Categoria: Política
A pesquisa “Pulso Brasil” do instituto Ipespe que acaba de sair do forno ajuda a explicar o que levou a população às ruas no último Domingo. Foi a maioria maciça contra a PEC da Blindagem, que pretende proibir que políticos sejam processados sem expressa autorização do Congresso. “Há muito não se via um rechaço tão contundente da opinião pública a uma inciativa da Câmara Federal, que se colocou na contramão do sentimento da sociedade”, afirma o cientista político Antonio Lavareda, diretor do Ipespe, referindo-se ao resultado que identificou 72% contra a proposta e apenas 22% a favor.

A rejeição à PEC é suprapartidária. Esse sentimento contrário à PEC engloba 81% dos eleitores de centro e 51% dos que se dizem de direita e 93% dos de esquerda. Quando o corte é o voto em Lula ou em Bolsonaro ficou assim: 52% dos bolsonaristas e 87% dos lulistas rejeitam a PEC. Sinal de que ou os bolsonaristas esquecem essa tese ou podem perder votos para outros candidatos à direita de Lula.
Anistia
O Ipespe quis saber ainda o que o eleitorado pensa a respeito da proposta de anistia aos condenados por tentativa de golpe: 46% são contra qualquer anistia, 28% a favor da anistia geral, 18% concordam com a anistia parcial, com redução de pena para pessoas que tiveram menor envolvimento com a tentativa de golpe, e 8% não souberam responder.
O viés ideológico do entrevistado indica que 64% daqueles que se dizem de direita querem uma anistia que beneficie o ex-presidente Jair Bolsonaro, enquanto dos que se dizem de centro, apenas 16%. Na esquerda, 80% é contra qualquer anistia e 13% aceitam anistia parcial, para quem teve um envolvimento menor. O Ipespe ouviu 2,5 mi pessoas entre 19 e 22 de setembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais.
Coluna Brasília-DF publicada na segunda-feira, 23 de setembro de 2025, por Denise Rothenburg com Eduarda Esposito

Quem acompanha de perto os movimentos do governo de Donald Trump no caso envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro já percebeu que é no Departamento de Estado que Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo têm tido mais sucesso, em especial, no quesito dos vistos a autoridades. Porém, em outros campos, muitos diplomatas percebem que, paulatinamente, as coisas começam a mudar. Observa-se uma vontade de parte dos EUA de separarem as estações Executivo e Judiciário. Com o Poder Executivo, em especial, na parte relativa ao comércio, as conversas começam a ocorrer e há pontes, como aquela feita pelo Líderes Empresariais, em Washington, na primeira semana de setembro.
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Em relação ao Judiciário, a tendência é demorar mais para que as coisas se resolvam, haja vista a aplicação da Lei Magnitsky à mulher do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Viviane Barci de Moraes. Para completar, ainda veio a suspensão do visto.
Ringue montado
O próximo ministro a ser ouvido pela Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados é o da Fazenda, Fernando Haddad. Antes dele, foi a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. É bom Haddad se preparar, porque ali o ambiente sempre é tenso. Especialmente agora que o governo ampliou o bloqueio de recursos do Orçamento deste ano para R$ 12,1 bilhões.
O que importa
Fernando Haddad vai falar sobre a proposta de tributação nas Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e sobre a ausência de prorrogação de prazos de pagamento das dívidas de produtores rurais do Rio Grande do Sul.
Aqui, não
Para impedir que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) exerça, dos Estados Unidos, o cargo de líder da minoria, o primeiro-vice-líder do governo na Câmara, Alencar Santana (PT-SP), apresentou um projeto de resolução para alterar o regimento interno da Casa. “É imprescindível que as normas regimentais sejam atualizadas para harmonizar o uso da tecnologia com a reafirmação da territorialidade e garantir que os mandatos tenham preservadas suas dimensões presenciais e o compromisso cotidiano com o eleitorado” , justificou o petista.
A sorte está lançada
Ciro Nogueira fez um último pedido aos colegas para ver se salva a PEC da Blindagem: restringir a crimes de opinião a necessidade de autorização do Congresso para que um parlamentar seja investigado. Até aqui, muita gente não topou essa proposta porque há o risco de manobras que retomem o texto da Câmara.
CURTIDAS

Esqueçam as redes sociais/ Com os depoentes calados, a CPMI do INSS terá que voltar suas baterias para o material de quebra de sigilo. São milhares de documentos e relatórios a serem analisados. O momento é de trabalhar em silêncio, deixando de lado os discursos nos depoimentos, que cada vez servem mais para os parlamentares fazerem seus cortes para exibir nas redes. O momento é de, realmente, se agarrar no serviço de análise e investigação.
Enquanto isso, nos Estados Unidos… / Há alguns dias, Eduardo Bolsonaro havia dito que “iria atrás” da família de Moraes. “Eu vou provar para o Alexandre de Moraes que ele encontrou um cara de saco roxo que vai acabar com essa brincadeirinha dele. Moraes, você, a sua mulher, e depois dela, que em breve serão sancionado os seus filhos, eu vou atrás de cada um de vocês” , disse o deputado.
Por falar em Moraes…/ O influenciador de extrema-direita Paulo Figueiredo nem conseguiu comemorar direito a aplicação da Lei Magnitsky à mulher do ministro do STF, uma vez que, logo em seguida, ele e o deputado Eduardo Bolsonaro foram denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por coação em processo judicial.
