Categorias: coluna Brasília-DF

O pós 04/03

A condução coercitiva de Lula fez com que cada partido tomasse o seu rumo e outros se dividissem. A nota oficial do PSB, por exemplo, colocando-se de vez na oposição, causou mal-estar entre filiados. A bancada do Senado, mais afeita à continuidade de uma amizade com os petistas, divulgou outra, criticando a condução coercitiva. PMDB, conforme já dito aqui, manteve-se em silêncio, enquanto o PSol, saído de uma costela petista, não fechou totalmente com os partidos de oposição que pedem o impeachment de Dilma. Nem Marina Silva, da Rede, o fez. O 4 de março, se era para testar como se comportam os atores da política, deixou claro que Lula, certo ou errado, ainda detém poder de incendiar a militância de seu partido e tem amigos entre os adversários.

PMDB em desembarque

Os peemedebistas voaram mais cedo neste fim de semana para Brasília a fim de avaliar a crise. Entre eles, há quem diga que não há mais como segurar a presidente Dilma. A mesma avaliação é feita para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

Onde mora o perigo I

A possibilidade de ver sua mulher, Cláudia, na rede do juiz Sérgio Moro deixou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, em pânico. Se ele obrigou Lula a depor, pode fazer o mesmo com a primeira-dama da Câmara e a filha.

Onde mora o perigo II

Quando Eduardo Cunha se sente acuado, ele desconta na pauta da Casa. Mas, com a família em risco, há quem aposte na renúncia. Desdobramentos virão.

Operação Uruguai

Do Paraná, quem vê Ciro Gomes candidato a presidente da República pede que ele vá devagar com o andor. Dario Galvão, da Galvão Engenharia, detentora de obras no Ceará, está na fila das delações premiadas.

Coutinho na corda bamba

O governador da Paraíba, Ricardo Coutinho, entrou na mira dos dirigentes de seu partido, o PSB. Se ele for arrolado no petrolão, terá que deixar a legenda. Os socialistas querem distância dessa confusão.

Pegou/ Os peemedebistas só se referem ao ministro da Saúde, Marcelo Castro (foto) como Marcelo Zikastro. Enquanto tiver mosquito se reproduzindo por aí, é assim que ele será chamado.

Aloprou/ Depois do vídeo gravado pela deputada Jandira Feghali no diretório do PT em São Paulo, ela vem sendo chamada de “aloprada” pelos petistas. É aquele em que, ao fundo, Lula conversava ao telefone, segundo ela disse, com a presidente Dilma. Ou alguém fez alguma montagem com um timbre parecido com a voz do ex-presidente, ou ele mandou mesmo a força-tarefa da Lava-Jato enfiar o processo dele (Lula) “naquele lugar”. Em tempo: se os petistas estão reclamando, é um sinal de que, talvez, seja verdade.

O crime compensa?/ Amigos de Lula se perguntam: os operadores, entre eles, Pedro Barusco, Paulo Roberto Costa, estão todos em casa, cumprindo penas modestas e se preparando para gastar o dinheiro que mantiveram escondido. Isso é justo?

A lei é para todos? / Outra é a seguinte: outros, entretanto, só pelo fato de terem foro privilegiado, continuam por aí, como se nada tivesse acontecido. Isso é justo? Pelo que se vê de março, e dos impropérios mútuos ditos nos bastidores, a crise só tende a piorar.

Denise Rothenburg

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