A “xepa” de 2017

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Os deputados estão tratando a votação dessa segunda denúncia envolvendo o presidente Michel Temer como o último portal para tentar arrancar alguma benesse do governo antes da eleição. Especialmente, quem ainda não foi atendido quando da votação da primeira denúncia. A preços de hoje, Temer não tem orçamento para atender a todos. Tampouco cargos. Corre o risco de cobrir um santo e descobrir outro. Aliás, pela conversa dos políticos nos bastidores, esse tem sido o processo do fim de semana. O troca-troca nos cargos de segundo e terceiro escalões promovido pelo governo nos últimos dias deixou vários políticos descontentes. Se essa onda de revolta da base não for contida nas próximas horas, o governo não terá meios de concluir a votação esta semana. E, dizem os deputados, quanto mais tempo demorar, pior para Michel Temer.

Para que a votação seja válida, são necessários 342 votos. Para que a denúncia seja acolhida, esses 342 votantes teriam que se manifestar a favor do pedido do ex-procurador Rodrigo Janot. A oposição não tem esse número. Nem o governo. Portanto, o desafio do Planalto agora é “validar” o resultado favorável ao governo, levando os deputados para o plenário a fim de garantir 342 votantes __ seja contra ou a favor.

Para tentar resolver esse imbróglio e evitar a falta de número para liquidar a denúncia ainda essa semana, o presidente reunirá daqui a pouco todos os líderes do governo e de partidos aliados, a fim de fazer um checagem nos votos e ter uma ideia mais exata de quantos pretendem comparecer. A ideia é ainda sentir o pulso dos partidos e das insatisfações, que não são poucas. Mais tarde, teremos o termômetro desses últimos dias de “feira” entre o Planalto e a base.

A delação da delação

Publicado em coluna Brasília-DF

O empresário Joesley Batista passou a monitorar todos os movimentos do ex-diretor da JBS, Ricardo Saud, preso na Papuda. Por meio de advogados, Joesley procura saber com quem Saud conversa e avaliar o humor do subordinado. O maior pesadelo de Joesley hoje é Saud contar mais detalhes de tudo o que os irmãos Batista não disseram aos promotores na delação. Saud não era “da família”. Para procuradores, por exemplo, o executivo não passava de “um empregado” e há quem diga que ele não ficará na cadeia para poupar os patrões.

Aí tem I

Ouvido em sessão secreta na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da JBS, o advogado Francisco de Assis e Silva, ex-diretor jurídico da empresa, se reservou o “direito de permanecer calado” todas as vezes em que os parlamentares perguntaram algo sobre o procurador Marcelo Miller, que deixou o Ministério Público para trabalhar no escritório que cuidava do acordo de leniência da JBS.

Aí tem II

Os políticos ficaram com a impressão de que Assis prepara uma delação envolvendo o procurador. Por isso, a insistência em não revelar nada que pudesse comprometer o procurador agora.

Ao vencedor…

No papel de presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG) teve um desempenho de provocar inveja em muitos. Na primeira denúncia contra o presidente Michel Temer, o parecer foi favorável à denúncia e Pacheco conquistou a fama de independente. Na segunda, amarrou Aécio Neves e o próprio PMDB à sua campanha ao governo estadual, quando indicou Bonifácio de Andrada para a relatoria. Se esse apoio não vier de pronto, pelo menos, a ponte está feita.

CURTIDAS

Planos de saúde comemoram/ Sempre criticadas, as operadoras de planos de saúde conseguiram fechar a semana passada com um alento, porque o ranking da Agência Nacional de Saúde deixou 83,8% das 1.057 maiores operadoras entre as duas melhores faixas de avaliação.

Até ela/ A Unimed, por exemplo, que passou por maus bocados com seus clientes, nunca foi tão feliz. Entre as 20 operadoras de grande porte mais bem classificadas (as que têm mais de 100 mil beneficiários), 14 são do seu sistema. A líder do ranking é a Unimed de Belo Horizonte, seguida pela Unimed do Paraná, pela Bradesco Saúde, pela Unimed Porto Alegre e pela Unimed Campinas.

Trocador/ O deputado Valtenir Pereira (PSB-MT) mudou tanto de partido (ele já trocou cinco vezes) que, dia desses, um colega comentou: “Rapaz, você já trocou de novo?” Eis que Valtenir se sai com esta: “E não me convida, senão eu vou para o seu”.

Tudo como dantes/ Sabe aquela polêmica dos carimbos nos laticínios industrializados que fez a chef Roberta Sudbrack (foto) desistir de atuar no Rock’n Rio? Pois é: deu em nada. Houve toda aquela mobilização com queijos na Câmara dos Deputados, mas nenhuma medida concreta foi adotada até o momento.

