Categoria: Política
“Baixo clero” da Câmara vai cobrar emendas para aprovar nova CPMF
Coluna Brasília-DF
Sem dinheiro não vai. Pelo menos, é esse o sentimento que permeia o chamado “baixo clero” na Câmara dos Deputados, quando perguntado sobre a aprovação de uma reforma tributária que inclua algum imposto semelhante à antiga Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF).
Primeiro, que os parlamentares não estão dispostos a deixar que o presidente Jair Bolsonaro fique com todos os louros dos programas sociais, como aconteceu com o auxílio emergencial, aprovado pelo Congresso.
O governo, entretanto, tem uma carta na manga: fazer chegar aos deputados que as famosas emendas ao Orçamento dependem de mais recursos orçamentários, uma vez que a pandemia da covid-19 fez cair a arrecadação e obrigou o Poder Executivo a aumentar os gastos. Ou seja, se quiserem as emendas, é melhor aprovar o novo imposto.
Os últimos dados disponíveis no Siga Brasil indicavam que, dos R$ 39,9 bilhões autorizados em emendas, o governo pagou R$ 16,1 bilhões, incluindo restos a pagar de anos anteriores. Os empenhos, isto é, a separação de recursos para obras e serviços relacionados às emendas, estavam em R$ 21,3 bilhões, conforme os dados atualizados disponíveis na sexta-feira, referentes a 22 de setembro. A perspectiva dos recursos terminarem em restos a pagar é grande. E este será o principal apelo dos governistas para tentar fazer passar o novo imposto.
Base, que base?
Muitos parlamentares desconfiam de que os líderes do governo vendem gato por lebre para os ministros de Bolsonaro. Até aqui, não há votos para aprovar a reforma tributária nos moldes que o Planalto deseja e nem disposição para discutir a reforma administrativa no modelo pensado pela equipe econômica.
Muita calma nessa hora
Deputados conhecedores do humor do Parlamento avisam: se o presidente quiser que os congressistas avaliem suas propostas com mais carinho, melhor ficar distante da eleição municipal onde houver disputa entre partidos que ele considera aliados.
Depois dos embaixadores…
O próximo esforço concentrado dos senadores, com sessões presenciais, será para aprovar as indicações de agências reguladoras. A diferença para os embaixadores é que as diretorias das agências interessam diretamente aos parlamentares. Já são quase 10 vagas em aberto e, em dezembro, a Anvisa terá duas para se somar a essas nas negociações.
Sobral sem campanha/ O único canal de tevê de Sobral (CE) suspendeu as atividades, na semana passada, às portas da eleição municipal. Assim, os candidatos terão que fazer campanha apenas no rádio.
Por falar em rádios…/ Em 1º de outubro, o senador Cid Gomes (PDT-CE) vai estrear numa rede de rádios no Ceará. O nome oficial é Redenews, mas, entre os políticos, a iniciativa ganhou o apelido “Bozonews”. Com a popularidade de Bolsonaro crescendo entre os cearenses, Cid vai tratar de tentar baixar a bola presidencial.
O teste de Bolsonaro/ A campanha paulistana é vista como uma daquelas que Bolsonaro planeja investir para averiguar sua popularidade na maior cidade do país. Daí, o fato de receber o candidato Celso Russomano (Republicanos-SP) e se deixar fotografar ao lado dele.
Mandetta na área/ O lançamento do livro do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta e outro do ex-assessor, o jornalista Ugo Braga, justo agora, na largada da temporada eleitoral, foi vista entre alguns amigos do presidente como uma forma de tentar desgastar os governistas de raiz nessa rodada. Não é bem assim. Nesta época do ano, muita gente começa a pensar nos presentes de Natal. Daí, muitos lançamentos de livros nesse período.
Dia de São Cosme e Damião/ Se sair de casa, use máscara. Afinal, o novo coronavírus ainda está por aí.
Huck: “A pandemia foi uma caneta marcadora de texto que realçou as desigualdades no Brasil”
Numa live para os 25 integrantes do conselho Político da Associação Comercial de São Paulo em que acabaram participando quase 100 pessoas, o empresário e apresentador Luciano Huck falou e debateu por duas horas com uma seleta plateia de ex-deputados, ex-senadores e ex-ministros, em que comentou que o Brasil vive uma “ignorância estruturada” e não poupou o governo Bolsonaro em relação à pandemia. Sem citar nomes, disse que considerou a gestão do governo na pandemia “temerária”, porque, na avaliação dele, “não tem nenhuma ligação entre ciência e ação de governo”. Avaliou como uma “improvisação”.
