Coluna Brasília-DF/ Por Rodolfo Costa (interino)
A prisão do ex-presidente Michel Temer acendeu o alerta na Câmara. Para aliados do governo, a ala do Centrão mais próxima do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), vai tentar empurrar a culpa para o ministro da Justiça, Sérgio Moro. O ex-juiz é amigo do titular da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, Marcelo Bretas, que autorizou a prisão do emedebista. O embate recente entre Maia e Moro em torno da tramitação do pacote anticrime leva parlamentares a crer, ainda que timidamente, que os mais fiéis ao demista, sobretudo deputados do DEM e do MDB, vão empurrar narrativas nos bastidores para desgastar o ministro.
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Para se anteciparem a uma possível fritura do ministro, deputados da Frente Parlamentar da Segurança Pública estão se mobilizando para atuar nas redes sociais e blindar Moro. A dúvida dos parlamentares é como calibrar a defesa nas mídias, sem criar atritos e demais ruídos com os outros deputados. Afinal, buscam o bom relacionamento para aprovar a reforma da Previdência. A dúvida é como lidar com o MDB na equação.
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A leitura na Câmara é de que o MDB vai trabalhar para se blindar e negociar com o governo a sobrevida do partido na Esplanada, após a prisão de Temer. A continuidade de emedebistas no governo, que ocupam cargos de baixo escalão e o Ministério da Cidadania, pode provocar atrito com a bancada do PSL e acalorar o embate entre a “velha e a nova política”. Esse, por sinal, é o entendimento feito por parlamentares ao explicarem a queda de ontem da Bolsa de Valores de São Paulo, de 1,34%.
Os procuradores da Lava-Jato no Rio evitaram cair na pilha do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que classificou a prisão de Temer como “abuso de autoridade” e “espetáculo midiático”. Questionados sobre a declaração controversa, abandonaram a coletiva de imprensa e saíram à francesa, sem responder às acusações feitas pelo parlamentar.
A prisão de Temer promete reacender o debate pela aprovação do projeto que põe fim ao foro privilegiado. A proposta de emenda à Constituição (PEC) que trata do tema foi aprovada em comissão especial em dezembro e pode ser votada no plenário da Câmara. O texto conta com requerimento de urgência. Basta Rodrigo Maia pautar. Pressão não faltará. “Vamos pressionar para acabar com esse cobertor de corruptos, que é o foro privilegiado”, diz o líder do Podemos na Casa, José Nelto (GO).
A insistência de Sérgio Moro para aprovar o pacote anticrime foi vista por alguns na Câmara como uma reação desesperada ao perceber o próprio enfraquecimento político. A verdade é que o projeto não decolou, e a cobrança do ministro não agradou. Há até quem deu uma colher de chá e o aconselhou: ou reconhece o cargo político que ocupa e age politicamente convencendo os líderes na base do diálogo, ou perde capital político junto a um governo que luta para não desidratar.
A reforma dos militares conseguiu desagradar a gregos e troianos. Não são apenas lideranças políticas que torcem o nariz para o texto encaminhado na quarta-feira. Deputados que exerceram carreira nas forças auxiliares de segurança pública, como policiais militares ou bombeiros, falam que ainda tem muita batalha pela frente contra os oficiais das Forças Armadas. O discurso é de que os militares federais aceitaram, mas os estaduais, não. A briga, entretanto, vai ser comedida, sem estardalhaço.
CURTIDAS
Imperador da Previdência/ O secretário Especial de Previdência Social, Rogério Marinho (foto), foi recebido ontem com pompas por representantes do setor supermercadista. A recepção contou não apenas com uma comitiva de dirigentes da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), mas, também, com direito a reverência. O diretor de Relações Institucionais da entidade, Alexandre Seabra — responsável por fazer a ponte entre o setor e a classe política — se curvou diante do secretário, que logo tratou de pedir para o colega se recompor.
Requisitado/ A visita do secretário à 53ª edição da Convenção Abras foi curta, mas empolgou os empresários. Ele palestrou por cerca de 1h, dando a entender que os varejistas podiam se dar por satisfeitos, afinal, disse ter recebido mais de 50 parlamentares de oito bancadas para debater a reforma. E contou que, na próxima semana, receberá mais duas bancadas. “Dias duros, mas energizantes”, definiu Marinho.
Economês fluente/ O discurso do secretário de Previdência foi elogiado pelos supermercadistas. No entanto, até mesmo entre os mais entusiasmados na convenção, há quem ache que ele poderia ter sido mais didático e dado mais atenção ao grupo. Depois de palestrar, ele foi escoltado por lideranças do setor à sala VIP do evento e, de lá, só saiu para ir embora.
Siameses/ A relação entre Marinho e empresários vai continuar fortalecida. São irmãos siameses desde que o secretário era o relator da reforma trabalhista na Câmara, na última legislatura. A presença dele no relançamento da Frente Parlamentar do Comércio, Serviços e Empreendedorismo, é dada como certa. O evento da posse da diretoria ocorrerá no Clube Naval de Brasília, na quarta-feira.
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