Autor: Denise Rothenburg
Pesquisa Datafolha pode servir como embalo para acordos para o PT
A pesquisa Datafolha que aponta uma vantagem de 21 pontos para Lula e o desenho de um cenário em que, pela primeira vez, o PT pode vencer uma eleição no primeiro turno, servirá de ferramenta para a busca de acordos nos estados. Inclusive em São Paulo.
Nem tanto
O pré-candidato do PSB a governador Márcio França, um exímio leitor de pesquisas, considera que pode ajudar a consolidar um quadro de primeiro turno, caso seja o candidato.
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Arruda, a volta/ A decisão do ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal, de reconhecer a competência da Justiça Eleitoral para julgar os processos contra o ex-governador José Roberto Arruda balança os acordos políticos no DF. Até o fim de julho, quando começam as convenções para a escolha de candidatos, todos vão trabalhar com um olho na pré-campanha e outro na Justiça Eleitoral. Os aliados do ex-governador têm esperanças de que ele possa concorrer às eleições deste ano.
Usa aí, vai/ O deputado Daniel Silveira, do PTB-RJ, foi aconselhado por advogados amigos a usar a tornozeleira eletrônica, a fim de evitar novas multas. Até aqui, já são mais de R$ 600 mil, e ele não tem recursos para pagar. Nesse ritmo, em vez de vaquinha para financiar a campanha, terá de buscar recursos entre os apoiadores para pagar as dívidas com a Justiça.
O perigo para ACM Neto/ O ex-prefeito de Salvador ACM Neto fará tudo o que estiver ao seu alcance para deixar a sucessão presidencial fora da Bahia. Só tem um probleminha: os petistas contam com Lula para alavancar o candidato do partido, Jerônimo Rodrigues. E Jair Bolsonaro, hoje, tem o deputado João Roma (PL), seu ex-ministro da Cidadania, como candidato a governador.
Assim, vai ficar aqui/ Conhecido, também, pelos quitutes mineiros que sempre leva para a Câmara às quartas-feiras, o deputado Fábio Ramalho (MDB-MG) animou a tarde de votações, esta semana, ao levar quibes e linguiça para o cafezinho do plenário. À mesa, um deputado comentou baixinho: “Os lanches do Fabinho vão fazer com que ele não ganhe a disputa para ministro do Tribunal de Contas da União. A turma não vai querer que ele saia da Câmara”.
Enquanto a Câmara debatia o projeto de ICMS dos combustíveis, o líder dos caminhoneiros, Wallace Landim, o Chorão, foi até o Parlamento e deu o seguinte aviso: “Essa questão do ICMS é um paliativo, ajuda, mas não resolve o problema, porque, mesmo baixando o valor do imposto, vem o aumento e acaba ficando o mesmo preço na bomba. Isso afeta a categoria e a gôndola do mercado. Não estamos aguentando mais. Vamos parar“, disse à coluna, depois de um périplo junto aos principais líderes partidários, aos quais esse recado foi dado com todas as letras.
O aviso ajudou na mobilização para aprovar o texto do limite de 17% ao ICMS, que é considerado “melhor do que nada”, mas não foi suficiente para convencer todos os atores. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, vai conversar, primeiro, com governadores e secretários de Fazenda, antes de colocar a matéria em votação; e o presidente Jair Bolsonaro disse que “não tem cabimento” dar compensação aos estados para eventuais quedas de arrecadação. Se nada for feito para reduzir o preço, os caminhoneiros vão apimentar a largada da campanha eleitoral.
Lula interfere na bancada
Interessado em tirar do governo o protagonismo de qualquer iniciativa que ajude a baixar os preços dos combustíveis, o ex-presidente Lula entrou em campo para levar a bancada petista a votar favoravelmente à proposta de limitação do ICMS para o setor. “Não dá para votar contra um projeto desses”, disse Lula.
PT quer surfar
O PT vai explorar a declaração do presidente Jair Bolsonaro, contrária à compensação aos estados que perderem arrecadação, como um freio do próprio governo em iniciativas para tentar baixar o preço dos combustíveis. O chefe do Executivo não disse, porém, que vetará, apenas comentou e afirmou que ouvirá a equipe econômica antes de tomar qualquer decisão. Daqui para a frente, tudo terá um viés eleitoral, seja para o bem, seja para o mal. E cada um terá a sua versão das declarações dos pré-candidatos.