Huck falou sobre os problemas sociais do país, contou histórias que conheceu em suas viagens pelo país e ainda analisou o cenário político. Segundo relatos de participantes, perguntado sobre por que estava em movimento, ele foi dito: “O Brasil está com uma ignorância estruturada para impedir o debate politico informado. Esta ignorância é a polarização”, afirmou, numa referência ao bolsonarismo e ao petismo. Foi nessa parte, contam os participantes, que o empresário e apresentador demonstrou todo o seu entusiasmo com o RenovaBR, o instituto de formação política montado por Eduardo Mufarej e que elegeu diversos deputados Paulo Brasil afora, tais como Tábata Amaral (PDT-SP) e Kim Kataguiri (DEM-SP).
A plateia formada por ex-deputados, ex-ministros, ex-senadores deixou por último a pergunta sobre se ele teria coragem de ser candidato a presidente em 2022. Quem deu voz a essa dúvida foi o ex-deputado Vilmar Rocha (DEM-GO). Huck disse que não era o momento de colocar candidaturas, mas soltou um “não estou aqui?” Para muitos, está claro que Huck não ficará escondido e nem deixará de se apresentar dentro do que é, ou seja, uma pessoa bem de vida que deseja contribuir para melhoria do debate politico.
Em tempo: Se Bolsonaro chegou à Presidência em 2018, depois de quatro anos de campanha, para muitos está claro que Huck, ao que tudo indica, tentará fazer o mesmo em dois anos. Vejamos os próximos lances desse jogo eleitoral antecipado.
Calma, pessoal. Nada a ver com o coronavírus. O teste dele, aliás, deu negativo, para poder entrar no hospital. O jornalista Renato Souza, da equipe do Correio, conta que o ministro Marco Aurélio Mello operou o menisco, recebeu alta hoje e faz até piadas com o fato. E não precisará sequer se licenciar do STF. Aos amigos, mandou a seguinte mensagem:
“Coronavírus nas pernas. Não! Teste negativo para entrar no DF Star. Menisco para reforçar o time que perdeu de 5 X 0 (Flamengo) ou resistir melhor às caneladas no povo, na Democracia, na República, no que são a Geni (do Chico Buarque) nos dias de hoje. Entrei ontem e saí hoje. E já vou para fisioterapia”, afirmou. Quando alguém lhe pergunta se é coisa da idade, eis que ele responde: Äh, não é velhice. A parte de dentro do joelho é de um garoto de dezoito anos. O mesmo ocorre coma cabeça pensante. Meu ortopedista atribui ao fato de eu pisar para fora. Eu, às caneladas que vem sendo dadas na Constituição Federal, no povo Brasileiro, e na Democracia, alfim na sofrida República”.
O ex-presidente Lula tenta reaglutinar aqueles que, no passado, apoiaram seu governo. Hoje, por exemplo, foi visitar uma dessas pessoas: o senador Renan Calheiros (MDB-AL), que, ainda hospitalizado, se recupera da retirada de um tumor no rim direito no Sírio Libanês, em São Paulo. Conversaram por mais de meia-hora.
A postagem de Renan em suas redes sociais, com a foto do encontro, deixou muita gente desconfiada de que o senador vai tentar puxar o MDB para o lado de Lula no futuro.
Eis o que disse Renan: “Durante a conversa, ele (Lula) me perguntou se eu estava bem. Respondi que aguento jogar os 90 minutos, mas que a prorrogação não garanto”.
Em política, nada é dito por acaso. Ainda mais quando se trata do experiente ex-presidente do Senado, Renan Calheiros.
Recebi a visita do ex-presidente @LulaOficial no hospital. Durante a conversa, ele me perguntou se eu estava bem. Respondi que aguento jogar os 90 minutos, mas que a prorrogação não garanto. pic.twitter.com/4DACB5JOgA
— Renan Calheiros (@renancalheiros) September 17, 2020
Pesquisa XP: Bolsonaro recupera popularidade; Sergio Moro cai, mas ainda está à frente
A pesquisa da XP Investimentos de setembro indica que a estratégia do presidente Jair Bolsonaro, de criticar o isolamento social lá atrás, deu certo. Ele se diferenciou dos governadores, da Organização Mundial de Saúde (OMS) e, depois da popularidade presidencial ter despencado em maio, agora, com as pessoas cansadas do isolamento, ele se recupera. Mas, em relação à pandemia, 49% consideram que ele tem uma atuação ruim e péssima.
