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Governo Bolsonaro tentará aprovar Previdência em partes e terá delicada negociação com deputados

A decisão de fatiar a reforma da Previdência está tomada no governo de transição e, a julgar pelo primeiro contato direto do presidente eleito, Jair Bolsonaro, com as bancadas dos partidos, a relação será projeto a projeto. Bolsonaro disse aos deputados que não tem partido dono de ministério. E ouviu dos deputados que não tem “efeito manada nas bancadas” — quando o governo fecha um texto e manda os deputados filiados a partidos com cargos no governo apertarem o botão “sim” na hora de votar as propostas de interesse do Executivo.

A “independência” declarada da maioria dos partidos em relação ao governo levará o presidente eleito a negociar cada votação e a ter de manter um contato muito mais próximo com os parlamentares, a fim de evitar dissabores de última hora. Aliás, há quem diga dentro da transição que caberá aos filhos de Bolsonaro, deputado Eduardo e senador Flávio, o papel de prestar atenção no humor das bancadas na hora de cada votação. É um novo desenho, que nem os Bolsonaros sabem como funcionará. Só sabem que o modelo do toma lá dá cá está falido.

O caldo do Judiciário

A vida do único poder que não se renova com eleição promete não ser fácil. Primeiro, a troca do fim do auxílio-moradia pelo reajuste. Depois, o Ministério Público reage, a favor desse auxílio. Ontem, foi a reação do ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski de mandar prender o rapaz que o admoestou dentro do avião. O desgaste do poder está num crescente. E, ao que tudo indica, a deputada eleita Bia Kicis (PSL-DF), que ensaia um discurso de cobrança ao Judiciário, não estará sozinha.

A fila dos partidos

Depois do quarteto desta semana (MDB-PRB-PR-PSDB), Bolsonaro planeja conversar com o PSC, do Pastor Everaldo. A legenda deve ter um representante no Poder Executivo. Samuel Coelho de Oliveira, que preside a ala jovem do partido, está cotado para a Secretaria Nacional de Juventude.

Só os índios, por favor

Bolsonaro inverteu totalmente a relação com os partidos. Até aqui, tucanos e petistas conversavam com presidentes e líderes, deixando a massa de deputados para um convescote no Alvorada. O presidente eleito quer evitar o contato direto com caciques partidários. Romero Jucá e Valdemar Costa Neto nem pensar.

Contagem regressiva

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal tem só mais uma reunião este ano. Significa que, pelo andar do trenó na Corte, Lula pode se preparar para passar o Natal na sede da Polícia Federal, em Curitiba.

CB.Poder

Hoje, o programa recebe o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, ao vivo, às 13h15, na TV Brasília e nas redes sociais do Correio Braziliense.

Sinais/ O presidente eleito, Jair Bolsonaro, cumprimentou o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Fábio Ramalho, do MDB-MG, chamando-o de “meu presidente”. Em política, todo gesto vai além de um simples movimento. Houve quem saísse da reunião certo de que Bolsonaro prefere Ramalho na disputa de 2019.

Comes & bebes/ Fabinho Liderança, como o vice-presidente é conhecido entre os colegas, levou pé de moleque e dois queijos para o presidente eleito: um parmesão artesanal do Sul de Minas e outra variedade típica da Serra da Canastra.

E o Moro, hein?/ O futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro, dispensou a camisa preta que costumava usar. Agora, só tem usado camisa de cor clara. Há quem jure que a mudança é para que as más línguas não o vinculem aos “camisas negras” da Itália, indumentária que marcou o grupo ligado ao fascismo de Benito Mussolini.

Por falar em Moro…/ O futuro ministro anda tão desconfiado das pessoas que todas as vezes em que vai falar ao celular chega a colocar o aparelho de um jeito que quem está ao seu lado não possa ver com quem ele está falando ou o que escreve. Na Espanha, chegou a passar a alguns a impressão de que o sempre elegante, educadíssimo e preparado embaixador Pompeu Andreucci estava de olho no seu celular. Pompeu jamais faria isso. Moro é que está desconfiado até da própria sombra. Não perdeu alguns tiques dos tempos de juiz da Lava-Jato.

Denise Rothenburg

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