Tag: bolsonaro
Na série de entrevistas que tem feito Brasil afora, como a que concedeu hoje à rádio Sociedade, na Bahia, o presidente Lula começa a ensaiar desde já o discurso para tentar tirar os militantes do bolsonarismo das ruas nas eleições futuras. Paralelamente às declarações sobre a moeda sofrendo um “ataque especulativo” e defesa da eleição de Geraldo Júnior, em Salvador, o presidente contou o convite que recebeu do sociólogo e professor Mangabeira Unger, logo depois da eleição de 1998, para passar uma temporada nos Estados Unidos e ele recusou. “Eu disse, Mangabeira, não posso sair do Brasil. Acabei de perder as eleições, tem milhões de pessoas que votaram em mim que estão chorando. Vou viajar e largar eles aqui? (…) Vou conversar com o povo para ele saber que o general dele está ativo. Imagine se vou para Harvard passar seis meses e os coitadinhos aqui, lamentando a derrota?”
Lula falava do otimismo, da necessidade de manter o ânimo e a vontade de trabalhar. E, em meio a essa fala, relembrou a conversa com Mangabeira, que vem como um contraponto ao comportamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, numa situação de derrota eleitoral. Bolsonaro ficou três meses nos Estados Unidos, fora a temporada em que esteve recluso no Alvorada. Em 1998, Lula havia perdido a eleição e Fernando Henrique Cardoso, reeleito em primeiro turno.
O presidente não citou esse episódio por mero acaso. A ideia do PT é tentar massificar a diferença de comportamento entre os dois grandes líderes da polarização política no Brasil quando os ventos sopram em favor do adversário. Um foi embora e o outro ficou aqui. Entre alguns estrategistas, porém, há dúvidas sobre o efeito no eleitorado, porque o candidato em 2026 não será o ex-presidente.Conforme lembrou a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) em entrevista ao Correio, os conservadores têm um portfólio de opções para a próxima corrida presidencial, inclusive quatro governadores, Ratinho Júnior (Paraná), Romeu Zema (Minas Gerais), Ronaldo Caiado (Goiás) e Tarcísio de Freitas (São Paulo). Os ideia oposicionistas estão dedicados a estudar pesquisas para ver quem terá mais jogo de cintura para se desviar dos campos minados que podem atrapalhar __ a temporada de Bolsonaro nos Estados Unidos, que se misturam com o caso das joias, o negacionismo em relação às vacinas e por aí vai. Embora a eleição presidencial ainda esteja longe, já estão todos na campanha de 2024 de olho no horizonte de 2026.
Bolsonaro curte feriado em Balneário enquanto PGR elabora parecer sobre ida dele à embaixada
Por Luana Patriolino — Enquanto a Procuradoria-Geral da República (PGR) elabora um parecer sobre a ida de Jair Bolsonaro à Embaixada da Hungria, após ter o passaporte apreendido, o ex-presidente decidiu relaxar e ir para Balneário Camboriú (SC), aproveitar o feriado da Sexta-Feira da Paixão. Em imagens que circularam nas redes sociais, ele surge sorridente, andando de jet ski e tirando foto com apoiadores na praia.
Bolsonaro deve ficar em Santa Catarina até amanhã. E a manifestação da PGR deve sair na próxima semana. O ministro Alexandre de Moraes, do STF, afirmou que só vai se manifestar sobre o caso após o parecer do procurador-geral, Paulo Gonet. A visita de Bolsonaro à embaixada, com os vídeos mostrando a presença dele no local, foram revelados pelo jornal NY Times.
Cidade bolsonarista
Jair Renan Bolsonaro (foto), do ex-presidente, anunciou sua filiação ao PL e lançou pré-candidatura a vereador de Balneário Camboriú. Embora seja natural do Rio de Janeiro, o “04” mora no município catarinense desde março de 2023. Ele exerce a função de auxiliar parlamentar no escritório de apoio do senador Jorge Seif, do mesmo partido.
——-
Contra a milícia
O PSol do Rio colocou na rua a campanha “Com a milícia não tem jogo”, um manifesto contra a presença de milicianos em espaços de poder. “A prisão dos mandantes do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes escancarou o que os moradores do Rio já sabem há muito tempo: é inaceitável que milicianos sigam ocupando tribunais de conta, parlamentos ou secretarias”, destaca a campanha. “Esse manifesto se propõe a juntar todo mundo que sabe que com a milícia não tem jogo.”
