Em troca da OCDE, EUA querem Brasil fora do grupo de tratamento especial da OMC

Robert Lighthizer
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WASHINGTON, DC — Os americanos consideraram discutir a entrada do Brasil na Organização de Cooperação de Desenvolvimento Econômico (OCDE), mas, em troca, pedem que o país saia do rol de nações que detêm tratamento preferencial e diferenciado na Organização Mundial de Comércio (OMC), por se autodesignarem “em desenvolvimento”.

A exigência foi apresentada ao ministro da Economia, Paulo Guedes, pelo representante de Comércio do governo americano, Robert Lighthizer. “Ele me disse: ‘Vocês têm de entender que, para entrar na OCDE, têm de sair do grupo dos favorecidos na OMC. Não tem troca’. Ele fez essa exigência. Eu fiz o meu pedido: ‘Me ajuda a entrar na primeira divisão’. E ele respondeu: ‘Me ajuda a limpar a segunda divisão'”, explicou o ministro, numa conversa rápida com o Blog e outros jornalistas, no café do hotel onde está hospedado.

Guedes disse a Lighthizer que estava sendo tratado “como se fosse chinês”. E acrescentou: “Brinquei, falando que o negociador deles está achando que sou chinês. Ele está indo de país em país para reduzir o superavit que os países têm com os Estados Unidos. “Só que nos temos deficit”, disse o ministro. A China tem um superavit da ordem de US$ 500 bilhões com os Estados Unidos, enquanto o Brasil teve um deficit de cerca de US$ 100 milhões, no ano passado. O ministro, entretanto, não adiantou qual será a resposta do Brasil. “Não vou dizer em que lado vou bater o pênalti”, comentou.

O pleito do Brasil, de entrada na OCDE, certamente será objeto da conversa entre os presidentes Jair Bolsonaro e  Donald Trump, logo mais na Casa Branca. Essa entrada na OCDE representa uma espécie de selo de qualidade, confere mais prazos e outro patamar para as negociações comerciais.

No mês que vem, anunciou Guedes, o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Willbur Ross, com quem o ministro se encontrou ontem, irá ao Brasil. “Será a primeira visita de um secretário de comércio ao Brasil em dez anos”, comemorou Guedes. Na área econômica, o Brasil fechou a recriação do fórum de CEOs das maiores empresas que fazem negócios com os Estados Unidos. Agora, está na fase de definição daqueles que vão participar desse fórum. Ali, será discutido, conforme Guedes, as relações comerciais do tipo. “Os americanos vão dizer: ‘Queremos vender nossa carne de porco’. Aí, nós dizemos: ‘Então, compre meu bife’. E eles vêm com etanol de milho, e o lado brasileiro responde: ‘Então, compre meu açúcar’. E por aí vai”, disse o ministro, bastante animado e otimista.  

 

Em meio a eleição ‘definida’ e desgaste de Dodge, ANPR define lista tríplice da PGR

lista tríplice
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Coluna Brasília-DF/ Por Leonardo Cavalcanti (Interino)

A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) tem um presidente eleito antes mesmo da abertura das urnas, prevista para 10 de abril. Explica-se. Como as inscrições para as chapas terminaram na última sexta-feira e apenas uma se apresentou formalmente, pode-se dizer que o novo chefe da entidade de classe do Ministério Público durante os próximos dois anos é o paraibano Fábio George Cruz da Nóbrega, 47 anos, que encabeçou uma chapa com outros 11 procuradores lotados em diversos estados do país.

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A posse será em maio, dias antes do primeiro grande desafio: a definição da lista tríplice para o cargo de procurador-geral da República, que ocorrerá em meio à tensão entre parte dos integrantes do MP e a atual chefe da instituição, Raquel Dodge.

Desgaste de Dodge

Os últimos movimentos de Dodge desagradaram a uma turma do Ministério Público, principalmente o fato de ela ter solicitado ao Supremo Tribunal Federal (STF) a suspensão do controverso acordo extrajudicial proposto por integrantes da força-tarefa da Lava-Jato com a Petrobras na semana passada.

Ausência de defesa

O ato de Dodge pegou mal mais pela forma do que pelo conteúdo, até porque a íntegra do acordo defendido pela turma da Lava-Jato de Curitiba nunca foi unanimidade dentro do Ministério Público. A questão do desgaste da procuradora-geral foi por causa da solicitação direta para veto do Supremo, e a falta de defesa da corporação nos momentos de críticas dos ministros.

