Inelegível e indiciado, Bolsonaro pressiona o PL para ser candidato a presidente em 2026

Publicado em coluna Brasília-DF

Coluna Brasília/DF, publicada em 24 de novembro de 2024, por Denise Rothenburg

O ex-presidente Jair Bolsonaro comentou com integrantes do PL que vai até o fim numa candidatura presidencial. Ainda que esteja inelegível e indiciado na tentativa de golpe de Estado, continuará percorrendo o país em eventos partidários, independentemente dos inquéritos a que responde. Se for preso, pretende fazer tal e qual Lula, em 2018: lançar um nome que possa representá-lo nessa empreitada. A ideia é manter ocupada a cadeira de pré-candidato do PL e seu eleitorado unido. Assim, se for o caso, na última hora, poderá sacar o nome de Eduardo Bolsonaro para concorrer ao Planalto. O filho 03, pré-candidato ao Senado por São Paulo, é o que tem menos arestas para essa disputa e faz política no maior colégio eleitoral do país. É também o que tem mais ligações com o futuro governo de Donald Trump, nos Estados Unidos.

Gratidão & lealdade

Com o ex-presidente insistindo em ser candidato, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), volta-se ao projeto da reeleição. Enquanto Bolsonaro não abrir mão dessa candidatura, nem ele e nem outros potenciais concorrentes citados como opções do bolsonarismo arriscam carreira-solo. Está nesse rol a senadora Tereza Cristina (PP-MT). Da mesma forma que Lula tentou sufocar nomes da esquerda em 2022 e juntou todos sob o seu comando, Bolsonaro se manterá candidato para tentar fazer o mesmo com os candidatos que podem surgir no seu campo e tirar um filho do coldre. Esses são os planos A e B e já estão em curso.

Gato escaldado…

Muitos esquerdistas reclamaram da atitude do procurador-geral da República, Paulo Gonet, de deixar a apresentação da denúncia contra Bolsonaro para o ano que vem. Em conversas reservadas, quem o conhece garante que a ideia é evitar o que houve com a Operação Lava-Jato. Muitos acusados e condenados em outras instâncias se livraram por falhas processuais. Não dá para repetir isso.

Diferenças

Os advogados dos réus da Operação Contragolpe têm mais problemas do que os da Lava-Jato. Isso porque, lá atrás, os processos começaram na primeira instância e seguiram até o Supremo Tribunal Federal (STF). Agora, está tudo na Corte. Ou seja, menos chances de recursos.

A guerra será o Senado

Embora o eleitor esteja mais preocupado com o Natal, os políticos estão com a atenção voltada ao período eleitoral de 2026. Tudo o que for feito daqui para frente, estará diretamente relacionado à preparação de terreno, em especial, na disputa para duas vagas ao Senado. Os bolsonaristas já mapearam os potenciais candidatos para tentar garantir maioria e, assim, cavar um impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Em alguns estados, Bolsonaro pretende exigir indicação para as duas vagas.

O cálculo deles

Os bolsonaristas não estão sozinhos nessa conta. Em encontros políticos, ministros do STF também discutem esse tema. Lula e governadores aliados, idem. Na política, existe a certeza de que, se o bolsonarismo eleger 27 senadores (um por estado e o DF), terá condições de juntar votos contra o Supremo. Por isso, a ideia de Lula é que seu partido apoie nomes de outras legendas que estejam fortes, de forma a evitar uma avalanche de senadores que podem flertar com processos de impeachment. O problema é que o PT ainda não se convenceu. E pretende concorrer em todos os estados.

Por falar em Lula…

Não é apenas a insistência de Bolsonaro em ser candidato que tira o governador de São Paulo da eleição presidencial. Se Lula estiver forte em 2026, Tarcísio de Freitas se preservará para a temporada seguinte, calculam seus aliados, sem Lula e sem Bolsonaro.

Juros na roda

Nos bastidores da festa de 60 anos do Sinduscon, um dos assuntos mais comentados foi a necessidade de baixar os juros. Mas, a avaliação geral é a de que não dá para baixar sem segurança técnica. O setor da construção civil prefere um pouso suave quando for seguro, do que baixar demais e, depois, ter que subir além do que seria necessário.

Bia e Nikolas

O bolsonarismo considera seriamente lançar a deputada federal Bia Kicis (PL-DF) ao Senado, em vez de apoiar o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). Isso porque o governador, até aqui, não entrou na defesa do ex-presidente. E Bia está rouca de tanto dizer que Jair Bolsonaro é vítima de Alexandre de Moraes. Em Minas Gerais, Nikolas Ferreira é considerado o nome mais forte.

2025 de embates

O PT deflagrou uma campanha virtual pelo arquivamento do projeto de anistia aos envolvidos no 8 de janeiro. Ainda não recorreu a manifestações de rua. Vai, primeiro, medir o apoio na população conectada. Como o leitor da coluna já sabe, parte do governo não quer saber de convocar manifestações para não atiçar seus opositores e garantir tranquilidade para o processo judicial.

