Autor: Denise Rothenburg
Em palestra no 6º Congresso Luso-Brasileiro de Auditores Fiscais, em Salvador, o economista Guilherme Mello, coordenador do Núcleo de Acompanhamento de Políticas Públicas do PT, defendeu que, concomitantemente à PEC 110 da reforma tributária, o Congresso discuta a reforma na tributação direta, por uma revisão do imposto de renda, em especial, sobre lucros e dividendos.
“Cada vez mais estou convencido de que, se a gente quiser fazer uma verdadeira mudança na estrutura tributária, voltada para o novo modelo de desenvolvimento, a gente precisa discutir, junto com a tributação indireta, a tributação direta”, disse. “E por um motivo muito simples: os maiores problemas da estrutura tributária brasileira estão na sua composição. Se não mudar a tributação direta, não consegue reduzir a indireta. A não ser que decida abandonar de vez a Constituição de 1988, o estado de bem-estar social; acaba com o SUS, com a previdência pública. Como esse parece não ser o objetivo da sociedade brasileira, a gente vai ter que entrar na discussão sobre como avançar na tributação sobre lucro e propriedade e reduzir a tributação indireta”, argumentou Mello.
Em tempo: o economista do PT fez questão de frisar que colocava ali suas opiniões pessoais. Mas, dentro do partido, não há dúvidas de que a PEC 110, centrada na tributação sobre o consumo, é insuficiente para resolver os problemas do Brasil. Por isso, vem por aí, no projeto petista, uma mexida geral no sistema de impostos do país para tornar a distribuição mais justa. Falta combinar com o setor financeiro e o mercado, que ainda não se convenceram dessa necessidade.
Compensa aí
Depois do desaparecimento de Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo, há dentro do grupo bolsonarista moderado quem defenda, pelo menos, o anúncio de uma força-tarefa que permita ao governo mostrar que existe algum controle sobre a região. Afinal, lá fora, a ideia é de que a Amazônia neste governo virou terra sem lei e comandada pelo narcotráfico. A ordem agora é tentar desfazer essa imagem.
Quem muito fala…
…Dá bom dia a cavalo. Até os bolsonaristas consideram que o presidente Jair Bolsonaro entrou com o “pé esquerdo” nos comentários sobre o desaparecimento de Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo, ao dizer que o jornalista era “malvisto na região”. Até aqui, pelo que se sabe, Dom era considerado persona non grata por quem descumpre a legislação.
Contramão
Enquanto os técnicos tributaristas pedem uma reforma tributária ampla, os congressistas fazem mais um “puxadinho”. Na próxima terça-feira, a Câmara votará uma proposta de emenda constitucional para manter a diferença de alíquota entre o etanol e a gasolina. O objetivo é garantir a competitividade do álcool combustível perante os fósseis.
CURTIDAS
Contagem regressiva/ Em duas semanas, o ex-governador de São Paulo Marcio França, do PSB, definirá seu futuro político. Aliados preveem que ele não terá condições de manter a candidatura ao Palácio dos Bandeirantes sozinho.
Não cante vitória/ Mesmo que não seja candidato ao governo, França não está convencido de que deve apoiar o ex-prefeito paulistano Fernando Haddad, do PT. O líder do PSB tem conversado com correligionários de Rodrigo Garcia, do PSDB.
Por falar em vitória…/ A votação expressiva em favor do projeto que limita o ICMS dos combustíveis mostrou que, num ano eleitoral, os congressistas vão aprovar tudo o que apresentar um discurso favorável ao contribuinte. Por isso, na área econômica, já tem muita gente defendendo logo o recesso.
Os bolsonaristas vão aproveitar esse embalo da aprovação do teto do ICMS dos combustíveis para dizer na campanha que, se Bolsonaro for reeleito, a tributária será votada no início do segundo mandato. Vão lembrar, inclusive, que a reforma da Previdência, pendente dos governos Lula, Dilma e Temer, foi aprovada no governo de Bolsonaro. A ordem deles é dizer que, se Lula entrar, tem tanta coisa para mudar que a tributária ficará em segundo plano.