À espera da candidata

O caminho natural seria Dodge concorrer à lista tríplice, escolhida pelo voto dos próprios integrantes do Ministério Público, mas até agora ninguém na PGR sabe qual será a decisão da procuradora — especula-se que ela poderia indicar um sucessor, o atual vice-procurador, Luciano Mariz Maia.

Lista tríplice

O desafio seguinte à eleição da lista tríplice é convencer o presidente Jair Bolsonaro a endossar um dos escolhidos pela classe. O chefe do Executivo não é obrigado, podendo se decidir por alguém de fora da lista. “Acreditamos que isso não ocorrerá. O próprio ministro Sérgio Moro conhece a fundo o Ministério Público e sabe da importância da lista tríplice para a nossa independência”, disse o atual presidente da ANPR, José Robalinho Cavalcanti. “A Lava-Jato é fruto dessa independência do MP da pressão dos políticos.”

CURTIDAS

Não gostou / É cada vez mais evidente a insatisfação de Sérgio Moro com a forma que o projeto contra corrupção/violência foi recebido pelos integrantes do Planalto e do Congresso. O descontentamento só aumentou depois de ter sido desautorizado por Bolsonaro na indicação de uma vaga de suplente no conselho de política criminal e penitenciária. A insatisfação, porém, não o fará criar problemas neste momento ou mesmo ameaçar sair do governo. Ele sabe que precisa de visibilidade.

Almoço / O presidente em exercício Hamilton Mourão participa hoje do almoço empresarial do Lide Brasília. Ele fará uma palestra intitulada Projeto de desenvolvimento para um novo Brasil.

Críticas / O senador Reguffe (sem partido-DF) criticou em plenário a decisão do Supremo de transferir crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, que tenham origem em caixa 2, para a Justiça Eleitoral. “É uma decisão esdrúxula, pois, além de comprometer operações como a Lava-Jato, dá à Justiça Eleitoral uma atribuição que ela nunca teve. Alguns não falam isso às vezes com medo do Poder Judiciário, mas tem de ser falado, sim.”

Bolsonaro alerta que não pode haver desequilíbrio entre as Forças na reforma dos militares

Militares
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WASHINGTON,DC – O presidente Jair Bolsonaro dará a palavra final sobre o texto da Previdência dos militares assim que desembarcar no Brasil, na próxima quarta-feira, a fim de enviar ao Congresso ainda no mesmo dia. A demora para o envio é o fato de a proposta não ser apenas a Previdência pura e simples e sim uma reestruturação da carreira, na qual vão entrar a questão dos soldos que se encontram defasados. Hoje, um general próximo de chegar à reserva, ganha praticamente a mesma coisa que um jovem em início de carreira em áreas estratégicas e o governo pretende ajustar isso. A decisão final será do presidente, que já reiterou aos técnicos que trabalham no projeto que essa reestruturação não pode desequilibrar as Forças Armadas, Marinha, Exército e Aeronáutica.

A área econômica deu os parâmetros para essa discussão, em termos das contas públicas, da mesma forma que o fez sobre a economia necessária à reforma da Previdência civil. O que o ministro da Economia, Paulo Guedes, tem dito é que não abre mão da receita de R$ 1 trilhão com a reforma previdenciária. Ele tem dito reiteradamente que é o valor necessário para garantir a sustentabilidade do antigo sistema. “É como um foguete: Para sair do chão e vencer a gravidade precisa de um motor mais potente. Depois, nem tanto. Precisamos desse motor para a transição”, disse o ministro.

Sobre os pontos que o Congresso tem apresentado mais resistência, as mudanças nas aposentadorias rurais e Benefício de Prestação Continuada (BPC), ele responde novamente com a questão da necessidade de arrecadação com as mudanças: “Se fizer menos que R$ 1 trilhão, o nosso compromisso é relativo e não estamos tão dispostos assim, o que é lamentável. Ai vem a segunda questão. Já que você gosta muito de seus filhos, façam sacrifícios contemporâneos, e entra todo mundo. Por isso que os militares tem que entrar. E as mulheres, que baixar a idade de aposentadoria de 62 a 60, tem que compensar”, afirmou. “Se você fizer uma potência de R$ 1 trilhão para cima, está dizendo: Nós temos compromissos com as futuras gerações. Estamos libertando as futuras gerações dessa armadilha que caímos, baixo crescimento, previdência falida. Há desemprego em massa. 46 milhões de brasileiros não têm carteira assinada. (Sem reformas) essas pessoas vão envelhecer e quebrar a Previdência”, alerta Paulo Guedes.

