Autor: Denise Rothenburg
As atitudes do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para garantir a votação e a aprovação da emenda constitucional que amplia o Auxílio Brasil e cria um voucher para caminhoneiros levaram oposicionistas a Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), ministro das Cidades do governo Dilma Rousseff. Em tom de desabafo, reclamavam dos atropelos regimentais para aprovar a proposta. No ano passado, Lira foi escolhido candidato do PP ao comando da Casa, deixando Aguinaldo sem lastro para a disputa. Por esses dias de correria para aprovação da PEC, os petistas lhe rendiam homenagens nos bastidores.
Se Aguinaldo se reeleger deputado federal e Lula for eleito para um terceiro mandato de presidente da República, está aí o nome dentro do próprio PP para concorrer contra Lira. Por enquanto, Aguinaldo joga parado.
Vem confusão aí
Na madrugada de ontem, em conversa com alguns deputados, o presidente da Câmara, Arthur Lira, xingava os representantes da Lumen, a operadora que presta serviços de internet à Casa. E a todos os parlamentares avisava: “Isso não vai ficar assim”.
Segure as pontas
Na conversa que manteve com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, o ex-presidente Lula tratou de pedir que estejam todos preparados para garantir a posse de quem vencer a eleição presidencial deste ano. Líder nas pesquisas, o petista teme que, se as urnas confirmarem as pesquisas, Bolsonaro tente dar um golpe.
Agora, vai ter de comparecer
Com o apoio do PSB de São Paulo a Fernando Haddad, os socialistas vão cobrar uma presença mais forte de Lula em Pernambuco em apoio a Danilo Cabral, pré-candidato ao governo. Se fizer corpo mole, vai ficar difícil.
Por falar em PSB…
O deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) vai insistir na candidatura ao Senado e possui lastro para isso. O presidente do partido, Carlos Siqueira, tem deixado o parlamentar bastante à vontade para seguir com a sua pré-campanha por lá.
Cenários/ Em conversa no cafezinho da Câmara, as deputadas Bia Kicis e Flávia Arruda, ambas do PL do Distrito Federal, comentavam o xadrez político local. Até aqui, Flávia continua como pré-candidata ao Senado, e José Roberto Arruda, marido dela, pré-candidato a deputado federal, para puxar votos e bancada do PL, em parceria com Kicis.
Assim fica difícil/ O formato virtual para a convenção que escolherá Simone Tebet candidata a presidente da República contrasta com os grandes atos marcados para o lançamento de Jair Bolsonaro, no Rio de Janeiro; Lula, em São Paulo; e Ciro Gomes, em Brasília. Quem quer ser conhecido tem de mostrar movimento.
Atenção, me recebam/ Presente ao tradicional almoço da bancada do União Brasil das quartas-feiras, o pré-candidato do partido ao Planalto, Luciano Bivar, aproveitou para convocar todos à convenção que fará dele candidato a presidente da República, marcada para 5 de agosto, em São Paulo. “Estou percorrendo o Brasil”, disse, já comunicando aos deputados a sua agenda.
Jogo triplo/ O apoio do PSD do Rio de Janeiro à candidatura de Rodrigo Neves (PDT) ao governo do estado põe o PSD carioca no colo de Ciro Gomes. O partido apoia Tarcísio de Freitas em São Paulo, e, em Minas Gerais, tem parceria com o PT. Seja quem for o presidente da República, o PSD terá uma ponte para o governo federal.
Em conversas com emedebistas e empresários durante a passagem por Brasília, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deixou claro que, ao longo do período de campanha oficial, correrá atrás daqueles que resistem à polarização e querem dar chances a outros nomes. O alvo principal é o MDB, de Simone Tebet, e o PSD, que ficará neutro na eleição presidencial — e em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, selou parceria com o ex-ministro de Infraestrutura Tarcísio de Freitas, do Republicanos, o candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL).
A investida do PT vem calcada em três palavras: “credibilidade”, porque Lula já foi presidente; “estabilidade”, porque ele se mostra disposto ao diálogo com todas as forças políticas; e “previsibilidade”, pois não pretende flertar com tentativas de golpe.