Carta branca/ O ex-governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (foto), sai do PSDB e se filia ao PL com direito a discurso do presidente do partido, Valdemar Costa Neto, com garantia de “autonomia para montar a chapa” estadual. Candidato ao Senado, ele apoiará a reeleição do governador Eduardo Riedel. Na festa de filiação, Valdemar, abraçado a Azambuja, saiu-se com esta: “Você manda no partido aqui para fazer o que você quiser”.
Texto por Denise Rothenburg publicado neste domingo (21/9) — As últimas críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos deputados, dizendo que eles não pensam no povo brasileiro, foi a forma que o Palácio do Planalto encontrou para levá-los a aprovar a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil mensais. Agora, na avaliação de integrantes do governo, os congressistas terão que ficar a favor desse alívio no contracheque dos trabalhadores a fim de mostrar que não estão cuidando apenas dos próprios interesses.
E vem mais/ Paralelamente aos comentários presidenciais, virão ainda as manifestações de hoje, promovidas por sindicatos e partidos de esquerda, contra a anistia e contra a PEC da Blindagem. Os petistas, que até aqui encontram dificuldades em se conectar com a população, acreditam que conseguiram encontrar uma brecha para falar diretamente aos indignados com a postura do Parlamento. Até na oposição muita gente considera que Lula não está fora e que vencerá em 2026 quem errar menos.
Sinais dos EUA
Autoridades e empresários identificam o Departamento de Estado do governo dos Estados Unidos como o maior foco de ações contra o Brasil. Outros atores da Casa Branca, porém, têm sido mais otimistas e dizem que, mais à frente, a crise entre os dois países tende a melhorar no quesito relação comercial — pois no relacionamento político é mais difícil.
Por falar em Estados Unidos…
Lula deve atender ao pedido do presidente da Ucrânia, Volodomyr Zelensky, para um encontro em Nova York, na semana que vem. Falta acertar horário e local.
Hugo Motta é dúvida para o futuro
É voz corrente entre os parlamentares — tanto da esquerda quanto da direita — que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), passa por um processo de desgaste e corre o risco de “queimar a largada” para se reeleger presidente.
A união faz a força
Entre atender o conselho de alguns mandando a PEC da Blindagem para a gaveta em carreira solo, o presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Otto Alencar (PSD-BA), decidiu dividir essa tarefa com os colegas. Por isso, nomeou o senador Alessandro Vieira (MDB-SE) como relator — e já garantiu que o relatório pela rejeição total da matéria estará pronto para ir voto na quarta-feira.
CURTIDAS
Pintados para a guerra Presente à comemoração do aniversário da deputada Bia Kicis (PL-DF), o deputado Alberto Fraga (PL-DF) não escondeu a disposição do partido sobre a anistia, em discussão na Câmara: “Congresso não tem que reduzir pena. Vamos para briga. Ou é anistia, ou nada”, disse à coluna.
Candidata/ “Minha senadora!” Assim o senador Izalci Lucas (PL-DF) cumprimentou Bia Kicis ao chegar para o almoço em comemoração ao aniversário de sua colega de partido. Hoje, a chapa de Celina Leão ao governo tem como candidatos ao Senado Michele Bolsonaro (PL) e o governador Ibaneis Rocha (MDB).
José Roberto, o retorno I/ O ex-governador José Roberto Arruda prepara a volta à política. Para isso, está percorrendo as ruas das cidades do Distrito Federal para saber o que os eleitores querem que ele faça.
José Roberto, o retorno II/ Perguntado sobre qual mandato disputará — se deputado distrital, federal ou senador —, Arruda, que hoje está no PL, responde: “Quem tem tempo não tem pressa e eu não tenho tempo a perder”, afirmou à coluna, ontem, ao sair do aniversário de Bia Kicis, que reuniu amigos e apoiadores num restaurante do Pontão do Lago Sul.
Texto publicado por Denise Rothenburgo na edição deste sábado (20/9) — O deputado Paulinho da Força trabalha uma proposta de redução das penas a que foram condenados os envolvidos em tentativa de golpe que virá sob medida para tirar da cadeia aqueles cidadãos e cidadãs comuns que participaram dos atos de 8 de janeiro. Se isso for avante, tirará dos defensores do ex-presidente Jair Bolsonaro a tese de que gente humilde continua presa. Assim, avaliam alguns, será possível reduzir a pressão e deixar sujeitos à cadeia Bolsonaro e os militares condenados este mês. No caso do ex-presidente, avaliam alguns, não será possível livrá-lo da prisão, apenas reduzir a pena de 27 anos. Seja domiciliar, seja na Polícia Federal, seja no Exército, analisam muitos, o ex-chefe do Executivo terá de cumprir pena. Se quiserem uma anistia para ele, será em outra oportunidade.
É pegar ou largar/ O primeiro movimento do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), já indicado como líder da minoria, mostra que a família cerrou fileiras em defesa da anistia ampla, geral e irrestrita, que inclua o ex-presidente. Só tem um probleminha: já existe um consenso entre os partidos de centro, negociado com o próprio Supremo Tribunal Federal, e aceito por parte expressiva do Parlamento, de que a anistia requerida pelo filho do ex-presidente não será o objetivo principal do relatório de Paulinho da Força. A avaliação de parte dos congressistas é de que esta fase — de anistia geral — já passou. Resta saber se Bolsonaro conseguirá reunir um grande número de aliados para recolocar essa tese sobre a mesa.