Que venha a chuva!!


Leonardo Cavalcanti

RenovaBR: Uma iniciativa que vale a pena conhecer

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Hoje, quem quer entrar na política, não tem muitas chances. Apenas quatro partidos se mostram abertos a receber futuros candidatos sem um leque de exigências ou mesmo o pagamento de uma “jóia”. A intenção dos idealizadores do RenovaBR é abrir as portas para a sociedade tentar quebrar essa regra

Depois de lançar a fundação Renova no último dia 6 em São Paulo, o empresário e professor Eduardo Mufarej passou nesse Sábado por Brasília para discutir o Renova com colunistas de política radicados na cidade, centro nervoso da política nacional. “Não temos uma bala de prata (para mudança da prática política), mas temos uma iniciativa”, diz ele, num bate-papo informal que entrou na madrugada de hoje. A ideia é selecionar 150 pessoas da sociedade civil que desejem concorrer a uma vaga de deputado federal em vários estados e no DF, a partir daí, oferecer a esses interessados um curso de formação política que inclui, além de aulas sobre ética na politica, formação de campanhas, etc. Nos dez primeiros dias, o renovabr.org recebeu 600 inscrições.
A ideia é excelente. Porém, na conversa, viu-se o maior gargalo: O acesso aos partidos. O teste feito pelos próprios idealizadores do movimento indicam que as portas da política são pesadas e difíceis de abrir. Só quatro legendas não cobram “pedágio” ou fazem muitas exigências para receber gente interessada em mudar a política _ Rede, PPS, Livres e Novo. Dos tradicionais, há até quem cobre uma “jóia” que pode chegar até R$ 100 mil. Ou seja, os partidos não querem a mudança.
Como empurrar essa pesadas portas, visto que a candidatura avulsa não vingou? O jeito é preparar candidatos e anunciá-los à sociedade com um “selo de qualidade”. É isso que o RenovaBR pretende fazer. Dar o selo de qualidade a quem deseja ingressar na política e apresentar esses pré-candidatos à sociedade. Em relação aos partidos, cada pré-candidato terá livre escolha para ingressar naquele que achar melhor e terá que buscar seu próprio financiamento, mas o RenovaBR não descarta, por exemplo, apresentar seus bolsistas a pessoas físicas com recursos para financiar uma campanha.

Antes desse encontro, Mufarej explicou em detalhes o seu projeto numa entrevista ao Correio Braziliense feita por Natalia lambert e Paulo Tarso de Lyra. Se você quer mudar algo na política, vale a pena ler de novo:

“Anunciado há pouco menos de três semanas, o Renova BR já vem sendo alvo de uma enxurrada de críticas, sobretudo dos partidos de esquerda. Idealizado pelo empresário Eduardo Mufarej e com o apoio de nomes de peso do cenário nacional, como o do ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, o empresário Abílio Diniz e o apresentador Luciano Huck, o Fundo é visto como um meio de financiar candidatos a deputados simpáticos às ideias liberais.
Em entrevista exclusiva ao Correio, Mufarej nega que esse seja o intuito. “É um movimento político. Não tem agenda para pautar pessoas. Queremos que essas pessoas que tenham vontade de disputar cargos tenham competência, criem rede de apoio”. Ele explica que a decisão de alguém largar tudo e concorrer a um mandato eleito é muito difícil e que não há apoio nos partidos para que isso aconteça.
A partir do momento em que o bolsista se inscreve no Renova, ele vai passar por um curso, que inclui temas mais gerais e até módulos específicos de acordo com as áreas de interesse. “Se forem eleitos, nossos bolsistas serão cobrados pela transparência dos gastos do mandato, pelos votos que proferirem e para que concluam os mandatos”, explicou o empresário.
Mufarej, CEO da Somos Educação e presidente da Confederação Brasileira de Rúgbi, disse que cabem todos os espectros ideológicos no Renova e que os mecanismos de financiamento serão os mesmos incluídos n legislação em vigor. “Se a sociedade quiser, como pessoa física, apoiar nossos bolsistas, ótimo. Mas é uma decisão dos brasileiros.”
O empresário apoia as ações de investigação da Rio 2016 e torce para que o país encontre um caminho de convergência política, embora reconheça que o atual momento de dificuldade ajude a fomentar ideias radicais. Confira a seguir os principais trechos da entrevista.

