MDB em ebulição após exoneração de Hildo Rocha do Ministério das Cidades; entenda

Publicado em Lula, MDB, Política, Rio de Janeiro

Por Denise Rothenburg — Desde sexta-feira, quando o secretário-executivo do Ministério das Cidades, Hildo Rocha, foi exonerado do cargo, o MDB viu crescer três movimentos. O primeiro, a briga interna pelo cargo. O segundo: a ala mais afeita à oposição se “assanhou” para tentar afastar o partido do governo. E, por último, uma parte do PT começou a se mexer, disposta a indicar o número dois da pasta comandada por Jader Filho. Para tentar estancar os três num gesto só, o ministro se encontra com Hildo Rocha. A ideia do MDB é ver se há caminho para reverter a demissão.

Hildo, inclusive, escreveu uma carta como se tivesse pedido demissão, a fim de dar abertura para o ministro dizer que tudo não passou de um mal-entendido e ele possa reassumir. Se não for possível, a guerra está aberta. O MDB da Câmara quer o cargo e o do Senado, idem. E ainda tem o PT chegando pela retaguarda. A única saída para evitar transtornos e muita confusão, na largada de 2024, é a paz no grupo do MDB que apoia o governo.

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É a economia

No governo e fora dele, há a certeza de que o PT só dará o salto nas eleições deste ano se as pessoas sentirem que a vida melhorou do ponto de vista econômico. Até aqui, os dados positivos apresentados não deram essa sensação à população, especialmente aos brasileiros que vivem nas grandes cidades.

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A fala de “Zedi”

A conversa do ex-ministro José Dirceu, em um podcast do PT da Bahia, foi fruto de uma vontade de parte dos aliados de dizer ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que nem tudo serão flores e estrelas nas eleições municipais. A direita está ganhando a batalha e o PT precisa lembrar que a situação não é a mesma de 2004.

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Recado para eles

Mudou a configuração da política, do eleitorado e, também, a do Palácio do Planalto. Hoje, nenhum ministro palaciano tem liberdade para falar com Lula do jeito que Dirceu, Gilberto Carvalho e outros falavam naquele período.

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E a desoneração, hein?

O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, vai gastar muita saliva para tentar convencer os parlamentares a manter a MP da desoneração. Até aqui, apenas ganhou tempo, mas não arrancou um único voto do grupo disposto a derrubar a medida provisória.

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Valdemar e Bolsonaro/ Não foi a primeira vez que Valdemar Costa Neto (foto) elogiou o fato de Lula ser um homem do povo e nem será a última. Ocorre que, agora, há uma disputa para ver quem será o vice na chapa do prefeito Ricardo Nunes à reeleição em São Paulo. É isso que, no momento, opõe Bolsonaro e Valdemar.

Veja bem/ Valdemar não pretende contrariar o ex-presidente. Não foram poucas as vezes em que ele disse que “Bolsonaro é quem tem os votos”. Logo, Valdemar não vai contrariá-lo a ponto de implodir o PL.

Muita calma nessa hora/ Tem gente no PT desconfiado que o partido quer mesmo é empurrar Anielle para fora do governo.

 

“Planejamento no Rio não muda”, diz secretário do Ministério da Justiça

Tadeu Alencar
Publicado em Rio de Janeiro
Tadeu Alencar
Crédito: Carlos Vieira/CB/DA Press

O secretário Nacional de Segurança Pública, Tadeu Alencar, ainda está neste momento em seu gabinete no Ministério da Justiça, preparando a viagem que fará amanhã ao Rio de Janeiro. Ao blog, ele contou que a ida ao Rio já estava programada há dias, para participar do seminário da Polícia Federal sobre a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado. Depois dos ataques que provocaram o caos na cidade do Rio de Janeiro nesta segunda-feira, a agenda foi ampliada, para que ele e o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Capelli, possam saber das autoridades estaduais e municipais o que  precisam do governo federal, além do que está programado. “O nosso planejamento no Rio de Janeiro, não muda por causa desses ataques de hoje”, diz Alencar.