Entre os técnicos ligados aos mais diversos partidos, porém, a aprovação do projeto que estabelece o teto do ICMS dos combustíveis foi um alerta aos defensores da reforma tributária ampla: ou eles correm para tentar buscar um ambiente político capaz de resolver a desigualdade na cobrança e na distribuição de impostos, ou novos projetos desse tipo virão. Este ano, no entanto, a votação da reforma já foi atropelada pelo calendário eleitoral. No ano que vem, independentemente de quem for eleito, eles querem forçar para começar por esse tema.
Imposto global…
Professor do programa de pós-graduação em ciência política da Universidade de Goiás, Francisco Tavares agitou o congresso luso-brasileiro dos auditores fiscais, em Salvador, ao defender a tributação global e lançar a ideia de uma conferência nos moldes da Rio92 com o objetivo de discutir sua aplicação, por exemplo, para as grandes empresas de tecnologia como forma de combate à desigualdade social. O assunto vem ganhando corpo no mundo dos acadêmicos.
…causa polêmica
O mediador, que deveria baixar a temperatura do debate, era o secretário executivo do Centro Interamericano de Administrações Tributárias, Márcio Verdi, que rechaça essa ideia e não conseguiu esconder a irritação: “Não vou discutir aqui utopias e ideologias”, respondeu. O presidente da Associação Nacional das Associações de Fiscais de Tributos Estaduais (Febrafite), Rodrigo Spada, assumiu as vezes de cerimonialista e encerrou o painel.
Troca & não troca/ Enquanto o pré-candidato do União Brasil a presidente da República, Luciano Bivar, dizia que não era uma celebridade, mas seu partido tinha projeto, os comentários da live no Instagram eram na linha de “Moro presidente”. Não vai ter troca de candidato.
Moro e Bolsonaro juntos?/ O deputado Ney Leprevost (União Brasil-PR) não perdeu as esperanças de ter Sergio Moro candidato ao Senado numa dobradinha com o governador Ratinho Júnior (PSD). Só tem um probleminha: Júnior hoje apoia Jair Bolsonaro, que quer distância de Moro.
Mostrou serviço/ Prestes a completar um ano, a Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo comemora o fato de ter contribuído no debate para a aprovação de 20 projetos dos 45 que integram a sua agenda legislativa. Na lista estão a MP dos cartórios, que vai digitalizar documentos e agilizar a vida do cidadão, e o marco legal de garantias, que vai auxiliar na concessão de empréstimos bancários e na redução dos juros para pessoas físicas e jurídicas. Sinal de que nem tudo é descolado do cidadão no Parlamento brasileiro, especialmente num ano eleitoral.
Já está definido que o PL de Jair Bolsonaro terá duas coordenações de comunicação: uma a cargo do partido, com o publicitário Duda Lima, outra com o filho 02, o vereador Carlos Bolsonaro. O presidente, sempre desconfiado, não quer ficar restrito à coordenação partidária. Para alguns aliados, porém, a situação preocupa, porque com Carluxo no front, Bolsonaro tende a se distanciar do terno feito sob encomenda para que atraia o público de centro, fundamental para afastar o “risco Lula”.
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Na atual campanha, avaliam alguns simpatizantes de Bolsonaro, não será possível repetir a receita de 2018, quando o presidente fez tudo praticamente sozinho nas redes sociais, em especial depois de ser vítima de um atentado. Se repetir o modelo, pode terminar derrotado. É isso que o PL tentará evitar, mas os bolsonaristas raiz não querem.
Quantos Neojibas cabem…
A Associação Nacional das Associações de Fiscais de Tributos Estaduais (Febrafite) abriu o 6º Congresso Luso-Brasileiro dos Auditores Fiscais, em Salvador, com um espetáculo da Orquestra 2 de Julho, do projeto Neojiba. A apresentação no Teatro Castro Alves rendeu à Orquestra um cachê de R$ 30 mil.
… num Gusttavo Lima?
O projeto Neojiba insere jovens de comunidades carentes da Bahia na música e já é sucesso na Europa, com espetáculos que encantam pela boa formação técnica e performance no palco. Nos bastidores do show, muitos comentavam que com as prefeituras por aí pagando R$ 1 milhão de dinheiro público a sertanejos como Gusttavo Lima, é sinal de que há recursos para investir em projetos como o Neojiba, que reúne assistência social, educação, arte e cultura. Um combo mais interessante do que o caríssimo tetereretete.