É por aí
O projeto de redução ou “dosimetria das penas”, em elaboração por Paulinho da Força, pretende alterar somente as penalidades menores, sem baixar as maiores atribuídas a cada crime. Assim, os advogados de cada condenado poderão recorrer ao STF, pedindo as penas menores para seus clientes.
Mas nem tanto
Essa parte, de não mexer nas penas maiores, não é consenso entre os partidos conservadores. É aí que se dará a discussão dos próximos dias. Se houver muita confusão, será a senha para tentar uma brecha que garanta anistia.
Não conte com eles
O ministro do Turismo, Celso Sabino (União-PA), prepara a carta de demissão, e o do Esporte, André Fufuca (Progressistas-MA), declarou apoio à reeleição de Lula. Isso significa que, se o União tiver candidato ao Planalto, esse nome chegará para a disputa sem apoios importantes no Pará e no Maranhão. Os quase ex-ministros pretendem apoiar Lula.
Por falar em Lula…
Não há nada preparado antecipadamente sobre o momento em que o presidente Lula deixará o púlpito do plenário das Nações Unidas, na próxima terça-feira, para que o segundo a falar, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, faça o seu discurso. Geralmente, a saída é feita pela lateral, e o presidente segue para a bancada do governo do Brasil, a fim de acompanhar alguns discursos. A tendência é Trump só entrar depois que Lula já estiver bem longe de sua passagem.
Vire a página/ Os senadores querem tirar logo de pauta a proposta da PEC da Blindagem, que diz que indiciamento de parlamentar precisa ser autorizado pelos próprios pares. Seria um desgaste a menos sobre a mesa.
Agora, vai/ O projeto da Carteira de Identidade Nacional que o presidente Lula entregou esta semana à ministra da Gestão, Esther Dweck (foto), é mais antigo do que andar para a frente. Foram 20 anos tentando lançar o novo documento, desde que Lula apresentou as primeiras carteiras ao lado do então ministro da Justiça, Luís Paulo Barreto, em dezembro de 2010 — último ano de seu segundo governo. Na época, a carteira de Lula foi a número 01, e a da primeira-dama, dona Marisa, a de número 02.
Razões diversas/ As primeiras carteiras demoraram a sair por causa de inúmeras disputas entre as empresas que participavam da licitação. Em 2010, só saíram graças a uma parceria com a Casa da Moeda. A proposta, porém, não foi prioridade no governo Dilma. Agora, Dweck, que não costuma deixar nada parado, terá de recolocar os documentos na praça.
Prepare-se/ As apostas são de que a tensão política daqui para frente só irá aumentar. Pacificação para valer, talvez, depois da eleição de 2026.
Políticos experientes e com grande faro para o que representa desgaste nas urnas recomendam que o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Otto Alencar (PSD-BA), avoque para si a relatoria da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) das Prerrogativas — ou da Blindagem __ e, numa canetada, mande o texto para a gaveta. O texto determina que a Câmara deve autorizar, por voto secreto, se um parlamentar pode ser indiciado ou não em inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF). Otto ainda não disse se é isso que fará, mas foi incisivo ao criticar o texto, dizendo que precisa ser rejeitado no Senado, de forma a não retornar à Câmara.
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E por falar em Câmara…/ Relator da PEC da Anistia, o deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) não pretende beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro. E também pretende retirar tudo o que se referir a novas condenações. Ou seja, o que vier pela frente, não estará no pacote.
Sai daí rapidinho…
Integrantes do PT que votaram a favor da PEC da Blindagem estavam de olho num acordo para aprovar o texto, em troca de não dar urgência ao projeto de anistia e ainda angariar simpatias às propostas governamentais em tramitação no Parlamento. Veio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma ordem no sentido inverso.
… e nem avisa
É grande a revolta do PP e de outros partidos do Centrão com o PT por causa do “não” à PEC da Blindagem.
A vida é feita de escolhas
Entre uma jogada de risco, com um não à PEC da Blindagem, e a garantia de clima bom com os partidos que podem dar os votos para aprovar suas propostas, o Palácio do Planalto optou por tentar recompor sua base e o clima no Parlamento.
A conferir
A aposta dos governistas é de que ninguém poderá dizer não à isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil, o projeto mais importante para ser apreciado até o final do ano.
É pegar ou largar
O que se diz entre quatro paredes na política é que Bolsonaro terá que escolher: ou é prisão domiciliar ou nada. E por mais de 10 anos. Livre, leve e solto, está difícil negociar.
CURTIDAS
Festa no Planalto/ Enquanto os bolsonaristas comemoram a aprovação da urgência para a anistia, o Palácio do Planalto faz festa para celebrar o aniversário de 55 anos do ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo (foto). Vários colegas da Esplanada fizeram questão de comparecer.
Aliás…/ De uns tempos para cá, os ministros palacianos parecem mais felizes e confiantes na perspectiva de sucesso na eleição de 2026. Já tem gente dizendo que, se a eleição fosse hoje, Lula seria reeleito.
… tem jogo…/ Da parte dos adversários, essa alegria palaciana é prematura, até porque não está configurado qualquer apoio a Lula num segundo turno. E a estratégia de vincular a anistia ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, vem cedo demais. Daqui um ano, apostam muitos, a pauta será outra.