O PL de Minas Gerais não desistiu de conquistar o palanque do governador-candidato Romeu Zema para o presidente Jair Bolsonaro. Hoje, com a viagem ao Vale do Aço para entrega de casas populares e a visita à Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), a ideia é ampliar o diálogo. “Abri essa discussão no PL. A polarização está se repetindo em Minas e vamos conversar. Não tem nada impossível”, diz o deputado Domingos Sávio (PL-MG).
Sem obstáculos
Sávio conversou, inclusive, com o senador Carlos Viana (PL), pré-candidato de Bolsonaro ao governo mineiro e considerou que saiu com a porta aberta para tentar aproximar o presidente e o governador. Em tempo: Viana, se for mesmo candidato, tende a tirar votos de Zema — daí a perspectiva de acordo.
Eleição na Câmara é avaliada como desgaste para Flávia Arruda
A deputada Flávia Arruda (PL-DF) se lançou candidata a vice-presidente da Câmara em meio à queda de braço entre o Planalto e Valdemar da Costa Neto para a articulação política na Câmara. Terminou atropelada pelo acordo de líderes que fez de Lincoln Portela o primeiro-vice. O fato de ter sido ministra da Secretaria de Governo e ter apenas 83 votos foi considerado, dentro do PL, um desgaste desnecessário para a deputada.
Nada a ver
Alguns aliados de Flávia viram na candidatura uma forma de tentar negociar a retirada de Damares Alves da disputa pela vaga ao Senado pelo Distrito Federal. O jogo do DF, porém, é do Republicanos e não passou pelos partidos que estavam disputando as três vagas na Mesa Diretora — PL, PT e PSDB.
Luciano Bivar quer usar projeto do ICMS para embalar a candidatura
Pré-candidato a presidente da República pelo União Brasil, o presidente do partido, deputado Luciano Bivar (PE), quer aproveitar o projeto do deputado Danilo Forte (União-CE), relatado pelo líder da legenda na Câmara, Elmar Nascimento (BA), para puxar um discurso que sirva de alavanca para a disputa pelo Palácio do Planalto. Até aqui, Bivar tem se mantido discreto, mas quer mudar essa situação com a confirmação do seu nome num evento na próxima terça-feira.
A avaliação dos integrantes do União Brasil é de que ele será candidato, nem que seja para apresentar a nova agremiação ao país. E de quebra evitar que o tempo de tevê, o maior de todos, termine distribuído a outros partidos. A ideia é fazer propaganda da legenda. Afinal, em política, vale a máxima: time que não joga não tem torcida.
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A hora da verdade em São Paulo/ O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-governador Geraldo Alckmin terão uma conversa com Márcio França para decidir a candidatura ao governo estadual. A ideia do petista é tirar o nome do PSB da disputa. Não foi isso que Alckmin combinou com Lula lá atrás.
Veja bem/ O PT dirá a França que a candidatura do PSB corre o risco de ficar isolada e perder terreno para o candidato do Republicanos, Tarcísio de Freitas, que tende a ficar com os votos de Bolsonaro.
O desafio de Tebet/ Candidata do MDB e do Cidadania ao Planalto, a senadora Simone Tebet (MS) tem agora a missão de agregar apoios nos próximos dias, em especial o PSDB e a bancada feminina. Se os tucanos demorarem a fechar a aliança, soará como má vontade.
Por falar em tucanos…/ O ex-governador João Doria embarca para os Estados Unidos. Vai descansar e repensar seu futuro empresarial e político. Mas deixou um recado a todos: “Não desistirei do Brasil”.
Embora 90% das candidaturas estaduais do MDB tenham chancelado o acordo pelo lançamento da senadora Simone Tebet à Presidência da República, o PT e seus aliados vão trabalhar para conquistar o que puder ainda no primeiro turno. Na reunião que formatou o conselho político da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi dito que, em todos os anos de eleição presidencial, o PT nunca encontrou um cenário tão favorável em maio quanto o de agora. A expressão “primeiro turno” não foi dita por Marcos Coimbra, que fez a apresentação dos dados e comparações. Mas muitos dos presentes saíram com vontade de dizê-la, quebrando o histórico de que o PT não vence no primeiro turno.