Palavra de especialista
Na aula magna inaugural do 6º Congresso Luso Brasileiro dos Auditores Fiscais, em Salvador, o professor e economista Paulo Nogueira Batista foi incisivo ao fazer um alerta àqueles que desejam discutir seriamente um sistema tributário mais justo: “É preciso que se evite a armadilha de que imposto sobre grandes fortunas incidirá sobre a classe média. São os super-ricos que podem e devem ser tributados”, diz.
A tensão só aumenta
Até aqui, os pré-candidatos a presidente da República têm sido econômicos ao fazer uso da tragédia brasileira que envolve o desaparecimento do indigenista Bruno Araújo e do jornalista inglês Dom Phillips, na Amazônia. É bom os militares se prepararem, porque já tem muita gente na política com seguinte raciocínio: enquanto o Ministério da Defesa se preocupa com as urnas eletrônicas, a bandidagem toma conta da Amazônia.
Aliás…
Já circula na internet uma charge em que os militares apontam suas armas para a urna eletrônica, enquanto a bandidagem corre solta na floresta, promovendo desmatamento ilegal e assassinatos.
Secretários de Fazenda e auditores ampliam pressão contra o teto do ICMS combustíveis
A abertura do 6º Congresso Luso-brasileiro de Auditores Fiscais neste Domingo terminou transformada pelas autoridades brasileiras em mais um movimento dos estados contra o PLP 18, que limita a cobrança de ICMS dos combustíveis a 17% e pode ser aprovado ainda hoje no Senado. O discurso mais contundente contra o texto foi o do secretário de Fazenda da Bahia, Manoel Vitório. Ele vê, pelo menos, três aspectos desfavoráveis à proposta. Primeiramente, jurídico. Há dúvidas se a legislação fere a Constituição, que dá autonomia aos estados. Mas, ele preferiu discorrer sobre os problemas que considera mais graves, de ordem econômica e social, inclusive com aumento do risco Brasil: “Estamos caminhando para um problema fiscal sem precedentes e sem uma certeza de resultado para a população, para a economia, para a inflação”, diz ele.
Ele cita o exemplo da Bahia, que, em novembro, congelou o valor do imposto do diesel em R$ 0,96 e não houve diferença para o bolso do consumidor. “Para onde vai o recurso que não significou diferença no preço? O lucro líquido da Petrobras, de R$ 44 bilhões em três meses pode ser uma pista”, disse ele, sugerindo que o 6º Congresso Luso-Brasileiro analise as implicações do projeto. “O outro grave problema do PLP 18 é o social. Vai tirar, dos municípios, e só do estado da Bahia, R$ 1,4 bilhão, sendo R$ 1 bilhão da educação e R$ 495 milhões da saúde”, disse ele.
A avaliação do secretário se somou à nota divulgada nesta segunda-feira pela Associação Nacional das Associações de Fiscais de Tributos Estaduais (Febrafite), que promove 6º Congresso. Na nota assinada pelo presidente da Febrafite, Rodrigo Spada, os auditores estaduais manifestam sua “veemente oposição” ao PLP 18 e classificam a proposta ade “improvisada, oportunista, errática e inconsequente” e dizem que levará “ao colapso da educação, saúde, segurança e transporte publico sem atingir seu suposto objetivo”, que seria a contenção dos preços.
Apesar dos alertas dos secretários e técnicos, a visão dos parlamentares é a e que a proposta será aprovada, porque, politicamente, não é possível ficar contra um projeto que pode baixar imposto. O movimento de hoje é a última tentativa e tentar segurar a proposta no Senado. Porém, se for mesmo aprovado ainda hoje, a proposta, já modificada pelos senadores, volta à Câmara, para mais uma rodada de análise. É lá que os auditores farão mais um movimento de alerta aos políticos.