… e preocupação/ Entre os adversários de Lula, porém, conforme o leitor da coluna já sabe, há uma certa apreensão sobre o que fará Bolsonaro. Com todo o desgaste, ele ainda é o dono dos votos. O ex-presidente, a um passo de manter a prisão domiciliar por mais de 10 anos e permanecer inelegível, terá problemas em apoiar um nome de fora da família.
Pré-candidatos a presidente não pretendem colocar defesa do STF nas campanhas
Coluna Brasília/DF, publicada em 14 de setembro de 2025, por Denise Rothenburg — Já se sabe que o Poder Judiciário estará como tema da campanha eleitoral. E enfrentará um problema: nenhum dos pré-candidatos a presidente da República planeja colocar a defesa de outro Poder no centro de suas campanha. Os conservadores não o farão, porque desejam os votos dos bolsonaristas. E quem não estiver na linha de ataque aos ministros do STF ou ao sistema como um todo, vai cuidar da própria vida. Afinal, o tempo é curto e requer foco.
Dentro da gestão federal, há a avaliação de que Lula pode até defender o Judiciário aqui e ali, mas sua campanha pela reeleição estará voltada às realizações de governo e ao respeito à democracia. O presidente da República, cada vez mais candidato, não terá a defesa do Supremo Tribunal Federal como o objetivo central de sua campanha.
A hora das emendas
Quem acompanha de perto o movimento dos políticos tem feito o seguinte cálculo: se o governo quiser mesmo aprovar a isenção do IR, terá de abrir ainda mais os cofres até o final do ano, a fim de dar tempo de liberar tudo no primeiro trimestre de 2026.
Ajustes de relógio
Isso não significa que os deputados vão deixar de votar, apenas que não está descartado levar esse tema numa velocidade tal que evite surtir efeito no ano que vem. É mais ou menos o que está se discutindo em relação à anistia: o problema é quanto e quando.
Por falar em anistia…
Nos próximos dias, o que se verá no Congresso é a oposição mais ferrenha a Lula fazendo muito barulho em defesa da anistia para Jair Bolsonaro. Entre os de centro, porém, muitos torcem para que a proposta não avance.
Sozinhos na fita
À exceção do PL e de seus candidatos ávidos em ver Bolsonaro no palanque pedindo votos para eles, todos os outros partidos estão divididos. No PP, ou Ciro Nogueira fecha questão a favor da anistia ampla, geral e irrestrita, ou terá dificuldades em conseguir todos os votos.
Sem jeito/ A proposta de alguns lulistas, de tirar do governo integrantes dos partidos que votem a favor da anistia, promete ser um tiro no pé. Dentro do PP, por exemplo, se Lula tirar o ministro dos Esportes, André Fufuca (foto), vai ficar pior.
Menos uma/ Ao final da entrevista da ministra Esther Dweck ao Correio, ela respondeu que não pretende concorrer a nenhum mandato eletivo no ano que vem. Significa que pode ser mais uma a ficar a postos na Esplanada a partir de julho do ano que vem.
Enquanto isso, em Washington…/ Taxistas têm reclamado da redução do quantidade de turistas na capital americana. Eles temem que esses visitantes não retornem tão cedo.
Bolsonaristas exigem que candidatos ao Senado se comprometam com ações contra Moraes
Coluna Brasília/DF, publicada em 13 de setembro de 2025, por Denise Rothenburg — Ainda que o Supremo Tribunal Federal julgue Jair Bolsonaro faltando mais de um ano para a eleição, a avaliação dos partidos de centro e daqueles mais conservadores é de que o Poder Judiciário será um forte tema da temporada eleitoral, seja pelo viés desse processo que condenou o ex-presidente, seja pelo ângulo da segurança pública. Os bolsonaristas já disseram que, quem for o candidato do grupo ao Senado, precisará se comprometer com ações contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF.
Da parte da segurança púbica, há uma imagem de que a polícia prende e o Judiciário solta, o que também será levado para a campanha eleitoral, em especial, nas redes sociais. Quem começa a organizar programa de governo, aqui e ali, diz que é bom os tribunais se prepararem uma defesa institucional para 2026.
Anistia: a ordem é ganhar tempo
O debate sobre a anistia na semana que vem será mais para sentir o clima do que propriamente levar uma proposta a voto. As minutas apresentadas até aqui não têm ampla maioria. E, para completar, líderes afirmam nos bastidores que não pretendem acelerar esse tema. Preferem esperar terminar tudo no STF e ver o que é possível negociar.
INSS na primeira temporada
A operação da Polícia Federal (PF) que prendeu Antonio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, é apenas uma de outras etapas que virão. Quem acompanha muito de perto as investigações acredita que está em curso uma nova Operação Lava-Jato. A diferença é que, desta vez, as ordens partem diretamente do STF, e não da 13ª Vara Federal
de Curitiba.
Tem para todos
Essa investigação, apostam muitos políticos, atingirá direita e esquerda, sem levar em conta coloração ideológica. Nesse sentido, a CPMI corre o risco de se transformar em tiroteio com baixas
dos dois lados.
#fiqueemcasa/ Com Bolsonaro em prisão domiciliar desde 4 de agosto, ele deve ficar mesmo preso dentro de casa, conforme avaliação de juristas. Ninguém vai querer se colocar como responsável por algum agravamento do estado de saúde do ex-presidente, nem o ministro
Alexandre de Moraes.