Qual é o principal objetivo do Renova BR?
Nosso objetivo é criar condições para que gente talentosa, com vontade de atender à sociedade, se sinta estimulada a participar do processo eletivo. Os entraves para renovação dos quadros políticos são gigantescos. Queremos apoiar essas pessoas. Permitir uma inovação política e aceleração de lideranças. Hoje, um jovem de 30 anos que deseja concorrer a algum mandato não tem nenhum estímulo a deixar de atuar na área que em atua para candidatar-se.

Como o Renova BR vai funcionar? A ideia é fazer uma think tank,estabelecendo um debate e auxiliando candidatos que se afinarem com a proposta?
Nossa intenção não é criar uma pauta nem estimular um debate sobre temas concretos, como as reformas que aí estão. Queremos gerar um movimento político. Não tem agenda para pautar as pessoas. Queremos que essas pessoas que tenham vontade de disputar cargos tenham competência, criem uma rede de apoio a elas. A decisão de alguém que está empregado e que resolve entrar na política é muito binária. Hoje, as chances de essa escolhadar certo são muito baixas. As estruturas dos partidos são analógicas. Acesso do cidadão à política é restrito. Não queremos pautar ninguém. Queremos ajudar quem queira participar do processo.

E como funciona?
Essas pessoas interessadas vão participar de um processo seletivo, composto por várias etapas: avaliação cognitiva, análise de competências, capacidade de resiliência, debate sobre questões éticas. São processos para entender a visão de futuro que as pessoas têm do Brasil. Quem for aprovado passa a ser um bolsista Renova e entra em uma academia de formação composta por três módulos. O primeiro é focado no candidato. O segundo é a compreensão do sistema político brasileiro atual. Por fim, teremos módulos optativos de acordo com as áreas de interesses das pessoas: educação, saúde, saneamento.

Quando começam e terminam esses módulos?
O processo seletivo vai até dezembro. As aulas vão de janeiro a junho, seis meses de curso. (As campanhas eleitorais de 2018 terão início no mês de agosto).

Vocês vão financiar candidaturas?
Não. Não temos instrumentos jurídicos para isso. As empresas que nos apoiam e que quiserem doar para as campanhas farão isso dentro das regras estabelecidas pela lei. Se a sociedade quiser, como pessoa física, apoiar nossos bolsistas, ótimo. Mas essa é uma decisão dos brasileiros.

O que um bolsista do Renova BR precisa ter em mente caso seja eleito?
Eles serão cobrados em diversos pontos: respeito à democracia; gestão fiscalmente responsável; foco que o pagador de impostos tenha os benefícios dos impostos que pagou; promoção de acesso e redução de desigualdades; respeito às liberdades individuais; gestão responsável dos recursos naturais.

São esses os compromissos que deverão ser cumpridos caso o bolsista seja eleito?
Além disso, vamos cobrar transparência nas contas, nas ações e nos votos. E que ele conclua o mandato para o qual foi eleito. Não queremos que eles sejam eleitos e logo depois, assumam cargos de secretariado ou outros, porque ficará mais complicado para analisar o trabalho.

Seria possível a formação de uma base governamental composta exclusivamente por bolsistas do Renova BR? Há previsão do lançamento de um candidato à Presidência da República?

Estamos muito focados na renovação legislativa. A gente espera oferecer novas possibilidades de debate. O foco será nos legislativos federal e estaduais. Em cargos majoritários, é mais difícil termos bolsistas, pois, nestes casos, é mais raro a participação de candidato que jamais tenha participado de um processo eletivo anterior.

As interlocuções do apresentador Luciano Huck com partidos políticos, como o DEM e o Novo, ajudam ou prejudicam o ideal de imparcialidade do Renova BR?
O Luciano, como várias outras pessoas que nos ajudam, é um apoiador da ideia de renovação, as interlocuções dele, tanto políticas quanto sociais, não têm nenhum impacto.

No atual modelo de campanha sem financiamento eleitoral de empresas, a criação de um fundo não provoca distorções no sistema político?
Não criamos um fundo. O Instituto é para apoiar a formação de novas lideranças políticas. Queremos criar instrumentos de fomentação e desenvolvimento de novos líderes, que poderão se candidatar ou seguir outros caminhos após o curso. Vai depender da vontade de cada um de onde ele vai querer servir a sociedade. Não queremos ser camisa de força para ninguém.

Os questionamentos judiciais sobre o fundo são plausíveis? Como responder a eles?
Foi curioso. Nem havíamos lançado o projeto e um deputado disse que o que estávamos fazendo era incoerente. A gente está defendendo a tese de que as pessoas recebam informação fora do período eleitoral. Temos várias instituições que fomentam formação, o Renova BR é apenas mais uma delas. Ele fomenta a formação política, algo que os institutos ligados aos partidos deveriam fazer também e quase nunca fazem.

