Autor: Denise Rothenburg
Aécio defende que PSDB feche questão pela reforma previdenciária
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) informou há pouco que vai reabrir no PSDB a discussão para que o partido feche questão em favor da reforma da Previdência. “O PSDB precisa assumir o papel de líder, protagonista e vanguarda da agenda de reformas. O PSDB sempre defendeu as reformas. Soaria incoerente se abdicasse do seu papel de condutor”, afirmou.
O fechamento de questão que Aécio propõe foi rechaçado na última reunião da bancada da Câmara, há duas semanas. Na ocasião, os tucanos encerraram a conversa com o seguinte raciocínio: “Se o PMDB, que é o partido do presidente da República, não fechou questão, por que nós, do PSDB, vamos ter que fechar?”
A resposta de Aécio Neves a essa pergunta é a de que é preciso tomar a iniciativa até para sair na frente, na defesa de reforma. A visão dele é a de que a aprovação do projeto apresentado na semana passada pelo deputado Arthur Maia (BA) facilitará a vida de qualquer um que venha a se eleger presidente em 2018.
Ser ou não ser governo
Aécio considera que mais cedo ou mais tarde o PSDB deixará o governo do presidente Michel Temer, porém, é preciso respeitar aqueles que ainda permanecem e saberão a hora certa de se afastar. “Essa questão de ficar ou sair do governo está superada. Eles (os ministros) saberão a hora de decidir. Hoje não sabemos se nosso caminho será ao lado do PMDB, provavelmente, não. Esse governo é do PMDB, não é do PSDB. Mas apoiamos as reformas. Aliás, é preciso reconhecer que, do ponto de vista econômico, o país avançou muito em um ano e meio”, comentou Aécio. Ele ficou de conversar ainda hoje com o presidente em exercício, Alberto Goldman, para discutir a estratégia do partido para votação da reforma da Previdência.
“Não tire do seu horizonte ser candidato a presidente”, disse o deputado Beto Mansur ao presidente Michel Temer há três semanas. Temer arregalou os olhos, entrelaçou as mãos. Porém, não disse daquela água não beberei. A discussão de ser ou não ser candidato à reeleição foi tema das conversas palacianas em abril deste ano. O baque causado pelas ações do ex-procurador Rodrigo Janot fez com que os aliados de Temer recolhessem os flaps, a ponto de o presidente proibir que se falasse no assunto. Porém, desde que o governo enterrou a segunda denúncia contra o presidente, o tema voltou à baila. Afinal, os indicadores econômicos havia tempo não apresentavam resultados tão bons.
Obviamente, a ala que torce pelo sucesso do presidente e até por sua candidatura sabe do desgaste fruto das prisões de Geddel Vieira Lima, Rodrigo Rocha Loures, Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha. Especialmente os três primeiros, muito ligados a Temer. Mas, como dizem por aí, quem é que não tem um amigo ou um parente que, ao longo da vida, se desviou do caminho? Por essas e outras, trata-se de um ensaio. Dá para notar que os aliados de Temer jogam esse balão ao vento para ver se há chances de pouso seguro ou vai explodir no ar. A conversa de Mansur com Temer, relatada pelo próprio deputado, é sinal de que os aliados querem ver como a política se comporta diante desse cenário.
O próprio Temer, internado no hospital para um cateterismo, nega veementemente qualquer movimento em prol de uma candidatura. Nunca é demais lembrar que Fernando Henrique Cardoso fazia o mesmo em 1994, antes de ser anunciado candidato. É de praxe.
Huck à beira
de uma decisão
Em conversas reservadas, amigos de Luciano Huck garantem que ele recebeu um ultimato da TV Globo: se quiser ser candidato, tem que sair em dezembro. A emissora não quer ser acusada de campanha antecipada. Embora pressionado por muitos para concorrer à Presidência da República, Huck está a um passo de dizer que prefere continuar com seu trabalho.
