Autor: Denise Rothenburg
Coluna Brasília-DF
A decisão do presidente Jair Bolsonaro de não comparecer ao ato marcado para o próximo Domingo e a perspectiva de recuo em pontos do decreto que ampliou o porte de armas são iniciativas que caminham no sentido de amortecer os problemas. Porém, dada a relação cada vez mais difícil entre o Congresso e o Planalto, os parlamentares consideram que é melhor o país “já ir se acostumando”: A condução será conturbada, porque o código genético do atual governo é o do confronto. Há quem diga inclusive que Bolsonaro foi eleito para cumprir esse papel, de jogar a culpa no Congresso. Isso vai até o último dia de governo do presidente.
Sem pressa
Não contem com o senador Esperidião Amin (PP-SC) para reduzir de imediato o poder do presidente Jair Bolsonaro editar medidas provisórias. “O governo Bolsonaro está editando menos da metade das medidas provisórias que os outros fizeram. Até agora, foram 17. A média dos demais governo era 28 por semestre”, diz ele, relator da proposta de emenda constitucional que pretende limitar a edição de MPs.
PT e PSDB
Até aqui, o governo do presidente Jair Bolsonaro conseguiu o que parecia impossível: PSDB e PT voltaram a conversar e não só em reuniões em São Paulo, como publicou o jornal O Estado de S.Paulo. Jaques Wagner e Tasso Jereissati trocam figurinhas toda semana.
Pontos nevrálgicos
Dois temas da Medida Provisória 870 prometem criar muita polêmica no Congresso hoje, quando a MP for a votos. Os aliados do Planalto vão insistir no Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) para a Justiça. Outro item que vai dar o que falar é o que tira poderes dos auditores da Receita Federal de compartilhamento de dados. “Isso é pior do que o Coaf. Vamos destacar para votar separadamente e repor o poder dos auditores”, diz o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE)
Recife, 40 graus
Os petistas querem aproveitar a presença do presidente Jair Bolsonaro na capital pernambucana, nesta sexta-feira, para promover um ato a fim de mostrar que, ali, a turma do presidente não conseguirá mobilizar muita gente para 26 de maio. A segurança presidencial será reforçada.
Deu ruim para os dois
A briga entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo, não foi boa para ninguém. Vítor Hugo, a partir de agora, falará sozinho. Saiu da reunião com fama de quem acha que para negociar com o Congresso é preciso um saco de dinheiro, por causa de um meme antigo que ele compartilhou. Para completar, os líderes consideram que Maia se excedeu.
Frase
“Não dá para ele ir lá fora e tratar o Brasil como lixo, inclusive a casa dele”, afirma o senador Jaques Wagner (PT-BA), ´que quer interpelar o ministro da Economia, paulo Guedes, para que ele explique o discurso proferido em Dallas, onde disse que venderia até o Palácio presidencial
CURTIDAS
Centrão, eu?!!/ O líder do PP, Arthur Lyra, pedia ontem a todos com quem conversava que lhe indicasse uma só votação em que foram contra o Brasil: “Me diga: qual o ato que fizemos contra o Brasil? Ministro fecha acordo, líder do governo diz que não aceita e a culpa é nossa?”
Foi bom, mas foi ruim/ Alguns deputados saíram do Planalto ontem à tarde embevecidos com a solenidade de doação da imagem de Nsa. Sra. de Fátima ao governo. Porém, logo que chegaram no Congresso, alguns integrantes da bancada católica receberam reclamações de fiéis, porque o presidente não falou na solenidade, nem defendeu Nsa. Sra. A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, nem compareceu.
Ele é de todos/ Bolsonaro não discursou e fez questão de ficar sentado na plateia por um simples motivo: Não quer briga com os evangélicos. O presidente está cada vez mais ecumênico.
Pensando bem…/ O presidente Jair Bolsonaro tem café previsto para hoje com a bancada do Nordeste. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) que perde o amigo, mas não a piada, brincou: “Aí, não é conversa, é… comício!”