Em maio, a pesquisa indicava 25% de ótimo bom para o governo. Hoje, essa avaliação está em 39%. O regular continuou estável, em 24%, e o ruim e péssimo caiu para 36%. Em maio, oscilou entre 49% e 50%. De quebra, Sérgio Moro continua com uma nota maior do que a do presidente.
A expectativa para o restante do mandato também melhorou. Hoje, 40% acreditam que será ótimo e bom; e 35% acreditam que será ruim e péssimo. Regular, ficou em 22%. Em maio, as expectativas eram o inverso, 48% consideravam que seria ruim e péssimo e 27% ótimo e bom.
Governadores e Congresso
A avaliação dos governadores, que registrava índices de ótimo e bom na faixa dos 44% em maio, hoje está em 34%, sendo 27% de ruim e péssimo e 36% de regular. O melhor período de avaliação para os governadores foi no início de abril, quando o país erva no auge do isolamento social.
Os congressistas, por sua vez, também viveram dias melhores em abril. Lá, o ótimo e bom dos congressistas chegou a 21%, a melhor desde 2018. Hoje, está em 13%. A avaliação ruim e péssimo chegou a 32% em abril e hoje está em 38%. Já o regular subiu de 42% para 44%.
Economia
A amostragem indica que o ministro da Economia, Paulo Guedes, não vive seus melhores dias: 48% dos entrevistados consideram que a economia está no caminho errado e 38% no caminho certo. Em dezembro do ano passado, 47% viam o caminho da economia como o correto e 42% consideravam o caminho errado. Daqueles que estão empregados, 52% se mostram confiantes na perspectiva de manter o emprego, enquanto 39% considera essa chance pequena.
Quanto à confiança de volta da renda ao patamar anterior à pandemia, as dúvidas persistem. A amostragem indica que 49% consideram que voltará ao normal e 44% acham que não. Quanto à manutenção do auxílio emergencial até o final do ano, mas com um valor de R$ 300, 47% consideraram ótima e boa e 20% classificaram como ruim e péssima.
Pandemia
A percepção da pandemia de covid-19 também vem mudando. Em fevereiro, 49% não estavam com medo do vírus. Hoje, são apenas 29%. O medo, entretanto, tem duas variações. 40% estão com um pouco de medo. Em fevereiro eram 29%; enquanto 30% estão com muito medo e, em fevereiro, eram 21%. Esses números já foram maiores. Em abril, por exemplo, 48% estavam com muito medo do vírus. Hoje, 60% acreditam que o pior passou e apenas 32% consideram que o pior ainda está por vir.
Quanto à atuação do presidente Jair Bolsonaro em relação à pandemia, 49% consideram ruim e péssima, 19% regular e 28% ótima e boa. Essa percepção, porém já foi pior. Em maio, 58% achavam a atuação do presidente ruim ou péssima e 21% ótima e boa e 19% regular.
Moro versus Bolsonaro
O ex-ministro da Justiça Sergio Moro obteve este mês sua pior avaliação na série de pesquisa XP, sinal de que a desconstrução patrocinada pelo bolsonarismo teve efeito. Ele recebeu nota 5,7. No mês passado, era 6,5. O presidente Jair Bolsonaro, que no mês passado registrou 4,7; este mês aparece com 5,1. o ex-presidente Lula, que no mês passado, tinha 4,3, hoje tem 4,5, ou seja, abaixo do presidente Bolsonaro.
Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde, está no mesmo patamar de Paulo Guedes, 5,5 — também acima de Jair Bolsonaro. Moro, ainda é, dos adversários do presidente, quem tem a nota mais alta.
Decisão de Mello surpreende Bolsonaro, que não quer se encontrar com Moro
A decisão do ministro Celso de Mello, de negar o depoimento de Jair Bolsonaro por escrito na investigação sobre tentativa de interferência na Polícia Federal, pegou o Planalto de surpresa. O presidente não quer, de jeito nenhum, ser obrigado a um novo encontro com seu ex-ministro Sérgio Moro, que, pela decisão, poderá assistir ao depoimento e, inclusive, fazer perguntas.