——-
Comunistas contra Brazão
O líder do PCdoB na Câmara, Márcio Jerry (MA), anunciou o apoio da bancada de sete deputados de seu partido pela manutenção da prisão de Chiquinho Brazão (RJ), expulso do União Brasil. A legenda também defende a cassação do mandato dele. “O partido defende o cumprimento do rito regimental, sem atrasos, e está comprometido em apoiar a manutenção da prisão do deputado Chiquinho Brazão, assim como o pedido de processo de cassação que está em curso no Conselho de Ética da Casa”, disse Jerry à coluna.
——-
De volta a Paris
O presidente da França, Emmanuel Macron (foto), virou meme no Brasil por conta de seu “casamento” com o presidente Lula. Agora, ele volta para Paris, onde receberá a visita do secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, para discutir questões globais, incluindo o apoio à Ucrânia, a prevenção da expansão do conflito em Gaza e a estabilização do Haiti. Em fevereiro, o americano se encontrou com o presidente brasileiro para tratar de temas bilaterais e mundiais.
——-
Leilão de luxo
O Ministério da Justiça e Segurança Pública realiza, até 17 abril, um leilão eletrônico com mais de 100 artigos de luxo, entre bolsas de grife, quadros de pintores famosos, joias e relógios. Os itens estão na página do Leiloeiro Público Oficial Renato Guedes, com lances mínimos que variam de R$ 1,5 mil a R$ 382,2 mil.
——-
Itens oferecidos
Entre os produtos disponíveis, estão 79 bolsas de luxo, de marcas como Chanel, Christian Dior, Louis Vuitton, Prada e Hermés. Também há 16 obras de arte de pintores como Cícero Dias, Carlos Scliar, Manoel Santiago, Manabu Mabe, Orlando Teruz, Sílvio Pinto, Heitor dos Prazeres, Carybé e Roberto de Souza. O leilão inclui, ainda, sete joias com diamantes, das marcas Cartier e Bvlgari. Os bens apreendidos são da Operação Voto Vendido, da Polícia Federal, que investiga crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
Colaborou Evandro Éboli
Bolsonaro: os pontos que revelam a digital do ex-presidente no centro da trama golpista
Por Carlos Alexandre de Souza — As revelações mais recentes sobre a trama golpista urdida no governo Bolsonaro apontam o ex-presidente como personagem central na tentativa de impedir a trajetória de Luiz Inácio Lula da Silva até o Palácio do Planalto. Em primeiro lugar, o vídeo da reunião ministerial de 5 de julho de 2022 indicou como Bolsonaro instruiu os ministros civis e militares a deliberadamente questionar o sistema eleitoral.
Na semana passada, os depoimentos dos ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica indicaram a participação de Bolsonaro e de auxiliares diretos na tentativa de cooptar as Forças Armadas em um movimento para impedir a posse de Lula. A negativa do general Freire Gomes e do tenente-brigadeiro do ar Baptista Júnior bloqueou essa frente tramada dentro do Palácio do Planalto.
Por fim, o indiciamento do ex-presidente pela falsificação do cartão de vacinação apresenta mais suspeitas sobre a conduta individual de Bolsonaro. O relatório da PF conclui que o ex-presidente agiu com “consciência e vontade” para obter um documento fraudado que atestaria a imunização contra o covid-19. Seja na esfera eleitoral, seja na esfera criminal, avolumam-se as implicações judiciais dos atos de Bolsonaro. O ex-presidente pode sempre recorrer aos seguidores para se dizer injustiçado e perseguido. Mas é fato que sua situação nos tribunais se torna cada vez mais complicada.
——
Bolsa inteligente
O governo federal vai usar tecnologias de inteligência artificial para fazer um novo pente-fino no Bolsa Família e no Cadastro Único (CadÚnico). A finalidade é garantir que o benefício seja pago às pessoas que realmente têm o direito. Segundo o ministro Wellington Dias, atualmente cerca de 2% das famílias que recebem o benefício não se encaixam nos critérios. Em 2023, o governo cancelou 3,7 milhões de benefícios por irregularidades. Foram identificados, ainda, 17 milhões de cadastros desatualizados ou inconsistentes.
