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Aliados tentam convencer Bolsonaro a prorrogar estado de calamidade pública
Brasília-DF, por Denise Rothenburg
A esperança permanece
Números positivos
MDB vai reforçar bancada no Senado
Vai vendo
PP vê puxada de tapete e quer explicações de Maia após ruptura do Centrão
Coluna Brasília-DF
Com a saída do DEM, do MDB e de outros partidos do Centrão, o PP de Arthur Lira (AL) planeja cobrar do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o compromisso de que, em 2021, caberia ao PP indicar o sucessor ao comando da Casa.
Até aqui, o PP vê nesses movimentos de saída uma forma de puxar o tapete, não só de Lira, mas do seu partido como um todo — uma vez que no rol de candidatos pepistas está ainda o líder da Maioria, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).
Só tem um probleminha, diz a turma do DEM: o “novo normal” mudou tudo, inclusive as circunstâncias em que os compromissos foram selados. O PP foi com tanta sede ao pote de senhor da relação com o governo que acabou perdendo musculatura.
Com isso, se foi também o poder de, a preços de hoje, obrigar Maia a alavancar um dos seus. E por mais que o presidente da Câmara insista em dizer que a saída do Centrão não tem nada a ver com sua sucessão, a leitura dos bastidores é a de que essa eleição sofrerá a maior consequência. E, no momento, quem mais perde nesse jogo é Lira e o PP.
A la Fundeb I
A única forma de o presidente Jair Bolsonaro sair vencedor da disputa pela Presidência da Câmara é abraçar aquele que obtiver mais votos lá na frente e se colocar como um dos partícipes da vitória. Se fizer como Dilma Rousseff, que lançou um candidato isolado, terá dificuldades.
A la Fundeb II
Foi assim que o governo fez na votação do Fundeb. Apostou na retirada de pauta, depois na mudança do texto. Quando viu que nada funcionaria, orientou o voto favorável para não ficar fora da foto.
“O que mais me entristece é a polarização. Decisões caprichosas devem ficar no âmbito privado. Decisões na vida pública devem ser tomadas à luz do espírito da Constituição, que é imutável”
Do procurador-geral da República, Augusto Aras
Aos lavajatistas
Augusto Aras foi além. Perguntado sobre a Lava-Jato, os processos do Conselho Nacional do Ministério Público e o comportamento dos procuradores, foi direto: “A lei impõe sigilo até a denúncia. Vazamento era uma arma de alguns segmentos que queriam dominar a nossa instituição. Não temo ser criticado, mas não aceito manipulação, não aceito intimidação de qualquer natureza”.
Mantenha distância I/ O cenário atual coloca Arthur Lira em desvantagem na corrida para presidente da Câmara. O vídeo que ele fez com Bolsonaro, no Planalto, todo sorridente, foi lido como uma quebra na independência que os deputados querem de seu futuro presidente em relação ao Planalto. Pode negociar, mas não pode ser subserviente ao Poder Executivo.
Mantenha distância II/ Outro que começa a perder força é o vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira. A filiação dos filhos de Bolsonaro ao Republicanos é lida por integrantes do próprio partido como um alinhamento muito grande ao Planalto para quem deseja comandar toda a Casa.
Vem reação/ Essa mexida na correlação de forças terá uma reação intensa mais à frente. Se Bolsonaro não tiver muito jogo de cintura –– e até aqui não demonstrou ter ––, essa briga respingará no colo do governo. Até porque, as mexidas estão diretamente relacionadas à vontade de negociar, leia-se cargos e emendas.
Hoje, a live é delas/ Advogadas do grupo “Elas Pedem Vista” participam hoje do 142º encontro do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), com o tema Visão feminina do Judiciário Pós-Pandemia. Entre as palestrantes, Anna Maria Reis, pós-graduada em Direito pela PUC/MG e sócia do escritório Trindade, Reis Advogados; a desembargadora federal do TRF-1 e pós-graduada em Direito Daniele Maranhão; a vice-presidente da Comissão OAB Mulher e da Comissão da Verdade da Escravidão Negra no Brasil, Flávia Ribeiro; e Vitória Buzzi, secretária-adjunta da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB. Na mediação, as advogadas Júlia de Baère e Carol Caputo.