O Novo cresce

Com as eleições deste ano, o partido Novo teve um aumento de 1600% em número de mandatários. Para auxiliar esses prefeitos e vereadores eleitos, o Diretório Nacional fará um “Encontro de lideranças Novo 2024”, para treinamento em gestão e legislação. “Alcançamos um outro patamar. Até hoje, o Novo era um partido de alguns poucos mandatários, agora são quase 300. Esse encontro é essencial para que todos possam se conhecer, trocar experiências e cultivar a nossa cultura institucional”, comenta o presidente da legenda, Eduardo Ribeiro.

Transparência no Congresso: promessa para o futuro, dívida com o passado

Publicado em coluna Brasília-DF, Crise entre os Poderes

Coluna Brasília/DF, por Denise Rothenburg, publicada em 22 de outubro de 2024

“Daqui pra frente…tudo vai ser diferente”. Este é o embalo do Congresso no sentido de dar mais transparência às emendas parlamentares. Só tem um probleminha: uma medida que se refira apenas ao futuro não representará o cumprimento da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de 2022, quando a então ministra Rosa Weber pediu que fossem abertos os dados das emendas classificadas como RP9, o que até agora não ocorreu. Nesse sentido, se o Congresso mantiver a intenção de não jogar luz sobre as propostas do passado, o STF não liberará a execução das emendas.

A não liberação das emendas ocorrerá justamente num momento em que os deputados retornam a Brasília, muitos ávidos por algum recurso capaz de levar os prefeitos reeleitos a honrar compromissos e promessas de campanha. De quebra, ainda tem a Presidência da Câmara. E tudo isso num cenário em que não caberá recurso ao STF por parte do Congresso, porque a liminar do ministro Flávio Dino, que suspendeu as emendas, já foi ratificada pelo plenário da Suprema Corte e não cabe mais recurso. Ou seja, vem mais uma queda de braço aí. E, a contar pela resistência do Congresso em abrir as contas do passado, sem prazo para terminar.

Siga o dinheiro

Até aqui, alguns parlamentares dizem ser praticamente impossível desvendar o caminho do orçamento secreto que Rosa Weber mandou abrir. Não é bem assim. Prefeitos, governo e Congresso têm que ter os registros. Afinal, liberar
dinheiro público sem ninguém saber, não dá.

Não é bem assim

A informação do presidente Lula de que vai trocar os funcionários da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) não tem respaldo legal. Os diretores têm mandato, e os servidores, muitos são concursados.

“Exijabula.com.br”

Instituições de defesa do consumidor esperam apenas terminar as eleições para fazer muito barulho em prol da bula impressa nas embalagens dos medicamentos. A última resolução da Anvisa tornou a bula impressa opcional e, de acordo com o advogado Alexandre de Morais, que encabeça o movimento “exijabula”, o Brasil tem hoje algo em torno de 30 milhões de pessoas que não acessam a internet.

Na ativa, mas com parcimônia

A queda que Lula sofreu no Alvorada o deixará praticamente fora desta reta final de segundo turno nas eleições municipais. Não vai dar para ficar gravando o tempo todo, nem viajando para compromissos nas capitais.

Début

Livro sobre os 15 anos de Dias Toffoli no Supremo será lançado nesta quarta — Rosinei Coutinho/SCO/STF

Os 15 anos de jurisdição constitucional do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), estão registrados nos dois volumes do livro Constituição, Democracia e Diálogo, a ser lançado amanhã, às 18h, no Salão Branco da Corte. A coordenação do trabalho ficou a cargo do ministro Gilmar Mendes e dos servidores do STF Daiane Nogueira de Lira e Alexandre Freire.

Palestrante ilustre…

Especialista em questões climáticas, John Kerry falará sobre a proteção da Amazônia e seus efeitos nas mudanças do clima na Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias, agora em novembro, em Belém. Kerry foi senador, secretário de Estado e candidato a presidente dos EUA. Até o início deste ano, era “enviado especial para o clima” do presidente Joe Biden, dedicado a políticas para a redução de emissões de carbono e medidas de combate à crise climática. Em 2015, ele assinou, pelos EUA, o Acordo de
Paris sobre o tema.

…no telão

O convite a John Kerry para participar da conferência em Belém, entre 5 e 7 de novembro, partiu do ex-ministro e ex-presidente do Ibama Raul Jungmann e da ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira, atual integrante do Conselho Econômico e Social da ONU. Kerry só não virá pessoalmente porque está dedicado à campanha de Kamala Harris.