Enquanto isso, no PL…/ As várias entrevistas do presidente do partido, Valdemar Costa Neto (foto), em canais de rádio e tevê, foram no sentido de reforçar a lealdade a Bolsonaro depois da condenação pela Primeira Turma do STF. A ordem é evitar que o ex-presidente se sinta abandonado.
… o jeito é segurar a onda/ O receio dentro do PL é que Bolsonaro ou seus filhos deixem o partido, caso considerem que não existe um grande suporte por parte da agremiação. E o projeto ali é eleger uma grande bancada com os votos bolsonaristas.
IDP ampliado/ O Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP) inaugura, segunda-feira, em São Paulo, seu novo câmpus na Avenida Faria Lima. A abertura terá uma palestra do professor James Robinson, da Universidade de Chicago, um dos maiores pensadores do momento, vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 2024.
“Mau caminho”, define João Doria sobre possível reciprocidade do Brasil ao tarifaço
Por Denise Rothenburg* com Eduarda Esposito — O ex-governador de São Paulo e co-chairman do LIDE, João Doria, falou com jornalistas após o evento LIDE Brazil Development Fórum, que ocorreu hoje (8/9) na capital dos Estados Unidos, Washington DC. Confira agora as respostas do ex-governador sobre o tarifaço imposto por Donald Trump ao Brasil e sua opinião sobre a anistia.
O Brasil até chegou a sinalizar que vai adotar a reciprocidade em relação às tarifas. Como é que o senhor enxerga essa questão?
Mau caminho. A pior alternativa que o Brasil pode adotar é estabelecer reciprocidade. Porque isso não é reciprocidade, isso é agressividade. Você devolve, com a mesma agressividade que recebeu, ao país que erra e que comete o equívoco de ser agressivo, porque não há nenhum fundamento técnico para a medida que foi adotada pelo governo americano. Agora, o governo brasileiro adotar a mesma maneira de ser agressivo, isso não é contributivo. Isso só agravará ainda mais a situação do Brasil perante o seu segundo maior mercado de consumo e segundo maior parceiro comercial, que são os Estados Unidos da América.

Essa falta de relação entre os dois presidentes, ela não dificulta essa ação empresarial?
Dificulta. Há equívocos dos dois lados. Os dois lados tensionam as relações econômicas por conta de uma visão ideológica, uma visão política e não técnica. Portanto, ambos os lados estão falhando nisso. A começar do lado americano, que impôs ao Brasil uma sobretaxa de 50% de forma absolutamente injusta, imprópria, inadequada e sem nenhum fundamento. Não há nenhuma razão para que o Brasil, assim como outros países também, não é só o Brasil, sejam punidos com 50% por uma decisão unilateral, que não toma como base as relações econômicas e nem a balança comercial. E o Brasil não pode ter reação política em relação a isso. Deve ter a reação diplomática e, sobretudo, do privado com o privado. O que pode produzir resultados positivos de reversão dessa medida para o Brasil é a relação com o empresariado americano.
É possível fazer os seus negócios independentemente dos dois governos?
Claro que é possível. Vou dar um exemplo concreto que já aconteceu. A Embraer originalmente estava dentro do pacote e seria penalizada com 50% para venda das suas aeronaves para aviação comercial americana e aviação executiva aqui nos Estados Unidos. O maior mercado de aviões comerciais da Embraer são os Estados Unidos da América, para aviação executiva também. Isso foi revertido rapidamente, em 72 horas, por uma competência que eu destaco da Embraer junto às companhias aéreas americanas e junto a entidades privadas que são compradoras de aviões executivos da companhia, que contrataram a empresa de lobby aqui em Washington, e em 72 horas estava revertido isso.
O mesmo está sendo feito com a laranja, com café e com a proteína animal. Esse é o caminho, é o caminho do entendimento. É evidente que quando você sofre uma injustiça, é sempre muito difícil você não reagir impulsivamente, mas é a pior reação, é aquela que não se recomenda. É preciso ter uma reação cerebral planejada e articulada para mostrar aos americanos que o prejuízo de uma sobretaxa de tal ordem em diferentes produtos, sejam commodities ou não, prejudica fundamentalmente o americano, porque ele vai pagar mais por serviços ou vai pagar mais por produtos.
O senhor defende que o empresariado também faça esse papel de articulação para destravar a questão política?
Defendo porque já há uma animosidade política muito clara entre o governo brasileiro, o governo americano e vice-versa. Isso vem até do período da campanha eleitoral aqui para os Estados Unidos, onde o Brasil, naquele momento, fez uma manifestação contrária ao governo que foi efetivamente eleito aqui nos Estados Unidos, já criou ali um mal-estar preliminar. Isso subiu a temperatura de uma circunstância, repito, absolutamente injusta e até uma intromissão do governo americano em temas internos do Brasil.
Então, eu acho difícil que de governo para governo possamos ter bons resultados, mas defendo que a diplomacia seja mantida. Onde podemos ter resultados: do privado com o privado. Mas é um erro você insistir numa questão política onde você quer influir numa decisão do judiciário brasileiro, é uma questão política sem resolução. O judiciário brasileiro não vai se curvar a uma decisão à vontade do governo americano. Qual é a razão para isso? Aí independe de visão partidária, politizada, ideológica. Isso é uma intromissão. Imagina. É como se o Brasil determinasse, quisesse terminar o governo americano, que tivesse um outro tipo de comportamento sobre uma decisão do poder judiciário americano. Aqui também tem Suprema Corte e ela é um poder independente. Então, se política é isso, não vai funcionar.
