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Coluna Brasília/DF, publicada em 1º de maio de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito
Em suas reuniões mais reservadas, o PL definiu seu objetivo central para 2026: tirar a esquerda do poder e garantir maioria no Senado. No caso do Senado, o ex-presidente Jair Bolsonaro indicará um nome em cada unidade da Federação, uma vez que são duas vagas em disputa nos estados e no Distrito Federal. Porém, para a Presidência da República, só a indicação dele não adiantará. A avaliação é que será preciso ter uma candidatura forte, na ala conversadora, e outra, mais ao centro, que possa, num segundo turno, ser apoiada ou apoiar um nome contra o PT de Luiz Inácio Lula da Silva. Tal como Simone Tebet (MDB) apoiou o presidente, no segundo turno de 2022 — fazendo a diferença em favor do petista —, os conservadores acreditam que podem repetir esse feito contra a esquerda. Quem serão esses candidatos, as pesquisas dirão. A ideia é manter uma boa parceria agora e, lá na frente, falar em nomes. E foi justamente com esse espírito de união conservadora que o PL compareceu em peso — inclusive o presidente Valdemar Costa Neto — à concretização da federação União Progressista, do PP com o União Brasil.
Fulanizar, só depois
Sempre que trabalhava acordos em situações difíceis, o então vice-presidente Marco Maciel, do antigo PFL, primeiro tratava do problema em si, sem levar em conta os nomes. Depois, quando estava tudo mais ou menos acertado, buscavase a pessoa com o perfil mais adequado. O mesmo se dará, agora, no caso da candidatura presidencial para concorrer com Lula.
Fulanizando…
Estão no páreo, pelo bolsonarismo, os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e a senadora Tereza Cristina (PP-MS). Mais ao centro, os governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), o do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), e o do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite — se sair do PSDB e seguir para o PSD.
Doeu nos votos
Um argumento que pesará fortemente para a abertura da CPI do INSS — e será usado pelos líderes da oposição — é o fato de o estado da Paraíba liderar o ranking do número de aposentados que sofreram descontos em seus benefícios, conforme reportagem do G1. A Paraíba é a terra de Hugo Motta (Republicanos), presidente da Câmara. E os deputados de lá estão pedindo uma resposta para dar aos eleitores.
Por falar em CPI…
O escândalo do INSS suplantou a briga pela anistia dentro dos partidos aliados do governo. Esse é o foco daqui para frente, com muito barulho no plenário. A CPI do “roubo dos aposentados” é considerada a maior chance de bater em Lula neste ano pré-eleitoral. Anistia não afeta o governo eleitoralmente.
… nem todas saem
No Senado, o escândalo dos descontos não autorizados nas aposentadorias de milhares de brasileiros serviu para jogar na penumbra o pedido de CPI do Banco Master, apresentado pelo senador Izalci Lucas (PL-DF). Está uma corrida para a retirada de assinaturas.
Ponto sensível
A Associação Brasileira de Bancos Comerciais alerta para o risco de falta de oferta de crédito consignado. De acordo com a ABBC, o Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS) não pautou o tema de revisão do teto de juros da linha de crédito, na reunião desta semana. A associação ressalta que essa demora na mudança da taxa de juros resultou em “forte queda nas concessões líquidas do INSS em todo o segundo Semestre de 2024, reduzindo-se de R$ 12,3 bilhões, em julho de 2024, para R$ 7,7 bilhões em dezembro”.
CURTIDAS
De saída/ Selado o casamento entre PP e União Brasil, o deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP) avalia mudança de partido. Ainda não definiu para onde ir. Sairá na próxima janela para o Novo, o PSD ou o MDB.
Por falar em casamento…/ Se tem um estado onde está difícil PP e União Brasil se entenderem é a Paraíba. O líder do União no Senado, Efraim Filho, é pré-candidato ao governo estadual. Porém, o vice-governador Lucas Ribeiro, do PP, filho da senadora Daniela Ribeiro, é considerado o candidato natural da federação.
“Quintou” na quarta/ Em plena quarta-feira, considerado o dia mais movimentado do Congresso, a maioria dos deputados saiu bem mais cedo do que de costume. Na parte da tarde, só o deputado Diego Garcia (RepublicanosPR) passeava pelo salão verde com o filho Pedro, de oito anos, que aproveita o feriado para acompanhar o pai no trabalho.