Em relação às aposentadorias, o ministro reiterou que é possível cortar apenas combatendo as fraudes. O governo já detectou que há 6,5 milhões de idosos vivendo no campo e 9 milhões de beneficiários. Mas não entrou em detalhes sobre a negociação dos congressistas a respeito da reforma. Afinal, o jogo está apenas começando.

Guedes: ideia é se aproximar dos EUA sem abandonar a China

paulo guedes
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Washington — O ministro da Economia, Paulo Guedes, pretende sair dos Estados Unidos, amanhã, com a certeza de que plantou a semente do “ganha-ganha”, ou seja, não é excluir a China em favor dos Estados Unidos, mas dar ao país Ocidental o espaço que, no passado recente, não foi tão valorizado na relação comercial. “Houve uma atitude de desinteresse com um parceiro extraordinário, que está aqui do lado. E isso se agudizou no período do governo do PT. Vários países fizeram acordo com os americanos e nós não. Vamos mudar isso e não é para se contrapor a ninguém”, disse o ministro, numa rápida entrevista no hotel onde está hospedado.

Essa visão não significa abandonar a China, principal parceiro comercial do Brasil hoje, e sim ampliar a relação com os Estados Unidos. Tecnicamente, avisam alguns integrantes da comitiva, é deixar bem claro aos Estados Unidos que há o interesse chinês em financiar infraestrutura no Brasil e que cabe aos ocidentais decidir se vão deixar o país comercialmente mais atrelado à China ou trabalhar de forma conjunta para favorecer essa reaproximação. Da parte do Brasil, a ordem é manter as negociações abertas com todos.

O tema foi tratado no jantar da noite de domingo, quando o ministro conversou com formadores de opinião norte-americanos e fez um discurso sobre as relações comerciais do Brasil acoplado a uma análise geopolítica, sobre o fato de a economia de mercado produzir democracias. E que o mundo, a China inclusive, opta pela economia de mercado para tirar sua população da pobreza. Guedes foi ainda claro ao dizer, no jantar, que “o Brasil, geopoliticamente, sabe o que é: Ocidental e uma democracia”. O ministro foi ainda incisivo ao dizer que “só quer saber do que pode dar certo”. Ele, porém, mantém reservas para dizer como e sobre quais produtos as conversas podem evoluir ainda nesta viagem aos Estados Unidos. Ele saiu do hotel direto para uma conversa como secretário de Comércio dos Estados, Wilbur Ross.

 

Apreensão de fuzis com suspeito de matar Marielle coloca tráfico internacional na mira de Moro

Tráfico Internacional
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Coluna Brasília-DF

Não está descartada a perspectiva de o ministro da Justiça, Sérgio Moro, incluir na sua agenda em Washington conversas sobre o combate ao tráfico internacional de armas.

Atirou no que viu…

…Acertou no que não viu. A apreensão de fuzis desmontados e encaixotados na casa de Alexandre Mota de Souza, amigo de Ronnie Lessa, foi o estopim para a possibilidade de inclusão desse tema na agenda. A polícia está apreensiva com a perspectiva de ter esbarrado numa organização que tem no seu cardápio tráfico internacional de armas. A Interpol, dizem alguns em Brasília, será chamada a tratar do assunto.

 

Apesar da pressão, Davi Alcolumbre barra CPI da Toga no Senado

CPI
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Coluna Brasília-DF

O senador Alessandro Vieira pode esquecer a CPI da Toga. Apesar da pressão nas redes sociais, o presidente Davi Alcolumbre mantém a tendência de considerar o texto antirregimental, por se tratar de proposta que tenta influir na decisão de outro poder. E sabe como é, depois de um almoço programado especialmente para distensionar a relação, não será a hora de provocar novo foco de tensão.

Mapeamento prévio

Enquanto o presidente Jair Bolsonaro estiver em Washington, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, listará aqueles parlamentares que não votam a favor da reforma da Previdência por convicção e aqueles que podem votar por um “empurrão” da velha política.