Sem pressa: PT recebe pré-candidatos à Presidência da Câmara sem fechar apoio

Publicado em coluna Brasília-DF

Coluna Brasília/DF, publicada em 18 de outubro de 2024, por Denise Rothenburg

Com mais dois candidatos na pista para a Presidência da Câmara, o PT não fechará agora o apoio ao líder do Republicanos, Hugo Motta (PB). O candidato foi recebido num convescote pela bancada esta semana e, embora o deputado tenha sido muito bem tratado por todos, num clima amistoso, os petistas farão eventos semelhantes com os demais pré-candidatos — leia-se Antonio Brito (PSD) e Elmar Nascimento (União Brasil). Brito e Elmar, conforme o leitor da coluna já sabe há um mês, ofereceram a vice-presidência da Câmara ao partido. O gesto de receber os postulantes sem fechar com nenhum deixa todos no mesmo patamar, sem a faixa de candidato de consenso que o Republicanos tentou colocar em Motta — quando o presidente da legenda, Marcos Pereira (SP), apresentou o líder como o nome para concorrer ao comando da Casa em seu lugar. E, até aqui, nada indica que o consenso saia antes do Natal.

Em meio às articulações dos pré-candidatos, Arthur Lira (PP-AL) tenta buscar uma definição antes de janeiro. Até aqui, não conseguiu. E a contar pelas conversas nos bastidores, não conseguirá. Elmar, que esteve com o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha — desafeto de Lira —, saiu do encontro dizendo ter uma única certeza para este período eleitoral: a de que seu nome estará na urna em fevereiro de 2025.

Acabou o recreio

O relatório da Instituição Fiscal Independente (IFI) desta semana indica que o grau de endividamento público vai crescer 12 pontos percentuais nos quatro anos deste mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em dezembro de 2022, chegou a 71,7% do PIB, conforme os dados do IFI. O documento será distribuído a deputados e senadores para alertar sobre a necessidade de reduzir despesas.

Na contramão

Com o fim das eleições municipais, os prefeitos prometem baixar em Brasília num movimento muito diferente daquele recomendado pelos técnicos que estudam diariamente o comportamento das despesas públicas. A turma que chega no pós-eleitoral vem ávida pela liberação das emendas que faltam e, de quebra, e para tentar garantir mais dinheiro para o ano que vem.

Helder tem a força

A depender das pesquisas de intenção de voto em Belém, o governador do Pará, Helder Barbalho, conquistará mais terreno no estado ao eleger Igor Normando prefeito da capital. Igor tem quase o dobro das intenções de voto do que o delegado Eder Mauro (PL). Mantido esse resultado nas urnas, o MDB dominará a COP30, principal vitrine de Barbalho rumo a 2026.

Múltiplos culpados

Enquanto todos culpam a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) pela ineficiência da Enel em São Paulo, o deputado Guilherme Boulos (PSol-SP) adicionou mais um ingrediente para dividir as responsabilidades no caso: a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp), que, diz ele, deveria fiscalizar o serviço na Enel. Candidato a prefeito da capital, Boulos jogou tudo no colo do governador Tarcísio de Freitas. “A responsabilidade de fiscalização é da Arsesp, com conselheiros e presidentes indicados pelo Tarcísio.”

Bolsonaro na luta…

Jair Bolsonaro quer apostar todas as fichas na eleição de Goiânia. Seus amigos mais fiéis têm dito que, se perder ali, perderá para Ronaldo Caiado (União Brasil), o nome da direita que o ex-presidente não deseja apoiar para a Presidência da República.

… para se manter na onda

Cristina Graeml disputa o 2º turno em Curitiba — reprodução/Instagram

O mesmo vale para Curitiba, onde Eduardo Pimentel (PSD) e Cristina Graeml (PMB) disputam o segundo turno. Se a candidata de Bolsonaro perder ali, perde para Ratinho Júnior, um dos nomes do PSD para 2026.

Enquanto isso, em São Paulo…

Com o debate do UOL para prefeito de São Paulo transformado em sabatina por causa da ausência de Ricardo Nunes, o candidato do PSol, Guilherme Boulos, não mediu esforços para limpar a barra de Lula nos apagões na cidade. Até bordão ele tinha: “Ele (Nunes) não poda, não retira, não faz zeladoria, e a culpa do apagão é do vento, da chuva e do Lula”.

Noite de festa

O presidente da Câmara, Arthur Lira, fez uma pausa nas articulações políticas para prestigiar o advogado Fernando Cavalcanti, vice-presidente do NW Group, empresa de consultoria econômica do conglomerado Nelson Williams. Fernando recebeu, esta semana, o título de cidadão honorário de Brasília, por iniciativa do deputado Joaquim Roriz Neto.

Risco de aumento de agressões, ameaças e ataques na reta final das eleições é real

Publicado em coluna Brasília-DF

Coluna Brasília/DF, publicada em 25 de setembro de 2024, por Carlos Alexandre

O Brasil está entre os 20 países mais violentos do mundo, segundo estatísticas especializadas. Em um local onde mais de 45 mil pessoas morrem em razão de conflitos sociais, é consequência natural que a violência também contamine a política. Como salientou a presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, trata-se de um “ensurdecedor retrocesso civilizatório”, mas que infelizmente tem se tornado cada vez mais acentuado no processo político nacional.