O senhor acredita que uma possível condenação do ex-presidente possa agravar ainda mais esse quadro?
Eu espero que não. Não podemos antecipar qual será o julgamento final do Supremo Tribunal Federal brasileiro. Mas eu imagino que não, quer dizer, eu desejo que não. Talvez haja um aumento de tensão se a pena for dura em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas mais uma vez eu continuo a defender que não se trata de uma questão do governo americano e do presidente Donald Trump desejar que haja um comportamento diferente da justiça brasileira. Não se esperaria que o inverso pudesse ser assimilado pelo governo americano.
Portanto, cada país tem a sua independência, acertando ou errando. Mas assim a democracia, democracia também erra, como também acerta. Então, é preciso preservar a independência e a autonomia dos países. E volto a repetir, o único caminho do ponto de vista das sanções econômicas, não estou falando do ponto de vista político, é o privado com privado, entidades e empresas privadas brasileiras reforçarem as suas relações, o seu diálogo com entidades e empresas privadas americanas. Esse é o único caminho que pode trazer resultados positivos de reversão naqueles produtos que ainda estão sob o tarifaço americano.
O senhor acredita que o presidente Lula deva ligar para o presidente Trump?
Na minha opinião, sim, eu não vejo razão para que o presidente Lula não dialogue com o presidente Trump, como também não vejo razão para que o presidente Trump não dialogue com o presidente Lula em alto nível. É o que se espera de dois presidentes da República que não se ofendam mutuamente e que se respeitem conjuntamente num diálogo produtivo. Eu entendo que o diálogo só constrói. Eu nunca vi o diálogo destruir. O que destrói é o conflito, o atrito, é a guerra. O diálogo constrói.
Então, como resolver de privado para privado, sendo que muitas empresas brasileiras são familiares no Brasil e talvez não tenham uma facilidade de negociação como grandes corporações?
De cada adversidade, você tem que buscar oportunidade. Diante de uma situação adversa, o setor cafeicultor está unido, não pode ter posições individualizadas, ele tem que estar unido mesmo. O pequeno produtor, ele tem que estar associado a uma cooperativa, uma federação, uma associação para poder validar a sua reivindicação, saindo da visão individual para uma composição coletiva, uma visão e uma defesa coletiva. O Brasil tem inúmeros produtos, pequenos produtores de café, como tem de vários outros produtos agrícolas, mas necessariamente em circunstâncias como essa, e mesmo fora delas, devem estar juntos.
Então vamos transformar essa situação adversa numa boa oportunidade para unir o setor cafeicultor brasileiro, como o setor também de produção de laranja e de concentrado de laranja e dos demais setores, mesmo a proteína animal, aí envolvendo também a carne de porco e a carne de frango, tem que estar unidos. A união ajuda, contribui e você individualmente fica fragilizado.

Tem avançado em Brasília a discussão sobre anistia. Qual é o seu posicionamento em relação a isso? O senhor é a favor da aprovação de uma anistia geral que inclua Jair Bolsonaro? O senhor é contrário? Qual o seu posicionamento?
Bem, eu não sou juiz, nem desejo ser, mas sou cidadão, sou brasileiro, amo o meu país, gosto do Brasil, atuei na área pública como prefeito, como governador e entendo que houve um certo exagero, do ponto de vista punitivo, àqueles que participaram de um movimento condenável, como foi o de 8 de janeiro. Foi um movimento que merece repulsa, porque aquilo não era um movimento celebrativo, era um movimento agressivo. Você invadia o Poder Judiciário, Executivo e Legislativo, não há justificativa alguma para isso. Mesmo que você tenha contrariedade, nada justifica a desobediência à lei. Mas eu entendo que houve medidas ali que acabaram sendo exageradamente fortes e isso criou e fortaleceu uma reação de parte da população brasileira contra as medidas do Supremo Tribunal Federal. Então, diria que reavaliar o tema da anistia, mas de maneira cuidadosa e não geral.
A questão geral significaria compreender que amanhã possamos ter uma situação igual e deveremos ter a mesma postura de entender que aquilo faz parte da normalidade. Seria como você imaginar que um grupo de pessoas invadisse a sua casa, ameaçasse de agressão a você, aos seus familiares, aos seus funcionários, quebrasse os objetos e levasse os pertences, e entendesse que isso merecesse uma anistia plena, geral e irrestrita, nenhuma penalidade. Não é correto. Não é justo. Você se sentiria dentro de um país, cidade, estado ou região sem lei e sem ordem. O Brasil não pode ser um país sem lei e sem ordem, mas é preciso dosar também a força da lei. Ela, quando é exagerada, provoca repulsas e uma reação da própria sociedade civil.
O senhor acredita que a anistia é um caminho para negociar o tarifaço?
Neste caso, sim, mas não por obediência a uma imposição americana, e sim por obediência ao bom senso e avaliação ao respeito a termos uma democracia sólida, como é a democracia brasileira, mas que também é preciso que o poder judiciário tenha sensibilidade na aplicação da lei. Mas eu não defendo uma anistia irrestrita.
Então, o senhor discorda da posição do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas? Como viu a colocação de uma bandeira norte-americana durante a manifestação do 7 de Setembro na Avenida Paulista?
