Depois das declarações do presidente Jair Bolsonaro nesta manhã sobre resultados não confiáveis da eleição de 2022, por causa da rejeição da PEC voto impresso na Câmara, os governistas começaram a se movimentar no sentido de buscar uma forma de retomar o assunto no Senado. Há, por exemplo, uma PEC que já passou pela Câmara em 2015 e que hoje está na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, proposta relatada pelo senador Marcos Rogério (DEM-RO), que já se disse favorável ao voto impresso. Sobre a perspectiva de governistas que já começaram a estudar o assunto, não é impossível levar o assunto adiante do ponto de vista regimental. Resta saber as chances sob os aspectos políticos. Por isso, a ideia é trabalhar nos bastidores para ver se será possível essa retomada e se contarão com o aval de outros senadores, especialmente, o presidente da CCJ, Davi Alcolumbre (DEM-AP), a quem cabe colocar novamente essa bola em jogo. Para não repetir o resultado da Câmara, querem primeiro fazer as consultas.
O risco dessa manobra e irritar o presidente da Câmara, Arthur Lira, o poderoso comandante dos deputados. Lira considera acordo o maior ativo da política. Considera abominável o descumprimento da palavra empenhada.E Bolsonaro prometeu respeitar o resultado da Câmara. Porém, há alguns meses, Lira havia dito inclusive à autora da proposta derrotada esta semana na Câmara, a deputada Bia Kicis (PSL-DF), que o melhor caminho para tratar desse tema seria o Senado, uma vez que os deputados já haviam aprovado esse dispositivo em 2015, durante a discussão da reforma politica. No Senado, a PEC terminou fatiada e a parte relativa ao voto impresso ficou na gaveta para discussão futura. É nisso que os governistas tentarão lastrear a retomada da discussão.
Até aqui, só com a frase desta manhã, em que novamente colocou em dúvida a eleição do próximo ano, Bolsonaro parece ter deixado de lado a promessa feita a Arthur Lira, de respeitar a decisão do plenário da Câmara. Aliás, quem leu a coluna Brasília_DF de hoje sabe que a ideia do presidente é aceitar o resultado, mas não mudar o discurso. Como diziam outros governistas no passado, “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”. Discurso e respeito a resultado, dizem os governistas, são coisas diferentes. Aguardemos os próximos capítulos.
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