A presidente do Instituto Brasileiro de Renovação Política, Renata D’Aguiar, afirma que ideia do fundo partiu de um projeto dela para a criação de um selo certificador de políticos. É verdade?
Não conheço a Renata. Além disso, o Renova não pretende dar um certificado de formação política.

Passado pouco mais de um ano da consolidação do presidente Temer no poder, o país melhorou do ponto de vista político? Esta segunda denúncia criminal reforça o clima de instabilidade?
Não sou especialista em política, mas é claro que estamos vivendo um momento de instabilidade. O país precisa superar essa fase, ninguém aguenta mais. Do ponto de vista econômico, melhoramos um pouco, a economia descolou da política, o que foi até positivo. O político está muito difícil de se resolver. A sociedade quer votar em novas lideranças, gente de fora. Tem muita gente boa querendo participar do processo e não consegue.

O que senhor acha das reformas aprovadas e propostas pelo governo, como a trabalhista e a previdenciária?
A gente precisa de coragem para tomar as decisões que não são fáceis de tomar. Pensar menos dentro de um setor, dentro de uma área específica e pensar na sociedade como um todo.

Todos os envolvidos diretamente no projeto – você, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, o empresário Abílio Diniz e o apresentador Luciano Huck – têm uma visão mais liberal , especialmente do ponto de vista econômico. Isso não pode influenciar no debate promovido pelo Renova BR?
Esse movimento foi idealizado por mim, sou voluntário do projeto. Eles (Armínio Fraga, Luciano Huck e Abílio Diniz) são endossadores, acreditam na renovação, mas não têm indicação política ou ideológica. Minha mãe foi militante do PT, dirigente do sindicato dos professores de São Paulo. Tem gente boa nos diferentes espectros políticos e estaremos felizes por acolhê-los em nosso projeto. Estamos focados nas pessoas. Se as pessoas cumprirem os requisitos, para nós vai ser uma honra apoiar, independentemente de em qual partido elas estiverem.

Os bons números de intenções de voto do deputado Jair Bolsonaro são assustadores? E os do Lula?
A população está insatisfeita com tudo que está aí, o que ajuda nesses resultados. Mas esperamos que seja encontrada uma solução para a crise que vivemos, sem radicalismo.

E o fato de alguns setores efenderem a volta do regime militar? Acredita que existe esse risco?
Difícil dizer, porque, com a força das mídias sociais, as coisas se polarizam demais e fica mais difícil mensurar. A população tenta encontrar as respostas que não está vendo no debate diário. Nesse contexto em que a vida está mais difícil, tem espaço para o surgimento de ideias e soluções mais radicais. Mas gostaria de acreditar que a gente vai conseguir achar uma posição convergente apesar do discurso polarizado. Sem adotar o caminho da radicalização.

O senhor tem atuação na área esportiva, como presidente da Confederação Brasileira de Rúgbi. Como avalia os escândalos da Copa de 2014 e a recente prisão de Arthur Nuzmann, do COB, por pagamento de propinas para aprovação da Rio 2016?
Como brasileiro, eu me envergonho do legado da Rio-2016. O lado positivo é que o Brasil está sendo passado a limpo pelas medidas anticorrupção, fazendo com que as atividades ilícitas não passem incólumes. Isso é positivo. É um marco na nossa história.

Um governo em conflito

Publicado em coluna Brasília-DF

Um governo, duas metas

O governo e a base aliada vivem hoje uma queda de braço em relação à votação da próxima semana, quando estará em análise a segunda denúncia de Rodrigo Janot contra o presidente Michel Temer. Os partidos desejam a vitória do peemedebista, mas não num patamar em que o presidente saia com fôlego para retomar a agenda de reformas, em especial, a da Previdência. Enquanto isso, no Planalto, o próprio presidente coordena o esforço para que o governo ultrapasse o patamar dos 257 votos, ou seja, metade mais um dos votos totais da Câmara para, no futuro próximo, ampliar isso em relação às reformas. É por aí que o jogo vai se dar nos próximos dias.

Os aliados querem o poder de empreender uma agenda mais voltada a temas com maior sintonia na sociedade, como a segurança pública, educação e cultura, deixando de fora aumento de alíquotas, ajustes fiscais e cortes. Daí, a necessidade de deixar Temer franzino no quesito votos em plenário.

Don Geddel I

O fato de a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, se referir a Geddel Vieira Lima como chefe de organização criminosa não causou estranheza a muitos políticos. Afinal, ele comandava o PMDB da Bahia, assim como Eduardo Cunha e Sérgio Cabral dividiam o comando do Rio de Janeiro. Diz o Ministério Público que há outros “dons” por aí.