Onde mora o perigo
O fato de os aliados de Michel Temer jogarem o nome dele na roda da campanha elevou a temperatura entre alguns aliados. Se não for muito bem amarrado, pode terminar contaminando ainda mais o clima para votação da reforma da Previdência.
Onde mora a segurança
Outros, entretanto, têm outra leitura: consideram que ou o presidente joga a pré-candidatura no ar, ou o governo corre o risco de ficar sozinho, com cada um cuidando da própria vida.
PSDB terá chapa única
Embora ainda tenha dois pré-candidatos a presidente do partido colocados, o PSDB já definiu uma chapa única para o diretório nacional. Nesse ritmo, há quem diga que chegar à solução de um candidato único não está tão distante quanto parece.
Toffoli de resultados/ Desde que assumiu a vaga no Supremo Tribunal Federal, em 2009, o ministro Antonio Dias Toffoli contabilizou 67,7 mil decisões e, segundo as estatísticas de seu gabinete, baixou mais de 50 mil processos. Tem hoje o menor número de processos em acervo. Nem todo esse trabalho impediu que os colegas dele de STF colocassem um apelido só por causa do pedido de vistas do foro privilegiado. “Empatoffoli”. Mui amigos.
Ajudinha a Sartori/ Se tem algo que o governador do Rio Grande do Sul, José Ivo Sartori (foto), não pode reclamar é de falta de apoio do governo federal. Ontem, três ministros de Estado, o da Casa Civil, Eliseu Padilha, que é gaúcho, o da Secretaria de Governo, Moreira Franco, e o dos Transportes, Maurício Quintela, foram até Porto Alegre para marcar a liberação de
R$ 240 milhões destinados à construção da ponte sobre o Rio Guaíba. Melhor que isso só o Grêmio vencer o Lanus na próxima quarta-feira.
Pensando bem…/ Parte dos jornalistas dedicados à cobertura da política local no Rio de Janeiro correm o risco de virarem setoristas do complexo penitenciário. Que tristeza.
Eis alguém que merece todas as honras/ Políticos, jornalistas e empresários têm encontro marcado hoje pela manhã no Cemitério Campo da Esperança para o adeus ao vice-presidente do Correio Braziliense, Evaristo de Oliveira. O enterro está marcado para o meio-dia.
Bastaram as especulações sobre o ingresso do titular da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, no PMDB da Bahia para que os peemedebistas baianos girassem o botão do fogareiro sob o ministro. Partiram dali também os primeiros acordes para fazer de Carlos Marun ministro no lugar de Imbassahy.
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O PMDB da Bahia não quer Imbassahy no partido para ser candidato ao Senado. Ainda que seu maior líder, o ex-ministro Geddel Vieira Lima, esteja na cadeia, a intenção é deixar o irmão Lúcio Vieira Lima, hoje mais recolhido, como o protagonista do partido no estado, a fim de tentar garantir a reeleição para deputado federal e, quem sabe, se nada mudar, ter alguém no Congresso capaz de puxar o processo de Geddel ao…foro privilegiado. Lúcio, deputado e hoje sob investigação por causa dos R$ 51 milhões encontrados num apartamento em Salvador, poderia, segundo avaliação de muitos advogados, tentar levar o processo do irmão à instância superior, uma vez que se trata do mesmo caso.
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Por essas e outras, ainda que o STF decida daqui a alguns dias sobre o fim do foro privilegiado para crimes comuns, os parlamentares hoje investigados vão trabalhar para que a mudança seja aplicada apenas aos novos processos e não àqueles em curso hoje no Supremo. Essa questão ainda é nebulosa por ali. E o lobby dos parlamentares nunca foi tão forte nessa direção.
O “bode” da Previdência
No jargão parlamentar, “bode” é algo incluído no texto para ser retirado logo ali na frente, de forma a preservar outros pontos. É assim que muitos parlamentares veem a ideia de aumentar o tempo de contribuição previdenciária de 30 para 40 anos.
