Preço dos alimentos será argumento para aumentar o auxílio emergencial

auxílio emergencial
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Coluna Brasília-DF

A subida dos preços dos alimentos, em especial do arroz e do feijão, levará a oposição a dobrar as apostas para aumentar o valor de R$ 300 que o governo estipulou para prorrogar o auxílio emergencial.

Só tem um probleminha: mexer nesse benefício fará com que o governo atribua a “irresponsabilidade” dos congressistas por eventuais agravamentos da crise econômica e apertos fiscais.

Parte dos parlamentares defende a tese de que, se Bolsonaro quis aumentar o auxílio de R$ 500 proposto pelo Congresso, lá atrás, para R$ 600 e faturar politicamente, agora que arque com o desgaste de baixar o valor diante de preços mais elevados.

É por aí

Diante de uma operação da Polícia Federal sobre o Sistema S, como a desta semana, ganha fôlego no governo os cortes nesta seara prometidos pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Até aqui, as justificativas de que não era possível mexer em recursos destinados à capacitação em tempos de escassez de empregos evitaram que Guedes cumprisse a promessa de “meter a faca” feita lá atrás. Agora, os ventos começam a mudar.

Quando o incêndio é grande demais…

… Os bombeiros chegam logo. Tem muito peso-pesado da advocacia em Brasília apostando que essa operação que mirou os grandes escritórios de advocacia vai aumentar a pressão para que o procurador-geral Augusto Aras feche as portas da Lava-Jato.

Jairzinho paz e amor, mas…

A fala do presidente Jair Bolsonaro na despedida de Dias Toffoli como presidente do Supremo Tribunal Federal foi vista como um aceno de paz ao sucessor Luiz Fux, um ministro considerado mais independente. E deu um recado a todos, ao dizer que estava ali eleito pelo “voto” e os ministros, pela “indicação” de um presidente da República. Epa!

Ele tinha motivo

Aliados do presidente apostam que a fala foi uma resposta a Alexandre Moraes, que se referiu aos ataques ao STF. Aliás, os amigos do presidente acreditam que será assim: morde e assopra, atualmente, com muito mais afagos do que mordidas.

Por falar em independência…

É bom o presidente evitar as “marchas” sobre o STF, como fez com um grupo de empresários no período pré-pandemia. Fux é do tipo que só gosta de receber com audiência marcada e é bem capaz de mandar o presidente da República voltar da porta.

Onde está o nó

A contagem feita por aliados de Davi Alcolumbre (DEM-AP) sobre a perspectiva de aprovação da emenda da senadora Rose de Freitas (ES) está pronta. No Senado, passa. Na Câmara, não.

Quem tem tempo reflete/ Fora do Podemos, a senadora Rose de Freitas recebeu convites para se filiar a quase todos os partidos. Vai decidir com calma. Como não é candidata este ano, não tem pressa em definir caminhos.

Reeleição em cena/ O senador Izalci Lucas (PSDB-DF) considera difícil acabar com a reeleição, mas, se não houver alteração, é preciso mudar a mentalidade dos governantes: “A reeleição em si não é ruim. O problema é que o sujeito já começa um mandato pensando no segundo e não faz o que precisa ser feito”, diz.

Comida, o debate da hora/ O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, deputado Alceu Moreira (MDB-RS), participa, hoje, às 9h30, do webinar Competitividade – O alimento movimenta o Brasil. Abordará as perspectivas da produção e transporte de alimentos, a retomada da economia e as políticas públicas para o setor, que passou ileso pela pandemia. O evento será transmitido pelo canal da In Press Oficina no YouTube.

Mais do que oportuno/ Participam, também, do bate-papo virtual o presidente do Comitê de Contratos Externos da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), Marcos Amorim; o diretor–presidente da Associação de Terminais Portuários Privados (ATP), Murilo Barbosa; a presidente do Conselho Diretor da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), Grazielle Parenti; e a sócia-diretora da In Press Oficina e especialista em gestão de crise, Patrícia Marins.