——
De leve
A Comissão de Segurança Pública da Câmara aprovou o convite de comparecimento do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. Parte do colegiado defendia a convocação de Lewandowski, mas o presidente da comissão, Alberto Fraga (PL-DF), preferiu uma solução mais moderada. “É um primeiro momento em que nós vamos estar com ministro. Não há necessidade de, em um primeiro momento, nós já irmos com a faca no pescoço. Não precisamos disso. Se o ministro se negar a comparecer ou não comparecer, aí, sim, partiremos para o instrumento da convocação”, disse.
——
Suspense
Aumenta a expectativa sobre o chefe da Procuradoria-Geral da República, Paulo Gonet. Ele tem 15 dias para se manifestar sobre o inquérito da PF relativo à fraude no cartão de vacinação de Jair Bolsonaro. Além disso, ouviu de ex-integrantes da CPI da Covid o pedido para reabrir inquéritos arquivados pelo antecessor, Augusto Aras.
——
Transparência
A ministra do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia (foto) determinou ao Superior Tribunal Militar (STM) o que permita o acesso integral ao conteúdo das sessões, públicas ou secretas, de julgamentos ocorridos na década de 1970. A ação tem como origem o pedido apresentado por um pesquisador e advogado. O reclamante alega que parte do acervo não foi disponibilizado.
——
Direito à informação
Na ação, o STM argumenta que parte dos julgamentos não foram gravados ou contêm registros de má qualidade. A ministra Cármen Lúcia ressaltou, no entanto, que o acesso à informação deve ser amplo, irrestrito e integral, sem limitação sobre a qualidade dos registros.
——
Espaço aberto
O Palácio do Itamaraty reabre as portas para o público a partir deste sábado. As visitas precisam de agendamento prévio, e interessados devem observar recomendações. Em dias úteis, não é permitida a entrada de bermuda nem de chinelo. Último palácio a ser construído em Brasília, o Itamaraty guarda obras de ícones da arte, como Burle Marx e Bruno Giorgi
STF só pedirá prisão de Bolsonaro com caso transitado em julgado
Por Denise Rothenburg — A gravidade dos depoimentos sobre a construção de uma tentativa de golpe no país não tira os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) da linha de só pedir a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro quando o caso estiver transitado em julgado. Até aqui, o que se tem é uma investigação que ainda precisa produzir um relatório, para ser enviado ao Ministério Público, a quem cabe oferecer ao STF uma denúncia contra o ex-presidente. Há dúvidas se o caso será levado ao pleno ou permanecerá na Primeira Turma, presidida pelo relator, ministro Alexandre de Moraes. Aliás, se permanecer na Primeira Turma, Bolsonaro terá dificuldades em ter uma voz ao seu favor para se somar à de seu advogado. Além de Moraes, a Primeira Turma é composta por Cármen Lúcia, Luiz Fux, Cristiano Zanin e Flávio Dino.
Em tempo: a atitude dos aliados de Bolsonaro no calor da divulgação dos depoimentos indica a dificuldade de manter a linha de defesa adotada até agora — a de que Bolsonaro jamais tratou de um golpe. Enquanto os advogados trabalham numa nova linha de defesa, os parlamentares vão trabalhar um discurso de apoio. Até aqui, só atacaram quem denunciou a tentativa de golpe.
Enquanto isso, nas ruas…
Jair Bolsonaro quer rodar o Brasil em atos “espontâneos”, como o dessa sexta-feira na região dos Lagos, no Rio de Janeiro. Seus aliados acreditam que, se mantiver um apoio popular expressivo, pode buscar uma anistia.
Vai ter barulho
Além das implicações jurídicas, o fato de o deputado Eduardo Pazuello (PL-RJ) ser citado como alguém que sugeriu uma “ação militar visando impedir a posse do governo eleito” deve levá-lo ao Conselho de Ética da Câmara. Há parlamentares estudando o mesmo sobre a deputada Carla Zambelli (PL-SP).
Só barulho
Se for mesmo ao Conselho de Ética, as chances de punição são praticamente nulas. É que tudo ocorreu no mandato passado. E já está cristalizado na Casa o entendimento de que o conselho deve julgar atos ocorridos dentro do mandato em curso e não anteriores.