Mandetta na lida

Tem diretor de hospital público que entra em pânico ao ouvir o nome do ministro Luiz Mandetta, da Saúde. É que ele tem feito visitas surpresas e silenciosas a várias instituições. E, quando não encontra os encarregados no serviço, já viu. A cobrança é imediata. E ai do diretor que não aparecer.

High level/ O documentário Jardim das aflições, sobre o filósofo Olavo de Carvalho, foi destaque na agenda de parte da comitiva brasileira que desembarcou mais cedo em Washington. Eduardo Bolsonaro, por exemplo está na capital estadunidense desde ontem, em intensa agenda. “Sem Olavo não haveria Bolsonaro”, disse Eduardo, que assistiu ao filme no hotel Trump Internacional.

Diálogo restrito/ Na conferência de imprensa dos presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump no Rose Garden, da Casa Branca, nesta terça-feira, os jornalistas brasileiros terão direito a duas perguntas. E só.

Renova em alta/ Os deputados eleitos com o selo Renova largaram bem. Já no primeiro mês de mandato, ganharam manchetes com fatos positivos, como, por exemplo, abrir mão da aposentadoria dos parlamentares para ficar apenas com a do INSS.

Outro serviço/ Na semana que vem, em função da cobertura da viagem do presidente Jair Bolsonaro a Washington, a coluna ficará a cargo do editor Leonardo Cavalcanti. Até a volta.

No jantar, o esforço para reaproximar Bolsonaro e Olavo de Carvalho

Olavo de Carvalho
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O jantar na residência da Embaixada do Brasil em Washington foi o local perfeito para que o presidente Jair Bolsonaro diluísse a irritação, depois de ter lido que o escritor e professor Olavo de Carvalho no último Sábado, tratara seu governo como algo que, a continuar como está, seriam mais seis meses e acabou. Foi toda uma operação para que os dois conversassem e se acertassem depois das declarações polêmicas, que o presidente não gostou e manifestou seu descontentamento ao ponto de muita gente apostar que haveria um distanciamento entre Bolsonaro e Olavo de Carvalho. Porém, quem fez essas apostas dentro do governo, perdeu horas depois.

Como os mais próximos do presidente costumam dizer, Olavo de Carvalho só quer o bem de Bolsonaro, a quem considera um homem bom e interessado em servir o país. Nesse sentido, o professor foi colocado estrategicamente ao lado direito do presidente, para que os dois pudessem trocar ideias. Steve Bannon, o ex-conselheiro da Casa Branca, ficou do lado esquerdo de Bolsonaro. O presidente fez inclusive um brinde ao professor Olavo, a quem Paulo Guedes chamou de “líder da revolução liberal no Brasil”.

Antes da fala do presidente, agradecendo a recepção do Embaixador Sérgio Amaral, que será substituído em breve, o ministro da Economia, Paulo Guedes, explicou o projeto do governo para a sua área e demonstrou otimismo com o crescimento. Guedes disse, por exemplo, que o país pode mudar de patamar depois de aprovada a Nova Previdência. Eles saíram da embaixada depois das 22h. (23h, hora de Brasília)

Há toda uma preocupação dos mais próximos de Bolsonaro para que ele nãos e distancie daqueles que, apesar de tecerem críticas, estão preocupados e defendem o sucesso do governo. Não por acaso, o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Eduardo Bolsonaro, colocou em seu Twitter que havia sido sensacional o encontro entre Olavo e o presidente Jair Bolsonaro e se referiu ao jantar como “grande noite na embaixada do Brasil nos Estados Unidos”. Sabe como é, não dá para afastar quem torce a favor. É de gente “do contra”  que o presidente precisa manter distância.