Dia do Trabalho/ Com Lula distante das festas das centrais sindicais, em São Paulo, os eventos tendem a ficar ainda menos atraentes ao público. Há a avaliação no PT de que o sindicalismo escuta mais a massa daqueles que preferem o empreendedorismo à carteira assinada ou tende a perder a influência. Bom feriado a todos.
Federação União Progressistas tem prazo para deixar o governo

Coluna Brasília/DF, publicada em 30 de abril de 2024, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito
Se depender do vice-presidente do União Brasil, ACM Neto, os filiados à federação União Progressista deixam o governo no segundo semestre. A ideia é lançar candidato próprio ao Planalto ou integrar uma construção do centro à direita, ou seja, montar uma chapa para enfrentar Lula e os demais partidos de esquerda. (leia mais sobre a conversa com ACM Neto no blog da Denise, no site do Correio). O prazo até o fim do ano é anterior ao de desincompatibilização, em abril, quando os candidatos às eleições de 2026 terão de entregar os cargos de ministros. A tendência, a preços de hoje, é continuar com um pé no governo e outro fora dele. Essa divisão, aliás, foi um dos fatores que levaram o líder do União a recusar o convite para assumir um ministério de Lula. Agora, com 109 deputados, essa nova força da política está assediada por todos os lados. Com tantas incertezas rumo a 2026 e Lula enfraquecido, a ordem, neste momento, é distribuir as fichas e todo mundo conversando.
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E vem mais/ O fato de a federação adotar o nome União Progressista (UP) não foi à toa. A ideia é, mais à frente, se tudo der certo, realizar uma fusão das duas legendas. Aliás, a partir de agora, a ordem é tentar resolver as divisões internas, para juntar mais à frente. Até aqui, as apostas levam à oposição. Porém, se Lula conseguir se recuperar politicamente, a tendência é repetir o que sempre fez o MDB, com uma ala no governo, outra na oposição. E, quem ganhar, carrega os demais.
Lupi em maratona
A ida do ministro da Previdência, Carlos Lupi, ao Congresso não fará com que ele saia da mira da oposição. A ordem entre os oposicionistas é continuar com artilharia pesada sobre o ministro.
Pelo trabalhador
Sem Lula no 1º de Maio, os líderes sindicais se reuniram com ele no Planalto. Como todos os anos, nesta época, discutiram assuntos que interessam aos trabalhadores de forma geral, como o fim da escala 6×1, que já tem apoio dos governistas no Congresso, faltando apenas uma posição mais contundente por parte do presidente Lula.
Celina e Caiado
Num rápido encontro na chapelaria da Câmara, logo depois da solenidade de lançamento da federação União Progressista, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, foi direto quando perguntado se apoiará Celina Leão ao GDF: “Somos todos goianos. Vamos sair fortes, ela disputando o governo e o Caiado disputando a Presidência da República”, disse à coluna. (Veja vídeo no site do Correio).
“Se não estivermos juntos no primeiro turno, estaremos juntos no segundo turno. Temos que ter um ótimo relacionamento com o PP e o União Brasil e prestigiarmos em tudo que nós pudermos” Valdemar da Costa da Neto, presidente do PL, quando estava saindo do encontro do União Brasil
CURTIDAS
Lobo solitário/ O ex-ministro das Comunicações Juscelino Filho chegou sozinho e saiu da mesma forma da Câmara, logo depois da solenidade de lançamento da federação União Progressista. Nenhum colega de bancada lhe fez companhia.
Enquanto isso, nas comissões…/ Na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), usou o argumento da dosimetria de penas aos acusados no 8 de Janeiro para se referir à punição que o PL defende que o deputado Glauber Braga (PSol-RJ) sofra em seu processo de cassação, no caso, a pena máxima. Não dá para defender anistia dos acusados do 8 de Janeiro e querer cassar Glauber Braga.
… as provocações não param/ Depois de um bate-boca que quase foi às vias de fato com o deputado Gilvan da Federal na Comissão de Segurança Pública, Lindbergh comentou que houve uma “luz de Deus, ele (Gilvan da Federal) quer que você (Lindbergh) bata”. O líder do PT irá conversar com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e pedir que as regras de convivência na Casa sejam endurecidas.