Don Geddel II

Os políticos que acompanham com uma lupa o caso de Geddel afirmam que, agora, o ex-ministro não terá como colocar o presidente Michel Temer nesse redemoinho. Afinal, se Geddel comandava, não tem como delatar
mais ninguém.

Onde mora o perigo

Deputados petistas aproveitaram o prêmio Congresso em Foco, concedido todos os anos a parlamentares eleitos pela imprensa, pela internet, e um júri seleto, para espalhar que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, está “costeando o alambrado” do Planalto. Ou seja, “esperando a oportunidade”. Sinal de alta-tensão até quarta-feira, data da votação da denúncia
em plenário.

Sem saída

Deputados tucanos não veem mais possibilidade de união entre as diversas alas do partido. Alguém vai ter que pedir o boné. Quem? Eis a questão.

País em choque

A tragédia em Goiânia, onde um adolescente assassinou colegas na escola, reforçará uma campanha para maior controle de armas no país. A bancada da bala, porém, já tem um argumento. O menino é filho de policial e, ainda que houvesse controle, ele teria arma em casa.

CURTIDAS
PF independente/ Instituição mais aplaudida no 7 de Setembro, a Polícia Federal vai intensificar a campanha pela autonomia com a entrega de mais um documento com mais de meio milhão de assinaturas em prol da Proposta de Emenda à Constituição 412/2009, que regulamenta a autonomia funcional, administrativa e orçamentária da PF. A PEC está parada há oito anos na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.

Hora certa/ Pré-candidato ao governo de Minas Gerais, o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco, receberá o documento com as assinaturas das mãos do presidente da ADPF, Carlos Sobral. Ele irá acompanhado de líderes de movimentos sociais independentes, como Carla Zambelli (Nas Ruas) e Maurício Vidal (Movimento Brava Gente Brasileira), além de representantes do Orgulho Nacional, Movimento Brasil Livre e Mulheres da Inconfidência, todos com forte representação em Minas.

E o Renan, hein?/
O senador Renan Calheiros (foto) não perde uma oportunidade de fustigar Michel Temer. Ontem, mandou esta no Twitter: “Engraçado… Nunca soube que Geddel era o chefe. Para mim, o chefe dele era outro… era ouTro”. Assim mesmo, com T maiúsculo.

Sabática/ Destituída do cargo de líder do PSB, a deputada Tereza Cristina (MS) passou todo o jantar de entrega do prêmio Congresso em Foco ladeada por dois representantes do PPS, Rubens Bueno e Carmem Zanotto. Tereza, entretanto, ainda não definiu para qual partido irá. “Nos próximos 30 dias, não quero pensar nisso. Vou, primeiro, dar um tempo pra mim”, diz a deputada quase ex-socialista.

Dupla dinâmica/ De todos os representantes do DF no Congresso Nacional, apenas
dois senadores saíram agraciados do
Prêmio Congresso em Foco: Cristovam Buarque e Reguffe.

Deixe tudo para depois

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Certos de que o presidente Michel Temer terá votos para permanecer no cargo, deputados aliados ao governo recolheram a pressão para troca do ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy. A ideia é guardar energia para uma nova investida depois da votação da denúncia. A avaliação geral é a de que o PSDB, completamente enroscado na disputa interna, não dará a Temer os mesmos votos da primeira vez. Assim, estará dada a senha para a substituição do ministro. Não por acaso, bateu o medo em alguns dos ministros exonerados ontem para votar a favor do presidente, na semana que
vem, de não voltar aos cargos.

Em tempo: causou estranheza a muitos o fato de o PSDB querer obstruir a votação do acordo de leniência dos bancos, um projeto com o aval do governo. Por incrível que pareça, os tucanos — que no passado fizeram o Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional) — não queriam votar a proposta para não dar uma rede de proteção a instituições que podem, num futuro não muito distante, terminar afetadas por uma possível delação de Antonio Palocci. Deixaram assim de lado o pragmatismo de defender as instituições, mantendo qualquer punição apenas aos controladores.

De Michel para Raquel

As mudanças que o presidente Michel Temer fará no decreto que terminou por expor trabalhadores ao regime análogo à escravidão serão baseadas apenas nos insumos da procuradora-geral da República, Raquel Dodge. É à comandante do Ministério Público que o governo dará satisfação.

Saiu do forno

Está pronto o parecer pelo arquivamento do pedido para que o senador Aécio Neves responda por quebra de decoro no Conselho de Ética do Senado. É João Alberto cumprindo o que já foi antecipado pela coluna: “Se o plenário arquivar aqui, eu arquivo lá”.