Atualmente, o Rio de Janeiro conta com ações da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em investigações e operações de combate ao crime organizado. A Força Nacional tem hoje 300 policiais no Rio, com policiamento ostensivo em determinados pontos da cidade. Hoje, eles vão conversar para saber se precisará aumentar esse contingente. “Não há mudança de rumo. Estamos inclusive com o setor produtivo, com um trabalho de inteligência bastante acurado no Rio”, diz o secretário.

A tarde desta segunda-feira foi de sobressalto no Rio, com o número de ônibus incendiados aumentando a cada minuto, numa ação coordenada que as forças de segurança não conseguiram prever. Sinal de que é preciso investir mais em inteligência. Mais um tema para o seminário da Polícia Federal desta terça-feira, no Rio.

Witzel e a falência da “nova política” no Rio de Janeiro

Publicado em Política, Rio de Janeiro

O impeachment de Wilson Witzel é visto como uma pá de cal na chamada “nova política” e como um balde de água fria para aqueles que apostaram em uma guinada na politica estadual. Afinal, foram mais de quatro milhões de votos embalados pela campanha Jair Bolsonaro e a certeza de mudança nas relações entre os políticos. Era dali que o presidente Bolsonaro pretendia uma parceria para o combate ao crime. Witzel, porém, logo se colocaria como candidato a presidente da República, rompendo com o presidente da República. Agora, Bolsonaro se volta ao vice-governador, Cláudio Castro, que deseja concorrer a um novo mandato.

Enquanto Witzel cumpria o processo que teve seu desfecho hoje, Bolsonaro em Brasília se aproximava ainda mais do chamado “Centrão”, grupo de partidos que já integraram os governos Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma, Temer e, agora, dão sustentação ao presidente da República no estilo da “velha Politica” do toma-lá-dá-cá. Para bons entendedores, está a cada dia mais claro que Bolsonaro entrou no Planalto pela porta das mudanças na relação política, mas o campanha pelo segundo mandato será mesmo pela política que há anos garante esses partidos no poder.

O presidente ainda tenta segurar alguns cargos e uma estrutura longe desse jogo. Porém, com um orçamento apertado e uma CPI pela proa, será cada vez mais difícil manter o verniz de não se render ao toma-lá-dá-cá. Coincidentemente, o impeachment de Witzel encerra a semana de instalação da CPI da Covid. Há quem diga que agora virá a pá de cal na nova politica nacional.

Bolsonaro dá carona a Castro de olho no MP do Rio

Publicado em Rio de Janeiro

No dia em que a Polícia Civil do Rio de Janeiro faz operação de busca e apreensão na casa do prefeito Marcelo Crivella, o presidente Jair Bolsonaro faz questão de estender as benesses do poder público ao governador em exercício do Rio de Janeiro, Claudio Castro. os dois devem ir juntos para a posse de Luiz Fux como presidente do Supremo Tribunal Federal. Quem acompanha de perto os movimentos presidenciais garante que a gentileza não foi apenas um gesto de simples camaradagem com o governador. É que, quanto mais próximo, alertam alguns, mais fácil será convencer o governador a aceitar sugestão presidencial para procurador-geral de Justiça, o chefe do Ministério Público do Rio de Janeiro e tentar também influir na composição da lista tríplice de onde sairá o novo procurador-geral de Justiça do Rio.

A tarefa da família presidencial nesse sentido é complexa. A legislação estadual obriga que o nome escolhido seja um dos integrantes da lista tríplice elaborada mediante votação pelos procuradores, o que impõe dificuldades para que Bolsonaro possa indicar o procurador Marcelo Monteiro, alinhado às ideias do presidente. Nesse sentido, a família do presidente Jair Bolsonaro precisará primeiramente convencer um procurador amigo a ser candidato, ajudá-lo a chegar entre os três mais votados pelos colegas e, por último, garantir que a caneta de Castro funcione em favor do procurador que for mais alinhado. O presidente, por enquanto, está mais dedicado a cuidar de sua relação com o governador em exercício.

Witzel apela à OAB e ataca Bolsonaro: “Querem criminalizar a advocacia”

Wilson Witzel
Publicado em Política, Rio de Janeiro

Alguns pontos do pronunciamento de Wilson Witzel, o governador afastado do Rio de Janeiro, indicam que vem por aí uma longa guerra entre ele e o presidente Jair Bolsonaro e movimentos para tentar puxar para a sua defesa a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a classe jurídica e parte da política.