Eleição para presidente da Câmara está por trás da divisão do Centrão
Coluna Brasília-DF
A saída do DEM e do MDB do chamado Centrão, o bloco de partidos que se aproxima do presidente Jair Bolsonaro, é a abertura oficial da pré-campanha à sucessão do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), nos partidos mais ao centro do espectro político. Nos bastidores, os deputados do MDB, por exemplo, veem nessa saída um gesto para tirar fôlego do líder do PP, Arthur Lira (AL), pré-candidato ao comando da Casa.
Lira, que de bobo não tem nada, avisou logo ontem, em entrevista à CNN, que a eleição é só em fevereiro e coisa e tal, que não é hora de tratar disso, que o Centrão era um grupo para a formação da Comissão Mista de Orçamento. Tenta, assim, manter as cartas meio embaralhadas enquanto organiza o próprio jogo.
Presidente e líder do MDB, Baleia Rossi, como o leitor da coluna já sabe, é pré-candidato e torce para que Lira se inviabilize. O DEM também não pretende apoiar Lira para a sucessão de Maia. O próprio presidente incensou vários candidatos no primeiro semestre, a ordem agora é deixar estar para ver como é que fica.
Reza a lenda da política que quem tem muitos candidatos, não quer nenhum. Baleia Rossi entra na campanha, e longe do Centrão, independente, porém, próximo ao governo. Ontem, para explicar sua posição de saída do bloco, declarou “somos #PontoDeEquilibrio”. A corrida começa agora.
Apetites abertos
O Banco do Brasil entrou no radar dos partidos. As apostas são as de que ou o Ministério da Saúde, ou o banco, vão acabar ocupados por indicações políticas. Até aqui, o presidente Jair Bolsonaro resistiu a entregar as joias da coroa aos aliados. Liberou apenas o que considera passível de controle pelos seus fiéis escudeiros.
Por falar em Bolsonaro…
A volta do presidente à porta do Alvorada, com frases do tipo “problemas que jogaram no meu colo” e “acabaram com os empregos”, foi vista como uma sinalização clara de que o discurso não mudou. Ele vai continuar culpando os governadores pelas mazelas econômicas decorrentes da pandemia.
… façam suas apostas
O presidente melhorou a avaliação nas pesquisas de opinião enquanto manteve distanciamento das declarações polêmicas e agressivas. Se voltar a essa batida do confronto, terá dificuldades de diálogo para aprovar as reformas.
E o Dallagnol, hein?
Apoiadores do ex-ministro Sergio Moro colocaram a hashtag #DeltanNaLavajato em alta nos trending topics Brasil do Twitter ontem à tarde. É um movimento para evitar que o Conselho Nacional do Ministério Público tire o procurador da coordenação da força-tarefa.
O julgamento do pedido de afastamento de Dallagnol está marcado para 18 de agosto, a pedido do relator, o conselheiro Luiz Fernando Bandeira de Mello Filho, conforme publicado em primeira mão pela coluna. Até aqui, o procurador-geral, Augusto Aras, não se pronunciou sobre o caso.
Curtas
Hora de morfar/ Em conversas reservadas, petistas e tucanos têm um único veredicto: Ou renovam seus quadros, ou vão ficar desgastados nas páginas das operações policiais. No caso do PT, ontem foi a vez do governador do Piauí, Wellington Dias, que era uma das apostas para cargos majoritários e algo para mostrar em termos de gestão. Agora, terá que mergulhar e focar na própria defesa.
Prata da casa I/ Formado na UnB, o engenheiro elétrico Luis Henrique Baldez Jr., colaborador da HP Company desde 2002, acaba de assumir o cargo de Diretor Executivo da 3MF Consortium, organização internacional estabelecida em São Francisco, EUA, dedicada ao desenvolvimento das especificações universais para impressoras 3D. A ideia é que essas definições facilitem a comunicação de dados entre diferentes fabricantes, simplificando o uso de impressoras 3D para o usuário final.
Prata da Casa II/ Luis Baldez é um dos pioneiros da impressão 3D na HP e um dos criadores da entidade 3MF. A 3MF foi constituída em 2015 congrega gigantes da área de tecnologia, impressão e software 3D, como a HP, a Microsoft, a Siemens, a Autodesk, entre outras 16 multinacionais. É mais um exemplo do talento brasileiro pelo mundo.
E Queiroz ganha tempo/ Com a cirurgia de emergência do ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça, quem ganha um tempinho a mais na prisão domiciliar é o ex-assessor Fabrício Queiroz e Márcia, a esposa. Quando Fischer voltar, há quem aposte que começará a contagem regressiva para Queiroz voltar ao chuveiro frio.
