Os recados dados pelo eleitor, ontem, vão guiar os próximos passos dos políticos com projetos ousados para a eleição presidencial. Quem saiu animado do pleito foi o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o presidente do partido, Aécio Neves. Aécio, entretanto, ainda tem que passar pelo segundo turno em Belo Horizonte, enquanto Alckmin terminou a noite em comemoração final. Ele se mostrava mais feliz pelos movimentos que adotou ao longo do processo do que propriamente pela vitória — que já vem sendo atribuída ao fato de João Doria se apresentar como um gestor e não como um “poste de Geraldo”.
Dentro do PSDB paulistano, Alckmin deu uma “cotovelada” nos aliados do ministro das Relações Exteriores, José Serra, ao fazer de João Doria candidato a prefeito da maior cidade do país. É bom lembrar que Andrea Matarazzo, serrista, seguiu para o PSD de Gilberto Kassab. De comum acordo com Serra, Matarazzo virou candidato a vice na chapa de Marta Suplicy, desta feita, candidata pelo PMDB. A dupla terminou em 4º lugar, deixando o PMDB com o signo da derrota e Serra com a missão de correr para se livrar do prejuízo, se quiser mesmo ser candidato a presidente da República pelo PMDB.
Por falar em PMDB…
A derrota do PMDB no Rio de Janeiro é outro dado relevante. O prefeito Eduardo Paes fez uma Olimpíada aplaudida pelo Brasil e pelo mundo, mas não conseguiu transformar esse sucesso em votos para o candidato que praticamente impôs ao partido, apesar de todas as dificuldades de Pedro Paulo, em especial, no eleitorado feminino, depois da história de ter batido na mulher. A derrota no Rio não só tira de Paes o verniz capaz de levá-lo a pleitear uma candidatura presidencial, como deixa o partido no Rio de Janeiro sob o perigo de perder mais terreno em 2018. Para completar a tragédia eleitoral peemedebista, o candidato Marcelo Crivella (PRB) já afirmou que não quer conversa com o PMDB, apontado como parceiro do PT na Lava-Jato,. Conversará apenas com os eleitores. Agora, o PMDB, rejeitado, não quer saber de Michel Temer ajudando Crivella no segundo turno. O que, aliás, já é dado como certo no Planalto: o presidente ficará fora até para que depois não digam que puxou algum candidato para baixo.
E o DEM, hein?
Quem se apresenta firme no jogo para 2018 é o prefeito de Salvador, ACM Neto, reeleito ontem com mais de 70% dos votos. Sua gestão, para lá de bem avaliada, será observada com mais atenção nos próximos anos, até porque, dentro do DEM, seu nome já é citado como um possível candidato a presidente, embora ele se coloque mesmo para concorrer ao governo da Bahia.
A Rede furou…
Esse primeiro turno mostrou ainda que o eleitor “se lixou” para padrinhos. Prova disso foi o fraco desempenho da Rede de Marina Silva, que mostrou não ter lastro hoje para arrastar multidões. A sigla disputará o segundo turno em Macapá contra o ex-senador Gilvam Borges (PMDB), aliado do ex-presidente José Sarney. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde a ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente fez campanha, os candidatos tiveram um desempenho abaixo do que o partido classificaria de “modesto”.
… E o PT definhou
Ex-petista, Marina Silva termina esse pleito como o seu antigo partido. O PT esperava emplacar, pelo menos, quatro candidatos num segundo turno para se considerar vivo eleitoralmente rumo a 2018: São Paulo, Porto Alegre, Recife e Fortaleza. Os resultados tiveram efeito de um jato d’água nas pretensões petistas. O partido foi para o segundo turno apenas em Recife e por uma margem muito pequena. Para completar, os eleitores dos demais candidatos, mantidas as atuais condições de temperatura e pressão, tendem a seguir com Geraldo Júlio, uma vez que eleitores do DEM e do PSDB são tradicionalmente resistentes a votar no Partido dos Trabalhadores. Lula pode até tentar alavancar, mas, diante de uma rejeição geral aos padrinhos, periga atrapalhar.
O PSol brilhou
O PSol, por sua vez, se apresenta no cenário político como um possível herdeiro dos eleitores desencantados com o PT. No Rio de Janeiro, por exemplo, o partido chegou ao segundo turno. Resta saber se saberá ampliar ou se comportará como o PT na década de 1980, que se mostrava avesso a alianças. Se o PSol se isolar à esquerda com os históricos aliados do PT tende ao fracasso.
Enquanto isso, em outras capitais…
A primeira temporada eleitoral de 2016 mostrou que a política repete o que prevalece na internet, onde o mundo é segmentado. Haja vista a ascensão de integrantes de pequenos e desconhecidos partidos a segundos turnos. Em Curitiba, por exemplo, o ex-prefeito Rafael Greca, do PMN, vai concorrer contra Ney Leprevost, de uma coligação de pequenos partidos. Em Vitória, Amaro Neto, do Solidariedade, tem apenas uma sigla tradicional na coligação, o DEM, e vai enfrentar, em 30 de outubro, o prefeito-candidato Luciano Rezende (PPS). Vale registrar: com o número de segundos turnos inferior ao que estava previsto, a tendência é Brasília retomar o seu movimento e as votações das reformas. Já não era sem tempo.
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