O cálculo deles
Analistas do mercado financeiro fizeram chegar ontem a seus executivos a seguinte avaliação: ou os líderes partidários mergulham em suas bancadas em busca dos votos para aprovar a reforma previdenciária em 2017 ou o país viverá uma enrolação até o fim do ano. Todas as bancadas estão “furadas”, dizem os observadores.
E o Funrural, hein?
A Frente Parlamentar de Agricultura (FPA) não parece mais tão forte quanto esperava. Seus integrantes tentaram mobilizar o plenário da Câmara para votar a medida provisória do Funrural, mas os deputados foram embora. No fim da semana que vem, a MP perde a validade. Segunda-feira, será feita uma nova investida para tentar votar a proposta.
CURTIDAS
Menos, Marun, menos/ O deputado Carlos Marun (PMDB-MS) recebeu o seguinte aviso dos amigos: “Mergulhe. Você falou tanto que pode ter inviabilizado a sua nomeação daqui a alguns dias”.
Moral do jantar/ Apesar do otimismo do presidente Michel Temer e de seus ministros, alguns parlamentares do PMDB não foram ao jantar do Alvorada na quarta-feira em represália pela não-posse de Marun. E completam com o seguinte recado: “Presidente, não conte comigo para a reforma da Previdência”. Simples assim.
Livre para sair/ Heráclito Fortes (PSB-PI) e José Reynaldo Tavares (MA) vão receber uma carta do presidente do PSB, Carlos Siqueira (foto), autorizando-os a sair do partido.
Evaristo de Oliveira/ Gentileza, educação, fino trato, correção e preocupação com as pessoas podem ter vários sinônimos no dicionário. Mas, ao longo de 20 anos de trabalho no Correio Braziliense, eu convivi com mais um: Evaristo de Oliveira. Que seu exemplo seja um farol a guiar a grande família dos Diários Associados e que Deus conforte dona Regina, filhos e netos, a quem deixo aqui meus mais sinceros sentimentos de solidariedade nesse momento difícil. Obrigada por tudo, dr. Evaristo.
É assim que uma parcela expressiva da base do governo se refere, desde ontem à tarde, ao ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy. O tucano ganhou sobrevida de alguns dias para que Michel Temer possa contornar a situação com o PSDB, de forma a não perder votos pró-reforma por ali, e ver como ficam os outros partidos em relação a Carlos Marun, que já é tratado como o futuro ministro.
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Não é preciso ir muito longe para ver a fritura que a base está fazendo com Imbassahy. Nas agendas do Planalto, por exemplo, a do presidente aparece recheada de deputados. A do ministro, ontem, não tinha nem um parlamentar. Há quem diga que, guardadas as devidas proporções, Imbassahy passa pelo desgaste a que muitos já foram submetidos nos mais diferentes governos até chegar a hora em que pedem demissão. Questão de dias ou horas.
Eletrobras sai do forno
Entre a posse de Baldy e o jantar no Alvorada, o ministro de Minas e Energia, Fernando Filho, assinou o projeto de lei que trata da remodelagem da Eletrobras. Um dos pontos de destaque é a possibilidade de os interessados abaterem os encargos, como a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE). O ministro calcula que em 2019 será possível uma energia mais barata para o consumidor.
Resta um
Temer, entretanto, não fez o mesmo em relação à medida provisória que trata do Funrural. A MP, que vence em 30 de novembro, volta à pauta ainda hoje de manhã. Grande parte dos produtores defende a proposta, porque permite o pagamento com uma alíquota menor no ano que vem, e, em 2019, a escolha entre faturamento ou folha para cálculo do valor a ser pago. Hoje, tudo incide pela receita bruta, e o Funrural tem que ser pago, uma vez que já foi considerado constitucional pelo STF. Se a MP não for aprovada, a Receita terá liberdade para a cobrança dos débitos.