O presidente estava na Bahia, dedicado a uma viagem para visita de obras da Ferrovia Integração Oeste-Leste, quando soube da decisão. No evento, Bolsonaro chegou a comentar em seu discurso sobre o diálogo que mantém com os demais Poderes, citou a presença de deputados e também a aproximação com o Judiciário. Agora, terá que demostrar essa capacidade de diálogo e ter sangue frio para cumprir a decisão judicial.
Em sua decisão, Celso de Mello foi claro: “A ideia é de Republica traduz um valor essencial, exprime um dogma fundamental: O do primado da igualdade”, diz o texto, referindo-se que ninguém está acima da lei. A decisão se baseou no parágrafo 1, do artigo 221, do Código de Processo Penal, inserido no capítulo das testemunhas. Logo, não trata da condição de investigado.
A decisão de Celso de Mello difere daquela proferida pelo ministro Edson Fachin, que autorizou o então presidente Michel Temer a depor por escrito, também na condição de investigado. E é isso que houve causa mais irritação no Planalto. A bola agora está com a defesa do presidente, que não quer saber de novo encontro com Sérgio Moro.
Sob o comando de Fux, acreditam procuradores, a Lava-Jato ganhará apoio
Coluna Brasília-DF
A frase “Em Fux nós confiamos” (tradução livre) ficou famosa quando da divulgação dos diálogos dos procuradores pelo site The Intercept no ano passado. Atribuída ao ex-ministro Sergio Moro, é repetida nas conversas de integrantes do Ministério Público como uma esperança de que o novo presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, dará todo o apoio às forças-tarefas do MP.
Fux é juiz de carreira, foi promotor de Justiça no Rio de Janeiro antes de ingressar na magistratura. A aposta dos procuradores é de que, agora, têm uma posição estratégica para a defesa do trabalho não só da Lava Jato, mas, também, de outras operações em curso.
Em tempo: muita gente se lembra, inclusive, do momento em que o ministro Fux chegou ao Supremo. Houve quem dissesse, à época, que ele foi nomeado por causa do comprometimento de votar a favor do governo petista no processo do mensalão.
Constam, inclusive, relatos a respeito de conversas de Fux no sentido de “Mensalão? Mato no peito”. A posição do ministro, diante dos autos, foi inversa. Ele votou a favor de que o alto escalão petista fosse condenado. A turma do MP acredita que, agora, não será diferente.
Quem tem telhado de vidro…
O fato de o presidente Jair Bolsonaro não responder há mais de um mês sobre os R$ 89 mil que o casal Márcia e Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, depositou na conta da primeira-dama será explorado na campanha municipal, caso o presidente entre no pleito.
… Não joga pedra
O mesmo vale para o fato de o senador Flávio Bolsonaro e o pedido para que a Justiça proíba a divulgação de documentos relativos às suas transações. A oposição pretende bater na tecla de que, se Flávio reunisse explicações plausíveis, já teria dado.
Falta combinar com o eleitor
Até aqui, esses dois assuntos não tiveram qualquer reflexo na popularidade do presidente da República. Se esses temas derem qualquer problema para ele mais a frente, tem aliado dizendo que o jeito será o senador Flávio “matar no peito” e segurar o choro.
E agora, Rodrigo?
A estratégia do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, de deixar a própria sucessão correr solta começa a dar sinais de exaustão. Maia começa a ser cobrado a escolher um candidato. E que não seja ele mesmo. Até aqui, o comandante da Casa tem se equilibrado entre os vários nomes que surgiram, seja na base do presidente Jair Bolsonaro, seja centro, seja na esquerda. Não conseguirá sustentar esse equilíbrio por muito tempo.
CURTIDAS
Prepara a marmita, d. Ester/ A mudança da prisão do ex-deputado pastor Everaldo (PSC), de temporária à preventiva, significa que ele não sai da cadeia tão cedo. Everaldo é uma das chaves do emaranhado que levou o governo de Wilson Witzel ao banco dos réus e tem, ainda, outras ligações na mira do Ministério Público.
Cada um na sua árvore…/ O deputado federal e pré-candidato a prefeito de João Pessoa Ruy Carneiro (PSDB) encontrou um jeito diferente para realizar a convenção, no próximo dia 16. Em tempos de pandemia, escolheu um local arborizado da cidade, com espaços demarcados para cada grupo familiar, inclusive para quem levar o pet.
