Autor: Denise Rothenburg
A disputa de 2022 atingiu em cheio as pretensões de deputados e senadores de ocupar cargos no governo. É que, ao atender os novos aliados, o presidente pode acabar prejudicando aqueles que apoiaram sua candidatura em 2018, como os sujeitos que compram um apartamento na planta. Um dos maiores exemplos está no Distrito Federal.
A deputada Celina Leão (PP-DF) circulou na festa em homenagem a Arthur Lira e alguns brincaram, chamando-a de ministra do Esporte. Só tem um probleminha: Bolsonaro não decidiu recriar esse ministério e, no DF, os primeiros da fila no coração do capitão são o ex-deputado Alberto Fraga (DEM-DF) e a deputada Bia Kicis (PSL-DF), fiéis escudeiros. Ambos são, a preços de hoje, candidatos a deputados em 2022 e, como não haverá coligação, dificilmente, Bolsonaro abrirá uma vaga no governo para uma potencial adversária de seus melhores amigos.
Arthur queria a Mesa inteira
A decisão do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de anular o bloco de Baleia Rossi (MDB-SP), como seu primeiro ato, foi feita de caso pensado para dar ao bloco do Centrão e simpatizantes todos os cargos da Mesa Diretora ou, no mínimo, folgada maioria.
O diálogo do eu comigo
O jogo de Lira e do PP é evitar o placar de três a três na distribuição de cargos da Mesa, desenhada pela configuração dos blocos definidos na manhã de segunda-feira, e garantir maioria de parlamentares aliados ao Centrão na Mesa Diretora. Afinal, Lira prometeu que as decisões da Casa serão colegiadas. Agora, com quatro a dois, o presidente assegura que as coisas não fugirão ao seu controle.
Só teve um “probleminha”
O fato de Lira começar a gestão com uma “canetada” jogou ao vento todo o discurso de que a Mesa é equidistante da direita e da esquerda. Agora, apesar do acordo, será difícil restabelecer a confiança.
Dia da caça
A avaliação geral é de que o presidente do MDB e líder do partido, Baleia Rossi, terminou poupado por Arthur Lira porque o governo, hoje, não pode prescindir dos votos emedebistas. Só tem um probleminha: a retirada dos cargos dos deputados do partido deixou sequelas. E, sabe como é, o MDB, quando pode, se vinga.
Dia do caçador
O presidente Jair Bolsonaro quer ir, hoje, ao Congresso levar a mensagem presidencial de abertura do ano legislativo e mostrar que deseja uma relação cordial com o Parlamento. Não falará de reforma ministerial e, sim, da necessidade de reformas constitucionais.
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Lira com “i”/ Nas rodinhas de Brasília dos aficionados por BBB, Arthur Lira vem sendo comparado à rapper Karol Conká, no BBB 21. Faz sucesso na Casa, mas, no público externo, é só paulada.
Bia Kicis na CCJ/ Conforme adiantou, dia desses, a coluna, a deputada Bia Kicis (PSL-DF) foi indicada pelo partido e vai presidir a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Bia não será uma neófita ali. É advogada e procuradora do DF e já foi vice-presidente do colegiado.
E o Rodrigo, hein?/ Mais calmo, o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia não definiu destino nem sabe mais se mudará de partido. Entre os amigos, é citado como alguém que jogou um cesto de pedras para cima e se esqueceu de sair de baixo. Agora, é se recuperar das pedradas para poder se mover.
O baile da ilha fiscal/ Se o primeiro ato do presidente Arthur Lira jogou fora o discurso de respeito às minorias, a festa para 300 pessoas até as 4h da matina tirou dos deputados o discurso de preocupação com a pandemia. A maioria desfilou sem máscara, como nos velhos e bons tempos em que os vírus resultavam em “gripezinha”. Num coquetel, com comes e bebes servidos o tempo todo, fica difícil manter o uso do acessório. Ocorre que, com a nova cepa do coronavírus circulando por aí, até quem já teve a doença não está seguro.
Enquanto isso, no Senado…/ O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, dispensou comemorações. Recebeu o governador de Minas, Romeu Zema, e se reuniu com alguns senadores para tratar dos cargos da Mesa Diretora. Já ganhou o apelido de Rodrigo, o discreto.