Coluna Brasília-DF
O afastamento do grupo do DEM que, em 2019, defendia um alinhamento automático com o governo Bolsonaro, gerou um movimento de busca a novos amigos por parte do presidente da República. Ele já se reuniu com representantes do MDB, do PP, do PR e, ontem, foi a vez do PSD, de Gilberto Kassab. Esses partidos têm algo em comum: todos ofereceram seus serviços a Lula, em 2005, quando o ex-presidente se viu às voltas com o escândalo do mensalão. Deu no que deu.
A separação entre o DEM e Bolsonaro virá acompanhada de um pedido para que aqueles leais ao governo sigam para o Aliança pelo Brasil, num futuro próximo. Dos três que estão hoje na Esplanada, as apostas indicam que o único a trocar de legenda em prol do presidente será o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni. A da Agricultura, Tereza Cristina, dizem os palacianos, deve optar continuar na legenda atual. Luiz Henrique Mandetta está de saída é do governo.
Por falar em hospitais…
A situação do Hospital da Lagoa, no Rio de Janeiro, está insustentável. Estudantes de medicina residentes estão atendendo na área de clínica médica sem qualquer supervisão de um profissional contratado. Em alguns andares, os médicos simplesmente sumiram. E detalhe: os estudantes estão preocupados porque não sabem entubar um paciente, se necessário.
Só resta espernear/ Entre os bolsonaristas mais aguerridos, havia quem estivesse disposto a pedir a Bolsonaro que encontrasse um meio de recorrer à decisão do Supremo Tribunal Federal de não permitir que ele interfira no isolamento social determinado por governadores e prefeitos. Como foi por unanimidade, não há saída.
A política é local/ O Senado aprovou por 80 votos a favor e uma ausência o projeto do senador Fernando Collor (Pros-AL), que facilita a doação e combate ao desperdício de alimentos. Apenas um senador não votou: Renan Calheiros (MDB), outro alagoano.
Enquanto isso, na Esplanada…/ Tem aumentado a reclamação de servidores públicos que se sentem pressionados a não fazer quarentena, mesmo quando não se trata de serviços essenciais.
Após Datena, MDB promete novas filiações para ressurgir com força no cenário eleitoral
Coluna Brasilia-DF
A filiação do jornalista José Luiz Datena ao MDB é a primeira de uma série que promete fazer com que uma das legendas marcadas pela velha política ressurja com força no cenário eleitoral. São, pelo menos, dois fatores que levam a isso: o primeiro deles é que, no MDB, cabe um pouco de tudo –– desde aqueles que lideram o governo de Jair Bolsonaro, e simpatizam com o presidente, até ex-ministros da presidente Dilma Rousseff, caso dos senadores Eduardo Braga (AM) e Marcelo Castro (PI). Num momento de indefinição da política, o MDB soa como aquele avião que tem autonomia de voo para mudar de rota no meio do caminho, levando seus passageiros com alguma segurança até outro aeroporto.
O segundo fator é que, num cenário de não coligação para as eleições deste ano, situação que se repetirá em 2022, o melhor é buscar um grande partido, que tem recursos e tem a cara da estabilidade. Não por acaso, ontem, nos bastidores da filiação de Datena, muitos diziam que, no período de Henrique Meirelles na Fazenda, o crescimento econômico foi o mesmo registrado no período Paulo Guedes. E Meirelles pegou a economia em recessão, situação pior do que a encontrada por Guedes. E que ninguém se espante se o partido começar a bater bumbo nessa questão. Afinal, dizem os emedebistas, esperava-se mais do atual governo.
Em nome dos filhos
Os aliados de Bolsonaro no Congresso são quase que unânimes em afirmar que, diante das dificuldades enfrentadas pelos filhos parlamentares nos conselhos de ética, foi preciso buscar um acordo em relação ao Orçamento. Afinal, um clima tenso poderia acabar respingando neles.
Em nome próprio
A sucessão de recursos de Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) para evitar uma investigação sobre as “rachadinhas”, ou seja, a cota retirada do salário de servidores do antigo gabinete, será usada pela oposição para tentar desgastá-lo. Já tem gente preparando discurso na linha de “quem não deve não teme”.
Jair na roda
Mesmo sem partido, Bolsonaro será um dos personagens da eleição deste ano, uma vez que grupos de oposição e de seus ex-aliados, como o ex-ministro Gustavo Bebianno, desejam nacionalizar a disputa. Só tem um probleminha: o eleitor quer saber da sua cidade. Na visão de quem manda, o cidadão, Bolsonaro no quesito eleitoral é assunto para 2022.