Eu não quero discordar dele, entendo a sua posição. Prefiro dizer que compreendo a circunstância em que ele faz manifestações do que condená-lo pelas manifestações que fez. E sobre a manifestação, senti que faltou uma bandeira brasileira do mesmo tamanho ao lado.
Agora o senhor acha justo misturar a anistia com a questão das tarifas, ou seja, uma questão política misturando com uma questão técnica?
A razão não seria a motivação da pressão americana no equívoco de sobretaxar commodities e produtos brasileiros em 50% por um fundamento político, mas entendo que seria uma forma pacificadora de uma dosimetria correta para, com isso, tentar pacificar o país. Eu acho que essa circunstância deve ser tratada sem vilipendiar, sem fazer rupturas com a lei, mas compreendendo que o Brasil vive um momento tenso e nós não podemos seguir nesse movimento de tensão e ampliá-lo ainda mais com a proximidade das eleições do ano que vem.
Nós precisamos ter compreensão, baixar um pouco esse nível de pressão, senão o país entra em ebulição. E nós estamos há 1 ano e 4 meses das eleições de outubro do ano que vem. Não é compreensível que uma situação como essa possa levar o país a uma ebulição pública, a circunstâncias até de confrontos em rua. Isso seria um desastre para o Brasil. Brasil não precisa disso. Eu volto a repetir, aliás, o que eu digo há 3 anos praticamente desde a posse do governo Lula: paz, entendimento, compreensão, diálogo e não o confronto e reações mais exasperadas, elas não são contributivas para a estabilidade do país e nem mesmo para a democracia brasileira.
O senhor não está defendendo uma relação direta, nem uma anistia que não seja geral do ponto de vista democrático no Brasil, mas não está ligando uma questão à outra?
Não, e definitivamente não. O Brasil tem autonomia. O Brasil não pode receber nem recado, nem instruções, nem ordem de um governo externo, seja americano, seja ele qual for. Eu entendo que uma medida de dosimetria é uma compreensão de que a lei pode ser aplicada, mas de uma forma mais ajustada àqueles que participaram do movimento de 8 de janeiro, mas pelo bem do país, não pelo bem dos Estados Unidos.
*Enviada especial
“Hoje, o melhor candidato é Tarcísio”, afirma Ibaneis Rocha sobre 2026
Por Denise Rothenburg* com Eduarda Esposito — O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, afirmou que seu candidato em 2026 para a presidência da República é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. “Vou acompanhar um dos candidatos de centro-direita, na minha visão, hoje o melhor candidato é o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. Porque carrega duas coisas importantes: primeiro, ele é um grande administrador e gestor público, foi ministro, tem vida pública, sabe dos grandes projetos nacionais, conhece o que precisa ser feito no Brasil. E, segundo, é uma pessoa que, mesmo tendo o apoio de parte da família dos Bolsonaro — que já vem se revelando aos poucos —, tem toda a condição de conduzir o país a uma pacificação”, afirmou após participar hoje (8/9) do evento LIDE Brazil Development Fórum, em Washington DC, nos Estados Unidos.
Rocha defendeu que se identifica como centro-direita e não segue ideologias ou radicalismo, e acredita que Tarcísio é um nome adequado, ao ser questionado sobre uma possível guinada à extrema direita por parte do governador de São Paulo. “Vi algumas matérias falando sobre o discurso de Tarcísio no 7 de Setembro, ele revela um sentimento que é de quase toda a nação brasileira, inclusive já testado em pesquisa, de que o Supremo está avançando sobre prerrogativas de outros poderes e que vem interferindo na administração nacional. Mas vocês podem ter certeza, pelo que conheço do Tarcísio, e o conheço há muitos anos por conta do nosso convívio na capital, sempre foi uma pessoa extremamente ponderada e que na hora certa ele vai fazer o diálogo com todas as instituições”, garantiu o governador.
Ainda sobre 2026, Ibaneis afirmou que o MDB deve disputar o governo de SP com Ricardo Nunes, caso Tarcísio dispute o Planalto, e que já começou sua pré-candidatura ao Senado no DF. “Eu sou candidato ao Senado, saio do governo no início de abril e já estou em pré-campanha, tenho visitado as minhas bases, os meus apoiadores. A gente vem fazendo um trabalho realmente de aproximação com a população para que essa eleição para o Senado dê certo e que eu possa ser instrumento também de pacificação. Eu acho que eu tenho capacidade jurídica, tenho capacidade de interlocução, mesmo agindo mais nos bastidores, mas eu tenho condições de ajudar nessa interlocução”, contou a jornalistas.

Bolsonaro e anistia
Questionado se apoia o projeto de anistia, Ibaneis disse que não defende a pauta e que ela deve ser tratada no Congresso Nacional. Inclusive, ressaltou que o texto já deveria ter sido colocado em pauta pelo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). “Eu nunca defendi a anistia. Agora, o que eu entendo? As penas que estão sendo aplicadas pelo STF são muito exacerbadas em relação àquilo que nós temos no país. Você pegar uma pessoa que quebrou um vidro do Supremo, não estou dizendo que isso está correto, e condenar a 17 anos de prisão? Tem muito estuprador e homicida que não pega uma pena dessa. As penas foram colocadas de forma exagerada, gerando esse sentimento a favor da anistia, que eu entendo inclusive que o presidente da Câmara já deveria ter pautado. Quem tiver voto, aprova. Quem tiver voto, tira a aprovação”, justificou.