Em tempo de vacinas em teste…/ Vale o ditado: “a pressa é inimiga da perfeição”. Vamos com calma e muita fé na ciência.

Na mira de proposta de inelegibilidade, Moro trabalha a blindagem

Sergio Moro
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A declaração do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, de que deve haver um prazo de inelegibilidade para quem deixa a magistratura a fim de ser candidato, foi vista por muitos juristas como uma manobra para que o ex-ministro da Justiça Sergio Moro seja impedido de concorrer, em breve, à Presidência da República. Antes que a onda cresça, aliados do juiz cortaram esse mal. Moro já deixou a magistratura, portanto, não seria atingido por uma nova regra.

Os aliados do ex-ministro trabalham os argumentos para evitar que ele seja atingido por qualquer proposta de inelegibilidade. Há quem diga que querer impedi-lo de ser candidato em 2022, por causa de um prazo de inelegibilidade, seria o mesmo que, se passasse no Congresso uma antecipação da aposentadoria ou instituição de mandatos para os ministros do STF, os atuais ministros fossem obrigados a deixar os cargos imediatamente.

Quando entrar setembro

Os lavajatistas contam os dias e as horas para a saída de Dia Toffoli do comando do STF. É que, daqui a dois meses, a presidência da Suprema Corte passa para as mãos do ministro Luiz Fux, considerado um dos amigos de Sergio Moro. O leitor deve se lembrar, inclusive, daqueles vazamentos de diálogos da turma da Lava-Jato pelo site The Intercept, em que ficou famosa a frase “in Fux we trust” (em Fux confiamos), que teria sido escrita pelo então juiz num grupo de Telegram.

A bancada morista

Moro não tem um grande batalhão para defendê-lo no Congresso. No STF, há quem diga que ele pode contar, além de Fux, com pelo menos dois: o ministro Edson Fachin, seu colega no Sul, e a ministra Rosa Weber –– afinal, Moro trabalhou com ela. Moral da história: vai passar maus bocados no Parlamento, assim como Deltan Dallagnol.

Pano de fundo

As declarações do procurador-geral, Augusto Aras, na live do grupo Prerrogativas contra os métodos da Lava-Jato, parte delas publicadas ontem pela coluna, provocaram reação imediata. No Congresso, já se fala em CPI. Atrás de tudo isso, é a briga pelos cinco terabytes de informações arquivadas.

Alcolumbre na muda

Diante do tumulto na Câmara com o esfacelamento do Centrão, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), se mantém impávido. Não moveu um músculo. Trabalha pela reeleição, discretíssimo.

Aí não!/ A Associação dos Juízes Federais (Ajufe) saiu em defesa da Lava-Jato e de equilíbrio na hora de definir um período de inelegibilidade para os juízes interessados em abraçar a política. “Pode até se criticar pontualmente a Lava-Jato, mas não dá para desqualificar uma operação que devolveu bilhões de reais aos cofres públicos”, disse o presidente da Associação, Eduardo André Fernandes, lembrando que a investigação desmontou esquemas e teve a maioria das decisões mantidas por instâncias superiores.

O que é isso, companheiro?!/ Líder do PP, Arthur Lira (AL) cobrou dos líderes aliados que não era hora de desfazer o bloco, que esperassem um outro momento e coisa e tal. O clima no antigo Centrão não está nada bom.

Questão de economia/ A edição da cédula de R$ 200 virou meme. Até imagens do presidente correndo atrás de uma ema com uma caixa de cloroquina na mão foi parar no WhatsApp. O problema, entretanto, é de economia: é que sai muito mais barato produzir cédulas de R$ 200 do que duas de R$ 100 ou quatro de R$ 50. O problema vai ser arrumar troco. Hoje, a turma reclama de ter que trocar notas de R$ 100.

Bem-humorado/ O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, não perde a fleuma, nem mesmo diante dos ataques à sua gestão. Dia desses, numa roda, quando alguém mencionou a polêmica cloroquina, ele se saiu com esta: “Vou adotar dois cachorros e batizá-los assim: o cloro e a quina”.

