O pacote de medidas entregue pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, ao Congresso foi visto no governo e no PSL como a forma de resgatar a pauta que o presidente Jair Bolsonaro levou à campanha. A avaliação é de que será difícil aprovar os temas mais ideológicos elencados pelo então candidato, mas o da segurança, inclusive com a permissão para as ações policiais e a prisão em segunda instância, estará assegurado. Assim, o presidente terá o discurso de que cumpriu suas promessas, além das reformas na economia. Se conseguir avançar nessas duas áreas, terá cumprido seu papel.
É bom o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, não tratar a presidência nacional do MDB como favas contadas. Afinal, José Sarney, Romero Jucá e Michel Temer jamais dizem não. A eleição é apenas em setembro e quem conhece as coisas dentro do partido garante que não está nada fechado. Até lá, vai passar muita água sob a ponte.
O jantar do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, e do ministro da Economia, Paulo Guedes, foi mais um preventivo. O governo teme que as reformas terminem solapadas por ações judiciais. A ordem é abrir o diálogo desde já para não ter problemas lá na frente.
Do Palácio do Planalto vem a mensagem de pacificação do parlamento. Os ministros “da casa” são unânimes em afirmar que os adversários são o PT e o PSol, portanto, a hora é de atrair o MDB. No Senado, a conversa será com o líder da bancada, Eduardo Braga (AM), e com a senadora Simone Tebet (MS). Na Câmara, a relação também será institucional, com o líder Baleia Rossi. Isso não quer dizer que o PSL e o MDB ficarão em paz no Congresso. O primeiro embate será pela Comissão de Finanças e Tributação.
Em entrevista no estúdio do Correio Braziliense (veja abaixo)— disponível no Facebook do jornal —, a deputada Bia Kicis (PSL-DF) foi taxativa ao dizer que seu partido ficará com a Comissão de Constituição e Justiça e com a de Finanças e Tributação. Ocorre que, o acordo do MDB para entrar no blocão de Maia incluiu o direito de ser o segundo partido a escolher uma comissão da Casa. E, se o PSL escolher mesmo a de Constituição e Justiça, o MDB pegará Finanças e Tributação. É ali que passará a reforma tributária.
O MDB mirou a comissão como forma de garantir um polo de poder. São nesses colegiados que a briga dos congressistas será grande nesse início de legislatura, enquanto não chega a hora de votar a reforma da Previdência.
A avaliação dos políticos é de que a vitória de Davi Alcolumbre no Senado serviu para dar uma revigorada no poder do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. A jogada foi arriscada, mas deu certo. Logo, vai demorar mais um tempinho até os pseudos aliados retomarem os ataques ao ministro.
E o Renan endoidou/ O post do senador Renan Calheiros (MDB-AL) no Twitter com menções nada honrosas ao pai, já falecido, da senadora Simone Tebet, do MDB-MS, terminou por tirar dele apoio de muitos colegas de partido. Até seus aliados ontem comentavam à boca pequena que o senador alagoano parece ter deixado de ser um profissional da política.
Muita calma nessa hora/ Os aliados de Renan no partido apostam que ele não terá condições de brigar com o governo. Pelo menos, não neste início de mandato. A hora deve ser de pensar em Renan Filho, governador pra lá de bem avaliado em Alagoas.
Por falar em Simone…/ Ela só não vai representar contra Renan Calheiros por quebra de decoro por causa da família. Mas a convivência com o alagoano não será retomada na bancada com um ramalhete de flores, como fez Kátia Abreu com Davi Alcolumbre no sábado. Depois de pegar a pasta da Mesa Diretora na sexta-feira, ela chegou com flores para Alcolumbre no dia seguinte.
Depois dos grupos de WhatsApp…/ O MDB na Câmara vai substituir o grupo de discussão da bancada por lista. Assim, a resposta vai apenas para o líder do partido, no caso, Baleia Rossi, e não fica aquela discussão interminável. Sabe como é: depois das brigas do PSL se tornarem públicas, ninguém quer arriscar essa sina.
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