A acusação ao governador alega que a suspeita de pagamento de propina se dá por causa de pagamentos ao escritório da primeira-dama, Helena Witzel. O governador disse que todos os contratos de advocacia da sua mulher foram por serviços prestados e estão todos registrados no imposto de renda, algo que não aconteceu no caso da mulher de Sergio Cabral.

Witzel pediu ainda que a OAB se pronuncie a respeito. “Quer dizer que filho de ministro, esposa de ministro, se advogar, está cometendo um crime? (…) A OAB precisa se pronunciar. Querem criminalizar a advocacia. O processo legal brasileiro está se transformando num circo”, comentou o governador, indignado, tentando colocar os mastros de tribunais superiores que têm filhos e esposas advogando no mesmo caso em que ele se encontra agora.

Paralelamente a essa busca de apoio da classe jurídica, Witzel rebateu as acusações, se disse inocente e afirmou que há muitos interesses que desejam afastá-lo do cargo e culpou o presidente Jair Bolsonaro: “Ele já me acusou de perseguir a família dele. Mas a Polícia Civil e o Ministério Público são independentes. Por que 180 dias ( de afastamento), se em dezembro tenho que escolher o novo procurador de Justiça?”, diz, ele, numa clara insinuação de que tudo está sendo feito para evitar que ele escolha o futuro chefe do Ministério Publico no Rio de Janeiro, a instância que investiga o caso das rachadinhas no gabinete de vários deputados estaduais do Rio, inclusive o do atual senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). “Bolsonaro sempre disse que queria o Rio de Janeiro”, diz Witzel num determinado momento da sua fala.

Witzel, que já foi juiz e chegou ao governo do Rio com uma campanha contra a politica tradicional, tenta agora se cercar de apoios e se dizendo vítima de perseguição. Citou inclusive os casos do ex-governador Fernando Pimentel (PT) e do ex-presidente Michel Temer (MDB) como atores que foram perseguidos.

O governador afastado agora passará a se dedicar integralmente à própria defesa. Resta saber, na política, quem lhe estenderá a mão. Afinal, até aqui, Witzel não se mostrava moto disposto a confraternizar com os poéticos tradicionais, caso de Temer. Agora, nessa situação em que se encontra. Estende a mão aos políticos. Essa novela está apenas começando.

Witzel, o breve, tem um esquema a la Cabral, segundo investigadores

Wilson Witzel
Publicado em Política, Rio de Janeiro

O afastamento do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, depois de uma leva de governadores presos, deixa perplexo o carioca que esperava ter encontrado nesse advogado uma esperança de dias melhores na área de segurança e o controle maior da corrupção. O que se viu, porém, de acordo com a decisão de hoje do Superior Tribunal de Justiça, foi um esquema parecido com aquele que levou o ex-governador Sérgio Cabral para a cadeia.

Há alguns anos, o escritório de Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador Sérgio Cabral, foi acusada de simular a prestação de serviços de advocacia para recebimento de propina. Agora, o escritório de Helena Witzel, a atual primeira-dama do Rio de Janeiro, é acusado de receber dinheiro de empresas ligadas ao empresário Mário Peixoto, que está preso, acusado de desvios na saúde. A primeira-dama e o governador foram alvos de busca e apreensão hoje.

Diante de 17 mandados de prisão e 72 de busca e apreensão de hoje, a aposta dos políticos mais experientes é a de que Witzel não volta mais ao poder, embora o afastamento seja por 180 dias.

Pastor Everaldo

Nessa operação, vários operadores e aliados do governador também foram presos, inclusive um dos seus coordenadores políticos, o presidente do PSC, Pastor Everaldo.

O pastor já foi deputado, candidato a presidente da República e foi próximo a todos os políticos mais conservadores do Rio, inclusive o presidente Jair Bolsonaro, a quem abriu as portas do voto evangélico. Bolsonaro, porém, se afastou dele e de Witzel no ano passado, ao ponto de se recusar a receber o governador.

O governo do Rio de Janeiro será a partir de hoje comandado pelo vice-governador Cláudio Castro, que tem como primeira missão assegurar aos cariocas que está fora de todo esse emaranhado que transformou Witzel em “o breve”.