Só tem um probleminha: os empresários que conversaram de forma mais alentada com Lula não receberam do ex-presidente qualquer vislumbre de projeto econômico. E enquanto o petista não apresentar um projeto que garanta menos intervencionismo do Estado na economia, não fecharão com o PT.
O recado da PEC
O placar do primeiro turno da PEC 15, que aumenta o valor do Auxílio Brasil e cria o voucher caminhoneiro, deixou claro que o PP de Arthur Lira (AL) e o próprio Bolsonaro, aos poucos, aprenderam a jogar num campo no qual, até aqui, o PT reinava sozinho: o dos benefícios sociais.
Vai tudo para…
Ao longo do dia, no Plenário, vários discursos contrários. Mas, no painel, 393 votos a favor da concessão dos auxílios foi um sinal de que o governo deixou o PT em xeque no campo onde o partido de Lula sempre reinou praticamente sozinho.
… o horário eleitoral
Os bolsonaristas registraram vários discursos para pinçar as partes em que criticavam a concessão dos benefícios em ano eleitoral.
Com 5G e acontece isso?!
O sistema de votação ficar fora do ar justamente na hora da análise da PEC das Bondades, ou Kamikaze, foi considerado estranho pelos líderes aliados ao governo. Especialmente porque, em Brasília, o 5G já está funcionando. A informação era de que, pelo menos, 60 deputados não conseguiram votar pelo aplicativo. Esta quarta-feira será de pura confusão.
Moraes para contê-los/ Ao manter em aberto o inquérito das milícias digitais por mais 90 dias, a ideia do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), é evitar que essa turma ultrapasse os limites no período eleitoral.
Sai daí rapidinho/ Ao fazer chamada de vídeo para parentes de Marcelo Arruda, o petista assassinado no dia do aniversário de 50 anos, em Foz do Iguaçu, Bolsonaro cumpre conselhos daqueles que torcem para vê-lo mais calmo e evitando radicalizações na campanha. Afinal, se quiser vencer em outubro, terá que conquistar votos ao centro.
Tá vendo aí/ Na abertura do Fórum do Leite, uma voz rouca tentou ecoar um “Bolsonaro 2022”. Ouviu poucas palmas no auditório lotado do Sebrae, em Brasília. A surpresa, porém veio no segundo painel, quando o mestre de cerimônia chamou o presidente do Banco do Brasil, Fausto de Andrade Ribeiro, de “presidente do Brasil”. Foram tantos aplausos e assobios, que Ribeiro não descartou “um dia”, quem sabe, concorrer ao Planalto.
Assim não dá/ A deputada Celina Leão (PP-DF) ficou tão estarrecida que colocou em suas redes sociais o aumento do número de seguidores do “tarado da sala cirúrgica”, o médico Giovanni Quintella Bezerra, preso depois de ser flagrado estuprando uma mulher durante o parto. “Depois do ocorrido, o anestesista ganhou mais de 10 mil seguidores. São essas pessoas que queremos seguir como exemplo?”, pergunta Celina.
Gilberto Amaral/ Um ícone da cidade se foi, ontem. Ficam aqui nossas condolências à mulher, Mara, e aos filhos, Rodrigo, Bernadete e Marcelo.
Colaborou Rosana Hessel
A retirada do dispositivo que pretendia tornar obrigatória a liberação das emendas de relator do Orçamento foi vista nos bastidores do Congresso como a tábua à qual o senador Marcos do Val (Podemos-ES) se agarrou para tentar atenuar as denúncias de ter sido favorecido nessas propostas. Do Val atende a oposição e faz valer o discurso de que essas emendas jamais foram questão prioritária para ele.
Os parlamentares, de um modo geral, também consideram que é preciso dar uma freada de arrumação nessas emendas. Afinal, há uma coleção de denúncias sobre o orçamento secreto. E, agora, com essa retirada, a avaliação de alguns é de que, se houver problema, o Executivo terá sua parcela de culpa, porque liberou recursos sem prestar atenção naquilo em que aplicava os recursos da União.