Uma homenagem às urnas
O conjunto de depoimentos divulgados indica que as urnas eletrônicas estão aprovadas. Até o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, apontado como um dos braços jurídicos para evitar a posse de Lula, disse em depoimento que não ratifica declarações de Bolsonaro de que houve fraude na urna e “nunca questionou a lisura do sistema eleitoral”.
Na cova dos leões I/ O lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Rio de Grande do Sul vem sob encomenda para que o governo tente recuperar terreno no estado que, na eleição, preferiu Jair Bolsonaro a Lula. Não por acaso, nove ministros e o vice-presidente Geraldo Alckmin acompanharam o presidente aos pampas.
Na cova dos leões II/ O ministro da Casa Civil, Rui Costa, fez questão de perguntar à plateia: “Qual a obra iniciada neste estado no governo passado? O que tivemos foram obras paralisadas ou colocadas a passos de tartaruga.
Em 2022, R$ 550 milhões em investimentos. Ano passado, R$ 1,4 bilhão — mais do que o dobro”, afirmou.
Assim que se faz/ O ministro da Casa Civil fez questão de dizer que ali estavam o governador Eduardo Leite (PSDB) e o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), adversário ferrenho do PT, vaiado por parte da plateia. “É preciso tirar o ódio da política”, lembrou Costa.
Xiii…/ Ao ouvir as vaias a Sebastião Melo, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, foi perguntar a quem estava ao seu lado quem era o Melo. Ao ver o homem apontar para o próprio peito, Teixeira fez uma cara de paisagem e olhou para a plateia com cara de quem “podia ter dormido sem essa”.
Depoimento de Freire Gomes não muda roteiro dos ministros do STF sobre Bolsonaro
Por Denise Rothenburg — Até aqui, mantém-se o script. O depoimento do general Marco Antonio Freire Gomes, ex-comandante do Exército — aquele que aparece em mensagens dos bolsonaristas como “cagão”, conforme o classificou o ex-candidato a vice-presidente Walter Braga Netto —, não foi suficiente para mudar o roteiro dos ministros do Supremo Tribuna Federal (STF) a respeito do processo de apuração sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A ideia é não queimar etapas do devido trâmite processual. Nesse sentido, qualquer pedido de prisão, só depois de transitado em julgado.
—–
Barroso x PT
O presidente da STF, Luís Roberto Barroso, e o PT se uniram contra Bolsonaro, mas estão separados quando o assunto é o julgamento da juíza Gabriela Hardt, que substituiu Sergio Moro na 13ª Vara Federal, em Curitiba. O ministro torce por um arquivamento, enquanto o partido, autor da reclamação, pressiona por uma condenação.
—–
Depois da desoneração…
…mantida, os parlamentares correm para tentar preservar o programa de socorro ao setor de eventos, o Perse. Até aqui, o governo não tem os votos para fazer valer sua vontade.
—–
Pauta boa passa fácil
Se tem um projeto que o governo tem tudo para aprovar, é o que regulamenta o trabalho dos motoristas por aplicativos — apresentado, ontem, no Palácio do Planalto. A avaliação geral é de que, salvo uma vírgula ali e outra acolá no texto, nenhum partido ficará contra.
—–
Por falar em votos…
Parlamentares e prefeitos ainda aguardam a liberação de recursos prometidos para antes das eleições. O medo dos congressistas é o de que não dê tempo de repassar os R$ 20 bilhões prometidos para este semestre.
—–
Aliás…
As emendas têm feito parte das audiências dos ministros no Palácio do Planalto. Hoje, por exemplo, André Fufuca (Esportes) tem reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Há quem diga que este será um dos temas a ser tratado.
—–
Curtidas
Mudou, mas…/ Aos poucos, as mulheres vão ganhando espaço na Arábia Saudita, mas alguns aspectos ainda precisam ser revistos. Na sede da Federação das Câmaras de Comércio, por exemplo, o banheiro feminino era comparado aos dos postos de combustíveis das estradas brasileiras — sem espelho e com espaço ínfimo. A cúpula do LIDE bateu o pé e exigiu um banheiro condizente com as necessidades femininas e o respeito às mulheres.
