Coluna publicada em 29 de setembro, por Carlos Alexandre
A uma semana da eleição municipal, está evidente que a crise climática teve baixíssimo apelo para o eleitorado e no debate entre os candidatos, ao menos nas principais capitais do país.
Em São Paulo, uma das cidades que ficaram cobertas por fumaça espessa em razão das queimadas, o percentual de eleitores muito preocupados com a emergência climática é ínfimo. Segundo pesquisa Datafolha realizada no fim de agosto, apenas 3% dos paulistanos veem como prioridade combater as enchentes — e somente 1% exige providências para as mudanças climáticas.
No Rio de Janeiro, o cenário é semelhante. O mesmo Datafolha indica que apenas 4% dos eleitores avaliam que o futuro prefeito deve dar prioridade às enchentes. Segurança, saúde e educação lideram as preocupações de quem irá às urnas no próximo domingo.
Em Porto Alegre, capital do estado devastado pelas enchentes em maio, um dos pontos mencionados na campanha eleitoral é o reforço do sistema contra cheias e a recriação do Departamento de Esgotos Pluviais, desativado em 2017.
Em suma, a crise ambiental afeta cada dia mais o cotidiano do eleitor, mas permanece distante das urnas.
A fim de auxiliar o eleitor a escolher o candidato que expressa alguma preocupação com o meio ambiente, o Greenpeace lançou a cartilha Confirma pelo Clima. O documento pode ser acessado gratuitamente e estabelece as relações entre crise climática e outras pautas, como saúde, educação, moradia e gestão de recursos.
A cartilha detalha, ainda, o papel de cada um dos ocupantes de cargo público — em particular prefeitos (as) e vereadores (as). A mensagem do Greenpeace é clara é direta: “Vote por cidades preparadas para a crise climática”.
Nunca é demais lembrar: os efeitos da crise climática não afetam apenas grandes áreas verdes, como os biomas. Têm forte impacto nas cidades, onde vivem mais de 120 milhões de brasileiros. Recordemos os últimos acontecimentos, como os danos à saúde provocados pelas queimadas em Brasília, São Paulo, Manaus e outras cidades. Ainda na capital federal, dezenas de escolas suspenderam as aulas em razão da má qualidade do ar.
O drama não ocorre apenas em período de seca. No verão de 2023, mais de 2 milhões de paulistanos ficaram sem energia elétrica por causa das chuvas. Em maio e junho deste ano, o país ficou estarrecido com a dimensão da tragédia no Rio Grande do Sul. E os temporais voltaram a provocar medo e destruição no estado nos últimos dias.
No governo federal, anunciou-se a criação de uma autoridade climática para atuar de maneira mais eficiente no enfrentamento da emergência ambiental. Não está claro ainda, porém, qual peso teria essa instituição e quem estaria à frente dela. Corre-se o risco de a discussão ficar no meio do caminho, com o fim do ciclo de queimadas e início da temporada de enchentes e temporais.
Um estudo divulgado pelo Instituto Democracia em Xeque (DX) conclui que a estratégia digital de Pablo Marçal traz novos riscos à democracia. Com as contas nas redes sociais suspensas desde agosto, o candidato à prefeitura paulistana mantém a hegemonia na internet graças à “indústria dos cortes” e à premiação aos seguidores que postam conteúdo sobre o ex-coach. Essa estratégia constitui, segundo o DX, um item adicional no rol de ameaças que as redes sociais sem regulamentação representam para o processo político.
“Nesse novo paradigma, o pleito é visto como uma oportunidade de sequestrar a economia da atenção das plataformas digitais para promover uma pirâmide financeira baseada em trabalho precarizado e aliciamento de eleitores que pode ser considerada ilegal de acordo com a legislação eleitoral”, alerta o relatório.
Sobre sua atuação nas redes sociais, a campanha de Pablo Marçal tem dito que atua dentro das regras do TSE. E que interrompeu os pagamentos a seguidores.
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