“Temer tem uma vantagem sobre Itamar Franco: acertou a equipe econômica de primeira. Itamar teve quatro ministros antes de encontrar Fernando Henrique Cardoso. Perdeu oito meses”
Do sucessor de FHC na Fazenda, embaixador Rubens Ricupero, em entrevista ontem ao programa CB.Poder
O processo está em curso
Selada a posse de Alexandre Baldy no Ministério das Cidades, o governo mostra à base que está cumprindo o processo de redução do espaço do PSDB, ampliando o dos demais aliados e “empoderando” o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Ainda que o resto seja pactuado para sair do papel apenas depois da votação da reforma da Previdência, o governo acredita que está amarrando tudo direitinho para chegar aos 308 votos.
Liberou geral/ Raríssimas vezes na história, um presidente da República disse aos congressistas que poderiam derrubar um veto. Pois isso foi feito ontem no caso dos prefeitos. Tudo pela reforma da Previdência.
Festa goiana/ A última vez que políticos de Goiás tinham tomado o Planalto com gritos de guerra, com direito a fogos de artifício na Esplanada, foi na posse de Íris Rezende como ministro da Justiça. Ontem, Baldy repetiu o grito de guerra. Os aliados dele, porém, não sabiam sequer onde ficava o Ministério das Cidades. Aí, ficou difícil providenciar fogos para a transmissão do cargo.
Pergunta que não quer calar/ Imbassahy é jeitoso, de fala mansa. Marun não tem essa diplomacia. É franco, como a maioria dos gaúchos. Por isso, muitos deputados ontem se entreolhavam, dizendo: “Quem vai reagir a um ‘não’ do Marun se ele realmente for ministro?”
Troca no comércio/ O líder do DEM, Efraim Filho (foto), assume na próxima semana a presidência da Frente Parlamentar do Comércio, cargo em que está hoje Rogério Marinho. A ideia da frente é ganhar tanta importância quanto a poderosa Frente Parlamentar do Agronegócio.
“Vim para fazer a transição e espero ser reconhecido lá na frente”
“Vim para fazer a transição e espero ser reconhecido lá na frente”
Detentor de uma popularidade na casa dos 3%, uma ampla base no Congresso e interessado em promover reformas até o último dia de seu governo, o presidente Michel Temer trabalha diuturnamente para chegar ao final do mandato num patamar bem melhor do que aquele registrado hoje. “Se aprovar a reforma da Previdência e conseguir simplificar os tributos, ô!”, diz ele, com uma tranqüilidade que há tempos não se via. Ele se apresenta como presidente da transição, diz que não é candidato a nada. Porém, acha “importantíssimo” ter um candidato para defender o legado de seu governo. Quem será, ele não avança a esse ponto. Para bons entendedores, no entanto, a eleição de 2018 é uma incógnita tão grande hoje que até Michel Temer pode entrar na bolsa de apostas, quer goste ou não.
Temer deu essas declarações num jantar promovido pelo site Poder 360, na noite dessa segunda-feira na área mais reservada do restaurante Piantella. Convidado de honra, levou todos os ministros do Planalto, o secretário de imprensa, Márcio de Freitas, e o marqueteiro Elcinho Mouco. À mesa, com jornalistas e empresários, como André Clark, CEO da Siemens, e Flávio Rocha, do grupo Riachuelo, e representantes da Souza Cruz, do Banco Mundial, Temer fez um resumo dos avanços de seu governo até aqui e deu uma pista das reformas ministerial, previdenciária e privatização da Eletrobrás __ que virá por um pacote composto por uma medida provisória, para autorizar que as distribuidoras se tornem concessionárias, e dois projetos de lei, “combinados com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia”. Temer faz questão de frisar que não se governa sem o apoio dos presidentes das duas Casas.
Em relação à reforma previdenciária, o presidente não descarta as dificuldades de aprovação. Porém, confia que a Emenda Constitucional passe na Câmara este ano ainda. E, para o ano que vem, a votação no Senado. Numa escala de 0 a 10 sobre a perspectiva de aprovação, o ministro Eliseu Padilha, da Casa Civil, considera que as chances estão em 8. E, para ganhar tempo, o governo já admite inclusive a promulgação “fatiada”, ou seja, promulga-se primeiramente o que for aprovado nas duas Casas. Assim, apenas o que for modificado no Senado regressar à Câmara.
