatal foi perdendo musculatura. Agora, hesita em fazer uma grande reforma administrativa, extinguindo cargos e trocando ministros. Há quem comece a achar que isso lhe custará o governo. A crise das crises, dizem políticos de todos os partidos, é a de confiança, e Dilma não tem feito muito nesse campo para se recuperar.

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Há quem diga, entretanto, que ela tem uma saída: mostrar que não vai interferir um milímetro nas apurações da Lava-Jato, ainda que isso custe o padrinho de sua candidatura. Até aqui, justiça seja feita, as informações que se tem indicam que a presidente não interferiu. O problema é que, com a economia em baixa, só isso soa pouco, muito pouco. Daí a necessidade de uma ampla reforma administrativa.

Repatriação para salvar políticos

Nos bastidores do Congresso Nacional, o que mais se comenta é que a proposta de repatriar recursos depositados lá fora é um artifício (apesar de justo) criado para dar a alguns parlamentares a possibilidade de trazer dinheiro sem passar pelo constrangimento de ser fisgado logo ali na frente com uma bolada depositada além-mar. O problema é que a turma não quer pagar o imposto extra que o governo deseja. Há quem diga que são uns 40 nomes na roda.

Renan e Cunha

Há alguns meses, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também citado na Lava-Jato, tinha a situação avaliada como mais complicada do que a do deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o comandante da Câmara. Nesse período, entretanto, Renan se manteve discreto enquanto Cunha foi para cima do governo. O resultado foi que o presidente da Câmara terminou obrigado a dar mais explicações do que o do Senado.

Cunha e Renan

Diante da disputa entre Cunha e o Ministério Público, há quem aposte que o alvo preferencial da turma da Lava-Jato no momento seja o presidente da Câmara, deixando o do Senado de “folga”. Afinal, observam alguns, ninguém vai querer brigar com os presidentes das duas Casas ao mesmo tempo.

Enquanto isso, na Comissão Mista de Orçamento…

Não será pacífico para deputados e senadores apreciarem as contas de anos anteriores. Nem mesmo a de 1991, do então presidente Fernando Collor. A relatora indicada inicialmente, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), terminou substituída pelo senador Benedito de Lira (PP-AL). O relatório do alagoano pede o simples arquivamento das contas porque o prazo prescreveu. Vai dar confusão.

… Nada será como antes

O deputado Miro Teixeira (Pros-RJ), discorda. Ele apresentou uma emenda pedindo a rejeição das contas. Alega que inexiste prescrição para a análise das contas de presidente da República. Se cada conta for uma novela para avaliar, 2015 terminará sem que a comissão consiga avaliar todos os anos de contas pendentes.

Domingos sem Pros/ O líder do Pros, Domingos Neto (foto), do Ceará, está de malas prontas para mudar de partido. A perspectiva é se filiar ao PSD, do ministro das Cidades, Gilberto Kassab. O PSB, tido como destino de muitos petistas, não quer saber mais da dupla Cid e Ciro Gomes nem tampouco de seus maiores aliados, caso de Domingos Neto.

Querida, encolhi o partido!/ Não é apenas em São Paulo que o PT perde seus filiados. Por todo o interior do Brasil cresce o número de interessados em deixar o Partido dos Trabalhadores para concorrer às eleições de 2016, sem a marca petista.

Corra, Lula, corra!/ Esse é um dos motivos utilizados pelos chefes estaduais do PT para pedir ansiosamente a presença de Lula, em especial no Nordeste. Há quem diga que ele é o único capaz de segurar os filiados.

Por falar em Lula…/ Entre os políticos, corre a piada de que Lula, o papa Francisco e Barack Obama estavam num avião em que o diabo tentava serrar a asa. O pontífice tentou conversar, mas o demônio não lhe deu ouvidos. Obama também não obteve sucesso. Aí, chega Lula: “Ô, companheiro dos infernos, se você não parar agora, este avião vai cair, eu vou morrer e vou lá na sua terra fundar o PT!” O avião pousou sem problemas no destino final.

Denise Rothenburg

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