Conversas & cargos
A classe política, de um modo geral, considera que Dilma Rousseff “já era”, apesar de todas as declarações dela em sentido contrário. O vice-presidente Michel Temer continua fora de qualquer conversa para assumir o poder, mas tem gente ligada a ele — e em quase todos os partidos, menos no PT — dedicada a isso. A sorte de Dilma, neste momento, é que, embora PMDB e PSDB convirjam no diagnóstico de que a presidente não tem condições políticas para debelar as crises, esses partidos não se entendem quanto à terapêutica para sair da encrenca e brigam pelo poder. O grupo tucano, capitaneado por Aécio Neves, está cada vez mais agarrado a pregar novas eleições, enquanto o de Michel Temer deseja que o vice-presidente assuma. É assim que termina a primeira semana de agosto. O ambiente é de conspiração geral.
Enquanto isso, na sala da presidente…
Dilma navega, atualmente, na perspectiva da reforma ministerial, na qual a presença de Lula no governo foi cogitada, mas não debatida seriamente com o ex-presidente. Parte do grupo do PT que prega a inclusão de Lula na equipe vislumbra, com o gesto, uma chance de tentar pôr um freio nas articulações dos peemedebistas para apear o PT do poder. Lula e Temer trabalhariam juntos no sentido de recuperar alguma estabilidade política para Dilma. Ou seja, o ex-presidente viraria o “bedel do Michel”.
Lula e a crise
Pesquisa qualitativa feita pela oposição ao PT em São Paulo mostra que o ex-presidente Lula não está no “volume morto”. Há muita gente dizendo que, no governo dele, conseguiu melhorar de vida. Ainda que seja um leão desgastado, não deixa de ser um leão.
Collor e Janot
Se o senador Fernando Collor (PTB-AL) tinha alguma perspectiva de tentar derrotar o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, essa chance se esvaiu com o discurso do senador esta semana na tribuna, diz o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima. “Não há hipótese de Janot não ser aprovado”, afirma.
Renan e Janot
Os senadores consideram que, se o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), fizer carga contra Janot ou tentar postegar a análise da recondução, pode terminar perdendo pontos. Renan ganhará se mantiver a postura institucional.
Cunha e Janot
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), não tem votos nem poder no Senado para derrotar o procurador. Sua esfera de atuação se restringe, hoje, à Câmara, onde, realmente, vale o que o ele disse: ali, ele tem mais poder do que Dilma Rousseff. Só tem um probleminha: a Câmara não apita na escolha do procurador-geral da República.
CURTIDAS
Estampa/ Nem a maquiagem escondeu as olheiras da presidente Dilma Rousseff no discurso de ontem em Roraima.
Pensando bem…/ Um amigo perguntava ontem a outro se havia alguma novidade na sexta-feira em relação à Lava-Jato: “Tem sim! A sexta-feira passou e ninguém foi preso!”. É, pois é…
Por falar em Lava-Jato…/ Deputados do PT na CPI da Petrobras disseram ao repórter Eduardo Militão que a união de “setores da Polícia Federal, do Ministério Público e do Judiciário” representa um “inimigo de todos”, não só dos petistas. Para eles, os métodos “levianos e irresponsáveis” usados na investigação da Operação Lava-Jato vão se repetir no futuro, seja num governo do PMDB, seja num do PSDB.
E o PMDB, hein?/ O deputado Danilo Forte (foto) resumiu assim o espírito do partido: “O vigor da governabilidade no PMDB é maior do que qualquer outro”. Em outras palavras, o partido não vai entrar nessa de novas eleições, tampouco acabar com o pouco que resta da economia nacional.
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