Corre, senão alguém passa/ Presidente do LIDE Arábia Saudita e anfitrião da delegação brasileira da LIDE Brazil Saudi Arabia Conference, em Riad, Abdulmalik Al Qhatani mencionou em sua fala que, “em breve”, seu país será reconhecido como produtor de energia sustentável. “Planejamos construir a maior planta de hidrogênio verde”, adiantou. O Brasil tem planos semelhantes.
Nem vem/ De dentro do PSDB, vem a notícia de que é mais fácil a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra (foto), deixar o partido do que o partido deixar de ser oposição ao governo Lula.
Aliados de Bolsonaro suspeitam que Wassef e Flávio Rocha já falaram tudo que sabiam
Por Denise Rothenburg — Em conversas reservadas, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro sentiram falta de, pelo menos, duas pessoas no rol de ex-colaboradores sob os holofotes no quesito tentativa de golpe: o ex-secretário especial de Assuntos Estratégicos almirante Flávio Rocha e o advogado Frederick Wassef. Wassef teve celulares apreendidos e prestou depoimento à Polícia Federal (PF) no ano passado sobre o episódio do relógio Rolex — aquele que Bolsonaro ganhou de presente, foi vendido e o advogado recomprou. Rocha era um dos fiéis assessores do ex-presidente. A suspeita de muitos é de que eles falaram tudo o que sabiam e, por isso, foram deixados “em paz”.
Vamos por partes
A oposição está dividida sobre o que fazer no embalo do ato de Bolsonaro em São Paulo. Uma parte, mais pragmática, deseja aproveitar a onda gerada ali e partir para uma campanha de filiação ao PL. Outra quer partir logo para cima do Supremo Tribunal Federal (STF).
Por falar em STF…
As apostas são as de que o ministro Alexandre de Moraes voltará à carga e às operações de busca e apreensão
antes da Páscoa.
Tem poder, mas nem tanto
A punição que o governo promete a quem assinou o pedido de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por causa das declarações contra Israel, não terá muito efeito. A maioria não tem cargo no governo e se considera oposição. Para completar, as emendas são impositivas — ou seja, de liberação obrigatória.
Onde vai pegar
Mesmo as emendas impositivas o governo tem como segurar. A ideia é contingenciar e só incluir nos restos a pagar. Só tem um probleminha: dependendo de como fizer isso, pode irritar a turma que, hoje, vota com o governo.
Eles tocam de ouvido/ Encarregado de cuidar da área do governo na CPI da Braskem, o líder de Lula no Senado, Jaques Wagner (PT-BA, foto), fará dobradinha com o senador Otto Alencar (PSD-BA). Eles chegaram cedo e conversaram longamente antes de começar a sessão.
Sem passar recibo/ O senador Renan Calheiros (MDB-AL) tem feito cara de paisagem para aqueles que pedem seu retorno à CPI da Braskem. Sem a relatoria, ele prefere ficar fora.
Só vale se eu estiver/ Nos bastidores, há quem diga que Renan começa a adotar um estilo semelhante ao do então senador Antônio Carlos Magalhães, o babalorixá da política baiana, já falecido, que costumava dizer “reunião em que não estou não vale”.
A cavaleiro/ Fora da CPI, Renan estará livre para criticar os resultados, caso não estejam dentro de suas expectativas.
Por Denise Rothenburg — O ato do último domingo foi visto pelos apoiadores como uma forma de abrir o baralho do jogo eleitoral da corrida pela Presidência da República, com Jair Bolsonaro no papel de grande cabo eleitoral. Todos os potenciais substitutos do ex-presidente, hoje inelegível, compareceram e saíram satisfeitos com a demonstração de força na Avenida Paulista. Ele ainda mantém o domínio das ruas na ala à direita, assim como Lula mantém o da esquerda. A avaliação geral é a de que a polarização persiste e, se a direita souber jogar, tem condições de voltar ao poder.
Da parte do governo, a intenção de minimizar o evento não surtiu efeito. A manifestação, com milhares de pessoas, indica que a próxima eleição terá opositores fortes e que não está nada definido em favor dos atuais inquilinos do Planalto e da Esplanada dos Ministérios. Porém, Lula tem o mando de campo. Se fizer um bom governo, terá tudo para permanecer mais quatro anos, a partir de 2027. Não poderá errar e terá que jogar para manter os aliados. O primeiro desafio será a eleição deste ano, algo que sempre gera conflitos. Até aqui, o PT abriu mão de concorrer nas grandes capitais para preservar aliados. O próximo grande lance é a Presidência da Câmara dos Deputados. Mas essa é outra história.