 

 

 

Olavo de Carvalho acusa Mourão de “mentalidade golpista”

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Washington, DC (EUA) — Apontado como o mentor intelectual do Bolsonarismo, o professor Olavo de Carvalho diz com todas as letras e palavrões que não está otimista com os rumos do governo e do pais. Ele acusa diretamente militares e mídia brasileira de cerco ao presidente Jair Bolsonaro, num ambiente golpista, citando inclusive, o vice-presidente Hamilton Mourão. Num determinado momento, chega a usar a expressão “um bando de milico cagão”. E projeta um futuro sombrio, se nada for feito: “Se tudo continuar como está, está mal. E se continuar como está por mais seis meses e acabou. Primeira coisa, um cidadão que não tem os direitos humanos elementares está na maior impotência. E essa é a situação do nosso presidente. Ele não tem o direito de se defender na Justiça quando atribuem crimes a ele. É horrível o que estão fazendo com ele. É ditadura. É opressão. É um homem sozinho. Não pode confiar naqueles que o cercam e nem na midia”, diz, para, mais à frente, arrematar: “Essa concepção, que é a do Mourão, é uma concepção golpista. Onde isso vai dar, não sei, não estou em Brasília. Mas é grave, é claro que é grave. Estou com c na mão pelo Brasil, não por mim”, diz.

   Ele especula __ e diz que é uma especulação apenas _ que os militares queriam restaurar o regime de 64, sob aspecto democrático. “Então, eles estão governando e usando o Bolsonaro como camisinha. Isso é o que eles querem. O Mourão disse, ‘voltamos ao poder por via democrática. Como, se quem está no poder é o Bolsonaro e não vocês?’ Agora, ele (Mourão) acha que estão no poder, então isso o que é? É golpe. Se não é golpe, é uma mentalidade golpista”, completa.

   O professor cita o presidente como “um grande homem uma personalidade notável, cercado de traidores”. E emenda: “Você acha que o Exército inteiro foi ele que escolheu, é? Tá brincando comigo? Oficialmente, sim. Esse é o outro problema de jornalista, tornar o aspecto oficial como real e não é. Não é possível que Bolsonaro tenha pessoalmente escolhido quase 200 generais. Não é possível! Foram 200 generais que o escolheram”.

    

  As declarações do filósofo e professor foram feitas logo depois da exibição do documentário “O Jardim das Aflições”, no hotel Trump International. Numa fala, dentro da sala de projeção, ele já havia feito considerações a respeito da sua decepção como o rumo das coisas, repetidas, depois do lado de fora: “Metade do que a mídia escreveu contra ele já daria 100 anos de cadeia (para os jornalistas), porque são crimes: ‘Bolsonaro é culpado do massacre de Suzano, da morte de Marielle’. Como pode escrever um treco desses e ele não reage? Não reage porque aquele bando de milico que o cerca, é tudo um bando de cagão que tem medo da mídia. Por que eles têm medo? Quando terminou a ditadura militar, eles estavam todos queimados com a mídia, começaram a ter aulas de como tratar a mídia. E ficaram bonzinhos com a mídia. O que o Bolsonaro tem a ver com isso? Nada, mas paga por eles”,comenta Olavo, num desabafo logo após a exibição do filme.

 

   Perguntado, ele falou ainda sobre a situação do ministro da Educação, Ricardo Velez. “Bolsonaro queria que eu fosse ministro, eu não aceitei. Indiquei o Velez. Falei com ele (Velez)  duas vezes, uma para cumprimentá-lo outra pra mandar enfiar o ministério no c..”. Olavo é bastante incisivo ao dizer que não precisa e nem quer ter influência no governo e reafirmou que pediu a seus alunos que saíssem do Ministério: “Estou tentando formar uma geração de intelectuais sérios. Esse é o meu sonho”, diz, emendando mais à frente na conversa com o blog e um grupo de jornalistas no lobby do hotel: “Isso é muito pequeno, muito vil, muito miserável para um homem como eu. Eu vou lá ligar para o governo? O governo que se f… Sou Olavo de Carvalho, não preciso do governo. Eu não sou cargo, sou Olavo de Carvalho. Sou a minha voz, a voz do meu coração. Eles são um cargo falando. Gente medíocre, baixa. O problema do Brasil não é esquerda, direita. É essa baixeza”, completa, referindo-se a duas pessoas, o diplomata Paulo Roberto Almeida, demitido pelo chanceler Ernesto Araújo, e o coronel Ricardo Roquetti, afastado do Ministério da Educação por ordem de Jair Bolsonaro.