Foi Brumadinho
Cientes das dificuldades que o país enfrenta há vários anos, o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), tinha a resposta sobre o PIB na ponta
da língua: “Foi um ano difícil, tivemos logo na largada o acidente na barragem de Brumadinho, que comprometeu o resultado”, disse.
Nunca antes
A secretária da Cultura, Regina Duarte, foi a primeira a revelar, no discurso de posse, a promessa de carta branca e porteira fechada de Bolsonaro. Nenhum ministro chegou a tanto.
Curtidas
Quem não nega…/ Perguntado pela coluna sobre um possível segundo mandato no comando do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP) respondeu assim: “Se tiver votos…”.
… pode buscar/ Alcolumbre sabe das dificuldades. O grupo Muda Senado, que tem quase 22 senadores, não quer saber de reeleição e tem alguns candidatos, como o senador Álvaro Dias (Podemos-PR).
Questão semântica/ Perguntado logo no início da tarde se havia acordo para apreciação dos vetos pendentes, o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), respondeu assim: “Não há acordo, há entendimento”.
Economia não é piada, presidente/ Ao pedir a um humorista que respondesse a uma pergunta sobre o PIB, na porta do Alvorada, Bolsonaro terminou por passar a ideia de desrespeito aos números e ao próprio trabalho. Não por acaso, no fim da tarde, parou e respondeu seriamente sobre a questão. Melhor assim.
Coluna Brasília-DF
O primeiro emedebista a defender abertamente a manutenção dos vetos do presidente Jair Bolsonaro ao Orçamento foi o senador Renan Calheiros (AL), principal adversário de Davi Alcolumbre (DEM-AP) na eleição para presidente do Senado, no ano passado. Com a posição da bancada, tanto o alagoano quanto o líder dos emedebistas, Eduardo Braga (AM), movem uma peça importante no sentido de tentar se posicionar para buscar a presidência da Casa ali na frente. De quebra, o MDB deve levar ainda uma parte das emendas ao Orçamento. Esse é o jogo do futuro.
De imediato, tudo o que o partido quer é encontrar formas de não deixar seus governadores à míngua. Na lista, os filhos dos senadores Jader Barbalho e de Renan Calheiros (AL) –– Renan Filho governa Alagoas, e Helder Barbalho, o Pará.
Se vetar, perde
Os partidos de oposição e de centro se uniram para aprovar o 13º anual do Bolsa Famíla –– e não apenas para 2019, conforme havia proposto o governo –– e, ainda, para o Benefício de Prestação Continuada (BPC). Agora, se Bolsonaro quiser vetar, vai dar discurso para o PT, que distribuiu vídeos ontem para marcar a sua posição de pai do Bolsa Família.
Contagem regressiva I
Ao se encontrar com movimentos sociais e falar em 15 semanas para mudar o Brasil, conforme revelou o Congresso em Foco, o ministro da Economia, Paulo Guedes, se desgastou um pouquinho mais com o parlamento. Ele quer que aprove as reformas tributária e administrativa, mas, até agora, não entregou as propostas. As que estão no Congresso caminham dentro do cronograma.
Contagem regressiva II
No Senado, Guedes já é visto como alguém com o prazo de validade praticamente vencido no governo. Forte mesmo é o novo ministro de Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, que representou a área econômica na negociação da reforma da Previdência.
No embalo dos senadores
Quando o MDB anunciou que votaria pela manutenção dos vetos, os deputados passaram a seguir essa direção. Afinal, se o Senado tem votos para manter os vetos, ninguém iria se desgastar apenas para marcar uma posição contra o governo.
Projeto prioritário
O governador de São Paulo, João Dória, ganhou pontos no mercado, ao conseguir aprovar a sua reforma previdenciária na Assembleia paulista, ontem. Assim, terá mais folga para arrumar as contas, a fim de concorrer à reeleição, daqui a dois anos. É o projeto mais palpável hoje.
Neobolsonarista?/ Um grupo conversava animadamente no cafezinho da Câmara. Eis que chega o senador Eduardo Gomes, comandante da bancada governista no Congresso: “Estou procurando o líder do governo, Randolfe Rodrigues. Vocês o viram por aí?” Randolfe passou o dia defendendo a manutenção dos vetos presidenciais ao Orçamento.