Celina na área
Embora o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) tenha comparecido ao ato de Jair Bolsonaro na Avenida Paulista, quem caminha para ter a preferência do ex-presidente para concorrer na raia da direita ao GDF é a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP). Celina percorreu o país no segundo turno de 2022 ao lado da então primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Não deu para vencer, mas o esforço dela é reconhecido pelos Bolsonaros.
A corrida dos projetos
Com o trabalho adiantado, a Frente Parlamentar do Empreendedorismo planeja apresentar os primeiros projetos de regulamentação da reforma tributária antes do governo. A ideia é começar os debates com quatro textos em mãos já em meados de março.
Onde pega
O aumento anual de mistura de biodiesel no diesel é o ponto mais polêmico do projeto do combustível do futuro. O setor de transportes, especialmente as empresas de ônibus, tem resistências.
Muita calma…
Ainda não será nesta semana que o governo vai resolver a questão do veto dos R$ 5 bilhões no Orçamento. O Planalto, até aqui, tem conseguido adiar os temas polêmicos da agenda no Congresso.
Na pauta/ A proposta de Arnaldo Jardim para os combustíveis do futuro será debatida hoje na reunião de líderes. É um projeto que deve ocupar os parlamentares, enquanto os textos de regulamentação da reforma tributária
não chegam.
Futebol & política I/ “Colorado” quase à beira do fanatismo, o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Paulo Pimenta, deixou os bolsonaristas irritadíssimos quando mencionou “Nação vermelha” em suas redes sociais. Calma pessoal, ele se referia ao Internacional de Porto Alegre, vencedor do Gre-Nal do último domingo.
Futebol & política II/ O jogo de palavras, porém, remeteu à política quando Pimenta mencionou quebra-quebra, choro de perdedor. O que o ministro não disse, mas que está claro para muitos dentro do PT, é
que nada está tranquilo para a
próxima temporada.
Em jantar, Dino e ministros do STF alinham resposta da Corte à manifestação na Paulista
Por Denise Rothenburg — Um jantar de despedida de Flávio Dino do Senado e de chegada ao Supremo Tribunal Federal reuniu todos os ministros da Suprema Corte e senadores de partidos aliados do governo. No encontro, aproveitaram para discutir, informalmente, o que vem por aí para o STF no pós-25 de fevereiro, data em que Jair Bolsonaro reunirá seus apoiadores na Avenida Paulista, em São Paulo. Há praticamente um consenso sobre a necessidade de seguir o ritmo. Se o ex-presidente escalar a tensão, o STF não ficará parado.
Assim, na verdade, soaram os primeiros acordes entre Dino e os demais ministros de Supremo, que o trataram como “colega de casa”.
Em tempo: os generais suspeitos de apoiar uma tentativa de golpe também foram assunto das rodas de conversa. Só as investigações dirão quais deles estão sob risco de prisão.
—-
Sem acordo
A reunião entre os integrantes da Comissão Mista de Orçamento (CMO) e os ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não foi nada produtiva. Pelo menos, na avaliação de deputados que acompanharam o resultado do encontro. É que, ao marcar uma nova rodada de conversa para 7 de março, o Poder Executivo apenas ganhou mais tempo.
—-
Onde mora o perigo
A reunião deixou muita gente desconfiada de que o governo arraste, ainda mais, a liberação das emendas de 2024, de modo que fique impossível liberar tudo antes das eleições. Detalhar cronograma, conforme avisou o governo, é prerrogativa do Poder Executivo. Logo, a briga não terminará tão cedo.
—-
O funil do governo
A ideia do Poder Executivo é liberar o que há na área de saúde e de assistência social. O restante deve esperar o pós-eleição.
—-
PAC Seleções tem selo
Os deputados consideram que o PAC Seleções — citado como uma possibilidade de receber emendas parlamentares — vem com a marca da Casa Civil, leia-se o ministro Rui Costa e, por tabela, o presidente Lula. E não dos parlamentares. Será outro argumento para a queda de braço.