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Bolsonaro não quer que ato do dia 26 seja contra o STF e o Congresso
Coluna Brasília-DF
O presidente Jair Bolsonaro tem dito a interlocutores que jamais apoiará ações fora do jogo democrático, algo que tem sido pregado por alas mais radicais de seus apoiadores, que citam o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro tem, inclusive, procurado evitar os “doidinhos” que chegam com essas ideias antidemocráticas. Não por acaso, seus mais fiéis escudeiros têm se referido ao ato do dia 26 como algo que vem em defesa da reforma da Previdência e da medida provisória 870, a da reforma administrativa.
O problema é que, no início, falou -se num ato de protesto, pelo impeachment de ministros do STF e contra o Parlamento. É o governo procurando modular o discurso e o ato, para ver se não perde apoiadores. Afinal, não dá para ficar apenas com os “doidinhos”.
Entre a cruz e a espada
A manifestação marcada para o próximo domingo foi considerada um erro estratégico do governo. Se estiver lotada e prevalecer o mote contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal, o presidente se fortalece, mas ficará marcado como quem insuflou a população contra os outros dois Poderes constituídos.
Entre a cruz e a espada II
Na hipótese de a população como um todo não atender ao chamado, a leitura será de fraqueza. Não por acaso, muitos aconselharam o presidente a não se misturar muito com o evento. Afinal, governo que é forte não precisa convocar ato de apoio.
Previdência, a ordem dos fatores
O relator da reforma previdenciária, Samuel Moreira (PSDB-SP), vai preparar seu parecer apenas depois de ouvir tanto o governo quanto os partidos. A ordem é negociar o mérito antes da apresentação do substitutivo, que tomará por base o projeto do governo. Assim, quando chegar a hora de votar, espera-se que já haja um consenso.
Sarney
A entrevista do ex-presidente José Sarney ao Correio foi vista pela classe política e parte do Planalto como um alerta do que pode ocorrer, se não houver um “muita calma nessa hora”. Há tempos, dizem governistas e oposicionistas, um político brasileiro com tanta experiência não colocava os pingos nos is com tamanha propriedade.
A classe de Bolsonaro/ Pegou mal até entre apoiadores do presidente Jair Bolsonaro ele dizer no Rio que o problema do Brasil é a sua classe política. Ele não só é político, como colocou os filhos na carreira.
Penso, logo existo/ O ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, foi visto na Livraria Cultura, do Shopping Iguatemi, no último domingo. Ficou bastante tempo olhando os títulos de filosofia. Para um governo que fala em tirar verbas dessa área, o gesto vem a calhar.
Perigo/ A ida de Jair Bolsonaro a Recife para uma reunião da Superintendência do Nordeste é vista com preocupação por apoiadores. Afinal, Recife é berço do PT.
Previdência em debate/ Será amanhã, no auditório do Correio Braziliense, o seminário sobre por que a reforma da Previdência é necessária. Diante das dificuldades nas contas públicas, a importância da mudança só aumenta.
Nova posição / Torquato Jardim, ex-ministro da Justiça, foi nomeado vice-presidente da Agência Paulista de Promoção de Investimento e Competitividade (Investe São Paulo).
Congresso age para ter controle total do orçamento de investimentos
Coluna Brasília-DF
Cientes de que, na atual conjuntura, uma emenda para implantação do parlamentarismo seria um golpe num presidente eleito e com tão pouco tempo de mandato, o Congresso vai levar adiante outras medidas. A primeira delas é só votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2020 depois de aprovar o orçamento impositivo para emendas de bancada. A medida serviria para deixar todo o orçamento de investimentos nas mãos do Legislativo, sem muita margem de manobra para que o Executivo elencasse seus projetos prioritários na proposta orçamentária do ano da eleição de vereadores e prefeitos. Sobrará para o Poder Executivo, nesse caso, cuidar das “despesas da casa”, ou seja, salários dos empregados do poder público, aposentadorias, pensões, dívidas e fazer a “feira” com muita parcimônia.
A verdade libertará I
Em todas as conversas políticas prevalece a certeza de que, enquanto houver essa névoa sobre as transações imobiliárias do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), as dificuldades do presidente não vão cessar. Até aqui, as explicações sobre compra e venda de imóveis deixam a desejar.