A nova Proposta de emenda Constitucional (PEC) será apresentada nesta quarta-feira num jantar no Alvorada com os deputados que integram a base do governo. Consiste num texto com a idade mínima de 62 anos para mulheres e 65 anos para os homens, com uma transição de 20 anos, e igualdade de condições entre trabalhadores da iniciativa privada e do serviço público. “A palavra para a Previdência hoje é esclarecimento”, diz Temer, que inclusive convocou especialistas ao Alvorada para explicar a necessidade da reforma aos parlamentares no jantar de amanhã.
O presidente ficou exultante com a pesquisa do site Poder 360 sobre a idade mínima, anunciada pelo Publisher do site, o jornalista Fernando Rodrigues. Desde abril, o Poder 360 pesquisas confere o humor do brasileiro com a fixação da idade mínima. Em abril, 76% eram contra. Em agosto, baixou para 67%. No último fim de semana, estava em 52%. Ainda é alto, porém a trajetória indica que a população começa a ver a fixação da idade mínima com bons olhos. “Posso divulgar isso?”pediu Temer. “O Congresso sempre acaba concordando com o que o povo pensa. A reforma não é minha. Precisamos transformar os 52% em 40%. Quando se verificar que boa parte da população é a favor da idade mínima, muda o clima no Congresso”, prevê o presidente.
Por falar em mudança de clima…
O presidente faz questão de repisar que as dificuldades enfrentadas hoje com as reformas só existem porque, há seis meses, as denúncias contra ele quebraram a onda positiva do governo em relação à proposta. Sem citar nomes, ele se referiu a depoimentos que falavam do objetivo de derrubar o presidente da República e analisou o período em que viveu as duas denúncias. “Chegaram a falar em renúncia. Eu disse, não senhor. Se renunciar, sou culpado. Vou mostrar que não tenho culpa”, relembrou Temer. A avaliação dele é a de que as denúncias “atrapalharam o país, mas não pararam”, disse, referindo-se a melhorias na área econômica.
Reforma ministerial
“Farei a reforma paulatinamente, de agora até março”, comentou, sem entrar em detalhes. É sabido que o presidente pretendia mudar os ministros candidatos de uma única vez. Porém, diante da resistência dos partidos, ele preferiu esperar para não comprometer a boa relação entre o governo e a base aliada. Do alto de quem já presidiu a Câmara três vezes e sabe como ninguém como funciona o Congresso, o presidente não vê mal algum nisso. Trabalha com a realidade.
E é com os olhos na realidade que Temer confia em deixar algo de positivo ao final de seu governo. “Vim para fazer a transição e espero que seja reconhecido lá na frente”, diz o presidente. “Faço distinção entre populismo e popularidade. Populismo não faço. A popularidade espero que venha lá na frente”, diz, ao acrescentar que não pretende ser candidato no ano que vem. Porém, não parece lá muito incisivo em relação a isso, quando pouco depois, acrescente que pesquisa de hoje não vale nada. A que vale á a de 3 dias antes da eleição. Como diz o ministro Moreira Franco, candidatos há muitos, candidaturas serão poucas.
Temer, entretanto, trata de tirar essas especulações de cena quando menciona ser “absurdo” as pessoas imaginarem que em 14 meses não faremos nada”, diz ele, de olho no futuro.
O governo anunciou hoje à tarde mais uma parcela de descontingenciamento de recursos para os Ministérios. Além das despesas correntes, vem aí mais um dim-dim para pagamento das emendas dos parlamentares ao Orçamento da União. O que não for pago agora, avisam técnicos em Orçamento, provavelmente ficará para os chamados “Restos a Pagar”, aquela conta que o governo considera algo do tipo, “devo, não nego, pago quando puder”.