O fim do diálogo
O Instituto Locomotiva quis saber como está a capacidade de diálogo do brasileiro quando o tema é política. Descobriu que o país desaprendeu a conviver com as diferenças de pensamento. Sete em cada 10 pessoas com opiniões diferentes em geral não dialogam bem no país.
Medo de conversar
Apenas 27% costumam dialogar bem e ter uma conversa construtiva. 73%, não. Quando a pergunta é sobre expor a opinião, 38% nunca expõem o que pensam, enquanto 36% apresentam suas posições políticas e defendem com força seus pontos de vista.
Nem tudo está perdido
O Locomotiva descobriu que 41% dos brasileiros têm alta tolerância política. Mas é preciso ficar atento, porque a elevada intolerância é uma doença que atinge 25% dos cidadãos.
Veja bem
Nos extremos, estão os mais intolerantes. 32% dos esquerdistas se dizem intolerantes, assim como 32% dos direitistas. E é aí que mora o perigo de assassinatos, como o que ocorreu em Foz do Iguaçu. Em tempos de eleição, é preciso estar atento.
Jogo casado/ Ao pedir o adiamento da votação a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o líder do Novo, Marcel Van Hatten (RS), não só segurou a obrigatoriedade das emendas de relator, como ajudou a adiar a análise da PEC das Bondades. A aposta geral é de que a sessão de hoje, marcada para votar a proposta de emenda constitucional, corre riscos, uma vez que com tantos projetos orçamentários e vetos para deliberar, além da própria LDO, torna a sessão desta manhã muito apertada para ajustar tudo.
Chamariz/ O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), porém, deixou para amanhã uma sessão de análise dos projetos dos parlamentares. É um dos estímulos para que a turma não vá embora e permaneça por Brasília até quinta-feira, para a sanção da PEC das Bondades. A avaliação é de que a PEC tem votos favoráveis de sobra. Falta organizar a hora de votar, para garantir que os deputados não estejam em trânsito.
Lula sai da toca/ Até o mês passado, o ex-presidente estava praticamente restrito a eventos fechados de seus apoiadores. Agora, circula entre públicos não tão favoráveis e, inclusive, com eventos de rua. Hoje, na Confederação Nacional do Comércio (CNC), os diretores torcem para que ele e Geraldo Alckmin finalmente exponham pontos do projeto econômico.
O apoio do PSD de Gilberto Kassab à candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos) enfraqueceu os argumentos para que o ex-governador Márcio França mantivesse a sua peça no tabuleiro para o governo de São Paulo. Por isso, ao ser informado ja na semana passada que corria o risco de ficar isolado e dividir os partidos de esquerda e de centro=esquerda, ele fechou o apoio ao petista Fernando Haddad para o governo paulista. Agora, será candidato ao Senado. “Todos temos que fazer a nossa parte. Lá atrás, me comprometi que quem tivesse melhor nas pesquisas, seria o candidato. Haddad criou mais condições. Aqui, vocês sabem, tem palavra”, diz Márcio, num vídeo enviado a seus apoiadores para explicar a desistência da disputa ao Palácio dos Bandeirantes. “O mais importante é garantir a democracia”, diz ele.
Além da candidatura de França ao Senado, o PSB pretende ainda colocar o ex-prefeito de Campinas, Jonas Donizete, como candidato a vice na chapa de Fernando Haddad, o que deixa o Psol de Guilherme Boulos em segundo plano. Boulos será candidato a deputado federal, para puxar bancada de seu partido, mas planejava apresentar Juliano Medeiros, presidente do partido, como candidato a vice de Haddad. Aliás, o Psol já decidiu ainda que não apoiará França ao Senado e lançará o seu candidato. A turma de Guilherme Boulos avalia que o PSB é menor do que o PSol em São Paulo, portanto há mais condições de ter sucesso numa campanha ao Senado. Em relação à vice-governadoria, Donizete é visto como alguém que tem maior densidade eleitoral do que um nomeado Psol.
Liberado para concorrer a um mandato eletivo este ano, o ex-governador já começou a se movimentar. Discretamente, conversou com o líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas, que confirmou a candidatura tucana ao GDF. Manteve contatos com a cúpula nacional do União Brasil, partido que tem o senador Reguffe no papel de pré-candidato ao governo local. Arruda já foi do DEM, legenda que se juntou ao PSL para formar o União Brasil. Tem muitos amigos na sigla e recorreu a eles para sondar a respeito de uma possível aliança.