Para o governador, o ex-presidente Jair Bolsonaro pode ser anistiado pelo projeto ou por Tarcísio, e ele não vê nada de errado nesse processo. “Na minha visão como advogado, a anistia é totalmente possível e não teria nada de ilegal. Como político, defendo a pacificação desse país. Do jeito que nós estamos, acho que passa a anistia a todos esses que estão condenados. Se for para ter anistia, é a que está proposta na Câmara, geral e restrita e que atinge o presidente Bolsonaro. E se não tiver, é aquilo que o Tarcísio disse, que se eleito presidente da República, e tenho confiança de que será, no dia seguinte promove a liberdade do presidente Bolsonaro, que também é possível”, disse.
Perguntado qual projeto ele defende que seja colocado a votos na Casa, Ibaneis respondeu que deveria ser o projeto já existente e apresentado. “O projeto que existe é a anistia geral. Se não tem outro, tem que pautar esse. É isso que os líderes estão pedindo. E também uma alternativa que pode ser proposta pelo presidente do Senado Davi Alcolumbre (União-AP), com toda a legitimidade que ele tem como presidente do Congresso Nacional e como senador eleito, e aí vamos ver qual deles vai ser aprovado”, comentou.
Mas, para o governador, deveria ser aprovado logo o projeto, buscando a pacificação do Brasil. “Olha, nós já tivemos no Brasil uma anistia nesse sentido, que foi em 1979, que trouxe a pacificação do Brasil. Então isso não é uma coisa que não existiu no nosso país e não deixou de ser aceito. Então eu acho o seguinte, em relação à ditadura, eu tenho certeza de que abriu as portas para que a gente tivesse a redemocratização, uma nova constituição e tivéssemos agora, e está comprovado, o maior período de estabilidade democrática da história brasileira. Basta que vocês analisem o seguinte: nós já tivemos dois impeachments de presidente da República. Nós temos atualmente dois ex-presidentes presos e o país continua sobrevivendo”, destacou.
Contudo, na visão de Ibaneis Rocha, anistiar Bolsonaro não significa torná-lo elegível novamente, são duas coisas distintas. “Nós temos duas situações. Primeiro, estamos tratando dos processos criminais e a anistia está tratando desses processos. O presidente Bolsonaro continuaria inelegível por causa da decisão do Tribunal Superior Eleitoral, da qual nós não vemos nenhuma perspectiva de que seja mudada. Nesse caso da justiça eleitoral, eu tenho convicção de que a anistia não seria válida, seria inconstitucional porque ofende outras legislações, como é o caso da lei da ficha limpa”, argumentou. E que, na sua visão, o projeto em si da anistia não é ilegal. “Anistia, nós temos o exemplo claro do que aconteceu na redemocratização de 1979. Basta olhar o texto que está escrito lá. É porque o brasileiro tem memória curta. Mas se você pegar o texto da anistia, ela foi ampla, geral e irrestrita, inclusive para quem não tinha sequer processo”, finalizou.
Sobre o julgamento desta semana do ex-presidente no STF, Ibaneis garantiu a segurança do DF e deu exemplo das diversas manifestações que ocorreram durante o 7 de Setembro. O esquema de segurança tem contado com o monitoramento de todas as redes sociais e externo pela Polícia Militar com a inteligência da Polícia Civil. “Estamos bastante tranquilos do ponto de vista da segurança. Haja vista que nós tivemos ontem, no 7 de setembro, diversas manifestações, inclusive na nossa capital, e nós tivemos toda a paz e toda tranquilidade, sem nenhum tipo, e ontem era o dia mais crítico para isso tudo. Nós não tivemos um incidente que tenha ocorrido nessas manifestações. Notamos sinalizações de manifestações, mas nada de violento, pelo menos o que tem sido acompanhado pela inteligência não tem nenhum fato mais grave que possa atingir essa questão da segurança”, disse.
*Enviada especial
Por Denise Rothenburg* — Diplomatas com assento nas Nações Unidas têm ouvido de muitos colegas estadunidenses que há o risco de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, querer romper a tradição de o Brasil abrir a reunião de cúpula da Assembleia Geral da ONU, daqui a 15 dias. A preocupação de alguns diplomatas com a Assembleia Geral nesse cenário de tensão é estar mais atentos, de tal ordem que, dentro da ONU, cogitou-se inclusive transferir a reunião deste ano para Genebra, na Suíça, mas não há mais tempo. Nova York é uma metrópole acostumada ao evento que todos os anos lota seus hotéis e fecha suas ruas. Portanto, a ideia agora é seguir com a programação inicial.

Entre alguns especialistas, considera-se pouco provável que a ONU aceite reverter a tradição. Porém, a preocupação existe. Por isso, muitos consideram que é preciso tratar de “baixar a poeira” entre os dois países. Por exemplo, um telefonema do presidente Lula a Trump que trate das tarifas. Afinal, Trump já disse que o presidente “pode ligar quando quiser”, o que, para muitos, foi a senha para abrir o caminho de que aceitaria falar com Lula.
Antes dessa ligação, porém, o Itamaraty defende que haja um alinhamento técnico entre diplomatas dos dois países. Esta semana, entretanto, dificilmente haverá algo nesse sentido, uma vez que, com o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro na pauta do STF, há a expectativa de que a tensão fique ainda maior.
*Enviada especial