“MDB gaucho não apoiará Eduardo Leite”, diz ex-ministro de Temer
A decisão do MDB tirada em Brasília, de ceder a candidatura do governo do Rio Grande do Sul ao tucano Eduardo Leite ameaça implodir o partido no estado. “Se o Gabriel quiser ser candidato a vice de Eduardo Leite, vamos à convenção com a candidatura de Cesar Schirmer”, diz o ex-ministro do Desenvolvimento Social e deputado Osmar Terra (MDB-RS), referindo-se a Gabriel Souza, pré-candidato ao governo gaúcho pelo MDB e ao vereador de Porto Alegre César Schirmer, que já foi deputado federal e prefeito de Santa Maria. Terra embarcou há pouco para Porto Alegre em busca da candidatura do próprio partido ao governo estadual. “O MDB é quem tem maior estrutura. Se o PSDB quiser ter candidato, é um direito dele, mas isso não quer dizer que o MDB apoiará. Vamos à convenção”, afirma Terra ao blog.
PSDB fechou esta semana o apoio a Simone Tebet ao Palácio do Planalto e, como gesto de parceria, espera o apoio do MDB à recandidatura de Eduardo Leite ao governo estadual. Na segunda-feira, os tucanos gaúchos vão anunciar a candidatura de Leite ao governo do estado. E esperam o apoio. do MDB. O acordo foi chancelado pelo presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, e por representantes do partido no Rio Grande do Sul, como o ex-governador Germano Rigotto, Tebet, que testou positivo para covid-19, participou da reunião por vídeo. Faltou combinar com a ala que promete lutar até a convenção para que o partido tenha candidato próprio ao governo gaúcho. Terra, por exemplo, é ada ala do partido que apoiará no primeiro turno a reeleição de Jair Bolsonaro e, se não pretende fazer campanha para Simone Tebet, nem tampouco para um representante do PSDB ao governo estadual.
A ida do presidente Jair Bolsonaro (PL) à Cúpula das Américas foi lida por diplomatas mais técnicos e menos aficionados à polarização política como um movimento muito positivo para ele e para o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Bolsonaro ganhou a chance de se mostrar afinado com os preceitos democráticos, e Biden, dadas as ausências de outros presidentes, teve a cúpula de Los Angeles praticamente salva pela presença da comitiva brasileira.
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Bolsonaro, porém, na avaliação de alguns diplomatas, extrapolou ao reclamar do #fiqueemcasa ao longo da pandemia. Foi considerado desnecessário. Para alívio dos integrantes do Ministério de Relações Exteriores, o presidente logo mencionou a guerra da Ucrânia e a disposição de ajudar na busca da pacificação.
Muito esforço…
… e pouco resultado. É assim que ministros de tribunais superiores têm definido as diversas tentativas de paz entre Bolsonaro e o Supremo Tribunal Federal (STF). Há quem diga que algumas conversas foram produtivas, mas não dá 24 horas e lá está o presidente batendo na mesma tecla das diferenças com os ministros Alexandre de Moraes e Edson Fachin.
E o ICMS balança
O fato de a maioria dos senadores ter deixado para discutir o texto na semana que vem deixou o governo tenso com a perspectiva de dificuldades para aprovação na segunda-feira. O fim de semana será de contagem de votos.
Vai bater bumbo
Por ter sido o Brasil o sexto país que mais atraiu investimentos no ano passado, isso será explorado na campanha eleitoral. A ideia é dizer que, apesar das dificuldades, a economia está no caminho certo. Falta combinar com a percepção do eleitor, que ainda sofre com os preços altos dos alimentos.
Enquanto isso, no Rio Grande do Sul…
O acordo do PSDB com o MDB em torno da candidatura de Simone Tebet ao Planalto deixou o cenário para lá de indefinido. Nas últimas 24 horas, um grupo do MDB local reagiu à solução de cúpula tomada em Brasília, de apoio à candidatura de Eduardo Leite. Mas a tendência é mesmo o MDB fechar com o ex-governador na cabeça de chapa. Só que o anúncio oficial não será da noite para o dia.
Bagunçou tudo I/ Diante do cenário indefinido no Rio Grande do Sul, o ex-deputado Beto Albuquerque (PSB), pré-candidato a governador, procurou a ex-senadora Ana Amélia Lemos (PSD), que hoje é o nome para concorrer ao Senado na chapa do MDB, com Gabriel Souza no comando. Agora, vai mudar.