Partidos esperam reforma ministerial para depois do carnaval
A expectativa de poder foi crucial para ajudar Arthur Lira (PP-AL) a acomodar seus aliados nos últimos dias, a começar pelo Republicanos, que abriu mão de um cargo na Mesa Diretora da Câmara e, agora, aguarda um ministério. O mesmo vale para o DEM, que, ao sair do bloco de Baleia Rossi, deu ao presidente Jair Bolsonaro o que o capitão mais desejava: derrotar Rodrigo Maia, antes mesmo de anunciado o resultado. Nos bastidores, os deputados afirmam que o presidente terá de cumprir os compromissos e acomodar os novos aliados ao seu lado.
Embora o presidente tenha dito que há “apenas uma vaga” em sua equipe, a Secretaria-Geral da Presidência, ele não tem uma situação tão confortável, do ponto de vista político, que lhe permita deixar ao relento a turma que, agora, assume o poder no Congresso. Afinal, se a economia não responder rapidamente, o presidente terá dificuldades de manter o eleitorado e, por tabela, os novos amigos da velha política.
2022 começa agora
A briga entre Rodrigo Maia e ACM Neto tem como pano de fundo os rumos do DEM para 2022. Neto ainda tem uma janela aberta para apoiar a reeleição de Bolsonaro e uma parcela da bancada interessada nesse caminho. Nessa trilha, Rodrigo não seguirá nem amarrado.
Rodrigo e Luciano
Do MDB, passando pelo PSDB, pelo Cidadania e até pelo PSL, Rodrigo Maia estudará bastante antes de escolher um partido para chamar de seu. Afinal, foi o primeiro presidente do DEM, quando o PFL trocou o nome, tem história política. Ele jogará junto do empresário Luciano Huck rumo a 2022. São amigos há 20 anos.
Por falar em PSDB…
Foi preciso uma intervenção do PSDB paulista, leia-se João Doria, para evitar que o PSDB fizesse igual ao DEM e saísse do bloco de Baleia Rossi. O movimento contava com o apoio do PSDB de Minas. O líder da bancada, Rodrigo de Castro, foi acusado pelo MDB de atuar para atrasar o pedido de registro do bloco de Baleia. A disputa no PSDB indica que Doria não terá vida fácil no ninho para ser candidato a presidente da República.
Apostas
O governo calcula que o mote da oposição para a eleição do ano que vem promete ser a pandemia e os erros do governo nessa seara. A aposta dos bolsonaristas, porém, é de que esse tema já terá passado e que o povo estará mais interessado na economia.
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Frota, o primeiro tiro/ A abertura da sessão preparatória, com o discurso de Alexandre Frota, do PSDB-SP, cheio de ácidas críticas ao governo, fez parte da estratégia da oposição de tentar levar o plenário a mudar de ideia em relação a Arthur Lira. Chamou Bolsonaro até de abutre, que acabou com a Lava-Jato, se omitiu na prisão em segunda instância; falou do líder com dinheiro na cueca (senador Chico Rodrigues) e por aí foi.
Lá e cá/ Depois que Luiz Miranda (DEM-DF) se juntou ao comboio para o passeio de moto, no último sábado, o presidente Jair Bolsonaro chamou o ex-deputado Alberto Fraga, de quem é amigo há 20 anos. Conversaram por mais de duas horas. Não dá para deixar um velho amigo com ciúmes de Miranda, que não foi chamado para conversar depois do passeio.
Diferenças importantes/ Arthur Lira fez campanha voltada para os deputados e não para o público externo. Aliás, na Câmara, quem fez campanha para os cargos internos, via público externo, invariavelmente, se deu mal.
Por falar em público externo…/ A aglomeração de deputados no plenário da Câmara, durante a sessão preparatória, deixou o corpo médico de plantão atônito por causa da pandemia da covid-19. Muitas excelências mantinham a máscara no queixo, outras cobriam apenas a boca. Preocupante. Até porque, diante de uma nova cepa, até quem já teve a doença não está completamente livre do vírus.