A verdade libertará II
O senador será aconselhado a ir à tribuna tentar convencer seus pares de que é inocente. Só há um receio: aparecer um novo Pedro Simon (MDB-RS), que deixe 01 tão constrangido que o filho do presidente saia do plenário pior do que entrou. Simon, quando senador, era conhecido como o “derruba ministros”.
A verdade libertará III
O Ministério Público não se convenceu da explicação de Agostinho Moraes, ex-assessor de Flávio Bolsonaro. Agostinho recebia R$ 6 mil de salário e repassava R$ 4 mil para Fabrício Queiroz comprar e vender carros. Ficava com R$ 2 mil para passar o mês.
Haja carta
O presidente Jair Bolsonaro precisará de muito malabarismo para lotar praças e avenidas no dia 26 a seu favor. A manifestação foi convocada contra o Supremo Tribunal Federal e, entre aqueles que elegeram o presidente, há uma maioria que não aposta na derrocada das instituições. O MBL, por exemplo, já pulou fora.
“O momento é de acalmar e buscar solução, e não de derrubar medidas provisórias e convocar ministros. Agora, o presidente da República e seus ministros têm que parar de provocar. Não precisa chamar as pessoas de idiotas, tampouco dizer que aqui ninguém conhece carteira de trabalho”
Do deputado Vinícius Poit (Novo-SP), referindo-se ao clima acirrado que prepondera na política.
Quem manda/ Com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, destravando a pauta do Legislativo esta semana, os deputados e senadores vão realmente assumir o protagonismo do país e das reformas. Afinal, na semana em que ele e Davi Alcolumbre (foto) estavam fora, nada caminhou. Só a convocação do ministro da Educação, Abraham Weintraub, e a manifestação contra o governo.
Continha/ Um amigo do presidente Jair Bolsonaro percorreu a Câmara na semana passada para sentir o pulso. Descobriu que, em cada 10 deputados de partidos potencialmente aliados, oito estão insatisfeitos com o governo.
Motivos/ Uma das insatisfações diz respeito a nomeações de segundo e terceiro escalões. É que em muitos casos, os cargos ainda estão ocupados por petistas e emedebistas.
Só para gaúchos/ Uma roda de deputados e senadores tentava explicar na sexta-feira as dificuldades do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, em construir pontes. “A gente chega lá e ele só oferece chimarrão!”, brincou um deles. Os drinks sempre foram usados na política para ajudar a aliviar a tensão e encorajar o interlocutor a dizer o que realmente pensa. Assim, muitos presidentes ouviram verdades e traçaram soluções. Agora, a coisa está tão confusa que nem à mesa surgem as saídas para a crise.
Por falar em aliviar a tensão…/ Hoje, tem o Balé da China em Brasília. Nada como a sabedoria e a arte milenar.
Com texto disparado pelo WhatsApp, Bolsonaro se mostra acuado
O país não quer que Bolsonaro faça conchavos, quer que ele governe dedicando energia àquilo que interessa à maioria dos eleitores: emprego, renda, saúde, educação e segurança.
O texto compartilhado pelo presidente Jair Bolsonaro a amigos via WhatsApp, aquele que diz que o país é ingovernável sem conchavos, foi visto até por aliados como um sinal de que ele se sente cada vez mais acuado. Alguns arriscam a dizer que ele está até meio perdido sobre que decisões tomar e em quem confiar. A carta apócrifa, divulgada pelo Estadão, que publicou em seguida uma resposta do próprio Planalto, indica ainda que o presidente dá um xeque-mate muito cedo, uma vez que não colocou sequer o que representa a nova politica que prometeu empreender no país.
Diz a resposta que o presidente enviou à jornalista Tânia Monteiro, do Estadão, por intermédio do porta-voz: “Venho colocando todo meu esforço para governar o Brasil. Infelizmente os desafios são inúmeros e a mudança na forma de governar não agrada àqueles grupos que no passado se beneficiavam das relações pouco republicanas. Quero contar com a sociedade para juntos revertermos essa situação e colocarmos o País de volta ao trilho do futuro promissor. Que Deus nos ajude!”, afirmou o presidente.