Influiu e contribuiu/ A convocação do ato de 15 de março ajudou a acelerar a tentativa de acordo entre os congressistas e o governo para a manutenção dos vetos. Agora, se continuar na linha de “fora, Maia” ou “fora, Alcolumbre”, a tensão entre o Poder Executivo e Legislativo não cessará.
Quem tem a força/ A aposta dos petistas é a de que Jilmar Tatto trabalha para levar a vaga de candidato a prefeito de São Paulo pelo PT, ainda no primeiro turno. Se ficar para o segundo, dificilmente ele vence.
Caso Onyx vá para o lugar de Osmar Terra, MDB se sentirá rebaixado
Coluna Brasília-DF
Seis por meia dúzia. É assim que os congressistas se referem às mudanças que o presidente Jair Bolsonaro pretende fazer na sua equipe, substituindo Onyx Lorenzoni pelo general Braga Netto na Casa Civil. É o reforço dos militares no governo, que haviam perdido terreno num determinado momento e agora retomam com força. E sem aproveitar a troca para estreitar relações com o Congresso, sinal de que nada muda por ali e que o presidente está satisfeito com a performance de Eduardo Ramos.
Entre os maiores aliados do presidente no Congresso, há a certeza de que, enquanto as pesquisas estiverem indicando que Bolsonaro permanece em alta perante os eleitores, não haverá mudança de eixo de poder, ou seja, a escolha dele continuará voltada para o meio militar, considerado o mais organizado e estratégico do país.
Cobre um santo…
… descobre outro. Bolsonaro está numa sinuca de bico. Se tira Osmar Terra (MDB-RS) do Ministério da Cidadania para abrigar Onyx Lorenzoni (DEM), o MDB é que se sentirá rebaixado. E o presidente precisará de todos os partidos de centro para aprovar uma reforma do gosto do governo federal, e não dos estados.
Nem vem, talkey?
Não são poucos os pré-candidatos a prefeito de capital que procuram o Planalto em busca de uma foto ou um apoio mais explícito do presidente Jair Bolsonaro. Ele, porém, vai evitar influir nesses pleitos para não ser responsabilizado se algo der errado. Afinal, quando há vitória, o sujeito acha que ganhou por conta própria. Quando perde, sempre dá um jeito de buscar outro culpado.
E a administrativa, hein?
Se o governo não enviar uma proposta, os parlamentares é que não vão se mexer para tratar desse tema indigesto em ano eleitoral. Ainda mais depois da conversa do ministro chamando servidores de parasitas. Ok, ele pediu desculpas, mas a mágoa dos funcionários não esfriou.
A salvação da reforma
Os servidores públicos estão prontos para apresentar propostas para a reforma administrativa: “Se houver diálogo, o próprio setor público pode apontar caminhos que permitam a boa gestão das carreiras de Estado”, diz o presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal, Kleber Cabral.
O conselheiro/ Cotado para a Casa Civil, o general Braga Netto (foto) virou interventor no Rio de Janeiro por indicação do general Sérgio Echegoyen, ministro do Gabinete de Segurança Institucional do governo do presidente Michel Temer. Agora, o ex-ministro continua no mesmo papel de ajudar os presidentes.
Ele, não/ Braga Netto esteve cotado recentemente para assumir um cargo no governo Witzel, no Rio de Janeiro. Entre levar o general para o Planalto e deixá-lo disponível para Witzel, Bolsonaro prefere ter Braga Netto ao seu lado.
Faça como ele/ O governador do DF, Ibaneis Rocha, manda hoje para a Câmara Legislativa do Distrito Federal a indicação do engenheiro Vinicius Benevides para a diretoria da Adasa. Um nome técnico para um órgão técnico. Vinicius é engenheiro especialista em recursos hídricos, tratamento de água e saneamento urbano. Foi um dos responsáveis pela Lei das Águas aprovada no Congresso Nacional. Há quem esteja disposto a sugerir a Bolsonaro que siga esse exemplo na hora de indicar os diretores das agências reguladoras.
Não façam como ele/ O ministro da Economia, Paulo Guedes, não consegue ficar uma semana sem uma declaração polêmica. Depois de chamar os servidores de parasitas, agora foi a vez de destilar preconceito contra os mais pobres, mais especificamente, os empregados domésticos, ao mencionar o dólar caro, que, segundo o ministro, é bom, porque “estava uma festa danada”. Sinal de que o governo não tem muita preocupação em acabar com a desigualdade e quer o mercado da Disney apenas para o andar de cima.