Quem tem tempo…
…não tem pressa. Arruda tem até o início de agosto para definir seu futuro político e usará esse prazo. Vale lembrar que, em 2018, Ibaneis Rocha decidiu ser candidato a governador apenas em agosto. E venceu.
Para o bem ou para o mal, Arthur Lira é o grande líder do governo
Nos tempos dos governos de Fernando Henrique Cardoso e de Lula, seria normal os líderes do governo emprestarem seus gabinetes para que os ministros políticos recebessem os deputados e cabalassem votos em favor das propostas governamentais. Essas situações hoje são raras. Por esses dias, ao longo das negociações da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que amplia o Auxílio Brasil e cria o auxílio-caminhoneiro, quem fez esse papel foi o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Ao contrário de outros governos, ninguém precisou pedir a ele que adiasse a votação da PEC. Para o bem ou para o mal, ele é o grande líder do governo.
E, embora alguns integrantes do PP fiquem constrangidos, Lira não largará essa função e trabalhará, ao longo do fim de semana, para garantir os votos em favor da PEC. Afinal, independentemente de Bolsonaro, o parlamentar quer o discurso de que aprovou e concedeu um alento maior àqueles que mais necessitam.
São dois turnos, e ponto
O ex-presidente Lula, bastante pragmático, já avisou ao seu pessoal que pare de falar em primeiro turno. O partido sempre venceu em dois turnos e tem de se preparar para esse cenário.
Aí, não/ O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, não acreditou no que estava ouvindo quando a deputada Paula Belmonte disse que apoiaria o senador Izalci Lucas ao GDF, caso o líder tucano no Senado renunciasse ao mandato para que o primeiro suplente, Luiz Felipe Belmonte, marido dela, ocupasse a vaga. Foi ali que ela perdeu qualquer chance de fazer valer a sua vontade de levar a federação a apoiar Reguffe. Os tucanos contam que Bruno não entendeu como uma deputada de 46 mil votos fazia uma proposta dessas a um senador que obteve 406 mil e é o líder do partido.
Abriu e voou/ Na sessão mais rápida da história do Parlamento, aquela que durou um minuto, na manhã de ontem, o vice-presidente Lincoln Portela cumpriu o roteiro combinado com Arthur Lira e saiu da Câmara direto para o aeroporto, rumo a Montes Claros (MG). Estão todos focados na pré-campanha.
Aliás…/ No início da noite, quando Lira encerrou a sessão, inúmeros deputados estavam em voos pelo Brasil afora ou em compromissos de pré-campanha. Agora, o presidente da Câmara exigirá a presença em Brasília na terça-feira.
O governo já se arrependeu de não ter batido o pé lá atrás, em 2019, contra a ampliação das emendas de relator, as tais RP9, apelidadas de orçamento secreto. Em conversas reservadas, os auxiliares do presidente têm dito que o Poder Executivo “terceirizou a bondade”, ou seja, deu de bandeja plenos poderes para o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Alguns políticos ligados ao Planalto sondaram congressistas sobre a possibilidade de rever essa modalidade. A resposta foi negativa.
No Congresso, hoje, prevalece a visão de que o Poder Executivo permitiu que o “gênio” ou o “monstro” saísse da garrafa. Agora, não volta mais. A expectativa é de que todas as emendas em 2023 consumam algo em torno de R$ 32 bilhões, considerando aí as de relator, as individuais e as de bancada e comissões técnicas.
Se não der para atrasar…
…Empate o jogo. A oposição já definiu que votará a favor, se não conseguir adiar a votação da proposta de emenda constitucional que amplia o valor do Auxílio Brasil e cria outros benefícios, a tal PEC das Bondades ou PEC Eleitoral. Votos contrários serão escassos, como ocorreu no Senado.