 

   O professor mencionou ainda que jamais fez um desabafo assim tão contundente para os Bolsonaros. Para o presidente, ele alertou: “Eu já disse, quando (os jornais) mentirem contra você processe-os. É um direito que você tem. Só que ele, como presidente não pode processar ninguém, sem consultar seus assessores, e eles vão dizer, não presidente não brigue com a mídia, Dispensaram os jornalistas de cumprirem a lei”.  Nem mesmo para o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ele foi tão incisivo. Eduardo estava na exibição do documentário há algumas horas. Depois, seguiram um jantar num dos restaurantes do Trump International. Antes de subir para o jantar, Eduardo mencionou: “Olavo é um crítico do governo, não é a pretensão de … Não vejo golpismo. Pode até haver discussões internas (sobre temas variados) no governo, o que é normal, mas não vejo golpe”, disse ele, que ontem ganhou de presente um boné verde, com as letras em amarelo “Make Brazil great again”.

 

Inquérito aberto por Toffoli amplia climão entre os Poderes da República

Poderes
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Coluna Brasília-DF

A portaria do presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, que instaura inquérito para apurar calúnia, difamação e injúria contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) promete servir de munição para ampliar o mal-estar entre os Poderes da República. No Legislativo, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que tendia a arquivar mais uma CPI da Toga por não caber ao Senado constranger juízes, fez chegar a seus pares que não ficará contra os senadores. Ou seja, se o STF partir para cima dos parlamentares dentro dessa investigação a ser conduzida pelo ministro Alexandre Moraes, o estremecimento entre os dois Poderes será inevitável.

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Porém, a ordem no STF é outra. É saber de onde parte a campanha que procura difamar a Suprema Corte nas redes sociais, algo que vem num crescente. Em relação aos parlamentares, há quem diga que nestes seis meses de gestão de Toffoli, ele conseguiu melhorar o ambiente entre os Poderes e praticamente encerrou a fase de bate-boca entre os ministros durante as sessões plenárias. De quebra, ele é sempre procurado pelas autoridades, interessadas em saber suas opiniões a respeito dos mais variados temas. Essa relação amistosa ele não quer perder. O alvo é outro.

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A portaria editada pelo presidente do STF, entretanto, é vaga. Não menciona diretamente as redes sociais. Para alguns, está implícito que, se chegar a quem vazou informações da Receita Federal, por exemplo, como ocorreu no caso do ministro Gilmar Mendes e sua esposa, é parte do jogo.

Não foi bem assim

Entre os 21 mil cargos que o presidente Jair Bolsonaro anunciou que extinguiu, há casos em que foi cortada apenas a função gratificada de servidores civis. Ou seja, o cargo continua lá, porém, com a remuneração final menor.

Mudança de eixo

A viagem do presidente Jair Bolsonaro aos Estados Unidos servirá para marcar o novo rumo da política externa brasileira e estreitar relações entre os dois países, que ficaram meio largadas nos governos petistas. Porém, as autoridades brasileiras já foram avisadas que será o “início de uma nova era”, para destravar as conversas entre os dois países em várias áreas e não a resolução de toda a agenda em três dias.

Nada é para já

A intenção do Brasil, de participar da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), por exemplo, não está acertada desde já e dependerá da conversa entre Bolsonaro e o presidente Donald Trump na terça-feira.

Muita calma nessa hora

Na área agrícola, em especial, a exportação da carne brasileira “in natura”, já foi dito que o tema diz respeito às autoridades sanitárias, o que não será resolvido até terça-feira. Em relação à política de vistos, também não será desta vez que aqueles que vivem na ponte aérea entre os dois países vão conquistar o acesso ao sistema Global Entry, um processo de ingresso nos Estados Unidos que evita as longas filas. Porém, o futuro é considerado promissor.

Curtidas

Vai que é tua, presidente/ Designado vice-líder do governo no Senado, o primeiro-secretário da Casa, Eduardo Gomes, aproveitou a reunião com o presidente Bolsonaro para dizer com todas as letras quem deve liderar o processo de reformas: “Não temos outra matéria-prima disponível: Ou é Jair, ou é Messias ou é Bolsonaro”.

Vai que é tua, presidente II/ Os encontros de Bolsonaro com líderes e vice-líderes esta semana de instalação das comissões da Câmara foram vistas como o aquecimento para que ele tente mudar a relação com o Parlamento. Embora Onyx Lorenzoni seja o coordenador, essa tarefa de mudança é intransferível.

Um bom ouvinte/ Mal foi confirmado presidente da Comissão de Relações Exteriores, Eduardo Bolsonaro discursou rapidamente e se reuniu com o diplomata estadunidense Clifford Sobel. Sobel foi embaixador no Brasil, nomeado por George W. Bush, em 2006, no governo Lula. A dois dias da viagem aos Estados Unidos, Eduardo ouviu mais do que falou. Não poderia ter melhor conselheiro.