Até aqui, a nova politica, na visão de muitos, parece ser algo do tipo: “Façam apenas o que eu quero”. Bolsonaro não foi feito sozinho, deputados, senadores, governadores e prefeitos também o foram. E é preciso estabelecer a base de diálogo com todos, o que até agora não foi feito. O presidente e sua equipe não são deuses, nem donos da verdade, precisam apresentar as bases de um diálogo. Imagine, caro leitor, um jogo de futebol do campeonato brasileiro, por exemplo. As regras do ano passado não valem mais, tá ok? Perfeito. Agora, quais são as novas regras? Como ninguém sabe, estão todos ali, esperando, uns se aquecem dentro do campo, tocando bola, outros dão cambalhotas, enquanto a maioria apenas observa, esperando o surgimento das novas regras. Ocorre, que, no jogo do poder, o relógio não está parado.
Sem saber o que essa nova politica representa, quais são as novas regras do jogo, tudo vai parando e os problemas aumentando. O Orçamento não tem recursos para investimentos, em breve faltará para pagar despesas correntes. O Congresso tem dificuldades em aprovar na íntegra as propostas que ele apresenta, como, aliás, nenhum presidente conseguiu até hoje, em especial, num tema como Previdência. E, para completar, o senador Flávio Bolsonaro, o 01, deve muitas explicações sobre compra e venda de imóveis e ex-funcionários ligados a milicianos.
Em relação ao Congresso, o presidente, nos últimos meses, manteve uma relação de idas e vindas com os parlamentares. Fixou primeiramente sua relação com as bancadas temáticas, deixando os líderes partidários fora do seu campo, jogando sozinhos. As conversas com o presidente da Câmara e do Senado só ocorreram em março, às véspera da viagem aos Estados Unidos. A conversa mais alentada se daria um mês depois. Porém, quando tudo parecia caminhar de forma mais cordial, o presidente, no Twitter, voltou a dizer que definiria exclusivamente o que faria em relação à Venezuela, o que levou Maia a responder com um alerta de declarações de guerra têm que obrigatoriamente passar pelo Parlamento. Bolsonaro não gostou do puxão de orelhas.
Com os militares, a relação também não foi das melhores, por causa dos ataques diretos feitos por Olavo de Carvalho e pelo 02, Carlos Bolsonaro, incansável no papel de tratar até amigos e aliados do presidente como conspiradores. Derrubou Gustavo Bebianno da mesma forma que Olavo de Carvalho quase conseguiu derrubar o general Santos Cruz. Vale lembrar que, nesses episódios, Bolsonaro não foi incisivo na defesa de nenhum dos auxiliares, pedindo aos militares apenas que considerassem o episódio encerrado.
Nas últimas duas semanas, o presidente mais uma vez, em vez de se garrar no serviço de aprovar a reforma da Previdência e azeitar sua relação com o Parlamento, jogou energia num decreto de ampliação do porte de armas, texto de constitucionalidade duvidosa, e, na primeira manifestação contra seu governo, chama todos de idiotas, quando o erro primário partiu de um ministro da Educação, Abraham Weintraub, que declarara publicamente bloquear verbas de universidades que, na avaliação faziam balbúrdia. Muitos governos no passado recente, inclusive Dilma Rousseff, tiveram que bloquear recursos da Educação, mas nenhum anunciou isso como um “castigo” dado com gosto de vitória como fez Weintraub. Todos davam essa notícia com ares de velório.
Falta a Bolsonaro, dizem alguns de seus próprios aliados, energia positiva e leveza para governar, sem ver em todos “inimigos a serem abatidos”. Não é colocando a culpa nos outros que seu governo ganhará altitude para voar em céu de brigadeiro. Ainda está tempo.
Coluna Brasília-DF
Embora as denúncias sobre a compra e venda de imóveis do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) nada tenham a ver com o seu atual mandato, um grupo de oposicionistas prepara representação contra o parlamentar no Conselho de Ética. A ordem é criar mais um fato político e deixar o pai, o presidente Jair Bolsonaro, ainda mais irritado do que deixou transparecer em suas declarações de ontem — afirmações que, por sinal, ajudaram a fazer com que a bolsa de valores despencasse no Brasil.