A avaliação de que a polarização está consolidada será cada vez mais difundida e a ideia é tentar minar as demais candidaturas. Além do MDB, as investidas vão crescer sobre o PDT de Ciro Gomes e, conforme o leitor da coluna já sabe, vão se intensificar também sobre o PSDB, via Geraldo Alckmin.
Onde mora o perigo
O presidente Jair Bolsonaro ficou numa sinuca com o resultado da disputa interna do PL para decidir quem substituirá o deputado Marcelo Ramos no cargo de primeiro vice-presidente da Câmara dos Deputados. O vencedor Lincoln Portela é da bancada evangélica, aliada do Palácio do Planalto. Porém, o deputado Capitão Augusto (SP), bolsonarista de carteirinha, vai concorrer.
Recua aí, talquei?
A avaliação dos aliados do presidente é de que o melhor caminho é o Planalto, agora, manter distância regulamentar dessa disputa. Não dá para brigar com a bancada evangélica em pleno ano eleitoral.
Não tem benefício grátis
Os estados vão pressionar para que o teto do ICMS de 17% sobre combustíveis, energia e transporte público, instituído pelo projeto do deputado Danilo Forte (União-CE), não baixe a arrecadação. Se hoje não se chegar a um “gatilho” em caso de perda de arrecadação de 5%, por exemplo, a União teria que arcar com a diferença. Aí, quem não quer é governo federal.
No Congresso passa
O problema é que, se for a votos, a proposta passa. Com ou sem gatilho. O projeto já ganhou fama de que ajudará a baixar os preços dos combustíveis. Para completar, até no Senado, a casa dos estados, há um mal-estar em relação aos pedidos dos governadores, porque os estados não cumpriram à risca a lei que tentou padronizar a cobrança de ICMS sobre os combustíveis.
Guedes na lida/ No Fórum Mundial de Davos, o ministro da Economia, Paulo Guedes, passou boa parte do dia tentando acalmar os investidores sobre as mudanças na Petrobras.
Por falar em Guedes…/ A prévia da inflação altíssima, divulgada esta semana, trará mais dores de cabeça para a equipe econômica. A ala política quer resultados imediatos para a população.
Ausentes/ O senador Renan Calheiros (MDB-AL) e o ex-senador Eunício Oliveira (CE) não foram à reunião da Executiva do MDB. O único apoiador de Lula presente era Veneziano Vital do Rego (PB), que elogiou Simone Tebet, mas foi direto: “Lá (Na Paraíba) estamos com Lula”.
Assunto da hora/ O Instituto de Direito Público (IDP) lança, hoje, às 19h, no Salão Nobre do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o livro Eleições e Democracia na Era Digital. A obra traz o olhar de mais de 40 pessoas sobre o tema, juristas renomados, entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e do TSE. A coordenação é de Paulo Gonet, Reynaldo Soares da Fonseca, Pedro Henrique Gonet, João Carlos Banhos Velloso e Gabriel Campos Soares da Fonseca.
Saída de Doria fará PT pressionar Geraldo Alckmin por mais apoio
A saída de João Doria da disputa presidencial fará com que o PT cobre mais protagonismo de Geraldo Alckmin (PSB) no sentido de buscar votos para o pré-candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas legendas de centro. Na reunião desta semana, por exemplo, Lula foi muito claro ao dizer que seu partido precisa ampliar o leque, ainda que não seja em alianças formais. E essa tarefa, avaliam os petistas, estará mais afeita a Alckmin.
A equação, entretanto, não é fácil. Ao sair do PSDB, o ex-governador de São Paulo não levou grandes puxadores de votos do centro. E, até aqui, ele se dirigiu mais à esquerda, deixando o espaço anti-PT que ele ocupava aberto a outros personagens. Nesse sentido, será difícil Alckmin cumprir o que esperam dele.
Longe da pacificação
A saída de Doria da disputa presidencial ainda não representa a pacificação do PSDB. Ao contrário. Aumenta a pressão sobre a cúpula partidária para encontrar um caminho viável a um partido que sempre teve candidato a presidente da República. De quebra, ainda deixa o presidente do partido, Bruno Araújo, com a obrigação de ajudar a manter São Paulo, a joia da coroa — que desde 1995 é comandado pelos tucanos.