Juntou de lá

O posicionamento do governador de Goiás, Marconi Perillo, em defesa da permanência de Aécio Neves no comando do PSDB levou os aliados de Tasso Jereissati à sensação de que talvez o presidente em exercício tenha errado a mão. Agora, os aliados do mineiro não têm mais dúvidas sobre quem apoiar para presidente do PSDB: é Perillo na cabeça.

Irritou mais

O ministro de Minas e Energia, Fernando Filho, planeja seguir para o PMDB. O deputado Alexandre Baldy (GO), hoje no Podemos, seguirá por esse mesmo caminho. Ambos eram esperados no DEM do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ).

Nova frente para velha prática/ Vem aí a Frente Parlamentar do Jogo, em defesa da regulamentação dos cassinos no Brasil. Como bem lembram alguns, em certas casas da cidade será apenas o caso de colocar placas e neons nas portas.

Resumo da ópera/ O deputado Danilo Forte, de saída do PSB, soltou esta que jura ter ouvido de um socialista de carteirinha: “No partido, estamos no seguinte ponto: quem manda, não tem voto. E quem vota, não manda”.

De grão em grão…/ O senador Álvaro Dias (foto), do Podemos-PR, tem diversos grupos de WhatsApp completos com o nome “Álvaro Dias presidente”. Ali, assessores e o próprio parlamentar respondem diariamente a eleitores de todo o país, interessados em propostas para um futuro governo. O trabalho é quase de 24 horas.

Vem de cá/ Depois de conquistar o apoio do senador Fernando Collor, do PTC, o governador de Alagoas, Renan Filho, vai trabalhar para evitar uma tríplice aliança no palanque adversário em 2018 — do ministro do Turismo, Max Beltrão, com o dos Transportes, Mauricio Quintella, e o líder do PP, Arthur Lyra.

Deu a louca no PSDB

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Se alguém tinha alguma esperança de pacificação no PSDB, pode esquecer. O partido está fraturado de um jeito que nem o “budista” Fernando Henrique Cardoso conseguirá colar os cacos. Está igual a uma casa que não tem sequer um can to arrumado.

Na Câmara, o grupo ligado ao presidente licenciado, Aécio Neves, se movimenta para tirar Ricardo Tripoli do comando da bancada.

Na Executiva Nacional, Tasso Jereissati, que sempre era visto como ponderado e cordato, agora, abre o verbo e ameaça largar o comando partidário, caso Aécio Neves não renuncie ao cargo de presidente do partido. Enquanto isso, o governador de Goiás, Marconi Perillo, recebe o prefeito de São Paulo, João Dória, e, juntos, defendem a permanência de Aécio.

Para completar, GEraldo Alckmin e João Dória jogam um truco eleitoral que ainda promete consumir muita energia dentro do partido. Na semana que vem, novos lances dessas crises fabricadas por eles mesmos, sem combinar com os eleitores.

Randolfe, os bancos e a segurança privada

Publicado em Política

Causou estranheza a defesa enfática que o Senador Randolfe Rodrigues (PSol-RR) fez aos bancos na Comissão que discute o novo Estatuto de Segurança Privada. A lei em discussão no Senado limita a atuação dos bancos em transportes de valores. Eles poderão transportar seus próprios valores, mas não poderão oferecer o serviço ao mercado. A regulamentação busca proteger a concorrência leal no setor ao impedir que os maiores clientes, os bancos, tenham poder abusivo sobre o preço praticado pelas empresas, usando inclusive a TB forte, da TecBan, a qual tem entre os acionistas os maiores bancos nacionais (Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa) e grandes bancos internacionais (Santander e Citi). A TB forte é hoje responsável pelo transporte de valores do Banco24H. Quem atua na área de segurança privada prefere que fique assim. Cada um no seu quadrado. Esse é um dos pontos nevrálgicos do estatuto que irá a votos em breve no Senado.

Resposta da TecBan

“Gostaríamos de informar que a TBForte, empresa de transporte de valor da TecBan, foi criada há 10 anos, possui hoje 5% de market share e emprega mais de 2.000 funcionários diretos. Mesmo tendo os bancos públicos e privados como acionistas, a TBForte atende atualmente apenas 3,17% das agências bancárias brasileiras e ressalta que não apoia a divisão de mercado ou protecionismo.