Bagunçou tudo II/ No Paraná, a chegada de Sergio Moro ao cenário também balança estruturas. Na verdade, tudo só vai se definir mesmo nas convenções, em julho.
Por falar em Moro…/ Ninguém entendeu por que o ex-juiz teve seu domicílio eleitoral negado, mas a mulher dele, Rosângela, pode ser candidata.
Arruda na fita/ Os 17% que José Roberto Arruda pontuou na pesquisa TV Record/Real Time/Big Data animou o PL a tentar carreira solo. O governador Ibaneis lidera com 28%, mas muita gente no PL considera que Arruda pode tirar essa diferença se obtiver o apoio de Bolsonaro. Reguffe (União Brasil) tem 16%, Leila Barros (PDT), 5%, e Leandro Grass (PV), que tem o apoio do PT, 4%.
Demorou/ Só hoje o ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, dará explicações às autoridades britânicas sobre o desaparecimento do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo. A ordem no governo é deixar claro que, desde domingo, quando a pasta soube do desaparecimento, tudo foi feito para localizá-los.
O MDB de Minas Gerais levará Simone Tebet ao estado pelo menos duas vezes antes da convenção. Seus integrantes têm esperança de que a senadora protagonize no Brasil o que ocorreu em Minas, quando Antonio Anastasia (PSDB) e Fernando Pimentel (PT) disputaram o governo do estado em 2018. Romeu Zema (Novo) deu a volta nos dois, na última semana da corrida eleitoral, e venceu a parada. “Os dois tinham rejeição alta e perderam. Se Simone Tebet conseguir captar esse sentimento, estaremos no jogo”, diz o deputado Newton Cardoso Jr.
Por falar em Simone…
O PSDB tende a apoiar a senadora, mas alguns não estão tão convencidos assim. O deputado Aécio Neves (MG), por exemplo, planeja ir ao encontro do partido hoje para defender a candidatura própria dos tucanos.
Zerar tributos de combustíveis é o “Plano Real” de Bolsonaro
Num jantar com a bancada mais afeita ao seu setor, o ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, disse em alto e bom som ao deputado Danilo Forte (União Brasil-CE): “Você salvou o governo. Muito obrigado”. Danilo Forte é autor do PLP 18/22, que limita a cobrança de ICMS dos combustíveis e energia, e serviu de pontapé para as negociações em torno de projetos para reduzir o preço do diesel e da gasolina. Se der certo, trará benefícios eleitorais ao presidente Jair Bolsonaro (PL). “Não interessa a cor do gato, o importante é que pegue o rato”, diz Forte, que acredita piamente na redução do preço do combustível na bomba, ou na amenização dos efeitos de reajustes.
O ex-presidente Lula já se posicionou contra o texto. Líder das pesquisas de intenção de voto, disse que Bolsonaro deveria ter coragem de pedir à Petrobras que parasse com os reajustes vinculados ao mercado internacional. Bolsonaro já tentou, mas ainda não conseguiu. A aposta na redução dos impostos é o que o governo considera viável no curto prazo. Se der certo, Lula ouvirá dos bolsonaristas o mesmo que ouviu, quando o Plano Real deu resultado, em 1994. O PT foi contra e o posicionamento lhe custou a eleição daquele ano, em que o petista também liderava as pesquisas. Alguns integrantes do PT têm o mesmo receio agora. Afinal, a história, muitas vezes, se repete.
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E por falar em Lula, o mapa da fome que apontou 33 milhões de brasileiros em situação de insegurança alimentar — uma alta de 14 milhões em relação ao último levantamento —, é visto no PT como a linha mestra do programa de governo. A aposta é de que a população tem a memória de criação do Bolsa Família e que, por aí, será possível assegurar a volta de Lula ao Planalto.
Muita calma nessa hora
O projeto que o PT encaminhou aos partidos com diretrizes para um plano de governo, com fim do teto de gastos e da reforma trabalhista, foi tão criticado por aliados que os próprios petistas estão pedindo calma a todos. Afinal, o texto não passa de uma carta a ser discutida e reformulada ao longo dos debates.
Curtidas
Conversa paulista/ O ex-governador de São Paulo João Doria retoma suas atividades empresariais e políticas com um forte zunzum de que poderá ser candidato a deputado federal para puxar bancada.