Data limite é julho
Embora tenha restado apenas a senadora Simone Tebet (MDB-MS) entre os pré-candidatos da terceira via, o PSDB não fechará agora o apoio a ela. Uma ala do PSDB não se conforma com o fato de o partido não ter um candidato a presidente da República.
Bolsonarista na área
Com a destituição do deputado Marcelo Ramos (PSD-AM) do cargo de primeiro vice-presidente da Câmara, o PL tende a permanecer com o posto. O partido quer alguém ligado ao presidente Jair Bolsonaro a fim de evitar surpresas. A fila está grande, mas existe uma torcida para a indicação do líder do governo, Vitor Hugo (GO).
O recado aos estados
A Câmara se prepara para aprovar, esta semana, o teto do ICMS para combustíveis, energia e transporte público. No Senado, a Casa dos estados, o tema é controverso. Ali, os governadores têm mais peso.
Lá e cá/ Com a terceira via caminhando para Simone Tebet, o líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas (DF), ficará numa situação indigesta. Pré-candidato ao Palácio do Buriti, ele se vê, agora, no mesmo palanque que o governador-candidato Ibaneis Rocha (MDB). Izalci foi um dos maiores entusiastas da candidatura de Doria, a quem apoiou nas prévias de novembro.
Por falar em prévia tucana…/ O golpe da cúpula tucana em Doria acabou de vez com a credibilidade de prévias do PSDB. O partido sai menor e com a pecha de escolher seus candidatos por conchavo de gabinete, e não por livre escolha de seus filiados.
Por falar em candidatos…/ O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, pré-candidato à reeleição, fez questão de ficar bem longe da capital paulista quando Doria anunciou que não iria concorrer à Presidência da República. Estava em Araraquara, junto com o deputado Wanderlei Macris.
Temer, o imortal/ Nesta quinta-feira, às 17h, o ex-presidente Michel Temer toma posse na Academia Paulista de Letras. Aliás, o emedebista nunca foi tão homenageado como nos últimos tempos.
Derrotado nas últimas cinco eleições presidenciais e consumido pelas disputas internas, o PSDB se apresenta neste 23 de maio como um partido que, pela primeira vez em sua história, não tem um candidato a presidente da República. E legado para mostrar, os tucanos têm. Foi o único partido a ter um presidente da República eleito e reeleito em primeiro turno, Fernando Henrique Cardoso, que montou a equipe responsável pelo Plano Real, quando era ministro da Fazenda do então presidente Itamar Franco. Foi o partido que teve ainda um ministro da Saúde, José Serra, referência internacional e o da Educação, Paulo Renato Souza, responsável por Toda a Criança na Escola. Montou a base do que seria o Bolsa Família, hoje Auxílio Brasil.
Essa história de sucesso nos idos dos anos 90 não foi suficiente para os próprios tucanos. Há 20 anos, uma campanha em que o jingle do candidato tucano José Serra dizia “a mudança é azul” apresentava como o candidato da situação quase que com um viés oposicionista. Não colou, embora tenha ido ao segundo turno. Depois, foi a vez e Geraldo Alckmin, em 2006, que não conseguiu vencer o PT e agora se une a Lula. O único a resgatar o governo de Fernando Henrique foi Aécio Neves, em 2010, com uma campanha que quase chegou lá. Em 2018, Alckmin teria menos votos no segundo turno do que no primeiro.
Ao vencer a prévia tucana em novembro, João Doria acreditou que poderia mudar essa sina do partido. Jogou dentro das regras definidas pelo partido. Seus aliados diziam que Doria tinha o melhor discurso, trouxe a vacina contra covid, São Paulo cresceu mais do que o Brasil nesse período. O conglomerado de partidos da tal terceira via não botou fé. Os números das pesquisas indicaram que a rejeição do ex-governador é alta. A senadora Simone Tebet tem mais chances, pelo menos, na avaliação do MDB, do Cidadania e da cúpula do PSDB. Internamente, responsabilizavam Doria pelo fracasso da candidatura única da terceira via. Agora, com João Doria fora da disputa e no papel de “observador”, a cúpula partidária está com a faca e o queijo na mão. Caberá a Bruno Araújo e à comissão executiva tucana a responsabilidade de evitar que o partido se desintegre. A turma de São Paulo vai se dedicar à campanha para o governo estadual. Lá, onde Rodrigo Garcia segue sua pré-campanha ao governo estadual. Quem sobreviver a esse processo eleitoral de 2022, dará as cartas num futuro pra lá de incerto num PSDB que aos poucos foi perdendo protagonismo e até aqui não conseguiu acertar o passo para recuperar.