A ideia é aproveitar os valores descontingenciados para ajudar a lubrificar o motor da base para a aprovação da reforma da Previdência. Afinal, o governo já foi comunicado pelos partidos que a reforma ministerial por si só não será suficiente para fazer com que os parlamentares votem favoravelmente às mudanças.
Para conseguir aprovar, dizem alguns, o governo terá que trabalhar ainda com o discurso e na politica, ou seja, no chamamento aos deputados, um a um, para explicar a necessidade da reforma. A próxima semana será dedicada a esse trabalho.
Se tem um personagem com o qual o presidente Michel Temer não pretende brigar enquanto procede a reforma ministerial é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). No papel de comandante da Casa e da pauta de votações, ele capitaneará a reforma previdenciária e, por tabela, a ministerial. A ideia no Planalto é que passe por Rodrigo inclusive a nomeação do futuro ministro das Cidades e as demais mudanças na equipe.
Até aqui, a reforma está no seguinte pé: a) Os partidos fizeram chegar a Temer que as mudanças pedidas de forma intensa nos últimos meses se referiam apenas aos espaços do PSDB no governo e não dos outros partidos; b) A parte tucana nas Cidades está feita, falta Antonio Imbassahy (secretaria de governo), que Temer manterá na equipe, em outro ministério; c) O partido que arrematar Cidades terá de ceder algum outro espaço na Esplanada para manter o equilíbrio na base; d) Se houver consenso entre os partidos para indicar um nome em comum para essa pasta, melhor. É nessa batida que termina hoje a semana de “decantação” da saída de Bruno Araújo do Ministério das Cidades.
Seguro eleitoral I
A pré-candidatura de Manuela D’Ávila, a ser apresentada oficialmente na convenção do PCdoB neste fim de semana, tem a missão de estancar as pressões para que os comunistas fechem logo apoio a um candidato. A ordem é ficar numa posição mais confortável para aguardar a evolução da conjuntura. A política está de um jeito que nem o PCdoB, que sempre apoiou o PT, se mostra disposto a fechar logo com o antigo aliado.
Seguro eleitoral II
Hoje, o PCdoB está sob forte pressão tanto do PT de Lula quanto do PDT, que pretende lançar o ex-ministro Ciro Gomes. Marina Silva, da Rede, (ainda) não entrou na roda de buscar o PCdoB. Se nenhum deles decolar, ou lá na frente o partido considerar melhor seguir sozinho no primeiro turno, sempre poderá dizer que essa era a sua primeira opção.
Cravo & ferradura
Políticos do Rio de Janeiro tratam como pule de dez a Alerj tirar Jorge Picciani da cadeia na sessão de hoje, da mesma forma que o Senado deu fim ao recolhimento noturno de Aécio Neves. Há dúvidas, entretanto, sobre a devolução do mandato. Assim, mandariam o deputado para casa, para não deixar o desgaste tão grande para o colegiado. Afinal, no ano que vem, tem eleição, e alguns da base de Picciani resistem a arcar com essa decisão.
Se arrependimento matasse…
… Jorge Picciani, talvez, não estivesse na cadeia. Em 2014, o todo-poderoso presidente da Assembleia Legislativa do estado do Rio de Janeiro pensou em não concorrer a mais um mandato eletivo. Terminou candidato. Agora sãos os filhos, seus herdeiros políticos, que vão pensar duas vezes antes de bater o martelo diante da incerteza do voto.
CURTIDAS
Temer lá fora…/ Em janeiro, antes de o país ingressar de vez na campanha eleitoral, o peemedebista aproveitará para exercitar a diplomacia presidencial. Vai a Cingapura, Malásia, Vietnã, Indonésia e Timor. Na volta, passa uma semana em Brasília e, em seguida, embarca para o Fórum Econômico Mundial do Ocidente, em Davos, na Suíça.
… num discurso para dentro/ Em Davos, o Brasil será homenageado. É que há uma confiança muito grande de que o país é uma grande potência, ainda que tenha “variações conjunturais”, conforme avaliação de diplomatas de outras nações que observam a economia nacional. A ordem é aproveitar para, mais uma vez, mostrar o que o governo tem feito de positivo.