“Rodrigo Maia fez ouvidos moucos ao clamor dos brasileiros. A história é implacável”
Luiza Erundina (PSol-SP), referindo-se aos sucessivos pedidos de impeachment, que Rodrigo desprezou e ameaçou abrir no último dia, quando não havia mais tempo
2022 pesa e PSDB volta ao bloco de Baleia Rossi, mas racha permanece
As pontes para o futuro falaram mais alto dentro do PSDB e o partido permaneceu no bloco construído por Baleia Rossi e Rodrigo Maia. Mas, o líder Rodrigo de Castro (MG), ligado ao deputado Aécio Neves, ex-candidato a presidente da Republica, é visto como alguém que tentou levar o partido para o Aldo de Arthur Lira. Nas hostes de Baleia Rossi (MDB-SP) comenta-se inclusive ue Rodrigo de Castro já estava com tudo encaminhado, com 17 assinaturas, para mudar de lado na última hora. Afinal, outro integrantes da bancada de Minas Gerais, Domingos Sávio, participou do jantar em apoio a Lira na última sexta-feira. O governador de São Paulo, João Dória, estrilou. Afinal, há uma parceria dos tucanos com o MDB em São Paulo e não seria de bom tom abandonar o barco de Baleia Rossi nessa reta final, como fez o DEM.
O fato de segurar o PSDB no bloco de Baleia Rossi, porém, não apaga as divisões internas. Aécio Neves joga para evitar que João Dória seja o grande líder do partido e possível candidato a presidente da República pelo PSDB. Da mesma forma, ACM Neto joga para escantear Rodrigo Maia rumo a 2022, conforme o leitor do blog já sabe. Bolsonaro está feliz da vida. Enquanto os partidos de centro estiverem divididos, o presidente reinará em paz para compor sua campanha à reeleição sem grandes dissidências na sua fatia do eleitorado.
Certo da vitória no primeiro turno, Lira trata dos outros cargos da Mesa
Com a liberação das bancadas do DEM e do PSDB, e outros movimentos de última hora, a tendência é Lira ser eleito em primeiro turno hoje, com um “placar de emenda constitucional”, ou seja, acima de 308 votos. Para se eleger em primeiro turno, precisa de 257. Confiante de que terá esse total, Lira trata agora dos outros cargos da Mesa Diretora, atraindo até mesmo alguns integrantes da oposição. Já está certo que Marília Arraes (PT-PE) será candidata avulsa ao cargo que seu partido tiver direito a escolher, no caso, a primeira-secretaria, e o bloco de Lira descarregará os votos para ajudá-la. O mesmo acontecerá em relação ao PSB, onde o candidato deve ser o deputado Júlio Delgado (MG).
Essas candidàturas, estimuladas por Arthur Lira, são vistas como cruciais para que o deputado alagoano conquiste votos tanto no PT, quanto no PSB e seja eleito com o “placar de PEC”, conforme comentam seus aliados.
Prestes a deixar o DEM, Rodrigo Maia não só conversa com partidos alinhados ao seu pensamento, caso do Cidadania e do PSDB, mas abriu diálogo também com o PSL. Isso mesmo: o partido que elegeu Jair Bolsonaro presidente da República e hoje está rachado. Embora o PSL tenha conseguido uma maioria para se aliar a Arthur Lira, a cúpula do partido hoje considera que os bolsonaristas sairão em breve seguindo a decisão de Jair Bolsonaro, que não voltará ao antigo partido. Nesse cenário é que Maia chegaria para reorganizar o PSL e assegurar um partido de 22 a 30 deputados, de bom tamanho para os padrões atuais, em que a pulverização partidária impera.
O PSL é um partido estruturado, que tem fundo partidário para financiar campanhas e tempo de tevê. Ou seja, não seria partir do zero, algo muito mais complicado. Entre os aliados de Maia, o PSL é citado como um espaço de poder que ficará vago e que, se reformado, pode servir para abrigar Maia, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e a senadora Daniella Ribeiro (PP-PB), irmã de Aguinaldo. A política está dinâmica e 2021 promete muitos rearranjos político-partidários. O momento é de organizar o jogo para 2022.
Derrotado no DEM, Maia deixará a legenda e não descarta criar novo partido
Depois de desmoralizado por seu partido, Rodrigo Maia comunicou a integrantes do DEM que não tem mais o que fazer ali. Seu destino ainda é incerto, mas está entre o Cidadania e o PSDB e, se possível, um novo partido, que reúna todos aqueles de centro que não querem seguir com Bolsonaro em 2022. A amigos, Maia disse que a decisão estava tomada e “não é coisa de quem está de cabeça quente”.