Terceira via quer Simone Tebet à frente do movimento democrático
Na próxima terça-feira, MDB e Cidadania apresentarão a senadora Simone Tebet (MDB-MS) como o nome de consenso para representar a terceira via. “Ou criamos um fato novo, ou não adianta. E Tebet é um fato novo. Além disso, pode resgatar o MDB, não como partido, mas como movimento democrático, algo que o Lula tentou e não conseguiu. Ele só reuniu parte da esquerda”, avalia o presidente do Cidadania, Roberto Freire, que esteve naquele movimento do início dos anos 80, em que o país saiu da ditadura militar.
“Queremos, agora, um movimento para fazer história, não mais para derrubar a ditadura, mas para garantir a democracia que conquistamos lá atrás”, disse Freire.
Foi o MDB o principal indutor da reconstrução democrática, ao pavimentar a vitória de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral — algo que, aliás, o PT foi contra.
E, nesse cenário, resta o PSDB para fazer o anúncio oficial. No ninho tucano, João Doria é o pré-candidato, mas a onda agora, dizem outros interlocutores, essa escolha chegou ao momento que a decisão está tomada e caberá ao PSDB pegar ou largar. A avaliação interna é a de que a bandeira da vacina empreendida por Doria não pegou e a pandemia não será o principal mote da campanha presidencial.
Para completar, Tebet também tem em mãos o discurso das menores taxas de inflação e de juros entregue por um presidente da República ao seu sucessor em 10 anos. Esse, aliás, é o discurso que os defensores de uma recandidatura de Michel Temer têm feito para atrair simpatizantes. Como Simone e Temer são do mesmo partido, ela herdará esse tema.
Se tudo der errado, ele estará no banco de reservas. Se tudo der certo, o ex-presidente se prontificou a ajudar no diálogo com todos os setores.
Eletrobras na campanha
Que ninguém se surpreenda se o presidente Jair Bolsonaro (PL) começar a disseminar o discurso de que o “PT atrapalha o país”. E o mote para isso será a privatização da Eletrobras, que o governo pretende concluir até junho. O PT é contra e Lula já avisou que pode rever qualquer privatização da companhia, caso seja eleito. Já o PT dirá que Bolsonaro vende o Brasil a preço de banana.
Eles nem ligam
Até aqui, Lula e Bolsonaro tratam a terceira via como carta fora do baralho eleitoral. Seja Tebet, Doria ou quem mais chegar, o presidente e o ex-presidente concentram desde já a pré-campanha em atacar um ao outro.
Por falar em Doria…
A ideia até aqui é brigar para ser candidato, nem que seja na Justiça. A avaliação dos aliados de Doria é de que, embora tenha uma rejeição maior do que a de Tebet, ele reúne as mesmas chances de chegar ao segundo turno. A pressão para que desista e apoie a senadora será intensa na reunião da executiva nacional do PSDB, na terça-feira.
O discurso de Bolsonaro está pronto
O presidente considera que não há o que mudar no discurso eleitoral. No social, a ordem é disseminar que o Auxílio Brasil é melhor que o antigo Bolsa Família, porque quem consegue emprego não perde o benefício. Seu governo conta, ainda, um programa especial para as mulheres, com cursos que vão chegar agora aos municípios.
Casamento entrou na campanha/ Bolsonaro aproveitou a live para dizer que Lula não chamou quilombolas nem pessoas pobres para o casamento com a socióloga Rosângela Silva. “Ele diz que é pobre, mas gosta é do capitalismo”, comentou Bolsonaro.
Tem que ser zen/ O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que tem uma paciência de Jó com os oradores, não escondia a sua irritação durante a votação dos destaques do projeto do homeschooling. Quando a deputada Érika Kokay (PT-DF) colocava suas preocupações sobre o projeto e sacava dispositivos regimentais para defender seu ponto de vista, eis que Lira solta: “Minha nossa senhora…”.