A lista só cresce/ Lindbergh relembrou que a agressão de Gilvan da Federal é o terceiro episódio relacionado a ele de provocação vinda do PL. Os dois outros foram as postagens do deputado Gustavo Gayer (PL-GO) com insultos à ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann, e depois a alusão a um trisal envolvendo Gleisi, Lindbergh e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
Vice-presidente do União Brasil, ACM Neto, fala sobre o futuro da federação

Por Denise Rothenburg e Eduarda Esposito — O prefeito de Salvador (BA) e vice-presidente do União Brasil, ACM Neto, conversou com o Blog sobre o futuro da federação União Progressistas, disputa ao Planalto em 2026 e relacionamento com o governo. Confira:
Presidente ACM Neto, o que podemos esperar da federação? Qual é o tempo para a federação se afastar do governo? O senhor já declarou em outras oportunidades que é para se afastar do governo, então qual é o tempo para que isso aconteça?
Primeiro, é importante dizer que eu acho que a federação vem para atender a um papel de ajudar a organizar o jogo eleitoral de 2026. E é claro, um partido desse tamanho, o interesse principal é ser protagonista e apresentar nomes ao país, de preferência que nos permita sair daquele quadro de polarização que aconteceu em 2022.
Eu entendo que, a partir da formalização da federação, que deve acontecer até o início do segundo semestre de 2025, nós vamos ter que enfrentar essa discussão de ter participação ou não no governo, de manter quadros dos partidos com funções e ministérios. Lembrando que tanto o Progressistas como o União Brasil não integram a base do governo. Agora, eu acho que vai ser inevitável que a gente avance para uma posição de ter uma separação total, ter uma desvinculação completa em relação ao governo e a qualquer tipo de participação nele.
Têm ministérios escolhidos pelo governo, vinculados aqui a uma parte da atuação das suas bancadas na Câmara dos Deputados. Agora, o objetivo de ambos, é, claro, e do União Progressistas, que nasce agora e fruto dessa federação, é assumir o protagonismo e a vanguarda da construção de um novo desenho político e de uma candidatura presidencial forte, viável e competitiva para 2026.
O ministro Celso Sabino chegou a falar em lançar um vice-presidente numa chapa do presidente Lula. O senhor acredita que isso é possível?
Primeiro, eu tenho que respeitar o posicionamento do ministro Celso Sabino, pessoa por quem eu tenho um enorme respeito. Agora, é óbvio que não, né? A gente sabe que pela forma de pensar, pelo jeito dos membros dos dois partidos, o caminho é outro. O nosso caminho é o de construir um projeto de oposição ao governo, uma candidatura que seja alternativa àqueles que hoje governam o país.
Temos alguns nomes dentro da União Brasil, o nome que se coloca é do nosso governador de Goiás, Ronaldo Caiado, cuja caminhada já começou. O Progressistas apresenta o nome da senadora Teresa Cristina. Isso tudo sem qualquer embargo para que a gente possa avaliar outras opções nesse campo de centro, centro-direita, direita para o próximo ano. Eu particularmente ficarei na minha torcida pelo governador Caiado, que vai ter toda a liberdade para avançar, para trabalhar, para colocar as suas ideias e propostas e para tentar se viabilizar.
É óbvio que nesse momento a gente não pode fazer uma federação dessa já cravando quem é o nome, mas a gente tem alternativas internas de quadros muito qualificados e vamos ter um papel, na minha opinião, muito relevante e nessa arrumação que vai do centro até a direita no Brasil.
E o ex-presidente Jair Bolsonaro, como é que fica nessa construção que o União Brasil e o Progressistas fazem agora?
Bolsonaro é um personagem político com um tamanho e com uma densidade eleitoral inegável no campo da direita brasileira, tá certo? Então, ninguém pode querer construir um projeto de enfrentamento ao PT sério, competitivo e vitorioso sem considerar isso. Tem que considerar o peso e o tamanho de Bolsonaro, que eu acho que é preciso dialogar.
Se eu tô defendendo aqui que essa federação ela sirva para organizar o jogo do centro à direita, eu neste momento não posso excluir absolutamente ninguém. Agora, o nome que vai ser escolhido lá adiante é um nome que, de preferência, possa representar algo pro futuro, algo que mude definitivamente o patamar da política em nosso país.