Clima no STF esquenta após revelações de que Dallagnol teria incentivado investigação contra Toffoli

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Coluna Brasília-DF/ Por Leonardo Calvacanti

» O clima esquentou no Supremo Tribunal Federal após as revelações de que o procurador Deltan Dallagnol teria estimulado integrantes do Ministério Público a investigar o ministro Dias Toffoli. Até a reportagem do Intercept de ontem — que revelou a ação do chefe da Lava-Jato ainda em 2016 contra o magistrado —, parte da Corte esperava que a própria Procuradoria-Geral da República ou o conselho nacional da categoria resolvesse a situação, estabelecessem limites e até mesmo uma eventual sanção para Dallagnol.

» Os diálogos revelados ontem — que envolvem inclusive familiares de outros ministros, como a mulher de Gilmar Mendes — levaram integrantes do Supremo a defender uma reação mais firme da Corte. A avaliação interna é de que o Supremo não pode ficar inerte diante dos movimentos de Dallagnol. Pelo menos dois ministros pediram que o assunto seja incluído no inquérito aberto para apurar ataques contra os ministros e demais membros do Supremo. De qualquer forma, a pressão agora recai sobre a procuradora-geral Raquel Dodge.

» Pelo menos duas ações de ontem dos ministros do Supremo podem ser interpretadas como freios e contrapesos na visão deles em relação à força-tarefa da Lava-Jato. A primeira foi a determinação de Alexandre de Moraes de suspender a investigação na Receita sobre 133 contribuintes, entre eles Mendes, e de mandar afastar dois servidores do órgão federal.
» A segunda foi a liminar concedida pelo ministro Luiz Fux, determinando que os registros de diálogos hackeados a partir de celulares sejam preservados. O ministro da Justiça, Sérgio Moro, havia avisado a políticos que as mensagens seriam inutilizadas. Os próprios magistrados da Corte reagiram na semana passada a tal ideia, ato confirmado por Fux a partir de um pedido do PDT para que os diálogos, incluindo do próprio Moro, fossem conservados. O movimento de Fux tem caráter provisório e precisa ser conformado pelo plenário do STF.

» Em tempo: a imagem de Moro entre os integrantes da Corte se desgasta a cada dia.

Curtidas

A volta da polarização/ Os ataques do presidente Jair Bolsonaro ao PT na cerimônia do lançamento do programa Médicos pelo Brasil não surpreenderam auxiliares governistas. Depois de focalizar as últimas polêmicas no presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, o diagnóstico feito por assessores é de que seria preciso uma nova estratégia para mudar o disco e calibrar o discurso no que, efetivamente, levou o atual governo ao poder: a polarização. O balanço feito por governistas é de que o presidente acertou nas palavras, algo raro nos últimos dias.

Otimismo comedido/ Conselheiros dizem que é cedo para comemorar, mas celebram que Bolsonaro esteja evitando algumas polêmicas. Ontem, por exemplo, absteve-se de comentar as críticas proferidas pelo deputado do PSL de São Paulo Alexandre Frota (foto) e de associar — ao menos abertamente — as informações sobre crescimento do desmatamento divulgadas pelo Inpe a uma ligação entre o diretor da instituição, Ricardo Galvão, e partidos da oposição.

Na bronca/ O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), está insatisfeito com a letargia do governo em apresentar, de vez, a reforma tributária. Bolsonaro diz a todos que apresentará uma reforma que unifique impostos federais sobre consumo, mas, até agora, o discurso está só no papel. A pessoas próximas, Maia avalia que falta engajamento. Reclama que, para discutir uma reforma impopular, como a da Previdência, o governo foi rápido. E que, para discutir uma reforma com apelo popular, sente falta de engajamento.

Descontração/ O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, e o secretário de Desenvolvimento do Distrito Federal, Ruy Coutinho, conseguiram se entender durante o Fórum Latino Americano de Infraestrutura. No evento, foram discutidos projetos estruturantes para Brasília, como o Gasoduto Brasil Central, hub de carga do Aeroporto JK e a privatização de empesas estatais.