Se esses oposicionistas seguirem esse plano de representar contra Flávio, caberá ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), decidir o que fazer com o pedido, uma vez que o Conselho de Ética da Casa ainda não foi instalado. O receio dos bolsonaristas é de que Alcolumbre repita a dose da CPI da Toga. O demista considerou a CPI prejudicada, mas recorreu ao plenário e determinou que houvesse um parecer da Comissão de Constituição e Justiça. Se agir dessa forma, Flávio terá que se defender no plenário. Há quem diga que chegou a hora de Alcolumbre demonstrar consideração com o governo e arquivar tudo com uma canetada.
Assim, não!
O Centrão fez chegar ao Planalto que a forma de garantir a Medida Provisória 870, aquela que reestrutura o governo, é com votação simbólica do texto aprovado na Comissão Especial — aquele que tem o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) no Ministério da Economia e recria o Ministério das Cidades. Se houver pedido de votação nominal por parte do PSL para vincular o Coaf à Justiça, haverá risco de a MP perder a validade.
Assim, sim!
O partido de Jair Bolsonaro, entretanto, encerra a semana disposto a comprar essa briga. A ideia é desgastar o Centrão perante a população com o discurso de que, quem não quer Coaf nas mãos da Justiça tem medo do que pode vir pela frente.
Meio-termo
A turma do deixa disso avalia que é melhor deixar o Coaf na Economia, uma vez que Paulo Guedes já se comprometeu a manter a equipe indicada por Sérgio Moro, do que perder a MP.
Dois tons de comunicação
Os políticos registraram a forma como o presidente Jair Bolsonaro e o seu vice, Hamilton Mourão, se referiram aos manifestantes. Enquanto Bolsonaro chamou todos de “idiotas úteis”, Mourão disparou: “Se era só de estudantes, por que tinha Lula Livre?”. Não desrespeitou ninguém, apenas citou um fato.
Chama o Ernesto!/ O senador Esperidião Amin (PP-SC) quer que o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, vá à Comissão de Relações Exteriores do Senado explicar que história é essa de se reunir secretamente com autoridades israelenses interessadas em obter aval do Brasil para ações de bloqueio ao Irã. “Aqui, temos uma convivência pacífica com árabes e judeus. O Brasil não deve tomar parte nesse conflito”, diz o senador.
Mais uma frente/ E o número de frentes parlamentares não para de crescer. Essa semana, foi instalada a Frente da Amazônia. Dia 22, vem mais uma: Desenvolvimento sustentável do petróleo e energias renováveis, da lavra do deputado Christino Áureo (PP-RJ). Já existe uma sobre Energia limpa e sustentável.
O que vem lá/ Depois das manifestações dos estudantes, grupos simpáticos ao presidente Jair Bolsonaro preparam ida às ruas em 26 de maio, para pedir o impeachment do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, e o do ministro Gilmar Mendes.
E o Weintraub, hein?/ Toda a celeuma em torno do contingenciamento dos recursos das universidades começou com o ministro da Educação, Abraham Weintraub, quase que batendo no peito para dizer que contingenciaria recursos de três universidades onde havia “balbúrdia”, como se estivesse dando um corretivo. Depois, disse que todas as 63 seriam afetadas. Erro de comunicação. Nos governos passados, notícias como essas eram dadas com semblante de velório.
Coluna Brasília-DF
O governo do presidente Jair Bolsonaro já sondou alguns parlamentares para o lugar do líder na Câmara, deputado Major Vitor Hugo (PSL-GO). Porém, até agora, não conseguiu definir um nome para substituí-lo. Até quem sonhava em liderar a bancada governista teme ser desautorizado logo ali na frente, diante do vaivém das decisões do Poder Executivo. Alguns deputados cogitados comentavam ontem, em conversas reservadas, que o maior receio é buscar um acordo, o governo aceitar e, na hora de uma votação, os deputados ligados ao governo recuarem por pressão das redes sociais. Nesse ritmo, dizem alguns, se Bolsonaro conseguir alguém para o lugar de Vitor Hugo será a troca de seis por meia dúzia.
Briga adiada
A pedido do ministro da Economia, Paulo Guedes, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Bruno Dantas não levou ao plenário da Corte seu voto a respeito do bônus de eficiência pago a auditores e técnicos da Receita Federal. Guedes solicitou um tempo para apresentar alguns dados ao TCU e Dantas concedeu.