Sintomas/ A candidatura do deputado Orlando Silva (PCdoB) à prefeitura de São Paulo depois de décadas de apoio do seu partido a um nome petista é vista como um sinal claro de que o PT não tem mais poder de “mando de campo” na esquerda.
Vai fazer falta/ Na época do mensalão, a militância do PCdoB foi para as ruas em defesa de Lula e ajudou, inclusive, a dar fôlego ao então presidente para atravessar aquele período, uma vez que o PT estava em frangalhos. Agora, os petistas terão de contar com a própria militância.
E o Sete de Setembro, hein?/ Pela primeira vez, desde a ditadura militar, sem desfile. Sinal de que o vírus ainda está por aí. Cuide-se, caro leitor. E bom feriado.
Pós-Witzel, STF vai acabar com decisões monocráticas para afastar governadores
Coluna Brasília-DF
Confirmado o afastamento do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, por 180 dias, agora o Supremo Tribunal Federal (STF) planeja acabar de uma vez por todas com decisões monocráticas a respeito de mandatos eletivos.
A avaliação de ministros da Suprema Corte, apoiada por muitos ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), é a de que um mandato de governador é algo muito importante para que possa ser tirado numa canetada.
E, para evitar dúvidas a esse respeito, é que o ministro Edson Fachin enviou ao plenário do STF o pedido do PSC sobre decisões monocráticas. Agora, é uma questão de tempo marcar uma data.
Em outras palavras, Witzel pode estar por um fio por causa da gravidade do que já foi investigado. Porém, se o Ministério Público ou algum ministro do STJ quiser afastar outro governador, terá que, primeiro, levar o caso à Corte Especial, a mesma que ontem afastou o governador do Rio de Janeiro.
A reforma administrativa…
Conforme antecipou a coluna em 28 de agosto, a proposta de divisão dos servidores em três níveis — carreiras de estado, contratos via CLT por tempo indeterminado e contratos temporários — é tema para anos de debate. A ideia do governo de acrescentar a isso uma facilidade para que a gestão seja feita por decreto presidencial é ainda mais polêmica.
… já vem com “bode”
O projeto nem chegou e já tem muita gente apontando a ampliação da facilidade de gestão por decreto como um “acessório”, incluído para ser retirado pelos parlamentares no momento das negociações.
Campo aberto no balneário
Com Witzel afastado do cargo pela Corte Especial do STJ, o jogo político dos partidos de centro-direita no estado do Rio de Janeiro volta à estaca zero. O governador em exercício, Claudio Castro, é uma incógnita, e o presidente Jair Bolsonaro, fortalecido, não tem como lançar um dos filhos ao governo estadual. Com o pai presidente ,os rebentos só podem ser candidatos aos mandatos que exercem atualmente.
Por falar em Flávio…
Advogados que têm estudado o caso avaliam que o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) tem feito o que está ao alcance da sua defesa, ou seja, tentar protelar e adiar o julgamento. Sinal de que não tem justificativa plausível para a movimentação financeira.
Em política é assim/ Quando não se quer resolver logo um problema, e nem sequer passar a ideia de que não será resolvido tão cedo, cria-se uma comissão especial. É o caso da comissão mista que vai discutir a reforma administrativa.
Vide a tributária/ A reforma do sistema de impostos do país tramita na Câmara desde o século passado. Em outubro de 1999, o então presidente da comissão criada para analisar o tema, Germano Rigotto, prometia a reforma de simplificação dos tributos para 2001. O relator da época, Mussa Demes, faleceu em 2008, sem essa missão cumprida. Agora, a tributária é prometida para 2021.
Campanhas no ar/ Grupos de mulheres lançaram, esta semana, nas redes sociais, vários movimentos no sentido de pressionar os parlamentares a aprovarem projeto que suspenda a Portaria 2.282, do Ministério da Saúde. Essa portaria foi aquela que determina ultrassonografia, aviso à polícia e um questionário a ser respondido por mulheres e meninas vítimas de estupro submetidas ao aborto por
decisão judicial.
Ponha-se no lugar delas/ Um dos movimentos, Respeito às Mulheres Vítimas de Estupro, diz: “A Portaria 2.282 é uma violência. Ela inibe, constrange e tortura mulheres e meninas estupradas”. Em letras destacadas, vem a pergunta: “Excelência, e se fosse a sua filha?”