Enquanto isso, na CCJ…/ O presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Felipe Francischini, prevê, no máximo, dois dias de votação da reforma previdenciária, depois de apresentado o parecer sobre a admissibilidade. Foi o tempo que levou para votação em 2016 o projeto apresentado pelo presidente Michel Temer. Sabe como é, dizem os amigos de Felipe, não dá para perder para o governo anterior.

Tragédia em Suzano reacenderá debate sobre venda de armas

armas
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Coluna Brasília-DF

Nos Estados Unidos, todos os tiroteios, em escolas, shows, cinemas, reacendem o debate sobre a venda de armas. Aqui, não será diferente. Já tem deputado pensando em sustar parte da proposta do governo sobre a venda de armas e colocar esse tema na “geladeira”, diante da tragédia do colégio em Suzano. É o recado do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, por exemplo, mais claro impossível, ao dizer que o dever da segurança pública cabe ao Estado.

Pelo andar da carruagem, caso o governo insista nesse assunto, só contará mesmo com a “bancada da bala”, se esse tema for colocado em pauta diante da comoção que tomou conta do país desde ontem pela manhã, com as notícias do massacre na escola paulista.

Chamou?

Não? Então, espera sentado. O DEM reuniu sua Executiva ontem e fechou que só anunciará um apoio formal ao governo quando o presidente Jair Bolsonaro pedir. Até aqui, todos os ministérios do partido foram obra de Onyx Lorenzoni e das bancadas temáticas, sem a menor consulta às instâncias do partido. Se continuar nessa batida, não haverá o “sim” institucional por parte do Democratas.

Idade mínima, único consenso

O alerta do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que se a reforma for desidratada estará condenando futuras gerações ao não recebimento de aposentadorias, ainda não surtiu o menor efeito entre os congressistas. Líderes partidários são praticamente unânimes em afirmar que o único ponto pacífico do texto é a idade mínima para aposentadorias. E apenas urbanas.

É melhor já ir se acostumando

Quanto à aposentadoria dos trabalhadores rurais, a regra de transição e a ideia de desconstitucionalizar o tema para futuras mudanças não contam com o apoio fechado de nenhuma bancada. Isso, somado à falta de uma base de governo ampla, indica que o texto será desidratado.

Por falar em rurais…

A ideia das oposições é cerrar fileiras em defesa de não promover alterações no BPC (Benefício de Prestação Continuada) pago a idosos carentes nem nas aposentadorias rurais. A ordem é aproveitar esses temas para se colocarem na defesa dos mais pobres.

Se abrir uma vaga…

Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco, Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit). É por aí que moram os objetos dos desejos dos parlamentares em relação a cargos no governo.

Melhor de três / Conforme o blog registrou, o embaixador Pedro Henrique Borio, cônsul em San Francisco, entrou na lista dos indicados para a Embaixada do Brasil em Washington. Começa a ganhar apoio nas bancadas. Estão no páreo Murillo de Aragão, que tem a simpatia de investidores, e o diplomata Nestor Forster, o preferido do chanceler Ernesto Araújo.

Acordo não sai / Ao chamar Gleisi Hoffmann de chefe de organização criminosa na entrevista ao jornal Valor Econômico, o ex-candidato a presidente Ciro Gomes (PDT) afastou de vez seu partido do PT.

Por falar em divisão das esquerdas… / A relação entre os partidos está um pandemônio, a começar pela ausência de consenso entre a líder da Minoria, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), e o líder da oposição, Alessandro Molon (foto, PSB-RJ).

Juíza de futebol / A deputada Carla Zambeli (PSL-SP) inovou, ontem, ao presidir a sessão solene da Câmara: incomodada com o burburinho enquanto um orador estava na tribuna, ela levou os dedos à boca e soltou um assovio bem alto. A turma do futebol brincou: “Pode ser a juíza da nossa pelada!”

Suzano, 13 de março, e outras datas / O que está acontecendo com nossa sociedade? Candidato a presidente esfaqueado em plena campanha, vereadora assassinada, estudantes massacrados. Vale refletir. Aos familiares das vítimas, nossa solidariedade.