A TecBan também esclarece que a TBForte atua de forma ética, respeitando a legislação vigente e as regras de concorrência e de mercado estabelecidas. Acreditamos na livre participação de empresas nos diversos setores e a concorrência é um dos propulsores da eficiência do mercado, do desenvolvimento nacional e da redução de preços para população, beneficiando assim toda a sociedade. TecBan – Tecnologia

TecBan – Tecnologia Bancária S.A”

João Alberto apostará no arquvamento

Publicado em coluna Brasília-DF

Depois da devolução do exercício do mandato ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), o presidente do Conselho de Ética, João Alberto Souza (PMDB-MA), pretende arquivar a nova denúncia contra o senador tucano no colegiado. “Estou esperando o plenário. Se ele preservar o mandato, não temos porque julgá-lo no conselho”, disse João Alberto à coluna antes de conhecido o resultado de 44 votos a favor de Aécio.

A intenção de João Alberto pelo arquivamento está diretamente ligada à proximidade da eleição. Ali, às vésperas do ano eleitoral, a ordem entre os parlamentares é deixar que os eleitores de Minas Gerais definam o que fazer em relação ao senador. Assim será com qualquer outro que seja levado ao Conselho de Ética.

Ficamos assim
Nos votos em favor de Aécio Neves prevaleceu a tese de que o Supremo Tribunal Federal (STF) não pode afastar um senador sem que ele sequer seja réu num processo. Como há mais de 150 parlamentares na mesma situação, entre senadores e deputados, a tendência daqui para frente é não aceitar medidas cautelares contra parlamentares. O caso de Aécio apenas puxou a fila.

Depois de Aécio…
A expectativa do governo com a devolução do mandato ao senador mAécio Neves (PSDB-MG) é reforçar o time para as votações sobre a denúncia contra o presidente Michel Temer. Tanto hoje, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, quanto na semana que vem, no plenário da Casa. A expectativa dos governistas gira em torno de 42 votos hoje na CCJ, a favor do relatório do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG).

O pulo do PSB
Os 12 deputados socialistas que assinam a carta pedindo a desfiliação do PSB só vão se considerar fora do partido se o presidente, Carlos Siqueira, entregar ainda hoje o aceite de todos eles. Ou seja, pode ser que dê tempo de dois dos votos favoráveis a Michel Temer registrarem o apoio hoje na CCJ.

‘’A vontade de prender Marcelo Miller é tão legítima quanto uma nota de três reais”
Do procurador Ângelo Goulart, referindo-se às ações de Rodrigo Janot contra o procurador que deixou o Ministério Público para trabalhar num escritório que atendia a JBS.

E o Uber, hein?
Os parlamentares vão ter de escolher entre os votos dos taxistas e os dos 17 milhões de usuários ativos só do Uber, um dos aplicativos da “carona” que deu o tom da economia colaborativa no Brasil, uma tendência mundial.

A carta ganhou/ Assim como Michel Temer, Aécio também mandou uma carta aos parlamentares. Funcionou.
( Luis Nova/Esp. CB/D.A Press)

Por falar em Aécio…/ Quando o senador Antonio Anastasia foi se inscrever para falar a favor de Aécio Neves, as cinco vagas já estavam preenchidas. Tasso Jereissati (foto), que preside o partido, não teve dúvidas: “Eu cedo a minha”. “Não, pode deixar”, respondeu Anastasia. Acabou que com a demora da abertura do painel de votação, tanto Anastasia quanto Tasso falaram em defesa do colega tucano.

Point/ O prefeito de São Paulo, João Doria, estava na sede da Frente Parlamentar da Agropecuária, uma casa em frente à de Heráclito Fortes, que recebia o presidente Michel Temer. A poucos quilômetros dali, no mesmo bairro, no Lago Sul, Aécio liderava as articulações para retomar seu mandato.

Baianos & goiana/ Os três votos da Bahia contra Aécio Neves já eram esperados. O que surpreendeu os tucanos foi o voto da senadora Lúcia Vânia (GO), hoje no PSB. Ela foi tucana por 20 anos, porém, ontem ficou com seu novo partido.

MP versus MP

Publicado em Política

“A vontade de prender Marcelo Miller era tão legítima quanto uma nota de R$ 3”. A frase foi dita hoje na CPI da JBS pelo procurador Ãngelo Goulart Villela, que ficou 77 dias preso preventivamente sob a acusação de levar R$ 50 mil para ajudar a JBS junto ao Ministério Público. “Se tinha alguém infiltrado para ajudar a JBS, esse alguém não era eu”, disse ele, sem citar o nome de Marcelo Miller, o procurador que deixou o Ministério Público para trabalhar num escritório que atendia a JBS. Villela acusou Janot de agir com o “fígado” em relação a ele, por causa da aproximação com a procuradora Raquel Dodge.”Janot agiu com fígado em relação a mim, porque se sentiu traído. Porque eu estaria me bandeando para o lado da arquirrival dele”, disse Villela, referindo-se à então candidata ao comando do MPF.