Maia avalia que o DEM não descarta seguir com Jair Bolsonaro em 2022, caminho que nem Maia, nem seus aliados mais próximos desejam seguir. Ele ainda não escolheu se irá para o Cidadania ou o PSDB, esta ordem. Ele é amigo de Luciano Huck há mais de 20 anos. A perspectiva é ade que, juntos, comecem a construir algo novo rumo a 2022.
O problema de uma nova legenda é tempo. Criar uma nova agremiação dá trabalho, exige coleta de assinaturas. Nem Bolsonaro, com todo a visibilidade e por conseguiu empreender esse projeto. A ideia há alguns meses era fundir o DEM com outras agremiações e acomodar Luciano Huck como potencial candidato. Agora, diante do apoio do DEM a Arthur Lira, a leitura é a de que ACM Neto escancarou as portas para um futuro ao lado de Jair Bolsonaro. Nesse quesito, avaliam os alguns, melhor seguir o o velho ditado: os incomodados que se retirem.
Guerra interna no DEM revela disputa por protagonismo rumo a 2022
A reunião da executiva do Democratas agora à noite frustrou os planos do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e lhe impôs uma derrota sem precedentes em suas últimas horas como presidente da Casa. Embora a decisão tenha sido não participar de qualquer bloco na disputa pela presidência, a leitura geral dos parlamentares é a de que Rodrigo Maia, enquanto comandante da Câmara, não teve força para levar seu próprio partido a seguir com ele. Ou seja, falhou internamente e, sendo assim, com a bancada dividida ao meio, o presidente da legenda, ACM Neto, concluiu que “qualquer uma das duas decisões, implodiria o partido”.
A decisão tem reflexos mais profundos. Rodrigo, depois de quatro anos e meio como presidente da Câmara, despontava como um dos principais articuladores do partido rumo a 2022, posição que cabe ao presidente da legenda, ACM Neto. Nesse sentido, a ala governista forçou para cortar as asas do quase ex-presidente da Câmara logo de uma vez. E Neto, no papel de presidente do partido, também terminou nessa posição, porque também não deseja ceder seu espaço de protagonista nos caminhos partidários para o futuro. Porém, para evitar saídas do partido, preferiu ficar oficialmente no meio termo.
Para Rodrigo, entretanto, só o fato de o partido sair do bloco de Baleia Rossi já foi uma derrota sem tamanho nesses quatro anos e meio. Rodrigo o avalista da candidatura do MDB, anunciou o nome de Baleia com direito a foto na porta da residência oficial da Câmara. Esta noite, foi comunicado da decisão de neutralidade do partido por ACM Neto e pelo líder da bancada na Câmara, Efraim Filho.
O presidente da Câmara não participou da reunião da Executiva, uma vez que a tarde de domingo estava certo que o partido não fecharia com Arthur Lira. A turma de Rodrigo entendeu, então, que estava mantido o acordo para composição com Baleia Rossi (MDB-SP). Por isso, entre os mais fieis escudeiros de Rodrigo Maia ficou a sensação de que houve todo um jogo para lhe impor uma derrota. Nos bastidores, o que se diz é que o DEM se vendeu a Arthur Lira e que ACM Neto jogou de forma a garantir o próprio protagonismo na escolha dos caminhos para 2022, de forma a não dividir esse serviço com Rodrigo Maia.
Os reflexos dessa decisão para o DEM só serão sentidos depois da eleição desta segunda-feira, na qual Arthur Lira chega como o favorito, depois de todo um trabalho voltado aos deputados. Ao longo de sua campanha, Lira percorreu todo o país em janeiro, enquanto o governo garantia as emendas extras e alguns cargos.
Da parte de Rodrigo Maia, foi difícil chegar a um nome para concorrer contra o Centrão. Optou-se por Baleia Rossi por ser presidente de partido e garantir os votos do MDB. Uma candidatura de Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) não levaria o PP e Elmar Nascimento (DEM-BA) poderia chegar enfraquecido por ser do mesmo partido de Maia e do senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), o favorito para o Senado. Seria difícil o DEM conseguir novamente o comando das duas casas. Elmar, porém, não pensava dessa forma e se sentiu traído por Rodrigo Maia.