Em reunião que terminou há pouco, a Comissão Executiva Nacional do MDB rejeitou a mudança imediata no estatuto do partido. Assim, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, está automaticamente fora da disputa para o comando nacional do partido. Isso porque o atual estatuto não permite que governadores no exercício do cargo sejam escolhidos presidentes da legenda. A decisão de não alterar o estatuto agora tira também do páreo os governadores Renan Filho (AL) e Helder Barbalho (PA).
O atual presidente, Romero Jucá, tentou aprovar a mudança no estatuto hoje. Porém, os demais integrantes da Executiva Nacional rejeitaram colocar esse tema em pauta e fecharam o compromisso de que qualquer alteração nas normas internas do MDB deverão ser discutidas por quem for escolhido presidente na convenção prevista para 6 de outubro.
Sem os governadores no páreo, crescem as chances do atual líder da bancada na Câmara, Baleia Rossi, que tenta construir um consenso entre os deputados e angariar apoios entre os senadores. A reunião terminou com a frase do ex-senador Wellington Salgado (MG) ressaltando a capacidade de Jucá em não bater de frente com os demais integrantes da cúpula do partido: “Você, realmente, mostra que sabe ler o jogo”. Nos bastidores, significa que a Executiva Nacional não quis facilitar a vida para entregar a agremiação nas mãos do governador do Distrito Federal e Romero Jucá, que trabalhava por Ibaneis, preferiu não se queimar com os demais.
Renan e Ramalho ganham força, e MDB pode comandar Senado e Câmara
Cansados do que chamam de interferência do Judiciário no Legislativo, deputados e senadores começam a olhar com mais interesse a candidatura do senador Renan Calheiros (MDB-AL) e a do deputado Fábio Ramalho (MDB-MG).
À época da prisão do então senador Delcídio do Amaral (PT-MS), em 2015, Renan foi enfático ao dizer que um senador não poderia ser preso no exercício do mandato sem julgamento. Discordou da maioria. Na visão dos senadores, é considerado como aquele que, no momento difícil, tem coragem de defender prerrogativas do Poder Legislativo, mesmo quando não tem aplausos da população.
Na Câmara dos Deputados, a situação que leva muitos para o colo de Fábio Ramalho é o caso da cassação do mandato de Paulo Maluf, em agosto do ano passado. Deputados que se reelegeram ainda se dizem engasgados com o fato de o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ter cumprido a decisão de Edson Fachin, de que a Mesa Diretora deliberasse a cassação do mandato.
À época, Maia tomou a decisão com mais três integrantes da Mesa para proteger a imagem da Casa. Porém, em conversas reservadas, deputados reclamam. Dizem que ele deveria ter levado o caso ao plenário, a instância que deve se pronunciar sobre perda de mandato de parlamentares.
#Ficaesperto: Se essa lógica prevalecer, o DEM, que disputa a presidência das duas Casas, pode terminar a ver navios.
A fórmula
Embora o Senado esteja mais pulverizado do que há quatro anos, ou seja, com mais partidos, o MDB planeja repetir a estratégia que levou Renan Calheiros à vitória, em 2015: fechar os cargos da Mesa Diretora apenas com aqueles partidos que apoiaram o candidato oficial da bancada. Se vingar, quem apoiar outros candidatos perderá a vaga.
PT caminha para apoiar Renan
O PT do Senado caminha para apoiar Renan Calheiros. Isso porque, dos candidatos que se apresentaram até agora, o emedebista é visto como o mais distante do governo Bolsonaro.
Se o PSDB quiser disputar a Presidência do Senado, corre o risco de ficar sem a primeira vice-presidência, cargo que lhe cabe hoje se prevalecer a tradição de respeito à proporcionalidade.
Em 2015, o PSDB apoiou Luiz Henrique contra Renan Calheiros e terminou fora da Mesa Diretora, porque os partidos que apoiaram o candidato oficial do MDB fecharam a chapa sem levar em conta aqueles que optaram pelo candidato avulso.
Alto verão
A perspectiva de condenação do ex-deputado e ex-assessor Rodrigo Rocha Loures deixou o grupo de políticos ligado ao presidente Michel Temer preocupado. Há quem diga que o sossego terminará antes do carnaval.
Dois coelhos
A campanha publicitária que o governo pretende promover para esclarecer a população sobre o uso de armas de fogo é considerada mais um instrumento para dar segurança ao Parlamento na hora de votar a legislação depois do decreto presidencial.