É bom se preparar
Até aqui, dizem técnicos do Tribunal, o voto do ministro é implacável. Dá 30 dias para o governo tomar uma decisão dentro do seguinte cardápio: ou corta uma despesa correspondente para pagar esse bônus ou aumenta imposto ou… suspende o pagamento desse plus aos servidores, que representa quase R$ 1 bilhão por ano.
A lupa do Meio Ambiente I
Entre os 103 contratos do Meio Ambiente em análise por técnicos do próprio ministério e da Controladoria-Geral da União (CGU) chama a atenção um para atender “quebradeiras de coco de babaçu”. Dos quase R$ 10 milhões, apenas R$ 2 milhões foram para a atividade-fim.
A lupa do Meio Ambiente II
O grosso dos recursos do contrato das quebradeiras de coco se perdeu em custos administrativos. Para completar, uma das instituições elencadas para receber esses valores está inscrita no Cepim (Cadastro de Entidades Privadas sem Fins Lucrativos Impedidas). Ou seja, não poderia receber um tostão.
Mistura explosiva
O governo tem que criar alguns fatos positivos e tentar sair da barafunda das notícias ruins. A avaliação geral é de que a manifestação dos estudantes, ontem, foi mais expressiva do que o esperado pelo Planalto. Isso, somado ao ato dos caminhoneiros no próximo domingo e à greve geral daqui a um mês, dá motivos de sobra para preocupação. Tudo deve ser acompanhado de perto, para evitar que o governo se desgaste ainda mais.
“Se o presidente não comanda e não é seguido (pelos ministros), fica difícil partir para projetos maiores”
Do líder do Cidadania, Daniel Coelho (PE), ao confrontar o ministro Abraham Weintraub sobre o descontingenciamento dos recursos do Ministério da Educação, prometidos pelo presidente Jair Bolsonaro
Enquanto isso, no mercado financeiro…/ Analistas dos maiores bancos de investimentos do país começam a chamar o presidente Jair Bolsonaro de “Dilmo”. Se a economia não se recuperar, o apelido vai se espalhar por outros setores.
Por falar em apelidos…/ O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, ganhou um, depois do episódio a respeito dos cortes/contingenciamento dos recursos da educação: grão-vizir, a mais alta autoridade depois do sultão. Tudo porque o ministro bateu o pé e os recursos da educação continuam contingenciados.
Papel passado/ A Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou o projeto do senador Reguffe que fixa votação aberta para eleição da Mesa Diretora da Casa e também cassação de mandato. Agora, só falta o plenário.
Menos uma semana/ A Casa terminou perdendo mais um prazo para votar medidas provisórias. Culpa do líder do PSL, delegado Waldir, que prometeu uma aula de Weintraub no plenário da Câmara.
Parlamentares que estiveram hoje com o presidente Jair Bolsonaro chegaram ao Congresso comemorando. O presidente, antes de embarcar para Dallas, teria conversado com o ministro da Educação, Abraham Weintraub, e determinado que refizesse as contas a respeito dos cortes nos orçamentos das universidades. “Minha decisão é não cortar”, disse Bolsonaro a líderes aliados que estiveram ontem no Planalto. A notícia logo se espalhou no plenário. Porém, não havia sido divulgada oficialmente até o início da noite e a Casa Civil correu para desmentir. Entre os líderes, ficou a dúvida: Ou o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse ao presidente que não dava para recuar e dar a vitória à esquerda, ou o governo deixará esse anúncio para Weintraub fazer em sua exposição na Câmara, transformando o ato de protesto dos estudantes convocado para hoje numa grande festa de agradecimento ao presidente por rever os cortes. De quebra, um recuo dá ainda ao PSL o discurso de que tem um chefe do Poder Executivo sensível aos anseios da sociedade em termos de educação, não apenas no quesito armamentos.
A notícia de revisão nos cortes, se confirmada, leva o governo a dar um nó em dois adversários: Os partidos de esquerda, que perdem o discurso de ressurgimento do movimento de rua contra o governo e, de quebra, tira de cena o motivo que levou à convocação do ministro Weintraub ao plenário da Câmara, por um placar de 307 votos a 82. Se Weintraub chegar ao plenário hoje falando que não haverá mai cortes, será agraciado.