Kleber Sales/CB/D.A.Press

Considerando os levantamentos do Observatório da Violência Política e Eleitoral no Brasil, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), há uma chance real de a escalada de agressões, ameaças e ataques se ampliar pelos próximos meses. Nas eleições municipais de 2020, o número de casos de violência política praticamente dobrou entre o terceiro e quarto trimestre — passou de 124 para 236 ocorrências. O mesmo crescimento exponencial ocorreu em 2022, quando os registros violentos saltaram de 103 para 213 casos no período crítico eleitoral.

Em 2024, a escalada da barbárie tende a se repetir. O segundo trimestre contabilizou 128 ocorrências, mais do que o dobro do primeiro trimestre. Se nada for feito, é forte a possibilidade de cenas como o pugilato no último debate para prefeitura paulistana ou o atentado a uma candidata no Guarujá (SP) se repetirem. Ou assumirem proporções ainda mais graves.

Otimismo de Haddad

Em Nova York, o ministro Fernando Haddad manifestou otimistmo com as perspectivas econômicas no Brasil. O titular da Fazenda acredita que fatores externos, como a redução de juros nos Estados Unidos e na China, podem beneficiar a economia nacional. Haddad evitou críticas diretas ao Banco Central no dia da divulgação da ata do Comitê de Política Monetária, que reafirmou a linha agressiva do controle de juros.

Missão do BC

“Vamos retomar uma trajetória positiva e considerável. Sabemos que a economia brasileira está aquecida, crescendo a 3,2%, o Banco Central se preocupa com a inflação, que é a missão que ele tem, natural, mas queremos retomar uma trajetória de crescimento sustentável”, contemporizou o ministro da Fazenda.

Fora da urna

O TRE-MG indeferiu ontem a candidatura de José de Carvalho Neto (PP) à prefeitura de São José da Varginha, município de aproximadamente 5 mil habitantes. Em 2015, o candidato, conhecido como Netinho, foi detido pela Polícia Federal (PF) por transportar seis toneladas de maconha. Pelo crime, ele foi condenado a três anos e oito meses de prisão.

Inelegível, sim

Após cumprir pena e ser liberado em 2019, deveria ficar oito anos inelegível. Porém, em fevereiro de 2024, ele conseguiu uma liminar que lhe permitia concorrer. Essa decisão foi revogada ontem. O TRE entendeu que Netinho é inelegível pois “ainda não decorreu o prazo de oito anos a contar da data de extinção da punibilidade”.

Mas no Congresso…

A depender da discussão no Congresso sobre o PLP 192, aprovado em agosto pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado, o cálculo da inelegibilidade de candidatos poderá ser revisto.

Estrela brasileira

O presidente Lula e primeira-dama Janja tiveram um momento de celebração ao se encontrarem com a atriz Fernanda Torres em Nova York. A estrela é um das esperanças brasileiras para conquistar o Oscar de melhor atriz. “Tive o prazer de encontrar a Fernanda Torres. Hoje, ela assistiu ao meu discurso. Em breve, será minha vez de assisti-la em Ainda Estou Aqui”, escreveu Lula nas redes sociais.

Elogio mútuo

A atriz não escondeu a admiração pelo presidente. “Olha, um prazer ter te ouvido hoje lá”, disse Fernanda Torres no vídeo, comentando a participação de Lula na abertura da Assembleia Geral da ONU.

Galípolo mostra firmeza no BC e sinaliza independência do governo

Publicado em coluna Brasília-DF, GOVERNO LULA

Coluna Brasília/DF, publicada em 19 de setembro de 2024, por Denise Rothenburg

A decisão unânime da diretoria do Banco Central sobre o aumento da taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual foi lida por parte dos apoiadores do governo como uma boa largada para Gabriel Galípolo como futuro presidente do Banco Central. Mostra, na opinião de alguns, que ele não entrará lá para fazer o jogo do governo e, sim, da proteção da economia contra as dúvidas sobre a capacidade do governo de manter suas contas em equilíbrio e a pressão inflacionária. Embora Lula não tenha gostado, o voto do futuro presidente do BC ajudará na sabatina do Senado, uma vez que indica uma postura de independência perante a vontade do presidente da República de ver o Banco Central baixar os juros.

Veja bem

O governo hoje não tem maioria firme no Senado para aprovar a indicação de Galípolo. Porém, ao se mostrar equilibrado, fica mais fácil conquistar votos conservadores, que aprovaram a independência do BC em relação ao governo. A sabatina está marcada para 8 de outubro. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, entretanto, deixou claro não ver motivos para isso. “Não temos inflação que justifique isso”, comentou em suas redes sociais.

PT dividido

A bancada do PT tem reunião marcada para outubro a fim de debater a disputa pela Presidência da Câmara. Até aqui, não há consenso sobre quem apoiar. A tendência é de que a primeira reunião sobre o tema seja apenas a largada da discussão.

Um peso pró-Brito/Elmar

A proposta de a bancada petista indicar o vice-presidente da Casa, feita pela dupla de líderes candidatos Antonio Brito (PSD-BA) e Elmar Nascimento (União Brasil), está pesando nessa divisão do PT e a resistência em apoiar o líder do Republicanos, Hugo Motta.

