Ramagem não pretende desistir de candidatura a prefeito do Rio

Publicado em coluna Brasília-DF, Eleições

Coluna Brasília/DF, publicada em 13 de julho de 2024, por Denise Rothenburg

Pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro, alçado a essa condição com festa pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, em março deste ano, o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) não vai renunciar à candidatura para facilitar a vida de quem quer que seja. Ele pretende aproveitar a vitrine para fazer contraponto em relação ao que foi apresentado até aqui pela Polícia Federal. A convenção que oficializará Ramagem candidato está marcada para o dia 22 deste mês, e, até aqui, nada muda. O PL espera, inclusive, a presença de Jair Bolsonaro.

Vale lembrar: se Ramagem quer permanecer candidato, tirá-lo da disputa não é visto como o melhor caminho por alguns bolsonaristas. Afinal, deixar o ex-diretor-geral da Abin de Bolsonaro magoado, nesta altura do campeonato, avisam alguns, pode ser o pior dos mundos. Ruim com ele, pior sem ele. E nenhum aliado pretende meter a colher nessa briga.

Muito além do conteúdo

O que irritou e muito Jair Bolsonaro e seus mais fiéis aliados foi o fato de Alexandre Ramagem ter gravado a conversa com o ex-presidente. No meio político, isso é considerado um gesto de alta traição.

Os trabalhos de Chiquinho

O ex-senador Francisco Escórcio se filia, nesta manhã, ao MDB do Maranhão. Fiel escudeiro do ex-presidente José Sarney e ex-assessor dos presidentes Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer, Chiquinho, como é conhecido, não se junta ao partido a passeio. Em outubro do ano passado, ele escreveu um artigo defendendo a candidatura da senadora Eliziane Gama (PSD-MA) à Presidência do Senado. E agora chega ao MDB para trabalhar nessa empreitada.

Se tiver espaço…

O MDB sarneyzista convive, mas não engole Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Afinal, foi Alcolumbre quem atrapalhou a vida de Sarney lá atrás e que interrompeu a sucessão de emedebistas na Presidência do Senado. O partido só apoiará Alcolumbre se não houver qualquer brecha para mudar o jogo.

Urgência das férias

O Congresso entra em férias na semana que vem, mas não será possível suspender os prazos de apreciação de projetos que não estejam diretamente relacionados a número de sessões. É que com a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) adiada para agosto, não tem recesso no papel. Só na prática. Daí, o apelo dos senadores para que se tire a urgência da votação da reforma tributária. Eles querem calma para avaliar o texto que saiu da Câmara e sem comprometer o recesso branco deste mês.

Cenário 2022

Em maio de 2022, a casa da festa do líder do União Brasil, Elmar Nascimento (foto), foi palco do Arraiá da Bia Kicis e do Ricardo Caiafa, então pré-candidatos, ela a deputada federal e ele, a distrital. A então deputada Flávia Arruda, que concorreria ao Senado, compareceu à festa acompanhada de José Roberto Arruda, seu marido à época. Num outdoor, “Juntos por um DF melhor”, a foto de Flávia e Caiafa. No telão, mensagem do então presidente Jair Bolsonaro. Dos quatro, só Bia Kicis se elegeu. Nem Bolsonaro, exibido no telão, saiu vitorioso.

Cenário 2024

Esta semana, o palco ficou para a Timbalada e, entre os convidados, brilharam os partidos de centro, União Brasil e PP, e os de esquerda, PT e PCdoB, com destaque para os ministros de Lula que compareceram ao aniversário, inclusive, o da Casa Civil, Rui Costa. São dois retratos das voltas que o mundo da política dá.

Haja festa!

Nos rolês parlamentares da semana, chamaram a atenção os… showmícios. Em pré-campanha para a Presidência da Câmara, o líder do União Brasil, Elmar Nascimento, brindou deputados, na quarta-feira, com um show da Timbalada. Na noite anterior, Dudu Nobre e Gil da Banda Beijo animaram a festa do PSD. Se agora já está assim, imagine depois da eleição municipal.

Investigação sobre Abin deixa bolsonaristas sob tensão

Publicado em coluna Brasília-DF

Por Denise Rothenburg — Os bolsonaristas que se preparem. As investigações sobre o caso de monitoramento de adversários, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, não vão parar no deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ). Além dele, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), há um núcleo superior, como o ex-chefe do Gabinete e Segurança Institucional (GSI), o general da reserva Augusto Heleno. Outros gabinetes do Legislativo também não estão tranquilos. Houve, por exemplo, um pedido para busca no gabinete do também deputado Gilberto Nascimento Silva (PSD-SP), que não foi autorizado, porque o parlamentar não é investigado na ação.

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Um dos alvos da operação desta semana, o assessor Ricardo Minussi, é funcionário do gabinete do senador Alan Rick (União Brasil-AC), que também não é investigado nesse processo. Na própria polícia, há quem diga que todo cuidado é pouco a fim de evitar injustiças. Mas outros nomes virão.

Até aqui…

A busca e apreensão no gabinete de Ramagem era esperada, uma vez que ele é investigado há tempos nesse processo de monitoramento ilegal por parte da Abin. O que não estava no script era o pedido de suspensão do mandato, que foi negado pelo ministro relator, Alexandre de Moraes.

…segue o roteiro

Parte dos oposicionistas considera que se houvesse suspensão do mandato, seria mais fácil mobilizar todos os partidos de oposição em defesa da soberania do exercício do mandato e da vontade do eleitor.

Horário nobre

A megalive que o ex-presidente Jair Bolsonaro pretende fazer no domingo, 19h, ganha outro patamar depois da operação da Polícia Federal envolvendo Ramagem. Será a hora de a família se apresentar nesse novo cenário.

Mudança de foco

A live de domingo foi marcada para que o ex-presidente e os filhos com mandato na política possam mobilizar seus seguidores para as eleições municipais. Agora, alguns aliados consideram que será o momento de Bolsonaro montar um cinturão em sua defesa na internet.

O dinheiro manda…/ O fato de Lula querer seu ex-ministro Guido Mantega (foto) no comando da Vale não é sinal de passe livre para a nomeação. Numa empresa privada, mandam investidores e acionistas.

…e o partido atrapalha/ Quanto mais o PT pressionar para que Mantega assuma o cargo, mais difícil ficará para o ex-ministro de Lula e de Dilma Rousseff.

Pacheco distante/ A reação de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) em resposta ao presidente do PL, Valdemar Costa Neto, foi uma demonstração de que o presidente do Senado não fará tudo o que os bolsonaristas desejam em relação ao Supremo Tribunal Federal (STF).

Lira quieto/ O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), permanece “fechado em copas”. Seus aliados dizem que ele quer esperar decantar esse processo para se posicionar quando da volta dos trabalhos do Congresso.

Campanha na laje/ A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) vai explorar a imagem de menina da periferia de São Paulo durante toda a campanha. A avaliação do partido é de que se ela conseguir se firmar sobre Guilherme Boulos (PSol-SP) nos subúrbios paulistanos, tem tudo para vencer.