Os parlamentares ligados ao presidente Michel Temer saíram convencidos de que houve uma “conspiração politica” para “pegar” o presidente Michel Temer, embora Villela tenha deixado claro que não acredita em provas forjadas para incriminar o presidente da República. O procurador chegou a chorar mais para o final de seu depoimento, quando mencionou a “dor” de passar 77 dias preso e ver vizinhos e amigos que frequentavam a sua casa, simplesmente, não lhe darem sequer o benefício da dúvida. Ele colocou ainda em dúvida a forma como os procuradores tratam da delação premiada “Eu não tinha nada para delatar e não ia inventar nada para sair da prisão”, disse ele.

Villela reclamou ainda do chamado “recall”, ou seja, quando um delator fala de A, B e C e, mais à frente, as investigações encontram algo referente a um personagem D e ha uma nova chamada para que o delator fale sobre essa outra pessoa. “Nesse caso, o certo seria simplesmente anular a delação”, disse Villela.

O depoimento reforçou a visão de alguns parlamentares da CPI, de que é preciso pôs um freio nas delações que ocorrem depois que o sujeito é submetido à prisão preventiva. A ideia dos políticos é dizer que preso não pode delatar. A proposta, entretanto, é vista como algo do tipo “segura Geddel”, o ex-ministro que está preso e que teve R$ 51 milhões encontrados no apartamento em Salvador. Se um projeto desse tipo virar lei, o ex-ministro estará fadado a ficar na cadeia e a turma do Planalto, hoje preocupada com uma possível delação de Geddel, terá sonos mais tranquilos.

A semana da verdade

Publicado em Análise da semana

Passado o feriadão, os atores voltam ao campo para uma semana que promete dar uma clareada no conturbado quadro político. A largada desses dias tensos será hoje à noite, quando o PSB reúne quem manda no partido para decidir o destino dos dois deputados que votaram a favor de Michel Temer, quando da primeira denúncia, Danilo Forte e Fábio Garcia. Também estarão sob ameaça de expulsão a líder, Tereza Cristina, e o ministro de Minas e Energia, Fernando Filho. A ideia dos socialistas é se afastar de vez do governo. Se conseguirem, ficarão menores, uma vez que muitos parlamentares ameaçam sair. Uns porque não querem a influência do presidente do partido nas decisões da bancada. Outros, porque já estavam mesmo arrumando as malas e vão aproveitar a onda.

O quadro de divisão do PSB se repete em outros partidos que têm decisões importantes a tomar em breve. Na terça-feira, a situação do PSDB, por exemplo, deverá ficar um pouco mais clara, com a votação do caso Aécio Neves no plenário da Câmara. A votação, nos conta o presidente em exercício do Senado, Cássio Cunha Lima, será aberta. Ninguém se mostra disposto a passar por um desgaste em defesa do voto secreto. E o PSDB não planeja insistir, até porque no caso do senador Delcídio Amaral, o próprio Cássio pregou o voto aberto. Agora, não fará diferente.

Passada a linhagem dos tucanos, teremos, na quarta-feira, 18, a votação da denúncia contra o presidente Michel Temer, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Daí, a carta que o presidente enviou hoje a todos os parlamentares, no sentido de pôr um freio nos efeitos da delação do doleiro Lúcio Funaro sobre o voto dos deputados, em especial, quando o assunto chegar no plenário da Câmara, a partir da semana que vem. Temer, além de dizer que é vítima de uma conspiração para tirá-lo do poder, elenca os resultados de seu governo na economia em comparação com os da ex-presidente Dilma Rousseff. Uma forma de dizer aos parlamentares que mudar de presidente agora não seria vantajoso para o Brasil. (leia íntegra abaixo).

A carta é um sinal de que o Planalto está preocupado e resolveu reagir. O presidente dá claros sinais de que não ficará apático, vendo a perspectiva de redução dos votos favoráveis no plenário. Vai trabalhar para que tenha, no mínimo, os mesmos 263 registrados na primeira votação. É por aí que vai girar o bastidor da política até o dia da votação no plenário da Câmara, prevista para 24 de outubro.

Para completar, teremos ainda a cidade lotada de prefeitos, atrás da última semana de prazo para apresentação das emendas ao Orçamento do ano eleitoral, 2018.

A temperatura, no clima e na politica, não dá sinais de viés de baixa.

A Carta de Michel Temer aos parlamentares:

Carta PR Michel Temer (1)