Essa sucessão de mágoas e o toma-lá-dá-cá do governo em busca de votos para Arthur Lira mexeram com o DEM. O partido deseja ter estrutura para concorrer às eleições do ano que vem, quando não haverá coligações para eleição proporcional. E ficar num grupo que é visto como oposição ao governo não permitirá o derrame de dinheiro de emendas extras nos municípios. E, para completar, tem um grupo que deseja apoiar Bolsonaro na eleição de 2022, caminho que Rodrigo Maia não seguirá. Hoje, Bolsonaro levou a melhor. e aproximou o DEM de seu governo e de Arthur Lira. Mas a tensão interna só vai terminar em 2022. E olhe lá.
Coquetel para Lira reúne 60 parlamentares da bancada do agro
A bancada da Frente Parlamentar de Agricultura, que havia prometido reunir 130 deputados para homenagear e ouvir o deputado Arthur Lira (PP-AL) esta noite, no Lago Sul, teve 60 passando por lá. Porém, as presenças foram além dos partidos que estão formalmente ligados a Lira. passaram por lá Pedro Lupion (DEM-PR) e Domingos Sávio (PSDB-MG), filiados a partidos que estão hoje no bloco do candidato do MDB, Baleia Rossi. Lira falou por quase dez minutos e, além dos “compromissos básicos”, mencionou os temas caros ao setor, tais como, código ambiental e regularização fundiária, sendo aplaudido “Sei das pautas reprimidas, das não votadas. Muitas vezes se criam versões que travam as votações, como foi na regularição fundiária. Faremos uma Câmara de debate amplo, líquido e transparente, durante o dia”, disse ele, numa refer6encia velada à marcação da escolha do presidente para a noite de segunda-feira.
Lira foi direto ao dizer que colocará os temas em pauta, no estilo doa a quem doer. “Cabe a responsabilidade de cada um colocar o dedo a favor ou contra. Todos os atos têm consequência. Na base da versão, ninguém vai levar na garganta. Vamos botar para discutir. Quem votar contra, que vote e quem votar a favor, que vote. Não temos reserva de gaveta. A Câmara não será mais de um, será do nós”, disse ele, prometendo uma relação de “previsibilidade de pauta. Transparência de pauta, obedecendo a proporcionalidade partidária”.
As tardes de quinta-feira Lira promete transformar em período reservado à reunião de líderes. Assim, o colégio de líderes para publicar a pauta, para que, na terça-feira todos nós são colégio de líderes, “para que saibamos qual é a pauta, qual é o relator e qual é o relatório”.
O discurso de Lira foi música para os ouvidos dos parlamentares do agro. E sempre a nossa pauta será feita por maioria e por maioria o plenário decidirá. “Unanimidade não vamos conseguir nunca. O Brasil é um país plural”, diz ele. “Temos que respeitar as diferenças. Minoria sabe que não vai impor. Em qualquer assunto, quem for minoria, vai ter que se render à maioria do plenário”,promete. Lira saiu de lá por volta de 22h, para outra bateria de reuniões. Noite de descanso para candidatos a presidente da Câmara, só depois da eleição.
BRUNA LIMA E
DENISE ROTHENBURG
Na disputa para ocupar a cadeira de liderança da Câmara dos Deputados vale tudo. Até mesmo a indicação explícita de parceria com uma consultoria de lobby. A casa onde parlamentares do agro farão um coquetel para Arthur Lira hoje abriga, além do Instituto Brasileiro de Comércio Internacional e Investimentos, a BMJ Consultores Associados, uma empresa dedicada ao lobby, especializada em consolidar relações entre instâncias governamentais e o empresariado. O “coquetel do agro” tem 130 parlamentares confirmados e foi organizado pelos vice-presidentes da Frente Parlamentar do Agro (FPA), Evair de Melo (PP-ES) e Neri Geller e tem 130 parlamentares confirmados.
O coquetel mira consolidar a FPA em torno de Arthur Lira. Como de praxe, a expectativa era de que o evento que irá homenagear o candidato apoiado em peso pela Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) ocorresse na sede da Frente, uma casa alugada no Lago Sul pelo Instituto Pensar Agro (IPA). A casa da FPA está em fase final de uma pequena reforma, mas, ainda que não estivesse, não seria usada para o evento com Lira. Evair, um dos coordenadores da campanha de Lira, disse ao blog que não faria o evento na sede da FPA porque o atual presidente da frente, deputado Sérgio Souza, e o anterior, Alceu Moreira, são do MDB, de Baleia Rossi. “A casa do coquetel de hoje é sede do instituto e da BMJ, tanto é que ambos estão no convite, não tem nada demais, são estruturas distintas”, diz Evair, que preside ainda a frente do comércio internacional, vinculada ao instituto.