Leitura obrigatória…/ O livro Eleições Municipais na Pandemia, dos professores Antonio Lavareda (Ipespe) e Helcimara Telles (UFMG), vem no momento certo para ajudar os interessados a analisar o presente e projetar cenários futuros. A obra foi lançada ontem, no último dia do seminário internacional “Desafios e metodologias na democracia contemporânea”, promovido pela Associação Brasileira dos Pesquisadores Eleitorais (Abrapel).
… para quem gosta de política/ Os 11 capítulos tentam destrinchar o impacto da “antipolítica”, da radicalização ideológica e da agenda identitária (movimento negro, feminista, LGBTQIA ), numa eleição diferente de todas, realizada em plena crise sanitária.
Aprovado no Parlamento, o novo piso da enfermagem está sob a guarda do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que deve dar uma segurada por mais 30 dias. É que os prefeitos não têm recursos para cobrir a despesa com o aumento, algo em torno de R$ 10 bilhões — somados aí os valores que vão impactar nos gastos dos hospitais filantrópicos.
Na União não há recursos, hoje, para repassar aos prefeitos e resolver esse pagamento. Diante desse cenário, um grupo na Câmara vê a oportunidade de tentar passar a legalização dos jogos de azar. Afinal, seria para custear a saúde.
Só tem um probleminha: a bancada evangélica é contra e o presidente Jair Bolsonaro (PL) não vai provocar a ira de seus apoiadores nessa seara. Diante do quadro, a ideia é aproveitar a pressão maior dos enfermeiros pelo piso salarial para arrefecer os cristãos. A área econômica do governo, que mal pode esperar a hora de aumentar a arrecadação, agradece.
Ultimato ao governo
Arthur Lira vai esperar até amanhã para que o governo e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) apresentem uma saída para baixar o valor da conta da luz. Caso contrário, na semana que vem levará a votação o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) para sustar os reajustes.
É o que resta
Quem lê esse espaço diariamente sabe que o PDL da conta de luz vai parar na Justiça. Porém, é a única arma que os parlamentares têm. Lira garantiu a esta coluna que não há nada errado com a proposta. “As empresas podem não gostar, mas o PDL é constitucional e não há dúvida sobre isso”.
Gasoduto subiu no telhado
Com a economia verde em cena, as termelétricas a gás perdem força e os gasodutos para abastecê-las também. Na Câmara, não existe hoje maioria para aprovar essa despesa.
Toffoli relâmpago
A celeridade com que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli analisou o pedido de Bolsonaro contra o ministro Alexandre de Moraes deixou o governo para lá de irritado. Foi tão rápido que nem deu muito para o presidente replicar o pedido nas redes sociais, de forma a pressionar o STF a aprová-lo. Agora, resta o pedido feito à Procuradoria Geral da República.
E a terceira via, hein?/ Pré-candidato do PSDB ao Planalto, o ex-governador João Doria se antecipou à pesquisa dos partidos e divulgou a da Genial/Quaest que o colocou com um potencial de votos para a terceira via de 55%, maior do que o da senadora Simone Tebet (MDB), 44%. Pelo visto, a próxima terça-feira é mais uma data em que os partidos podem até apontar um nome, mas nada será decidido. A briga está tão grande que vai terminar na Justiça.
Por falar em Doria…/ A forma como parte do PSDB tem tratado o vencedor da prévia, no caso Doria, está tão feia que muitos tucanos estão com medo de que o ex-governador acabe como vítima nesse processo. Avaliam alguns, era o momento do partido se unir em torno do vencedor e não ficar instigando outras soluções. O prazo até terça-feira é para ver se Doria desiste. Só que os aliados do ex-governador juram que ele não desistirá.
Veja bem/ Os emedebistas já fizeram as contas e consideram que Tebet tem maioria para vencer a convenção do partido. A ala do Nordeste, que era forte no passado, agora tem poder reduzido para tentar virar o barco para o apoio a Lula.
Só tem um probleminha/ Embora não tenham poder para garantir o apoio nacional, nos estados a maioria já fechou com o PT. Sinal de que não farão campanha dia e noite para Tebet, nem para qualquer outro candidato, inclusive Michel Temer. Conforme o leitor da coluna já sabe, o ex-presidente está pronto para ocupar a vaga de candidato, se for chamado.