Depois da segurança…

Escaldado pela crise na segurança pública, que terminou por jogar no colo do governo federal as mazelas do país provocadas pelo crime organizado, o presidente Lula sai da foto que irá discutir as queimadas para se preservar das chamas. Afinal, no grupo de convidados estão vários adversários do governo, inclusive o futuro candidato a presidente da República em 2026, Ronaldo Caiado.

…é se proteger das queimadas

Lula não quer ficar exposto a ouvir cobranças diretas do futuro adversário. Principalmente, diante da ideia de transmissão da reunião de hoje pelos canais do Planalto. Caiado, por exemplo, tem sido um ferrenho adversário de Lula, mas a maioria reclama da falta de apoio federal para o combate aos incêndios. Não houve prevenção.

Preservem a Justiça…

A presidente da seção de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil, Patrícia Vanzolini, e o presidente da Comissão de Advocacia Trabalhista, Gustavo Granadeiro, passaram por Brasília esta semana num movimento em defesa da Justiça do Trabalho. Eles entregaram vários documentos ao ministro Flávio Dino.

… do Trabalho

O périplo de Patrícia e Gustavo é no sentido de sensibilizar os ministros do Supremo Tribunal Federal sobre a importância de preservação da competência da Justiça do Trabalho para aferir a natureza jurídica das relações trabalhistas e alertar sobre os prejuízos fiscais causados pela pejotização. Os ministros Luiz Fux, Edson Fachin, Cristiano Zanin e André Mendonça já receberam o mesmo pacote de informações sobre a Justiça Trabalhista.

Uma pausa

Com o Congresso em recesso eleitoral, vou ali recarregar as baterias e volto para acompanhar de perto a eleição. Até lá, a coluna ficará a cargo do nosso editor Carlos Alexandre de Souza.

Lula vai tratar preservação da Amazônia como prioridade absoluta na ONU

Publicado em coluna Brasília-DF

Coluna Brasília/DF, publicada em 18 de setembro de 2024, por Denise Rothenburg

A reunião dos Três Poderes para tratar das mudanças climáticas antecede a abertura da 79ª Assembleia Geral das Nações Unidas, na semana que vem, quando o presidente Lula transformará este tema em prioridade absoluta em seu discurso, em apelos ao mundo para preservação da Amazônia. Porém, conforme diplomatas já ouviram de algumas autoridades estrangeiras, o fato de serem incêndios criminosos significa que, acima de tudo, o país terá que fazer o seu dever de casa antes de pedir aos países mais ricos do mundo que mandem recursos para auxiliar no combate aos incêndios.

Serviço não falta

Enquanto não der o exemplo, ampliando as penas para esses crimes ambientais e colocando esses bandidos na cadeia, vai ser difícil convencer o mundo de que o Brasil está tratando essa questão com atenção máxima. A reunião foi primeiro passo, mas agora é partir para a prática.

Muito além do clima

Lula tenta transformar o limão das queimadas em mais um movimento para mostrar a civilidade da relação entre os Poderes e a capacidade de resolução de conflitos entre as instituições com diálogo, em vez de atos políticos que pedem, por exemplo, o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.

Vem que dá

As falas das autoridades dos Três Poderes na reunião indicam que ninguém ficará contra retirar do arcabouço fiscal os recursos destinados à emergência climática. Porém, falta combinar com o mercado financeiro.

Plano A do PSB

De olho nos movimentos para 2026, o PSB de Geraldo Alckmin trata de marcar o território da vice de Lula, caso se confirme uma recandidatura do atual presidente. “A tendência é irmos com Lula. E não há razão para o Alckmin não ser vice. Leal, competente e trabalhador”, responde o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande.

E o MDB, hein?

No MDB, há planos de fazer do governador Helder Barbalho o companheiro de chapa de Lula. Mas, no governo, muitos dizem que a prioridade hoje é manter Geraldo Alckmin na chapa.

Se aconteceu lá…

Desde que Kamala Harris assumiu a vaga de candidata à Presidência dos Estados Unidos, tem muita gente na política com receio de que haja um “etarismo” para cima do presidente Lula, em 2026.

… melhor prevenir aqui

Lula, sempre que pode, lembra que tem mais energia do que muitos jovens por aí. Uma forma de, desde já, rebater esse preconceito com um senhor de 78 anos. Alckmin tem 71.

Por falar em Alckmin…

No evento da Apex, aquele em que o presidente cobrou que Fernando Haddad seja mais animado e emendou com “até o Alckmin está animado”, soou mais como uma crítica. Uma forma de animar o ministro é o PT e o governo lhe darem respaldo total ao controle do gasto. O grande teste virá depois das eleições municipais, quando o Congresso vai debater o Orçamento.

Eles não vão mudar

O que se viu no debate do UOL entre os candidatos a prefeito de São Paulo indica que não haverá mudanças de tratamento, especialmente, por parte do ex-coach Pablo Marçal. O país repleto de problemas a resolver e os candidatos a prefeito da maior cidade dedicando os debates a agressões é um sinal de que, dali, não sairão soluções para os problemas do cidadão que paga pelos serviços públicos.