A associação com a BMJ, porém, incomoda alguns deputados. A consultoria atende o maior número de empresas no ramo do agronegócio e, para alguns, escancara como os interesses da área usam Lira como mecanismo para fazer rodar projetos de interesse das empresas no Legislativo. Porém, se em determinados períodos, o lobby era algo, escondido, agora, vive às claras, com direito a inclusão no convite oficial do evento. Ninguém poderá dizer que foi desavisado ou que se tratava de algo escondido.
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O script de parte do MDB rumo à candidatura de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) foi pré-agendado ainda em dezembro. Um grupo decidiu aproveitar essa disputa de 2021 para dar o troco ao que considerou uma traição de Simone Tebet ao partido, em 2019. À época, quando ela se lançou candidata contra Renan Calheiros (MDB-AL), mas, na última hora, abriu mão da disputa e apoiou Davi Alcolumbre (DEM-AP). Agora, foi traída por Alcolumbre, que preferiu um candidato de seu próprio partido, o DEM, e é traída pelo MDB, numa manobra que estava acertada desde que os emedebistas anunciaram que ela seria a candidata. Na época, depois da vitória de Alcolumbre, ela anunciou, inclusive, que deixaria o MDB.
Não será surpresa se Simone Tebet seguir para o Podemos, do senador Álvaro Dias (PR), o partido que cresceu e anunciou apoio à sua candidatura.
Embolou geral
Arthur Lira (PP-AL) cresceu tanto em apoios que está difícil acomodar todos nos cargos da Mesa Diretora. Um pedaço do DEM, para trocar de banda, quer a primeira secretaria. O PSL quer a primeira vice-presidência. Aí, lascou. A primeira vice já estava oferecida ao deputado Marcelo Ramos (AM), do PL. Valdemar Costa Neto não quer que seu partido abra mão do cargo. Apoiou a candidatura de Lira desde o início, como quem compra um apartamento na planta. E quer que o projeto inicial seja mantido.
O apê ficou pequeno
A primeira secretaria, uma sala nobre, já estava reservada ao Republicanos, outro partido que chegou cedo ao bloco do Centrão e deu lastro à candidatura de Lira. Os bastidores fervem.
Ficamos assim
A demissão do assessor que andou sondando sobre impeachment no Congresso foi um gesto do vice-presidente Hamilton Mourão para com Jair Bolsonaro. Mas não resolveu o mal-estar entre ambos.
Brasil acima de tudo
O principal projeto das Forças Armadas para 2021 é se firmar como instituição de Estado, e não de governo. Porém, mantendo a boa convivência e harmonia com o Executivo.
Um gesto vale mais que palavras/ A presença do chanceler Ernesto Araújo na viagem de Bolsonaro a Sergipe foi um recado direto a quem aposta na queda do ministro de Relações Exteriores. “Esse é meu, não sai”, tem dito o presidente.
A saia justa de Neto/ O presidente do DEM, ACM Neto, está com um problemão para resolver: a bancada rachou de vez e, nesse sentido, vai se enfraquecer. Se apostar em Bolsonaro e o governo ruir mais à frente, voltará aos tempos de Fernando Collor, em que apostou no governo e só se recuperou quando surgiu Fernando Henrique Cardoso precisando de lastro para aprovar o Plano Real.
Veja bem/ A diferença é que, em 1993, no governo Itamar Franco, o PFL (hoje DEM) tinha uma bancada de mais de 100 deputados. Hoje, tem um quarto dessa força e ficará menor se não juntar os cacos da disputa pela Presidência da Câmara.
Hoje tem convescote pró-Lira/ O deputado será homenageado, hoje (29/1), pela bancada do agronegócio, com um coquetel na sede do Instituto Brasileiro de Comércio Internacional e Investimentos. Até ontem, no final da tarde, 130 deputados já haviam confirmado presença.