O professor Sarney I/ O ex-presidente José Sarney (foto) embarca, na semana que vem, para Guadalajara, no México, onde vai ministrar a Conferência Magistral (aula magna) do dia de abertura da FIL 2017, a Feira Internacional do Livro, considerada a maior do mundo em língua espanhola.
O professor Sarney II/ O ex-presidente brasileiro falará 50 minutos sobre o livro e a internet. Há tempos, seus aliados não o veem tão animado com um evento em que pretende responder se a internet matará o livro. Sarney falará sobre a história da literatura e fará reflexões sobre a escrita. Do alto de seus 87 anos, com vários livros publicados, realmente tem muito a dizer.
Michel Temer desenha aposta tripla para Imbassahy na reforma ministerial
O ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, já sabe que será substituído. Porém, não ficará ao relento. O leque de possibilidades transformaram o ministro num curinga. O presidente avalia três lugares para acomodá-lo, nesta ordem: Turismo, Cultura ou Transparência. O turismo é visto como o lugar ideal, porque seria uma troca de posições entre o PMDB, partido do atual ministro da área, Max Beltrão, e o PSDB. Isso porque o desenho em formação no Planalto inclui a presença de um peemedebista na vaga a ser desocupada por Imbassahy. O nome citado ´pe o do ex-ministro dos Transportes João Henrique, do Piauí.
O deslocamento de Imbassahy para o Ministério da Transparência, antiga Controladoria Geral da União, é complicado, porque se trata de um posto em que o presidente Michel Temer evitou até agora colocar detentores de mandatos eletivos e, segundo informações obtidas pelo blog, Temer gostaria que ficasse assim.
A Cultura entrou no bolo, porque é um Ministério que os políticos gostam e que hoje é ocupado pelo jornalista e escritor Sérgio Sá Leitão. Se Leitão sair, será por pura acomodação política, porque o presidente não deseja substituí-lo. Até porque criaria problemas com a combalida bancada do Rio de Janeiro. E se tem algo que Michel Temer não deseja no momento é criar qualquer atrito com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, um dos primeiros a quem Temer consultou antes de qualquer movimento mais incisivo de mudança na equipe. As reformas passam por Maia. Afinal, hoje o comandante da Câmara é quem segura o leme da reforma previdenciária, tanto no quesito aceleração, quanto no rumo que o texto final irá tomar. Logo, dizem alguns, tem que ser ouvido na reforma ministerial.
Está aberta a mais nova temporada de estica-e-puxa na base governista. Os partidos já fizeram chegar ao presidente Michel Temer que a tal reforma ampla com a troca de 17 ministros anunciada pelo líder do governo, Romero Jucá, não é do desejo de todos e arrisca trazer mais problemas do que solução para votar a reforma previdenciária. E já tem gente na Esplanada com o seguinte discurso: Se for para sair todos aqueles que pretendem concorrer no ano que vem, seria bom tirar também o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o único da equipe a se apresentar como “presidenciável”. Por causa desses quesitos, muitos se referem à ampla reforma como um “ajuste”.
Curva perigosa I
As operações da Lava-Jato nos últimos meses desgastaram a imagem do PMDB em vários estados onde o partido tinha seus caciques e boas bancadas. Ontem, em duas operações distintas, a Polícia Federal abalroou o que restava do PMDB do Rio de Janeiro e atingiu o de Mato Grosso.
Curva perigosa II
Somados aos revezes anteriores, há quem esteja preocupado com a eleição de deputados. O PMDB está desgastado no Rio Grande do Norte, onde o ex-deputado Henrique Eduardo Alves está preso, na Bahia, terra de Geddel Vieira Lima; e em Roraima, onde o senador Romero Jucá teve os filhos envolvidos em outra operação da PF.
Até aqui, tudo bem
Alagoas, ao que tudo indica, ainda surfa longe dessa onda negativa. Lá, o governador Renan Filho continua bem posicionado. E é justamente para tentar escapar da curva descendente é que abrem os braços para o PT de Lula.