Bolsonaristas pretendem politizar queimadas na disputa presidencial de 2026

Publicado em coluna Brasília-DF

Coluna Brasília/DF, publicada em 17 de setembro de 2024, por Denise Rothenburg, 

Enquanto Pablo Marçal se dedica a replicar a imagem da “cadeirada” em suas redes e medir o humor do eleitorado depois da agressão do debate de domingo, os bolsonaristas preferem colecionar as imagens exibidas na TV aberta sobre as queimadas em todo o país. A ideia é catalogar tudo para usar lá na frente, em 2026. O objetivo é usar esse material para dizer que o PT reclamou tanto das queimadas nos tempos de Jair Bolsonaro, mas está vendo a floresta queimando tal e qual ocorreu no passado. No Distrito Federal, por exemplo, a situação nunca foi tão crítica.

Veja bem

O governo age para tentar marcar a diferença de tratamento nesse campo, sobrevoando as áreas atingidas, fazendo reuniões de emergência e mobilizando recursos. Lula fez várias reuniões sobre esse tema, levará o assunto ao discurso nas Nações Unidas semana que vem e pretende lançar um pacote de medidas.

Objeto do desejo

Com o PL mais próximo do líder do Republicanos, Hugo Motta, o PT está tentado a aceitar a proposta dos líderes do PSD, Antonio Brito, e Elmar Nascimento, e ocupar a vice-presidência da Câmara. Porém, nada será definido em meio à corrida eleitoral. O partido de Lula não vai precipitar nada.

Quem avisa…

O governo quer aprovar, pelo menos, a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2025 ainda em outubro, tão logo seja conhecido o resultado do primeiro turno das eleições municipais. A avaliação de muitos políticos, porém, é a de que a turma do Planalto pode esperar sentada. A perspectiva é ficar para mais à frente um pouquinho.

… amigo é

Antes de qualquer deliberação sobre a lei que vai nortear a análise do Orçamento de 2025, será preciso que o governo aceite a reforma que os deputados e senadores planejam promover para continuar no comando das emendas. Essa, aliás, será a primeira briga da temporada pós-eleitoral.

Longe de Gilson

Com o prefeito de Recife, João Campos, apontado como vitorioso já no primeiro turno, o ex-presidente Jair Bolsonaro não pretende passar por lá nesta reta final da eleição. Vai priorizar onde as chances de vitória são mais palpáveis e, obviamente, no Rio de Janeiro, base eleitoral dos filhos Flávio e Carlos Bolsonaro.

Sumiram

Os candidatos Guilherme Boulos, do PSol, e Ricardo Nunes, do MDB, queriam aproveitar o debate de domingo para reforçar a polarização entre eles, mas, depois da “cadeirada”, ficaram em segundo plano. Agora, é tentar recuperar terreno no debate do UOL, hoje.

Exagerou, perdeu

O candidato Pablo Marçal valorizou tanto a cadeirada que levou de Luiz Datena (PSDB). Seus assessores falavam em “costela quebrada”, porém, o boletim médico menciona “traumatismo no tórax”, “sem complicações associadas”.

Por falar em cadeirada

Quando você pensa que o fundo chegou, os políticos cavam mais
um pouquinho. Agora, com as cadeiras parafusadas, vejamos o que eles vão inventar, se a temperatura continuar subindo nos debates paulistanos.

Enquanto a turma aposta na campanha municipal…

O Lide, do ex-governador João Doria, debate nesta quarta-feira, 18 de setembro, a conjuntura atual, o cenário global e o Brasil nesse contexto. À mesa de debates, na Casa Lide, em São Paulo, nomes como o de Ilan Goldfajn, do Banco Interamericano de Desenvolvimento, e de dois ex-ministros da Fazenda, Henrique Meirelles e Joaquim Levy.

O recado de Valdemar ao PL sobre a eleição para presidente da Câmara

Publicado em Política

Coluna Brasília/DF, publicada em 8 de setembro de 2024, por Denise Rothenburg

O presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, disse a alguns deputados do partido que não é o momento de fechar apoio formal a um candidato a presidente da Câmara. O ideal é passar as eleições municipais para, depois, tratar deste tema. O partido, a preços de hoje, está em aberto. A turma bolsonarista não se mostra confortável em apoiar um candidato que chegue com a chancela do governo. Entre os deputados do partido, a desistência de Marcos Pereira de concorrer à Presidência da Câmara em favor de Hugo Motta, ocorreu depois de um “veto” a Elmar Nascimento (União Brasil-BA) pelo governo. E isso muitos não aceitam.

Kleber Sales/CB/D.A.Press

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Os parlamentares não querem saber de fechar apoios a qualquer pré-candidato a presidente da Câmara antes de conhecer a força que virá das urnas, com as eleições municipais de outubro. A depender do quadro, tudo pode mudar.