A avaliação política feita por aliados do presidente é a de que as primeira informações do governo a respeito das instituições federais de ensino superior mereceram aplausos, uma vez que não falavam em cortes e sim em cobrança de excelência no ensino e na produtividade tanto dos alunos quanto das pesquisas. Algo que ninguém em sã consciência iria para as ruas protestar. Os cortes, entretanto, não são recebidos da mesma forma. Afinal, não é possível cortar e ao mesmo tempo cobrar excelência. Quanto aos oposicionistas, dizem alguns, poderiam até mesmo usar o discurso de que a convocação dos atos de protesto e do ministro levaram o presidente a refazer a conta. Bolsonaro, pro sua vez, dirá que tomou essa decisão em defesa do ensino de qualidade e do poder de cobrar excelência das universidades públicas. Aí, é do jogo. O eleitor e o contribuinte que tirem as suas conclusões.
Coluna Brasília-DF
A entrevista de Lula à BBC deu ao mundo político a sensação de que o PT riscará a ex-presidente Dilma Rousseff do seu mapa. Primeiro, Lula disse que uma pessoa “cheia de autoafirmação como Dilma, na hora que o carro começa a derrapar, nem sempre tem a tranquilidade de olhar, vamos parar, vamos ouvir”.
Tchau, querida
O ex-presidente, que continua preso, foi além ao, nas entrelinhas, criticar aquela que escolheu para lhe suceder: “Lamento não ter sido mais incisivo com Dilma para fazer algumas coisas”. Para alguns líderes petistas que acompanharam a fala do presidente em busca de orientações, o recado está dado.
Discurso para 2020
A entrevista de Lula deu ainda um norte ao PT: com o atual governo patinando na economia e o desemprego aumentando, é hora de o partido começar a colocar no ar os dados do governo Lula. Quanto à Dilma, a ordem é bater na tecla que deu errado por causa do estilo dela e da vontade do MDB de lhe inviabilizar a administração para ficar com o Planalto.
Engrenagens que uniram segmento em nome de Bolsonaro começam a desgastar
Coluna Brasília-DF
O meio político começa a notar um certo desgaste nas engrenagens que uniram vários segmentos a Jair Bolsonaro para evitar a vitória do PT. Os militares estão em rota de colisão com o grupo olavista. O mercado já começa a baixar as projeções de crescimento e, de quebra, as esperanças de que o governo do presidente Bolsonaro se transforme na oitava maravilha do mundo moderno. Para completar, as derrotas do ministro Sérgio Moro, sem que o Planalto tivesse atuado fortemente até o último minuto para evitá-las e as suspeitas sobre os funcionários dos filhos do presidente também terminam por afastar o segmento mais alinhado com o ex-juiz.
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No geral, chega-se ao seguinte raciocínio: com o governo prestes a completar seis meses e com um ano eleitoral logo ali, ou Bolsonaro começa a fazer gestos de apreço a esses segmentos, ajustando o foco na economia e no combate à corrupção, ou correrá o risco de terminar 2019 restrito ao seu público mais fiel, ou seja, ao apoio que detinha antes de se consolidar como o candidato mais capaz de derrotar o PT. Aí, sim, o presidente terá um problema.
Risco total
O PSL paulista não gostou de ouvir o presidente dizer que vai levar a F1 para o Rio de Janeiro. No partido, hoje comandado por Eduardo Bolsonaro, passou a ideia de que a declaração representará um sinal de perigo para as pretensões da legenda em São Paulo.
O jeitão da comissão
A maioria dos integrantes da comissão especial da reforma da Previdência é sensível a uma regra de transição para as mudanças nas aposentadorias do setor público. O problema é definir o tamanho dessa transição.
CURTIDAS
Se falar deles…/ Os emedebistas mais ligados a Michel Temer não aceitarão mais provocações da turma do PSL. Quem vier cobrar qualquer coisa a respeito do ex-presidente, a ordem é, além de mencionar os laranjas, puxar um “Cadê o Queiroz?”, numa referência ao ex-assessor de Flávio Bolsonaro que não consegue apresentar uma explicação convincente para a sua movimentação financeira.