Pensando bem…
Na base tem muita gente desconfiada de que o presidente Michel Temer jogou essa história de mudar 17 ministros apenas para repactuar alguns e colocá-los em contato direto com o Parlamento, a fim de garantir a aprovação das medidas importantes para o governo. Muitos estavam desconectados dos respectivos partidos, cuidando da própria vida.
… faz sentido
O presidente Michel Temer, entretanto, tem dito a alguns que quer aproveitar esse último ano para impor uma marca na administração e isso não será possível com quase metade da equipe pensando apenas na própria reeleição.
Escapou de boa/ O ex-ministro das Cidades Bruno Araújo volta para o Congresso a tempo de se livrar de uma convocação para prestar esclarecimentos na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara. Os peemedebistas queriam que ele explicasse por que os estados governados pelo PSDB estavam mais bem aquinhoados com a construção de casas populares.
Nem tanto/ Bruno, porém, terá dificuldades no partido. A ala adversária ao governo está meio atravessada com o ex-ministro. Reclama que não era atendida.
Fica comigo/ Uma das prioridades do presidente Michel Temer, além de, óbvio, reestruturar a equipe, é segurar os partidos. Inclusive a ala do PSDB que o apoia.
Cachimbo da paz/ O presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal, Carlos Eduardo Sobral, se reuniu hoje com o novo diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia. A visita serviu para enterrar de vez as especulações de que o novo comandante da PF não contava com o apoio da entidade que representa os delegados de todo o Brasil. Prometem trabalhar juntos. Na foto, o Delegado Federal Edvandir Felix de Paiva (Futuro Presidente da ADPF); Sobral, Segóvia e o diretor-regional da ADPF, Luciano Leiro.
Coreia do Norte/ Assista hoje, no CB.Poder, uma parceria do Correio Braziliense com a TV Brasília, a reprise da entrevista com o repórter Renato Alves sobre a Coreia do Norte.
Enquanto o presidente Michel Temer prepara a reforma ministerial e busca mais eficiência em termos de votos no Congresso, seu partido sofre baixas nos estados. Das três operações deflagradas pela Polícia Federal nesta manhã, duas envolvem caciques peemedebistas. No Rio de Janeiro, a condução coercitiva do president da Alerj, Jorge Picciani, na Operação Cadeia Velha. No Mato Grosso do Sul, outra operação, batizada de “Lama asfálica” envolve o ex-governador André Puccinelli.
Ambos são do PMDB, o torna o partido mais vulnerável nos estados. Com a derrocada de Sérgio Cabral e Eduardo Cunha no Rio, Jorge Picciani era considerado o grande comandante do PMDB estadual. Puccinelli passou os últimos dias preparando a convenção do PMDB sul-matogrossense, marcada para o próximo sábado (18). Seria eleito presidente do partido.
O envolvimento de caciques do partido em operações da PF nessa reta final de 2017 é considerado mais um indicativo das dificuldades que o PMDB enfrentará no ano eleitoral. Afinal, o partido sempre viveu do conglomerado de poder que esses comandantes detêm em seus respectivos estados. É por intermédio deles que o PMDB constrói grandes bancadas e se transforma num partido forte, capaz de influenciar o destino de qualquer governo. Agora, com os caciques abatidos e a política cada vez mais pulveriada, repetir essa performance no ano que vem vai ser difícil.
Ministro cancela agenda
As dificuldades do PMDB do Rio só aumentam. Hoje à tarde, por exemplo, o ministro do Esporte, Leonardo Picciani, assinaria um Termo de Ajustamento de Conduta com o Comitê Olímpico Brasileiro para dar mais transparência nas ações e aplicações de recursos da instituição. Especialmente, depois da prisão de Carlos Nuzman, acusado de compra de voto para a Olimpíada do Rio de Janeiro e desvio de recursos. Com o pai e o irmão, Felipe, levados à Policia Federal, o ministro cancelou o evento.