O jogo União-PSD

A ideia agora entre os dois partidos é a seguinte: se Davi Alcolumbre se consolidar no Senado — e, a preços de hoje, nada indica o contrário —, o PSD o apoiará. E, em troca, o partido de Elmar Nascimento dará respaldo a Antonio Brito na Câmara. Se a candidatura de Alcolumbre for abalroada no caminho e o senador Otto Alencar ganhar fôlego por lá, o PSD apoiará Elmar.

Virou “mais um”

Parlamentares que acompanharam cada lance da disputa pela Presidência da Câmara na última semana consideram que, se fosse para o líder do Republicanos, Hugo Motta, ser o candidato de consenso, a consolidação teria de ser em 24 horas. Isso não ocorreu. Ao manter a candidatura de Antonio Brito (PSD-BA) e se aproximar do União Brasil de Antonio Rueda, ACM Neto e Elmar Nascimento, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, conseguiu driblar o gesto da desistência de Marcos Pereira em favor de Hugo. E segue o baile.

Enquanto isso, na Venezuela…

Os movimentos do governo de Nicolás Maduro a cada dia empurram o presidente Lula para considerar o regime para além da expressão “desagradável”, já usada pelo brasileiro. O cerco à sede da embaixada Argentina em Caracas, país atualmente representado pelo Brasil na Venezuela, é mais um tijolinho a afastar Lula de Maduro.

O franco-atirador

No ato pelo impeachment de Alexandre de Moraes em São Paulo, o pastor Silas Malafaia não protagonizou um dos discursos mais incisivos por acaso. Foi escalado para isso.

Muito além das Forças Armadas

O Desfile de 7 de Setembro em Brasília expandiu seus pilares. O destaque ficou para o Sistema Único de Saúde, o G-20 e o Rio Grande do Sul.

Por falar em desfile…

Na tribuna de honra do desfile, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, ficou bem próximo do ministro Alexandre de Moraes, que o afastou do cargo em janeiro de 2023, no dia seguinte aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro.

… Nem tudo foi política

O presidente do Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, chegou com a nova namorada, a procuradora da Fazenda Nacional e diretora do Instituto Brasileiro de Direito Processual (IBDP), Rita Dias Nolasco. A professora, cofundadora do projeto Mulheres no Processo, do IBDP, chamou a atenção das autoridades.

 

A certeza no Planalto é de que “acabou o recreio”: não dá mais para errar

Publicado em coluna Brasília-DF

Coluna Brasília/DF, publicada em 11 de agosto de 2024, por Denise Rothenburg

A soltura de Filipe Martins, ex-assessor de Jair Bolsonaro, acusado de fazer parte de um grupo que tramava um golpe de Estado, soou a muitos integrantes da base de Lula como um sinal de que perdeu força o discurso de defesa da democracia que ajudou o petista logo depois do quebra-quebra de 8 de janeiro de 2023. Foi essa certeza que levou o presidente a articular o encontro com os ministros na semana passada, de forma a organizar a “hora de mostrar serviço”. A certeza, no Planalto, é a de que “acabou o recreio”. Daqui para a frente, é “mata-mata”, ou seja, não dá mais para errar nem deixar para depois.

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A avaliação do governo é que há três elementos que precisam de muita atenção: a irritação dos congressistas com a suspensão de grande parte das emendas Pix pelo Supremo Tribunal Federal; a eleição municipal, período em que cotoveladas são inevitáveis; e a disputa pela Presidência da Câmara, em polvorosa nos bastidores. O comportamento dos ministros e do próprio presidente é que irá definir se esses fatos serão um tsunami ou uma “marolinha”.

A estratégia de Bolsonaro

Alguns fiéis escudeiros do ex-presidente Jair Bolsonaro acreditam que ele vai esperar até o último minuto para lançar um candidato a presidente da República. Há quem aposte, inclusive, que ele vai segurar esse espaço até no período eleitoral para, se não conseguir recuperar a elegibilidade, colocar um parente em seu lugar na última hora.

É pegar…

É nesse sentido que o ex-presidente tem feito questão de participar dos jantares e dos movimentos de campanha do PL. No jantar da semana passada, muitos saíram com a certeza de que Bolsonaro deixará cada vez mais claro que a capacidade de mobilização do partido está diretamente relacionada à presença dele.

…ou largar

E é fato que Bolsonaro reúne multidões, algo importante para qualquer partido. Portanto, até aqui, ninguém reclama de deixar a definição da candidatura presidencial a cargo do ex-presidente.

Uma manobra em 55 dias

O governo do presidente Lula tem até o primeiro turno da eleição municipal para fechar um acordo sobre a liberação dos quase R$ 8 bilhões em emendas pendentes, incluindo na conta as tais emendas Pix. A partir da segunda semana de outubro, as cobranças de hoje prometem virar uma batalha campal.

Otimistas

Os diplomatas têm esperanças de que o acordo entre Brasil e União Europeia seja assinado ainda neste semestre. Essa expectativa se baseia na escolha do ex-primeiro-ministro de Portugal Antonio Costa como presidente do Conselho Europeu e a recondução de Ursula von der Leyen ao comando da Comissão Europeia. Costa toma posse em janeiro.