Marcação tuíte a tuíte/ Bastou a hastag LulanaBBC aparecer nos trend topics brasileiros para que o presidente Jair Bolsonaro colocasse o vídeo em que aparece com as crianças no Planalto, ensinando-as a respeitar pai e mãe.
Por falar em respeito…/ O ex-senador Chiquinho Escórcio, do alto de quem já trabalhou com quatro ex-presidentes da República como assessor especial, parte em defesa do ex-comandante do Exército, general Villas Bôas: “Ele é um homem que, ao longo de sua carreira, demonstra ser um democrata. Respeitem uma pessoa que tem alta capacidade técnica e democrática”.
Coluna Brasília-DF
O PSL de Jair Bolsonaro e o conjunto de deputados que chegaram ao Congresso via internet escolheram as hastags #CoafcomMoro e #CorruptotemmedodoCoaf para medir o grau de influência das suas redes sociais e seu poder de mobilização para mudar um texto na Câmara. Desde que o resultado foi divulgado no painel de votação, os parlamentares estão com força total no Twitter, no Facebook, no Instagram e no WhatsApp pedindo aos seguidores e amigos que pressionem os deputados a fim de reverter o texto aprovado na Comissão da Medida Provisória 870, que devolveu o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) ao Ministério da Economia. Até o dia da votação, a ordem é expor todos os que votaram contra como aqueles que têm medo do ministro da Justiça, Sérgio Moro.
Detalhe importante: o vereador Carlos Bolsonaro entrou na mobilização expondo o DEM, um dos partidos que votou a favor da volta do Coaf para a Economia. Desdobramentos virão.
Só tem um probleminha: para o governo, o importante é que o Coaf funcione e que suas apurações tenham desdobramentos, independentemente de onde esteja alojado.
É isso que o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, tentou explicar ao PSL e ao Partido Novo, sem sucesso.
Ele não I
A repercussão sobre a volta do Coaf ao Ministério da Economia fez o governo balançar em relação à proposta de nomear Alexandre Baldy ministro das Cidades. O ex-deputado já foi sondado, tudo é dado como certo, mas, dentro do Planalto e entre os políticos, há o receio de que a derrota do ministro Sérgio Moro sirva de desculpa para o presidente escolher outro nome. Há quem diga, inclusive, que esse pode ser o “tsunami” ao qual o presidente se referiu: não abrir o governo para indicações de ministros por partidos políticos.
Ele não II
O PSL vai tentar pressionar o Planalto a escolher um nome que não seja ligado diretamente aos parlamentares. Baldy é do PP, mas é mais próximo de Rodrigo Maia. Ou seja, internamente, é visto como mais um nome do DEM no governo.
Supervitória do governo
Enquanto o mundo da política ficou de olho na derrota de Sérgio Moro na MP 870, o governo comemorava a aprovação da MP 871. A medida é para o combate às fraudes do INSS e tira dos sindicatos o poder de declaração dos trabalhadores rurais.
“Quem não deve, não Temer”
Do deputado Júlio Delgado (PSB-MG) que votará com o PSL para manter o Coaf sob o guarda-chuva da Justiça
Fica Bolsonaro I/ A AgroBrasília, de 14 a 18 de maio, reunirá 70 entidades do agronegócio do Centro-Oeste. Com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, na Ásia, os produtores estão torcendo para que o presidente Jair Bolsonaro troque a agenda de dois dias em Dallas pela presença no coração do cerrado.
Fica Bolsonaro II/ Todos querem que ele veja de perto onde está a perspectiva de recuperação econômica. Em conversas reservadas, os produtores brincam: “Essa história de personalidade do ano passa e não gera empregos, os resultados econômicos ficam”.
Por falar em Estados Unidos…/ Os presidentes do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, e da Câmara, Rodrigo Maia, passam esses dias em Nova York. Foram no mesmo voo. Nas conversas, o decreto que ampliou o porte de armas, que o parecer do Legislativo considerou inconstitucional.
Se continuar assim…/ Eduardo Bolsonaro e Alexandre Frota irão às vias de fato na Câmara. Ontem, Frota ironizou a presença de Datena, possível candidato a prefeito, numa reunião do partido. Eduardo rebateu dizendo que Frota se elegeu na carona de Bolsonaro e só fala mal da direita.