Diferenças/ No Planalto, diz-se que Bolsonaro não pedirá para que Damares Alves desista de concorrer ao Senado. Isso porque a avaliação é de que a ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos é Bolsonaro raiz, enquanto Flávia Arruda (PL-DF), também pré-candidata ao Senado, está Bolsonaro por conveniência política.
Consulta/ No intervalo do CB.Poder de ontem, com Damares, ela vira para assessoria e pergunta: “Estou muito brava?”
Inversão dos fatores/ Uma parte do PSDB acredita que, embora o MDB resista a ceder a cabeça de chapa no Rio Grande do Sul, será possível insistir nisso quando os tucanos apoiarem Simone.
A decisão da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) em relação à cassação de Fernando Francischini retoma o kit fake news que havia sido colocado na roda em 2021 pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na avaliação de alguns juristas, o veredicto vai além: coloca as redes sociais no mesmo patamar de rádio e tevê no quesito propaganda eleitoral. Ou seja, quem avançar o sinal com notícias falsas sobre as urnas ou candidatos estará sujeito a punições severas.
Diante desta constatação, à turma de Francischini, hoje, e a de quem mais chegar amanhã, restará reclamar à Justiça e tentar provar que não propagou fake news. Até mesmo se for o presidente da República candidato à reeleição. Duvidar das urnas é um direito, mas daí a afirmar categoricamente que houve fraude sem comprovação apenas para tumultuar o processo eleitoral, as consequências virão.
Sempre pode piorar
A revisão do PIB global para baixo feita pelo Banco Mundial, de 4% para 2,9%, é sinal de que a vida do governo não será fácil em plena campanha eleitoral. E nessa toada, há um receio de que, se demorar muito, o teto do ICMS de 17% para os combustíveis não será sentido pela população.
A guerra de “narrativas”
A proposta para conter a alta dos preços dos combustíveis tem agora dois discursos. O da oposição é o de que a redução do ICMS vai tirar dinheiro da saúde e da educação. A narrativa do governo é a de que perda de arrecadação será compensada, e não votar o pacote de redução dos impostos será o mesmo que querer manter os preços elevados.
É no Sete de Setembro
Os bolsonaristas pretendem fazer uma megamanifestação no Sete de Setembro deste ano eleitoral para demonstrar a força do presidente da República e, de quebra, mandar um recado ao Supremo. E, desta vez, não terá Michel Temer para intermediar a paz entre o ministro Alexandre de Moraes e Bolsonaro.
Enquanto isso, na seara da imprensa…
A pedido de diversas instituições, a Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Deputados fará uma audiência pública para avaliar a segurança dos profissionais de imprensa na campanha eleitoral. Diante de ameaças por parte de extremistas, todo cuidado é pouco.
Uma rodada sem jogar/ Analistas consideram difícil Sergio Moro conseguir manter o domicílio eleitoral em São Paulo, depois da recusa do Tribunal Regional Eleitoral. Já tem muita gente disposta a aconselhá-lo a ser candidato no Paraná, ou se prepare para a próxima rodada, em 2026.
Detalhe/ Sergio Moro tem 49 anos, faz 50 em agosto. Logo, ainda tem muito tempo pela frente para concorrer ao Planalto ou ao Senado no futuro.
Vou ali…/ Enquanto o presidente Jair Bolsonaro corre contra o tempo para convencer o Congresso a lhe dar uma ajuda nas eleições, aprovando a PEC que prevê subsídio para os combustíveis, o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, estará na Europa. Embarcou ontem no voo que liga Brasília a Lisboa, e, de lá, segue para Paris, onde participará da reunião da OCDE.
… e já volto/ No mesmo trajeto estava o secretário-executivo do Ministério da Economia, Marcelo Guaranys. Com o ministro da Economia, Paulo Guedes, dedicado a cuidar da PEC dos combustíveis, Guaranys e Ciro Nogueira vão cuidar do que falta para que o país ingresse na Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico.
Colaborou Vicente Nunes
A desconfiança de Bolsonaro em relação às urnas eletrônicas não mudará até a eleição e mesmo depois do pleito, caso seja derrotado. Ele está convencido de que as pesquisas não refletem o que ele encontra nas ruas pelo país afora.