—-
Diálogo ou “entrevero”
Ao dizer que a Praça dos Três Poderes está meio abandonada e malcuidada, Lula abre um clima de constrangimento com o Governo do Distrito Federal. Vejamos os próximos capítulos.
—-
Curtidas
O dia do PSB/ Empossado na Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Capelli se afasta da área jurídica, onde as arestas entre o grupo do PSB e do PT cresceram por causa do Ministério da Justiça. Nem a posse de Flávio Dino, no Supremo, abrandou esse clima.
Ausência percebida/ Enquanto Dino tomava posse no STF, o advogado Marco Aurélio Carvalho, do grupo Prerrogativas, embarcava de Brasília para São Paulo. Ao contrário da posse de Cristiano Zanin, o Prerrô não foi em peso ao STF.
Tudo bem entre eles/ Na ala reservada da solenidade da posse de Dino, os presidentes dos Poderes mantiveram um diálogo amistoso e amigável. Inclusive, os da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), conversaram animadamente.
E por falar em paz…/ Ex-secretário-executivo do Ministério das Cidades, Hildo Rocha (foto) voltou à pasta como assessor especial. É o ministro Jáder Filho buscando a paz com o grupo do ex-presidente José Sarney, depois da discussão que terminou por afastar Hildo do cargo, em janeiro.
Por Denise Rothenburg — Diante das incertezas sobre o futuro político de Jair Bolsonaro, a oposição ao governo federal vai apostar tudo na área de segurança pública para tentar angariar votos contra o PT e seus aliados. É dentro desse contexto que a Frente Parlamentar da Segurança Pública, vulgo “bancada da bala”, prepara um grande seminário para dar mais visibilidade a este tema e tem prontos requerimentos para convocar o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, a dar explicações no Congresso. “Se os presos começam a fugir de penitenciárias de segurança máxima, é sinal de que está tudo errado nessa área”, diz à coluna o deputado Alberto Fraga (PL-DF).
Os deputados voltados a essa área de segurança, em sua maioria de oposição, estão convictos de que a segurança é um tema caro a todos os brasileiros e que tem apelo eleitoral em todos os municípios, independentemente de polarização política entre Lula e Bolsonaro. E com a fuga de presos de um presídio de segurança máxima, justamente num estado governado pelo PT, os bolsonaristas acreditam ser mais fácil abraçar esse assunto como bandeira de seus candidatos Brasil afora.
Nem vem
A contar pelas conversas dos tucanos e dos integrantes do Podemos, vai ser difícil o presidente Lula conseguir esses dois partidos para os convescotes palacianos. Essa turma quer é retomar o protagonismo na oposição. Se tiver que ter reuniões, que sejam no Congresso.
Partidos à parte
No Parlamento, muitos estão escaldados depois dos desfiles de Lula com Tarcísio de Freitas, em São Paulo; Cláudio Castro, no Rio de Janeiro; e Romeu Zema, em Minas Gerais. Governadores precisam de um relacionamento direto com o governo federal. Partidos políticos, nem tanto.
A onda do Congresso
Deputados voltam na semana que vem dispostos a derrubar a medida provisória que reonerou a folha de salários. Sinal de que o tempo do ministro da Fazenda, Fernando Haddad para apresentar um texto alternativo se esgotou.
Por falar em economia…
O mercado aposta que a troca de comando na Vale tende a ficar para maio, quando termina o mandato de Eduardo Bartolomeo. A ordem é deixar a poeira baixar mais um pouquinho depois do fracasso da pressão governamental para que Guido Mantega fosse o sucessor.
Diferenças I/ O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, já confirmou presença no ato de 25 de fevereiro, na Avenida Paulista, convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. O prefeito Ricardo Nunes não havia apresentado uma definição até a tarde de ontem.
Diferenças II/ Tarcísio sabe que deve a sua eleição ao ex-presidente, que o projetou na política. Já o prefeito está no cargo porque era vice de Bruno Covas, já falecido, e não precisou do bolsonarismo para chegar lá.