Reclama, mas deixa quieto
Muito vai se falar sobre a irresponsabilidade de aumentar o Auxílio Brasil em pleno ano eleitoral. Vem por aí, inclusive, uma avaliação do Tribunal de Contas da União (TCU), pedida pelo procurador da República junto ao tribunal. Entre os ministros do TCU, a ideia é frisar que é preciso cuidado com o equilíbrio fiscal, mas ninguém vai sustar a PEC fruto de acordo entre dois Poderes, Legislativo e Executivo, ainda mais aprovada por ampla maioria.
Prioridade é a Câmara
O Progressistas, do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, já definiu que, no plano nacional, fechará a aliança formal com o PL pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro. Mas, nos estados, jogará suas fichas onde for melhor para construir bancada. A intenção é continuar como a segunda força da Câmara dos Deputados.
Pragmatismo eleitoral
Da mesma forma que Lula buscou Geraldo Alckmin para tentar agregar votos do centro, Tarcísio de Freitas faz o mesmo em São Paulo, fechando uma aliança com o PSD de Gilberto Kassab. Aliás, o projeto de Kassab agora, assim como o do PP, é eleger deputados federais. Como a esquerda já está ocupada, o PSD faz a curva à direita para ver se consegue mais votos no maior colégio eleitoral do país.
Promessa é dívida/ O relator da PEC das Bondades, Danilo Forte (União Brasil), assina o parecer a ser lido em plenário, uma vez que será o parecer que virá da comissão especial. Mas caberá ao deputado Christino Áureo, do PP-RJ, encaminhar a votação. Áureo estava escalado para relatar a PEC 16, a das Bondades, mas, como foi juntada à PEC 15, dos biocombustíveis, ficou tudo com Danilo, que leu o seu parecer sob os protestos dos oposicionistas.
Pré-campanha/ A cessão do encaminhamento em plenário a Áureo faz parte dos movimentos de Arthur Lira para mais um mandato de dois anos no comando da Câmara.
Ainda não acabou/ Embora a base aliada ao governo e o Centrão queiram liquidar a fatura da PEC e da Lei de Diretrizes Orçamentárias esta semana, na próxima tem votações dos projetos de interesse dos deputados. É aí que mora o perigo.
Por falar em perigo…/ Segurança redobrada, hoje, para o ex-presidente Lula no Rio de Janeiro. A ideia é colocar revista para quem quiser subir ao palco e ficar na linha de frente do palanque montado na Cinelândia.
Vitor Procópio Trindade/ Fica aqui os meus mais profundos sentimentos pela passagem do médico de 27 anos, filho do jornalista José Maria Trindade, que morreu tentando salvar vidas. Vitinho, como era conhecido por amigos e familiares, é mais uma vítima da imprudência nas estradas brasileiras.
Oposição muda estratégia e perde o relator da PEC das Bondades
Ao perceber que a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) das Bondades, ou do “desespero”, pode beneficiar o presidente Jair Bolsonaro, a oposição mudou a estratégia. Em vez de simplesmente votar a favor, para aprovação do projeto ainda esta semana, a ordem é cobrar do comando da Câmara mais tempo para debater o texto. Assim, avaliam alguns, não dará tempo para surtir efeitos eleitorais que, embora pequenos, podem ajudar o governo.
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A obstrução dos oposicionistas levou o relator, Danilo Forte (União Brasil-CE), a fechar com o governo. Seu relatório será pela manutenção do texto aprovado no Senado, de forma a não permitir alterações que levem a proposta a uma nova rodada de análise pelos senadores. Ele vai na linha de que, quem tem fome, tem pressa. O desafio para o governo agora é conseguir segurar os deputados em Brasília para votação da PEC na quinta-feira em plenário. A tendência é de aprovação.
Onde mora o diabo
A ida do ex-presidente Lula a um almoço na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) abre o diálogo, mas ainda não sela compromissos. O empresariado quer saber do petista detalhes sobre o projeto econômico, algo que Lula ainda não abriu. O que se sabe até agora foi dito pelo economista Guilherme Melo, que defende abertamente a taxação de lucros e dividendos.
Destravou
Ao aceitar retirar a candidatura do senador Fabiano Contarato (PT-ES) ao governo do Espírito Santo para apoiar a campanha pela reeleição de Renato Casagrande (PSB), o PT dá a senha para o ex-governador de São Paulo Márcio França retirar sua pré-candidatura para apoiar Fernando Haddad (PT). O anúncio será feito neste sábado.