Fica para depois

A tendência desta semana no Congresso é de mais dedicação aos bastidores do que às votações. Com o acidente aéreo que matou 62 pessoas em Vinhedo e a tensão em torno das emendas, os parlamentares dizem que não há clima para muita coisa.

Enquanto isso, no Rio…

Na sexta-feira, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux e Dias Toffoli, e oito governadores têm encontro marcado no Rio de Janeiro, no 23º Forum Empresarial Lide, sob o comando do ex-governador João Doria.

Dia dos Pais

Aos pais que podem comemorar com os seus filhos, não tem presente maior. Aqui, o registro do presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, em seu Instagram, com o primeiro filho, Pedro, que completará um mês no próximo dia 17.

A estratégia de Tarcísio para enfrentar Lula em 2026

Publicado em Eleições, Lula

Coluna Brasília/DF, publicada em 14 de julho de 2024, por Denise Rothenburg

O escândalo das joias associado ao fato de a Polícia Federal ter em mãos áudio que, ao que tudo indica, tem potencial para desgastar o ex-presidente Jair Bolsonaro, aumenta as pressões para que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), coloque-se mais no cenário nacional em nome do bolsonarismo. Tarcísio, porém, tem outros planos. Seus aliados em Brasília garantem que ele só se colocará no jogo presidencial rumo a 2026 se o presidente Lula estiver derrotado antes da hora. Até aqui, tem ocorrido o inverso.

Pacífico/CB/D.A.Press

As pesquisas da última semana indicam que Lula parou de cair e tem espaço de recuperação. Conseguiu, com a ajuda do centro, empinar a reforma tributária, retomou programas sociais, e a geração de empregos subiu. Nesse cenário, Tarcísio joga toda a sua energia em governar São Paulo, a fim de assegurar que os conservadores não percam essa joia da coroa.

MDB quer jogo

Ciente da lição política de que ninguém ganha eleição de véspera, o MDB se organiza para ter voz na eleição para a Presidência do Senado. A ideia é rejeitar o “já ganhou” de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e buscar espaço de negociação. Os primeiros acordes nesse sentido saem justamente do Maranhão de José Sarney, adversário do senador amapaense.

Movimentos

A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) fez questão de comparecer à filiação do ex-senador Francisco Escórcio ao MDB do Maranhão, neste fim de semana. Com a ficha abonada por seu padrinho político, o ex-presidente José Sarney, Chiquinho é um ativo importante nos bastidores da articulação em Brasília. E a senadora adoraria presidir o Senado. Chiquinho vai verificar se há espaço nesse sentido.

O passado ensina

A lei “ninguém ganha eleição na véspera” funcionou, por exemplo, em 2019, quando Alcolumbre venceu. O senador Renan Calheiros (MDB-AL) figurou por meses meses como praticamente eleito. Os ventos mudaram e Renan saiu da disputa no dia da eleição, muito irritado, porque o PSDB abriu o voto para evitar que seus filiados votassem nele. Agora, o MDB quer ver se vira o feitiço de Alcolumbre contra o feiticeiro.

Por falar em eleição…

A tensão em torno do palanque do prefeito JHC em Maceió vai até o último minuto do prazo das convenções para oficialização das chapas. O presidente da Câmara, Arthur Lira, de olho numa vaga para o Senado em 2026, quer indicar o vice. JHC prefere o senador Rodrigo Cunha (Podemos-AL), que tem Eudócia Caldas, mãe do prefeito, como suplente.

…é preciso confiança

JHC quer a mãe no Senado para ter um suporte quando deixar o cargo, daqui a dois anos, para concorrer ao governo estadual. Só tem um probleminha: muitos apostam na política de que JHC desviará seu projeto para o Senado, em que a possiblidade de vitória é maior, deixando Arthur Lira a ver navios. Por isso, Lira quer indicar o vice de JHC agora, a fim de amarrar o prefeito ao seu projeto. Está um desconfiando do outro.

Otimismo em alta

O Radar Febraban (Federação Brasileira de Bancos) indica que a população do Centro-Oeste está confiante na melhoria do país. Do total pesquisado, 57% dos entrevistados acreditam que o Brasil vai melhorar até o fim de 2024. A percepção é mais positiva que a média do país — 55% veem perspectivas melhores até o fim do ano, enquanto outros 23% acreditam que continuará da mesma forma.

Nordeste reina

Na região, 42% consideram que o país já melhorou. No comparativo nacional, em termos de otimismo, o Centro-Oeste fica atrás do Nordeste (56%) e do Norte (52%), empata com o Sudeste (42%), e se posiciona acima do Sul (36%). Na média, 46% consideram que o país melhorou, um percentual cinco pontos acima do registrado em julho de 2023. Ou seja, Lula e o governo têm tem motivos para comemorar

Uma pausa

Aproveito o recesso parlamentar para recarregar as energias. Neste período, a coluna ficará a cargo do editor Carlos Alexandre e da equipe do Correio.

Colaborou Vinicius Doria