Witzel apela à OAB e ataca Bolsonaro: “Querem criminalizar a advocacia”
Alguns pontos do pronunciamento de Wilson Witzel, o governador afastado do Rio de Janeiro, indicam que vem por aí uma longa guerra entre ele e o presidente Jair Bolsonaro e movimentos para tentar puxar para a sua defesa a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a classe jurídica e parte da política.
A acusação ao governador alega que a suspeita de pagamento de propina se dá por causa de pagamentos ao escritório da primeira-dama, Helena Witzel. O governador disse que todos os contratos de advocacia da sua mulher foram por serviços prestados e estão todos registrados no imposto de renda, algo que não aconteceu no caso da mulher de Sergio Cabral.
Witzel pediu ainda que a OAB se pronuncie a respeito. “Quer dizer que filho de ministro, esposa de ministro, se advogar, está cometendo um crime? (…) A OAB precisa se pronunciar. Querem criminalizar a advocacia. O processo legal brasileiro está se transformando num circo”, comentou o governador, indignado, tentando colocar os mastros de tribunais superiores que têm filhos e esposas advogando no mesmo caso em que ele se encontra agora.
Paralelamente a essa busca de apoio da classe jurídica, Witzel rebateu as acusações, se disse inocente e afirmou que há muitos interesses que desejam afastá-lo do cargo e culpou o presidente Jair Bolsonaro: “Ele já me acusou de perseguir a família dele. Mas a Polícia Civil e o Ministério Público são independentes. Por que 180 dias ( de afastamento), se em dezembro tenho que escolher o novo procurador de Justiça?”, diz, ele, numa clara insinuação de que tudo está sendo feito para evitar que ele escolha o futuro chefe do Ministério Publico no Rio de Janeiro, a instância que investiga o caso das rachadinhas no gabinete de vários deputados estaduais do Rio, inclusive o do atual senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). “Bolsonaro sempre disse que queria o Rio de Janeiro”, diz Witzel num determinado momento da sua fala.
Witzel, que já foi juiz e chegou ao governo do Rio com uma campanha contra a politica tradicional, tenta agora se cercar de apoios e se dizendo vítima de perseguição. Citou inclusive os casos do ex-governador Fernando Pimentel (PT) e do ex-presidente Michel Temer (MDB) como atores que foram perseguidos.
O governador afastado agora passará a se dedicar integralmente à própria defesa. Resta saber, na política, quem lhe estenderá a mão. Afinal, até aqui, Witzel não se mostrava moto disposto a confraternizar com os poéticos tradicionais, caso de Temer. Agora, nessa situação em que se encontra. Estende a mão aos políticos. Essa novela está apenas começando.
Witzel, o breve, tem um esquema a la Cabral, segundo investigadores
O afastamento do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, depois de uma leva de governadores presos, deixa perplexo o carioca que esperava ter encontrado nesse advogado uma esperança de dias melhores na área de segurança e o controle maior da corrupção. O que se viu, porém, de acordo com a decisão de hoje do Superior Tribunal de Justiça, foi um esquema parecido com aquele que levou o ex-governador Sérgio Cabral para a cadeia.
Há alguns anos, o escritório de Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador Sérgio Cabral, foi acusada de simular a prestação de serviços de advocacia para recebimento de propina. Agora, o escritório de Helena Witzel, a atual primeira-dama do Rio de Janeiro, é acusado de receber dinheiro de empresas ligadas ao empresário Mário Peixoto, que está preso, acusado de desvios na saúde. A primeira-dama e o governador foram alvos de busca e apreensão hoje.
Diante de 17 mandados de prisão e 72 de busca e apreensão de hoje, a aposta dos políticos mais experientes é a de que Witzel não volta mais ao poder, embora o afastamento seja por 180 dias.
Pastor Everaldo
Nessa operação, vários operadores e aliados do governador também foram presos, inclusive um dos seus coordenadores políticos, o presidente do PSC, Pastor Everaldo.
O pastor já foi deputado, candidato a presidente da República e foi próximo a todos os políticos mais conservadores do Rio, inclusive o presidente Jair Bolsonaro, a quem abriu as portas do voto evangélico. Bolsonaro, porém, se afastou dele e de Witzel no ano passado, ao ponto de se recusar a receber o governador.
O governo do Rio de Janeiro será a partir de hoje comandado pelo vice-governador Cláudio Castro, que tem como primeira missão assegurar aos cariocas que está fora de todo esse emaranhado que transformou Witzel em “o breve”.