Caminho fechado
Os estrategistas do Senado consideram que, ao ler hoje o pedido de criação da CPI do MEC em plenário, o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, impede que o Supremo Tribunal Federal mande instalar a CPI, uma vez que o colegiado estará oficialmente criado. O raciocínio dos senadores é o de que o resto, data e melhor momento para instalação, é direito da maioria escolher.
Muito além do Planalto
A posse prestigiada por parlamentares, como a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina, foi uma demonstração de que a presidente da Caixa, Daniella Marques, chega com lastro ao cargo. Ela é considerada uma das auxiliares de Paulo Guedes que mais têm trânsito no Parlamento.
O “Serra” da Câmara/ O deputado Pedro Paulo (PSD-RJ) avisa que votará contra a PEC das Bondades. “Voto com o Serra. Essa PEC é um absurdo. O abandono da Lei de Responsabilidade Fiscal”, diz ele à coluna.
Lá, ficou sozinho/ Para quem não se lembra, José Serra foi o único voto contrário à PEC das Bondades no Senado, semana passada.
Revolta geral/ A PEC das Bondades, aliás, fez com que muitos deputados fossem obrigados a mudar os planos para julho. Esta semana, os parlamentares pretendiam que fosse a última antes do recesso que, diz a lei, começa em 17 de julho. Ocorre que a Presidência da Câmara, por enquanto, não liberou o sistema de votação remoto. “Vamos ter que vir aqui só apertar botão!”, reclamava um deputado.
Livro novo na praça/ O cientista político Alberto Carlos Almeida e o geógrafo Tiago Garrido autografam hoje em Brasília, o livro A Mão e a luva, o que elege um presidente. A obra traz uma análise das eleições presidenciais desde o processo de redemocratização, com foco no padrão de comportamento da opinião pública no processo eleitoral. O bate-papo com os autores está marcado para esta quarta-feira, das 15h às 17h, no Plenário 3 da ala das comissões da Câmara dos Deputados.
Ao deixar a CPI do MEC para depois das eleições, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e a maioria dos líderes da Casa tiram de cena um palco de embates num processo eleitoral que promete ser bastante tenso. Embora o cronograma não esteja tão fechadinho como deseja o governo e a oposição ameace ir ao Supremo Tribunal Federal, vem aí um “pulo do gato”. A intenção dos líderes é fazer a leitura do pedido de CPI em plenário, apontando para a sua instalação. Porém, feito isso, entra a fase dois, onde vem a manobra dos governistas. Com a campanha em curso, eles planejam adiar a indicação dos integrantes da CPI para outubro.
A decisão dos senadores, desta vez, é diferente daquela tomada lá atrás, na época da CPI da Pandemia. Na época da CPI da Pandemia, o pedido simplesmente não foi lido em plenário e o STF mandou criar a Comissão Parlamentar de Inquérito. Agora, o pedido de criação CPI está previsto para ser lido amanha, em plenário. A expectativa dos líderes aliados ao governo é a de que a leitura do pedido em plenário seja suficiente para evitar que o Supremo Tribunal Federal (STF) interceda e mande instalar a Comissão. Esses senadores acreditam que, da mesma forma que Pacheco e mitos senadores líderes procuram distensionar o ambiente deixando a investigação no Legislativo para depois das eleições, o STF também terá a chance de considerar o andamento dos trabalhos, o “pós-leitura”, seja tratado como a prerrogativa da maioria dos senadores fixar a velocidade dos trabalhos.
Pacheco tem dito que pode juntar as duas CPIs do MEC, uma que pede a investigação de obras com recursos da educação nos tempos do governo petista, e esta, pedida recentemente, para investigar privilégios a pastora evangélicos no MEC e se houve algum malfeito pro parte do ex-ministro Milton Ribeiro. Mas tudo caminhará apenas depois das eleições, conforme desejo da maioria dos líderes. Se os senadores aliados ao governo conseguiram jogar a CPI para escanteio, os próximos dias dirão. Afinal, o jogo do Senado está traçado, mas falta combinar com os outros atores.