Não foi desta vez/ No último domingo, o líder do PL na Câmara, Altineu Cortes (foto), publicou em suas redes um chamamento para o desfile da escola Porto da Pedra, de São Gonçalo, sua base eleitoral na região metropolitana do Rio. Não deu. Como se não bastasse a operação da PF que mirou o ex-presidente Jair Bolsonaro às vésperas do carnaval, a escola do deputado foi rebaixada do Grupo Especial.
Sem direito a replay/ O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também viu sua escola naufragar na apuração do desfile do Grupo Especial do Rio de Janeiro. A Beija-Flor, com enredo patrocinado pela prefeitura de Maceió, terminou em um modestíssimo oitavo lugar, muito baixo dos padrões da agremiação de Nilópolis. Ficou de fora, inclusive, do desfile das campeãs, no próximo sábado.
COLABOROU VINICIUS DORIA
Bolsonaro pretende terceirizar responsabilidade por ataques golpistas
Por Denise Rothenburg – Políticos que conhecem a fundo o ex-presidente Jair Bolsonaro consideram que ele pretende, com o ato de 25 de fevereiro, terceirizar responsabilidades pelas agressões ao Supremo Tribunal Federal (STF) e planos fracassados de ruptura institucional. Ele pede que seus aliados não levem cartazes ou faixas com manifestações agressivas contra quem quer que seja. Se houver uma mensagem nesse sentido, Bolsonaro poderá dizer que não controla os sentimentos da população que lhe dá respaldo, com frases do tipo “não sou eu, é o povo”.
» » »
Em tempo: não são todos os antigos aliados de Bolsonaro que prometem presença no ato. O deputado Fausto Pinato (PP-SP), de direita, não vai: “É no mínimo uma incoerência Bolsonaro convocar um ato em defesa do Estado de Direito se, de certa forma, ele tentou dar um golpe”.
Nem vem
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, não pretende se afastar do comando do partido. Vale lembrar que, no escândalo do mensalão, quando Valdemar foi preso, ele foi substituído por Alfredo Nascimento, que lhe reportava toda as ações.
Desconfiados
No grupo mais ligado a Valdemar, há quem esteja com receio de que os bolsonaristas queiram tomar o partido de seu atual presidente. Os bastidores do PL fervem e já há quem diga que essa operação não deu certo no antigo PSL e que não dará certo agora.
Eles não sabiam
Uma parte do PL foi surpreendida com a convocação do ato por Jair Bolsonaro. Valdemar Costa Neto, proibido de ter contato com o ex-presidente, não pode comparecer ao evento. Mas haverá interlocutores, tanto para Valdemar, quanto para Bolsonaro nesse período.
Pacheco na muda
Ainda não deve ser nesta semana que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, dará uma palavra definitiva sobre a MP que reonerou a folha de salários. Com muitos parlamentares fora de Brasília, o governo ganhará mais uns dias.
Olhar à esquerda/ A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) comenta o chamamento do ex-presidente: “É muito cinismo de Bolsonaro convocar um ato pela sua própria liberdade. Isso tem a mesma lógica das motociatas, atos cívicos, acampamento em quartéis e outras manobras golpistas. Ele repete seu método criminoso para abafar as provas do crime cometido”.
“Esse vai para Brasília”/ Nem todos os políticos caíram na folia neste carnaval. O de Minas e Energia, Alexandre Silveira (foto), preferiu a pescaria. Em suas redes sociais, fez questão de mostrar o resultado e anunciar que aquele peixão será um presente para o presidente Lula. Os políticos, invariavelmente, gostam dessa atividade. O próprio Lula, em tempos passados, ia pescar, sempre que tinha uma oportunidade, ao lado de Sigmaringa Seixas, já falecido, e Zeca do PT, ex-governador de Mato Grosso do Sul.
Olho nele/ Criticado pela oposição como “prefeito Tik & Tok” de Recife, João Campos faz desse limão uma limonada. Tem dito em todas as conversas e entrevistas nos últimos dias que a política precisa ser leve e estar conectada ao mundo das redes sociais. No PSB, a avaliação é que ele encontrou o tom certo de se comunicar com a população nessa seara.
E o feriadão continua/ Ninguém aposta em muito movimento no Congresso nesta semana. A não ser pela pressão o grupo mais ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, cobrando um basta nas operações da PF na Casa. O PT aproveitará para fazer ponte e tentar reforçar a base do governo.