PEC das Bondades terá custo altíssimo a ser pago por todos nós
Coluna Brasília-DF, por Carlos Alexandre de Souza
O trator legislativo que se transformou a PEC das Bondades carrega um custo altíssimo para a sociedade brasileira, particularmente para o próximo presidente da República, independentemente de quem sair vitorioso das urnas. A lista de benefícios ultrapassa os R$ 50 bilhões e pode aumentar, pois não há sinal de que os partidos de oposição ou independentes resistirão ao consenso de estender benefícios à população mais vulnerável e a categorias profissionais diretamente afetadas pela alta de combustíveis.
A lógica expansionista e eleitoreira que conduz a PEC das Bondades deixa para o futuro, no entanto, um remédio amargo para conter tanta generosidade com o dinheiro público. Até aqui, as estimativas do Banco Central consideravam uma possível redução na taxa básica de juros a partir de 2023. Com a bomba fiscal em gestação no Congresso, prevista até o fim de 2022, não resta outra alternativa à autoridade monetária do que rever os cálculos. E aos brasileiros, apertar o cinto. O preço a ser pago por tanta benevolência virá alto.
Pela Educação
A Frente Parlamentar da Educação estima uma perda de R$ 26,5 bilhões por ano em recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) com o veto do presidente Jair Bolsonaro (PL) a um dispositivo da lei do teto de ICMS que garantia os repasses. “É mais um ataque do presidente à educação brasileira. Vamos lutar para derrubar o veto de Bolsonaro e garantir a recomposição integral dos recursos para a Educação”, disse o deputado professor Israel Batista (PSB-DF), que preside a Frente.
A verdade digital
Frances Haugen, ex-gerente que revelou a leniência do Facebook na disseminação de conteúdo tóxico e informações falsas em suas plataformas, participa de audiência hoje na Câmara dos Deputados. Em sessão conjunta das Comissões de Legislação Participativa e de Ciência e Tecnologia, a engenheira norte-americana falará sobre fake news e os acordos firmados entre as big techs e a Justiça Eleitoral.
O certo e o torto
O almoço cancelado pelo presidente Jair Bolsonaro em nada diminuiu a satisfação de Marcelo Rebelo de Sousa na visita ao Brasil. O chefe de Estado português encontrou-se com três ex-presidentes, viu seu país ser o grande homenageado na Bienal Internacional do Livro de São Paulo e recebeu a simpatia de — quase — todos os brasileiros, anônimos ou famosos.
Em alta
A embaixadora Maria Luiza Ribeiro Viotti é um dos nomes cotados para comandar o Ministério das Relações Exteriores caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença a corrida ao Planalto. Economista e diplomata de carreira, Viotti é da confiança do ex-ministro e embaixador Celso Amorim, principal conselheiro de Lula em política externa.
STF de plantão
O Supremo Tribunal Federal manterá um ritmo de trabalho diferenciado no recesso de julho. O presidente da Corte, ministro Luiz Fux, e a vice-presidente, Rosa Weber, dividirão o expediente durante o mês. Dos dias 2 a 15, Rosa responderá pela presidência do tribunal. Entre 16 e 31 de julho, caberá a Fux analisar questões urgentes que se apresentarem ao colegiado. Cinco ministros, contudo, continuarão trabalhando. São eles: Gilmar Mendes, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Alexandre de Moraes e André Mendonça.
Transparência
O Tribunal Superior do Trabalho incrementou o atendimento à imprensa. Em uma página virtual, jornalistas poderão entrar em contato com a Coordenadoria de Editoria e Imprensa, cadastrar-se na lista de transmissão, enviar pedidos de informações para pautas, acessar estatísticas do TST e da Justiça do Trabalho.
Saudade
Amigos e familiares promovem, neste sábado, uma cerimônia em memória do fotógrafo Sergio Amaral. A homenagem começa às 10h30, na Chácara Leão da Serra, no Taquari. As cinzas serão depositadas nas raízes de uma muda de ipê rosa, plantada no dia, ao som da música de Sergio Duboc e Renato Matos.